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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 21 de Março de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui, em tempos, dedicámos uma edição desta rubrica às carteiras da Dunas, acessório obrigatório de qualquer jovem com pretensões de inclusão social em meados dos anos 90. No entanto, apesar de se afirmarem como as mais populares, estas carteiras estavam longe de deter o monopólio quer do mercado, quer das preferências infanto-juvenis; antes pelo contrário, os finais do século XX foram talvez a última era em que verdadeiramente se puderam encontrar carteiras para 'todos os gostos e feitios', tendo a maioria das crianças e jovens uma vasta gama de opções de entre as quais escolher.

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O autor deste 'blog' levou, durante pelo menos um ano, o dinheiro para o bolo na escola numa carteira idêntica à da imagem.

De facto, de logotipos dos clubes favoritos (o autor deste blog levou orgulhosamente consigo, durante alguns anos, uma dos Chicago Bulls, e antes disso uma dos Orlando Magic) aos de marcas (no caso presente, da Street Boy), passando pelas inevitáveis versões alusivas a propriedades populares (o mesmo autor trouxe consigo, durante todo o primeiro ano da escola primária, uma das Tartarugas Ninja, semelhante à que ilustra este 'post') eram inúmeras as possibilidades no tocante a comprar uma carteira, podendo cada indivíduo escolher aquela que combinava precisamente com a sua personalidade ou gostos pessoais. Mais – nem era preciso recorrer a uma loja especializada para conseguir um acessório deste tipo, já que os mesmos se encontravam com relativa facilidade, e por preços acessíveis, tanto em supermercados como em tabacarias e outros estabelecimentos semelhantes, tornando fácil mostrar o 'estilo' sem gastar muito dinheiro.

Infelizmente, a era em causa parece mesmo ter passado, sendo já raro ver carteiras deste tipo à venda no 'mundo real', e ainda menos com a variedade de estilos e motivos patente à época. Quem levou diariamente o seu dinheiro e cartões dentro de um pedaço de tecido com bolsos e dobrável, com a cara do seu personagem favorito ou o logotipo da sua marca de eleição, certamente se lembrará da importância das carteiras na estética infanto-juvenil das últimas décadas do século XX e inícios do XXI, época em que viveram o seu auge enquanto acessório de moda entre a demografia em causa, justificando assim a sua presença nesta rubrica dedicada aos estilos e estéticas de então.

21.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 20 de Março de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

A mudança – de logotipo, estética, características, fabrico ou mesmo composição – é um elemento tão inevitável quanto natural no ciclo de vida de qualquer produto, sendo poucos os que conseguem manter intactas todas as características acima listadas ao longo de várias décadas. Deve, pois, ser dado ainda mais valor àqueles que, efectivamente, almejam tal objectivo, como é o caso do produto alimentar ao qual dedicamos esta Quinta ao Quilo.

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Disponível até hoje em mercearias, supermercados e até hipermercados na sua forma original e clássica – em garrafa de vidro – o leite com chocolate Ucal conseguiu, de alguma forma, manter-se praticamente imutável em relação à bebida que os portugueses das gerações 'X', 'Millennial' e até anteriores consumiram. Àparte algumas (mais ou menos) subtis mudanças de logotipo – e, decerto, também de fórmula e gosto – o produto hoje adquirível em qualquer bom retalhista é praticamente o mesmo daquela época, sem quaisquer características ou 'truques' de 'marketing' adicionais.

