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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

24.03.25

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

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Todas as crianças da era pré-digital os fizeram, ou pediram que lhos fizessem, pelo menos uma vez na vida, e todos os testaram da mesma maneira: correndo para lados opostos de uma divisão (ou tão longe quanto o fio permitisse) e tentando comunicar entre si. E apesar de a suposta capacidade de ecoarem ser, parcialmente, uma ilusão, não deixava ainda assim de se passar um Domingo Divertido, na companhia de um amigo, irmão ou primo, a brincar com esta simples mas fascinante criação.

Falamos, claro, dos telefones feitos com dois copos de plástico e um bocado de guita, que era passada por dentro de cada copo, unindo-os assim um ao outro para criar algo com a aparência de um sistema de comunicação de duas vias, ainda que de eficiência duvidosa. Nada que impedisse as engenhosas e imaginativas crianças de então, para quem o ritual acima descrito era parte integrante da diversão, com o acréscimo de ser um pretexto para poder falar mais alto, ou até gritar...

Apesar de haver, ainda, tutoriais sobre como fazer estes pseudo-telefones no Google e YouTube, este é, infelizmente, mais um daqueles conceitos que, se não caiu já na obsolescência, rapidamente o fará, já que é de duvidar que as gerações digitais achem qualquer interesse num brinquedo deste tipo. Para os seus pais, no entanto, este é mais um daqueles símbolos simples e insignificantes, mas ainda assim marcantes, de uma infância feliz, vivida numa era mais simples e despreocupada, em que algo tão simples como dois copos atados com linha eram suficientes para dar largas à imaginação...

22.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 21 de Março de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui, em tempos, dedicámos uma edição desta rubrica às carteiras da Dunas, acessório obrigatório de qualquer jovem com pretensões de inclusão social em meados dos anos 90. No entanto, apesar de se afirmarem como as mais populares, estas carteiras estavam longe de deter o monopólio quer do mercado, quer das preferências infanto-juvenis; antes pelo contrário, os finais do século XX foram talvez a última era em que verdadeiramente se puderam encontrar carteiras para 'todos os gostos e feitios', tendo a maioria das crianças e jovens uma vasta gama de opções de entre as quais escolher.

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O autor deste 'blog' levou, durante pelo menos um ano, o dinheiro para o bolo na escola numa carteira idêntica à da imagem.

De facto, de logotipos dos clubes favoritos (o autor deste blog levou orgulhosamente consigo, durante alguns anos, uma dos Chicago Bulls, e antes disso uma dos Orlando Magic) aos de marcas (no caso presente, da Street Boy), passando pelas inevitáveis versões alusivas a propriedades populares (o mesmo autor trouxe consigo, durante todo o primeiro ano da escola primária, uma das Tartarugas Ninja, semelhante à que ilustra este 'post') eram inúmeras as possibilidades no tocante a comprar uma carteira, podendo cada indivíduo escolher aquela que combinava precisamente com a sua personalidade ou gostos pessoais. Mais – nem era preciso recorrer a uma loja especializada para conseguir um acessório deste tipo, já que os mesmos se encontravam com relativa facilidade, e por preços acessíveis, tanto em supermercados como em tabacarias e outros estabelecimentos semelhantes, tornando fácil mostrar o 'estilo' sem gastar muito dinheiro.

Infelizmente, a era em causa parece mesmo ter passado, sendo já raro ver carteiras deste tipo à venda no 'mundo real', e ainda menos com a variedade de estilos e motivos patente à época. Quem levou diariamente o seu dinheiro e cartões dentro de um pedaço de tecido com bolsos e dobrável, com a cara do seu personagem favorito ou o logotipo da sua marca de eleição, certamente se lembrará da importância das carteiras na estética infanto-juvenil das últimas décadas do século XX e inícios do XXI, época em que viveram o seu auge enquanto acessório de moda entre a demografia em causa, justificando assim a sua presença nesta rubrica dedicada aos estilos e estéticas de então.

20.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-Feira, 19 de Março de 2025.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Quem frequentava a Feira Popular de Lisboa certamente os terá visto em exposição, e quiçá até comprado ou ganho um, ainda que, como prémios, fossem daqueles que requeriam uma combinação de esforço, dinheiro e sorte fora do alcance da maioria dos visitantes; é, mesmo, possível que os tenham tido em casa, já que constituíam uma decoração estranhamente comum entre um certo segmento da população portuguesa da altura. Falamos dos cães de loiça, aquelas estátuas algures entre a representação realista e a caricatura perturbante que marcaram as décadas de 80 e 90 em Portugal.

