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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

24.11.22

NOTA: As imagens neste post foram cedidas em exclusivo ao Anos 90 pelo Sr. Joel Pereira, a partir da sua colecção pessoal. Ao mesmo, os nossos sinceros agradecimentos.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Enquanto principal competição futebolística ao nível das Selecções, não é de estranhar que cada novo Campeonato do Mundo desperte, durante as duas semanas em que se desenrola, o interesse dos periódicos desportivos um pouco por todo o Mundo, não sendo Portugal, de todo, excepção neste campo. No entanto, enquanto a maioria das publicações se contenta em fazer algumas capas alusivas ao certame, outros há que vão mais longe, dedicando suplementos inteiros à análise da competição em curso. O lendário jornal desportivo português 'A Bola' insere-se nesta última categoria, tendo dedicado, ao longo dos anos, vários números especiais da sua revista-suplemento a diferentes Mundiais – incluindo, em 1994, ao dos Estados Unidos.

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A capa do suplemento (crédito: Joel Pereira/OLX)

Esta revista, simplesmente designada pelo mesmo nome da competição, e que se encontra hoje quase totalmente Esquecida Pela Net (obrigado, Sr. Joel, pela cooperação no envio de fotos) tinha uma estrutura semelhante à de outros números do Magazine A Bola, reunindo uma série de artigos e secções mais ou menos detalhadas alusivas ao tema em causa; no caso, podemos encontrar entre as suas páginas, entre outros, uma galeria de cartazes alusivos à competição, bem exemplificativos do estilo gráfico adoptado pelos organizadores, e uma relação de atletas com ligação ao Campeonato Português presentes entre as equipas em prova – sempre com a qualidade jornalística que era, e continua a ser, apanágio do jornal em causa. O resultado é um suplemento que, à época, terá certamente feito as delícias dos leitores do periódico – entre os quais não deixavam de se contar uma enorme quantidade de crianças e jovens – da mesma forma que alguns dos seus outros congéneres, como o relativo à Geração de Ouro, lançado alguns anos depois, e de que aqui, paulatinamente, falaremos.

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Algumas das páginas e secções da revista (crédito: Joel Pereira/OLX)

Em suma, com a produção e lançamento desta revista em conjunto com o diário-base, 'A Bola' soube capitalizar sobre um nicho de mercado pouco explorado – é, aliás, de admirar que este seja o único suplemento deste tipo a surgir na senda de um certame como um Mundial de Futebol – sem com isso descurar os seus habituais padrões de qualidade, criando uma publicação com um 'tempo de vida' e interesse forçosamente mais limitado do que outros da mesma série, mas que não deixa, ainda assim, de ser um valioso documento de época para fãs de futebol que desejem reviver (ou, até, conhecer) um dos Mundiais da fase áurea de finais do século XX

14.07.22

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

As 'fanzines' – publicações criadas por e para fãs de determinado artista ou propriedade intelectual – eram, ainda, relativamente comuns nos anos 90, o mesmo podendo ser dito das revistas afiliadas a clubes de fãs oficiais, ou a clubes comerciais para jovens, bastando aqui lembrar a popular Revista Rik e Rok ou os fantásticos Almanaques Clube Caminho Fantástico. O que era significativamente menos comum era ver revistas deste tipo fazer a transição para o circuito de distribuição alargada e venda comercial – e, no entanto, foi isso mesmo que se passou com, não apenas uma, mas duas publicações deste tipo, em meados da década.

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Falamos das publicações oficiais dos Clubes Sega e Nintendo, que - como todos os outros aspectos relativos a estas duas instituições - partilhavam mais semelhanças do que diferenças, a começar no nome, que, em ambos os casos, seguia precisamente a mesma nomenclatura, juntando metade do nome da consola mais popular de cada companhia à época a um adjectivo indicativo de pujança e atitude dominadora - Mega Force no caso da Sega, Super Power no da Nintendo.