Embora seja, pois, de lamentar o desaparecimento da variante em garrafa pequena do leite branco da marca (à época tão comum quanto o de chocolate, embora naturalmente menos popular) é, sem dúvida, de louvar o facto de o referido leite se conseguir manter tão relevante e popular como nunca, sem recurso a quaisquer mascotes, ofertas ou brindes, apenas na base do nome e da qualidade a que o mesmo é associado – uma característica que, cada vez mais, se vai perdendo no panorama comercial, e que torna o clássico leite Ucal mais do que merecedor de destaque nesta rubrica, apenas algumas semanas após termos cedido o mesmo espaço tanto ao entretanto desaparecido 'Leite do Dia' como aos outros leites em garrafa disponíveis no mercado. Ficam os votos de que a tradição se mantenha ainda por muitos anos, e que os filhos e netos das gerações 'Z' e 'Alfa' possam, ainda, deliciar-se com o mesmo leite em 'garrafinha' que os seus pais, avós e até bisavós tomaram nos seus próprios tempos de infância...

22.02.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Ainda hoje existem, agora num contexto mais técnico e desportivo, ligado à prática da caminhada e outras actividades de exterior; foi, no entanto, nos anos 80 e 90 que se popularizaram, então como um elemento de vestuário eminentemente prático, perfeito para 'enfiar' na carteira, mochila ou mala de férias em caso de chuva imprevista. Falamos, claro está, dos impermeáveis dobráveis em saco, parte integrante da infância e adolescência de duas gerações de portugueses, os quais, quiçá, agora os introduzam também às demografias mais jovens.

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Exemplo moderno do produto em casa.

Conceito tão genial como intemporal, estes impermeáveis nada mais eram do que plásticos finos, ao estilo 'tapa-vento', que, quando não a uso, podiam ser enrolados e colocados num 'saco' com alça, o qual, ao vestir, se transformava num bolso de practicidade algo prejudicada pela fita elástica no seu interior. Quando devidamente dobrados, no entanto, esta alça transformava-se de estorvo em elemento essencial, permitindo carregar o impermeável na mão ou até ao ombro ou à volta do pescoço à laia de carteira ou bolsa, reduzindo assim as probabilidades de o mesmo se perder – algo que as mães e pais da época não terão deixado de apreciar, especialmente aqueles cujos filhos tendiam a ser mais distraídos e deixar os mais diversos objectos para trás nos mais diversos locais, como era o caso do autor deste 'blog'.

Tal como referimos no início deste texto, os impermeáveis com elástico ainda existem, ainda mais pequenos e compactos (após dobrados) do que o eram em finais do século XX, e hoje com uma conotação mais 'séria' e adulta. Restam poucas dúvidas, no entanto, de que existam em Portugal (e não só) grande quantidade de crianças e jovens que continuam a 'encontrar' esta peça de vestuário nos respectivos 'carregos' da escola ou treino desportivo sempre que o tempo está ameno, mas a 'ameaçar' chuva...

23.01.25

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Mais do que uma quinquilharia, eram uma necessidade no estojo, bolso ou mochila durante os meses de Inverno, quando serviam como melhor remédio para lábios gretados devido ao frio – uma função tão importante, aliás, que lhes assegurou continuidade até aos dias de hoje, embora já sem a preponderância de outros tempos. Falamos dos 'batons' de cieiro, um 'pequeno grande produto' de que qualquer português nascido ou crescido na ponta final do século XX se lembrará, e provavelmente encorajará os filhos a usar.

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A Labello era, talvez, a mais conhecida fabricante deste tipo de produto.

As marcas e fabricantes eram os mais variados, mas qualquer que fosse a origem ou laboratório, o princípio era o mesmo, a cor também (sempre um branco sujo) e o mesmo sucedia com a sensação após aplicação – aquela inconfundível e inesquecível impressão de ter comido cola, ou cera, que parecia deixar uma 'camada' extra em cima do lábio. Um 'mal necessário', claro está, para assegurar que o produto surtia o seu efeito, e que rapidamente era substituído por uma sensação de alívio ao deixar de sentir dor, ou aquela rugosidade própria da pele gretada ao passar a mão.