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Exemplo dos vários tamanhos em que estas estátuas se encontravam disponíveis. (Crédito da foto: OLX)

É pouco claro como a moda teve início, ou quem a fomentou, embora possam ser tecidas algumas conjecturas, a maioria relacionadas com figuras públicas de apelo popular; seja qual for a sua origem, no entanto, a verdade é que os cães de louça (das mais variadas raças, e alguns até com elementos de fantasia a nível do colorido ou das marcas no pêlo) marcaram mesmo época, surgindo em muitos 'halls' de entrada e salas de estar de Norte a Sul de Portugal, normalmente a 'montar guarda' a jarrões, lareiras e outros elementos da mesma índole, sem que nunca se percebesse bem a razão do seu apelo generalizado. Isto, claro está, no caso das versões em 'tamanho real', já que existiam também outras em tamanho reduzido, perfeitas para utilizar como 'bibelot' em cima da referida lareira ou na prateleira da sala.

Tal como outras modas de que aqui vimos falando, também esta desapareceu tão abruptamente e sem explicação como havia surgido, 'refém' das tendências de decoração de casas e de uma certa evolução no 'gosto' do português médio das gerações 'X' e 'Millennial' relativamente aos seus pais e avós. Ainda assim, os cães de louça perduraram tempo suficiente para serem 'homenageados' pelo comediante-cantor Rouxinol Faduncho, numa faixa gravada em 2006, e – sejamos honestos - restam poucas dúvidas de que, algures no nosso País, existam ainda um sem-número de casas com estátuas deste tipo, talvez herdadas das referidas gerações mais velhas, e destinadas a montar guarda perpétua a um qualquer canto da casa, como o vêm fazendo desde há mais de três décadas...

08.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 6 de Março de 2025.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Faziam parte da colecção de quinquilharias de qualquer criança ou jovem de finais do século XX, embora muita vezes acabassem por raramente ser usados, e servissem sobretudo para ser admirados, enquanto esperavam 'aquela' ocasião especial. Falamos dos blocos de notas com desenhos como pano de fundo das páginas, sobre os quais nos debruçaremos nas linhas seguintes.

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Exemplo moderno do produto em causa.

Normalmente em formato 'de bolso', e destinados a servir como 'bloco de cabeceira' ao lado do telefone ou em cima da secretária, eram facilmente adquiríveis em qualquer boa papelaria ou tabacaria, com uma enorme variedade de motivos, desde padrões como flores ou espirais até bonecos 'genéricos', ou mesmo, em ocasiões mais raras, personagens licenciados, como Hello Kitty; por vezes, chegavam mesmo a ser levemente perfumados, o que ainda acrescia mais ao estatuto 'super-especial', e os tornava pouco adequados a anotar números de telefone ou moradas. Talvez por isso a maioria dos jovens os tirasse da gaveta apenas para mandar mensagens aos amigos ou 'paixonetas', para fazer listas de interesse pessoal, ou para admirar os motivos que adornavam as páginas, fazendo com que apenas um bloco chegasse a durar vários anos.

Apesar deste uso 'religiosamente' regrado, no entanto – e apesar de raramente saírem da gaveta das quinquilharias – pelo menos um destes blocos fará, certamente, parte das memórias remotas de qualquer português das gerações 'X' e 'millennial', as últimas para quem este tipo de produto fez sentido, antes de tudo passar a poder ser guardado no telemóvel, relegando os blocos com motivos de fundo para a pilha de produtos obsoletos que as demografias mais novas dificilmente voltarão a usar...

28.02.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Embora, hoje em dia, tal possa parecer difícil de imaginar, até há relativamente pouco tempo, o leite UHT em embalagem Tetrapak estava longe de ser a norma em Portugal – antes pelo contrário. De facto, já à entrada dos anos 90, continuava a ser relativamente comum adquirir o lacticínio-mor em dois outros tipos de embalagem: por um lado, a garrafa de vidro (ainda hoje vigente, embora com bastante menos expressão, e restrita essencialmente ao leite com chocolate da UCAL) e o chamado 'leite do dia', comercializado em sacos semelhantes aos que, hoje em dia, podem ser vislumbrados ao lado da máquina de café num qualquer estabelecimento da Starbucks. É destas duas formas (quase) desaparecidas de comercializar leite que falaremos nas próximas linhas.

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Uma visão típica dos anos 80 e 90, mas totalmente desaparecida um terço de século depois.

Considerados, à época, mais saudáveis do que o leite UHT (embora também bastante mais perecíveis, o que pode ajudar a explicar o seu desaparecimento) estes dois tipos de leite não tendiam a figurar nas prateleiras dos habituais supermercados e hipermercados, sendo um dos resquícios do tempo em que o comércio era sobretudo local, e em que os lacticínios eram adquiridos na leitaria, ou directamente ao leiteiro; e embora, em finais do século XX, os segundos fossem já raros, as primeiras continuavam a existir, e a vender as duas formas de leite embalado, as quais, por sua vez, continuavam a ir ao encontro das necessidades de uma clientela fiel. Mais tarde, o leite do dia chegaria mesmo às grandes cadeias retalhistas, embora o seu tempo de vida nas prateleiras das mesmas viesse a ser reduzido, talvez pela supracitada perecibilidade, que obrigava a 'rodar' 'stock' com muito mais frequência do que no caso do leite UHT, famoso pelas suas longas datas de validade.