Também os conteúdos de ambas as revistas eram, previsivelmente, muito semelhantes, com cada uma a apresentar notícias, críticas e outros artigos relativos às últimas novidades lançadas por cada companhia, sendo que a Nintendo se limitou a manter a fórmula que já apresentava na sua publicação exclusiva para assinantes, embora agora com textos originais, por oposição a traduções do Francês. Até mesmo a editora era a mesma para ambas as publicações – no caso, a todo-poderosa Abril Jovem (mais tarde Abril Controljornal), à época a magnata das publicações temáticas em Portugal, quer se tratasse de banda desenhada ou de revistas especializadas, como as que abordamos neste post; com este facto em mente, não é de espantar que o formato de ambas as revistas fosse suficientemente aproximado para quase poder ser considerado idêntico.

Apesar de a Nintendo ter o benefício da experiência prévia, no entanto, no que toca a longevidade, foi a revista da Sega quem levou a melhor, tendo conseguido manter-se nas bancas dois anos, entre 1993 e 1995 – uma 'vida' curta, mas, ainda assim, duas vezes mais longa que a da sua congénere, que apareceu e se extinguiu no mesmo ano, 1994 (talvez por a Abril oferecer uma modalidade de assinatura anual, em exclusivo, a membros do Club Sega, os quais receberam ainda o primeiro número da revista de forma gratuita). Ainda assim, apesar da pouca longevidade (nenhuma das duas revistas viu dealbar a geração 32-bit) qualquer destas duas publicações terá, decerto, feito as delícias dos fãs dos videojogos de ambas as companhias, os quais talvez ainda guardem um ou outro exemplar algures na arrecadação dos pais...e que, não sendo esse o caso, sempre poderão recordar a infância clicando aqui ou aqui!

26.05.22

NOTA: Este post diz respeito a Quarta-feira, 25 de Maio de 2022.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

As revistas-compilação, que reuniam, em cada número, trechos de diversas obras distintas, foram, até há relativamente pouco tempo, presença comum no mercado tipográfico português, sendo o seu expoente máximo as Selecções do Reader's Digest, que além de trechos de obras publicavam também artigos sobre temas de interesse, bem como textos originais mais curtos.

Curiosamente, no mercado da banda desenhada, este tipo de revista viu-se representada, não por uma, mas por duas publicações distintas: primeiro, nos anos 60 e 70, a excelente revista 'Tintim', que conseguiu fazer vingar o formato por impressionantes quinze anos, e mais tarde, já nos anos 90, a revista 'Selecções BD', de expressão bem menor, mas que conseguiu, ainda assim, almejar duas séries.

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Capa do número 1 da primeira série da revista

Com periodicidade mensal, e da responsabilidade da editora Meribérica-Liber, o conceito da 'Selecções BD' estava descrito no próprio título, e era em tudo semelhante ao da sua antecessora; tal como 'Tintim', também a nova revista se propunha reunir em cada número trechos de obras de vários autores, publicados em ordem cronológica de modo a formar, a médio prazo, uma história completa. Também à semelhança da revista dos anos 60, cada número incluía autores tanto nacionais como internacionais, com particular ênfase no excelente e sempre prolífero mercado franco-belga, em que a editora tradicionalmente se especializou, ede onde eram provenientes nomes como Blake & Mortimer, Blueberry e Michel Vaillant, que 'ancoravam' a revista e lhe davam apelo extra entre os 'bedéfilos'.

Com esta fórmula, chegaram às bancas 36 números, entre 1988 e 1991, custando cada um uns exorbitantes 550$00, cerca de cinco vezes mais do que um adepto de BD poderia esperar pagar, à época por uma revista Disney ou de super-heróis; será caso para dizer que a qualidade se paga, já que tanto o conteúdo como o grafismo destas revistas eram de alta qualidade.

Apesar do preço proibitivo, essa primeira série das Selecções terá feito sucesso suficiente para justificar um regresso às bancas, sete anos depois da extinção da revista original, agora com um grafismo bem mais tradicional para uma publicação deste tipo, em linha com o que a Abril-Controljornal vinha fazendo com títulos como 'Heróis'.