Não é, pois, de surpreender que estes 'sticks' marcassem presença regular não só nos armários de casa de banho portugueses, mas também nos 'carregos' de muitos cidadãos nacionais, independentemente da idade – algo que, aliás, talvez continue a acontecer, já que, como referimos no início deste texto, é ainda possível comprar um destes 'batons' em muitas farmácias portuguesas. Quem sabe, publicitando-os da maneira correcta e com recurso às redes sociais, não seja mesmo possível convencer as gerações 'Z' e 'Alfa' de que este é um produto desejável, restituindo-lhe assim o papel fulcral que desempenhou nos Invernos remotos de quem tem hoje mais de trinta anos...

20.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2024.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Eram presença constante na sociedade portuguesa dos anos 80 e inícios de 90, frequentemente vistos pendurados de retrovisores de carros (ao lado do tradicional ambientador de pinheiro), mochilas de estudantes, manípulos de janelas e até árvores de Natal – basicamente, qualquer superfície com largura e estabilidade suficientes para 'aguentar' a 'carga' extra. Falamos, claro está, dos bonecos 'de agarrar', uma das quinquilharias favoritas da juventude da época.

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Tematizadas tanto em torno de animais genéricos, como ursos, pandas ou cães, como de personagens da cultura pop da época, como ALF ou Snoopy, estes mistos de peluche, quinquilharia, enfeite e decoração logravam manter-se firmemente 'agarrados' a qualquer sitio onde fossem postos por intermédio de um mecanismo de mola, semelhante aos dos porta-moedas, situado nos braços dos bonecos. As mãos em plástico duro – por oposição ao peluche que cobria o resto do corpo da figura – forneciam, por sua vez, a estabilidade necessária, numa combinação mecânica tão simples como eficaz, e que dava a estas figuras a característica única que justificava a sua compra.

Curiosamente, apesar da popularidade de que gozavam, estes foram daqueles produtos que desapareceram por completo, aparentemente de um dia para o outro, e sem qualquer razão especial, tendo sido substituídos, em meados da década de 90, pelos porta-chaves com peluches na ponta, os quais sobreviveriam à passagem do Milénio às costas de muitos estudantes dos ensinos básico e secundário. Quanto aos peluches 'de agarrar', apesar de obsoletos, não deixaram de conquistar um lugar no coração de quem os chegou a possuir, e que certamente se divertiu 'à grande', em pequeno, a abrir e fechar o mecanismo de mola, ou a prender o seu boneco a diferentes lugares da casa. E quem sabe – talvez estes enfeites ainda estejam a tempo de voltar a estar 'na moda', quiçá em versões actualizadas para apelar à juventude do século XXI; resta esperar para ver...

21.11.24

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Os anos 90 foram palco de uma espécie de 'renovação' no sector das bolachas em Portugal, com alguns nomes clássicos dos anos 80 a serem progressivamente descontinuados, e a darem lugar a novas propostas de cariz mais internacional, como as famosas Oreo. Ainda assim, o país vizinho continuava a ser o principal fornecedor estrangeiro de bolachas, sobretudo através da sua mais famosa produtora, a Cuétara, que se posicionava como principal rival da portuguesa Triunfo no mercado nacional do sector – uma posição que seria reforçada nos últimos anos do século XX, com o surgimento em Portugal de uma variedade de bolacha que se provaria duradoura o suficiente para permanecer à venda três décadas depois: a hoje clássica Tosta Rica.

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Embalagem 'de época' da bolacha em causa, no caso alusiva ao popularíssimo 'anime' de Pokémon

À primeira vista apenas uma típica bolacha recheada (embora absolutamente deliciosa, ao nível das melhores alguma vez comercializadas no nosso País), o segredo da Tosta Rica revelava-se ao analisar mais atentamente as suas 'mini-sanduíches', cada uma das quais trazia nos dois lados um desenho, traçado a castanho acima do logotipo da marca. E se, numa primeira fase, estes desenhos eram apenas ilustrações genéricas, pouco tardou até a Tosta Rica principiar a obter algumas das mais atractivas licenças infanto-juvenis disponíveis à época, e a substituir os desenhos iniciais por personagens ou motivos alusivos a cada uma delas. Esta segunda fase ficou, também, marcada pela oferta, em cada caixa de bolachas, de um pequeno brinde simbólico, um gesto tão ao gosto do público-alvo da época e que ajudou a que as bolachas em causa se destacassem em meio a um mercado variado e com muitos atractivos. Tanto assim que, trinta anos volvidos, a marca continua presente nos supermercados e hipermercados nacionais, talvez já sem a força que outrora teve, mas ainda assim pronta a fazer as delícias de toda uma geração de crianças, tal como sucedeu com os seus pais...

26.07.24

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 25 de Julho de 2024.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Eram um dos brindes mais populares entre os jovens portugueses dos anos 90 e, apesar de estarem longe de ser consensuais junto dos pais, adornavam muitas vezes a pele da demografia em causa ao longo daqueles últimos anos do século XX, surgindo frequentemente em locais algo invulgares, como as costas da mão, onde podiam ser devidamente admiradas por pares invejosos. Falamos das tatuagens temporárias, uma categoria de quinquilharia que nunca retinha esse estatuto durante muito tempo, mas que não deixa, ainda assim, de ser elegível para esta categoria.

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Adquiríveis em folhas completas na tabacaria ou, frequentemente, como brindes de produtos alimentares (como no caso das tatuagens das Tartarugas Ninja oferecidas pela Panrico no auge da popularidade das mesmas) estes desenhos, normalmente consistentes de personagens populares entre a 'pequenada' ou desenhos e símbolos universalmente considerados 'fixes', eram transferidos da folha adesiva para a pele (ou para qualquer superfície onde se desejasse colocá-las, já que serviam 'função dupla' como uma espécie de autocolante) por meio da aplicação de uma esponja ou pano húmido no reverso da tatuagem, criando assim uma espécie de 'cópia-borrão' da mesma, que podia depois ser removida com água ou álcool quando a criança se 'fartasse' – algo que muitas pessoas certamente desejariam ser possível com tatuagens reais! A desvantagem – e principal razão da natureza polémica destes brindes junto dos adultos – prendia-se com o risco de doenças de pele resultantes do processo, como a urticária, o que fazia com que muitos pais proibíssem o uso deste tipo de tatuagem na pele dos filhos.

Quer se pertencesse a este último grupo ou à percentagem da demografia que orgulhosamente exibia o seu desenho de uma caveira ou Tartaruga Ninja no braço ou nas costas da mão, uma coisa é certa: as tatuagens temporárias marcaram época junto de toda uma geração, em Portugal e não só. E embora este tipo de brinde tenha caido em desuso no mais informado mundo de inícios do século XXI, não é por isso que passa a ter menos nostalgia para quem, há duas ou três décadas atrás, vibrava com a ideia de transferir o recém-adquirido padrão para o seu braço, e causar inveja aos amigos no pátio da escola, no dia seguinte...

28.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 28 de Junho de 2024.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Nos últimos anos, e sobretudo desde a pandemia, tem-se gradualmente vindo a tornar tradição ver no icónico cartaz dos gelados Olá um 'velho conhecido', há muito desaparecido, e temporariamente trazido de volta literalmente a pedido das massas, para fazer as delícias tanto de quem o comia nos idos de 80 e 90 como das novas gerações a que esses mesmos fãs deram entretanto origem. E depois do Super Maxi e do Rol, os ex-'putos' de finais do século XX têm agora a oportunidade de voltar a provar um antigo favorito, com o regresso, em 2024, do icónico Fizz Limão.