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Capa do número 1 da segunda série da revista

O conceito e o material, esses, não se haviam alterado, embora o acervo de autores se apresentasse significativamente mais reduzido, tornando os astronómicos 900$00 pedidos pela Meribérica bem mais questionáveis do que os equivalentes 550$00 do início da década. Ainda assim, a segunda série conseguiu ser quase tão longeva quanto a original, vendo 31 números publicados entre 1998 e 2001.

Hoje em dia, a possibilidade de uma publicação deste tipo granjear sucesso é quase tão reduzida quanto a sua própria validade e viabilidade: num mundo em que tudo está ao alcance dos dedos, em formato digital, não faz qualquer sentido estar um mês à espera de mais uma tranche de uma história, pela qual se tem depois de pagar um preço exorbitante. Como tal, é provável que o mercado português – bem como o internacional – jamais tornem a ver outra publicação como esta 'Selecções BD', que constitui hoje, ainda assim, um excelente documento do que foi o 'boom' da banda desenhada franco-belga em Portugal durante os anos 80 e 90.

 

27.04.22

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

O dia 25 de Abril de 1974 foi um dos mais importantes da História de Portugal, e certamente o mais importante da era moderna no nosso país. As repercussões da revolução pacífica que pôs fim a mais de quatro década de ditadura e restabeleceu a democracia em Portugal continuam a fazer-se sentir quase cinquenta anos depois do icónico dia, e a data permanece tão vigente na cultura popular como nunca, existindo diversos produtos mediáticos a ela dedicados, do qual o mais conhecido será, porventura, o filme 'Capitães de Abril', com Maria de Medeiros e Joaquim de Almeida, lançado nos primeiros meses do século XXI; e ainda que a banda desenhada não pareça, à primeira vista, um veículo propício à abordagem séria e factual que o tema continua a merecer, a verdade é que houve, nos anos 90, pelo menos uma tentativa de transpôr a narrativa da Revolução dos Cravos para um formato gráfico.

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(Crédito da imagem: blog Divulgando Banda Desenhada)

Tratou-se de 'Salgueiro Maia – A Voz da Liberdade', um obscuríssimo tomo editado em 1999 pela Câmara Municipal de Santarém, por forma a comemorar os 25 anos do Dia da Liberdade, disponível apenas como suplemento de um semanário regional da zona, e 'desenterrado' do esquecimento cibernético, dezasseis anos depois, pelo blog Divulgando Banda Desenhada; foi, aliás, esse 'post' que inspirou e serviu de base a este texto, e são dele as imagens que o ilustram.

Da autoria exclusiva de António Martins, a BD procura retratar o papel do Capitão Salgueiro Maia na 'Operação Fim-Regime', com base em testemunhos, entrevistas e documentos do próprio, bem como no livro sobre a Revolução dos Cravos, da autoria de Otelo Saraiva de Carvalho. O resultado é uma obra que, surpreendentemente, consegue mesmo transpôr esse momento da História para um formato visual, sem que com isso a seriedade e importância do momento saiam beliscados, e que merecia melhor sorte do que ser 'apenas' um suplemento de um jornal regional, com uma base de leitores obviamente limitada e finita; como as imagens incluídas neste 'post' atestam, tanto o argumento como a arte, que mistura desenhos num estilo realista clássico com imagens fotográficas, estão ao (alto) nível de outras bandas desenhadas educativas e históricas, tanto dos anos 90 como de outras décadas, e muito acima da típica BD institucional ou 'de jornal' da mesma época.

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Exemplo do estilo gráfico da obra (Crédito da imagem: blog Divulgando Banda Desenhada)

Seja como fôr - e enquanto se espera por uma eventual reedição de distribuição mais alargada - o serviço público prestado pelo blog Divulgando Banda Desenhada permitiu fazer isso mesmo – divulgar esta pérola perdida da BD dos anos 90 (e da criatividade inspirada pela Revolução dos Cravos), um objectivo a que, esperamos, este 'post' tenha também ajudado. Viva o 25 de Abril!

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