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Tendo-se superiorizado ao Pé e ao não menos marcante Feast Krisspy, o gelado com recheio e cobertura de limão (proporcionando assim uma 'dose dupla' de doçura acre, bem ao gosto de quem não aprecia gelados muito doces) irá, mais uma vez, marcar presença entre as escolhas da magnata multinacional para 2024, e, desta vez, sem quaisquer alterações de tamanho ou funcionalidade – àparte algumas mudanças expectáveis a nível dos ingredientes, o Fizz Limão que surgirá nas arcas congeladoras portuguesas este Verão pouco ou nada diferirá daquele a que os 'X' e 'millennials' portugueses disseram adeus há já mais de três décadas. Boas notícias, sem dúvida, para quem sentia vontade de provar, uma última vez, um gelado que, ainda que não incluído entre as escolhas declaradamente dirigidas ao público mais novo, não deixava ainda assim de ter alguma tracção junto do mesmo. Bem-vindo de volta, Fizz - e que este teu regresso te angarie toda uma nova geração de fãs.

27.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 26 de Junho de 2024.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Numa altura em que o dinheiro se torna cada vez mais digital e virtual – havendo mesmo quem se oponha explícita e abertamente ao pagamento em notas ou moedas – e em que os cartões Multibanco surgem na vida dos jovens em idades cada vez mais novas, o conceito de um recipiente onde se depositavam, religiosa e afanosamente, os 'trocos' que compunham a mesada ou semanada, ou as notas maiores recebidas nos anos e Natal, pode parecer perfeitamente obsoleto, e até algo pitoresco. E, no entanto, tal objecto fez parte integrante da infância e adolescência de qualquer português integrante da geração 'millennial' ou de qualquer das anteriores, perfilando-se muitas vezes como um 'baú do tesouro' ou até como o 'salvador da Pátria' em momentos de maior 'aperto' financeiro.

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Um modelo bem típico - em todos os sentidos.

Falamos, é claro, do mealheiro (ou 'cofre'), eternamente simbolizado na cultura popular sob a forma de um porquinho, mas que, para os jovens portugueses de finais do século XX, tinha uma aparência substancialmente diferente, normalmente oval ou cilíndrica, e decorada a toda a volta com motivos que iam desde padrões 'da moda' a personagens de banda desenhada e filmes, ou até logotipos de bandas ou clubes desportivos - curiosamente, foi apenas nos últimos anos que o 'porquinho mealheiro' propriamente dito penetrou na sociedade portuguesa, através de uma série de cofres 'de autor', cada um decorado consoante um determinado tema. De igual modo, ninguém no seu 'perfeito juízo' pensaria em partir o mealheiro, como tantas vezes se vê em filmes ou livros: isto porque, além de serem feitos de lata (e, como tal, manifestamente difíceis de quebrar) estes mealheiros tinham, regra geral, tampas removíveis, bastando aplicar pressão no sítio certo para que as mesmas saltassem e permitissem acesso aos conteúdos do cofre, anulando assim a necessidade de recorrer a medidas drásticas. Até mesmo a outra variante popular de mealheiros – estes, sim, de gesso, e esculpidos em forma de animais ou figuras humanas caricaturadas – possuía uma pequena tampa em borracha, extremamente fácil de levantar, tornando assim redundante o habitual martelo utilizado por inúmeros personagens de ficção para aceder às suas economias. Um toque manifestamente prático, e que maximizava a funcionalidade destes mealheiros, os quais seria um 'crime' partir, dada a sua função dupla como atraentes objectos de decoração para a prateleira do quarto – um propósito no qual os mealheiros mais 'tradicionais' também não se saíam, diga-se, nada mal...

Fosse qual fosse a 'variante' preferida, no entanto, não haverá nos dias que correm português na casa dos trinta ou mais anos que não tenha, na infância, guardado as suas (parcas) economias em formato físico, num mealheiro, quiçá sonhando com o dia em que teria o suficiente para adquirir os patins em linha ou a consola há tanto desejados. Pena é, apenas, que o avanço tecnológico tenha negado também esta experiência à Geração Z, ficando assim a mesma restrita exclusivamente ao domínio nostálgico das gerações mais velhas, e a páginas como a deste 'blog' nostálgico, onde não deixa, ainda assim, de receber a devida (e merecida) homenagem.

25.04.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 em Portugal ficaram, para o segmento que era então de uma certa idade, marcados (entre outras coisas) por um autêntico 'festim' de doces e guloseimas das mais diversas índoles, algumas ainda 'vivas' (embora significativamente diferentes) e outras desaparecidas para sempre. No entanto, por muito populares que fossem a maioria destes doces e salgados, apenas uma fracção de entre eles atingiu um estatuto verdadeiramente icónico entre os 'putos' da época, fosse pelos apetecíveis brindes que oferecia (como no caso das batatas fritas da Matutano), por se tratar de um 'prazer guloso' (como os Bollycaos ou os Galak Buttons) por ser encontrada um pouco por todo o lado e estar ao alcance até mesmo da mais vazia das carteiras (como as pastilhas Gorila) ou, no caso do produto de que falamos hoje, devido a uma combinação de todos esses factores. Sim, chega agora, finalmente, a vez de falar daquela que talvez seja 'A' guloseima por excelência desse período da História portuguesa, e um pouco até aos dias de hoje: o ovo Kinder.

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Vastamente imitadas, mas nunca igualadas, aquelas deliciosas ovais feitas de dois tipos de chocolate (por fora 'normal', castanho e de leite, e por dentro branco) penetraram o mercado português na década de 80 para não mais o abandonarem, fazendo as delícias de várias gerações não só com a referida (e apetitosa) combinação, mas também (sobretudo) devido ao que continham no seu interior: um cilindro de plástico amarelo, aparentemente simples, mas que qualquer criança ou jovem sabia conter o segredo da felicidade – pelo menos no imediato. Isto porque cada uma das referidas cápsulas continha um pequeno brinquedo de montar ou, em alternativa, uma figura coleccionável de qualquer das inúmeras linhas que a Kinder promovia à época, normalmente tematizadas em torno de espécies animais, e que em breve aqui terão a sua própria Quinta de Quinquilharia. Assim, a compra de um ovo Kinder permitia não só a degustação de chocolate de alta qualidade, mas também a 'surpresa' adicional do brinquedo no interior (daí o nome 'oficial', Kinder Surpresa), oferecendo uma combinação irresistível para qualquer menor de idade; foi, pois, com naturalidade que a Kinder rapidamente se afirmou como uma das líderes do mercado dos chocolates em Portugal, à semelhança do que acontecera já em países como a sua Alemanha natal, o Reino Unido ou a vizinha Espanha.

Conforme acima referido, a marca alemã conseguiria manter essa mesma hegemonia ao longo das quatro décadas seguintes, sendo ainda hoje possível encontrar nas prateleiras ovos Kinder Surpresa; no entanto, os mesmos comportam já algumas diferenças significativas em relação aos que punham a 'salivar' qualquer membro das gerações 'X' ou 'Millennial'. Isto porque, em algum ponto da trajectória da Kinder em Portugal, a produção do chocolate para os referidos ovos deixou de ser centralizada, passando os mesmos a provir de Espanha; com esta mudança, veio um acréscimo no açúcar, passando os referidos ovos a saber menos a 'eles mesmos' e mais a um qualquer outro chocolate. Assim, quem, de momento, quiser recuperar o sabor da infância terá de se deslocar ao estrangeiro, onde os ovos permanecem como eram em Portugal naquela época – embora o elevado volume de problemas e escândalos em que a Kinder se vê periodicamente envolvida possa, potencialmente, servir como elemento desencorajador dessa 'viagem' nostálgica. O melhor mesmo, para poupar tempo, dinheiro e potenciais dissabores, será utilizar esta breve homenagem a um dos grandes doces da infância portuguesa de finais do século XX como forma de 'regressar' àquele tempo, ainda que apenas mentalmente, e sentir na boca aquele 'gostinho' da primeira trinca num ovo Kinder...

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