Curiosamente, fora de Portugal, continua a ser comercializado leite fresco (ou, pelo menos, não-UHT), sendo mesmo a principal forma de consumir o lacticínio em países como o Reino Unido. Em terras ibéricas, no entanto (ou, pelo menos, lusitanas), a versão ultra-pasteurizada e disponivel em embalagem de cartão ganhou mesmo vantagem sobre as alternativas, tornando-se sinónima com o produto em causa e relegando-as para a memória remota de quem foi criança antes do final do século e Milénio passados, 'fadadas' a serem recordadas apenas ocasionalmente, em páginas de 'sites' como este 'blog' nostálgico...

09.02.25

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

O gosto pela música é uma das características mais inatas do ser humano, revelando-se, muitas vezes, logo desde tenra idade; o mesmo se passa com a tendência para imitar os gestos e comportamentos dos adultos, que principia assim que a criança tem idade suficiente para estar ciente do que a rodeia, e tomar decisões conscientes. Assim, não é de surpreender que um dos muitos brinquedos de sucesso entre as crianças dos anos 80 e 90 tenha tido por base uma combinação destas duas vertentes com a tecnologia da época, com um resultado final que não poderia deixar de ser irresistível. Nada melhor, portanto, do que dedicar mais um 'post' duplo a esta 'pérola' algo esquecida de muitos Domingos Divertidos.

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Falamos do gira-discos de brincar da Fisher-Price, o qual emulava o principal método de reprodução musical da época pré-dispositivos portáteis, mas substituindo as frágeis circunferências de vinil estriado por algo bastante mais resistente e adequado a ser manuseado pela demografia-alvo do brinquedo – no caso, discos em plástico duro, cada um deles codificado com uma respectiva cor pastel, que permitia às crianças em idade de pré-literacia saber que música neles estava contida sem, para isso, precisar de decifrar qualquer rótulo. Os temas, esses, consistiam de uma selecção de temas de domínio público, alguns deles especificamente criados para um público infantil (como 'A Ponte de Londres') e outros apenas de cariz apelativo para o mesmo (como a valsa 'Danúbio Azul'). E, apesar da 'distorção' natural derivada dos limitados aspectos técnicos do produto, a verdade é que cada um destes temas era perfeitamente inteligível, e muito agradável de ser ouvido.

No restante, o brinquedo funcionava exactamente como uma versão simplificada de um verdadeiro leitor de LP's, com o disco a ter de ser inserido no prato, a agulha posta em contacto com o mesmo e a corda dada antes de a canção poder ser reproduzida – uma mecânica que obrigava a criança a despender esforços mentais e processuais, ao mesmo tempo que lhe dava a conhecer o funcionamento de um gira-discos de verdade, como o que os pais possivelmente teriam na sala de casa. Assim, não é de admirar que muitos Domingos Divertidos se tenham transformado em Segundas de Sucessos graças a este 'sucedâneo' infantil de um produto para adultos, e à meia-dúzia de 'singles' incluídos no mesmo, que terão ajudado muitas crianças (portuguesas e não só) a descobrir e nutrir o gosto pela música.

Infelizmente, a era do CD viria a tornar este tipo de brinquedo obsoleto, nunca tendo havido uma 'versão' do mesmo em formato de Discman ou 'tijolo'. Assim, é provável que apenas os mais velhos de entre os leitores deste blog – crescidos ainda na era do vinil – recordem este saudoso produto; para esses, no entanto, é bem possível que este 'post' tenha despoletado uma vaga de nostalgia, e um daqueles momentos de recordação da infância (e respectivas exclamações de surpresa e espanto) tão característicos da natureza humana...

05.02.25

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Hoje em dia, descobrir a melhor trajectória rodoviária entre dois pontos implica, tão simplesmente, activar o GPS e acreditar que o mesmo vai ter em conta obstáculos como estradas sem saída ou cursos de água; em finais do século passado, no entanto (antes do advento de tais tecnologias) tal objectivo requeria o recurso a um elemento indispensável em qualquer veículo pessoal à época, e presença obrigatória em qualquer porta-luvas ou bolsa adjacente ao lugar do passageiro – o clássico mapa rodoviário.

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Oferecendo uma diagramação exacta das estradas, localidades e obstáculos naturais quer de todo um país, quer de apenas uma área restrita, estes mapas eram, regra geral, criados pelas instituições estatais ligadas ao trânsito rodoviário ou, em alternativa, por entidades privadas dentro do mesmo ramo (no caso nacional, o Automóvel Clube de Portugal) e tomavam a forma de um panfleto grosso, o qual se desdobrava infinitamente até se transformar numa gigantesca folha de tamanho A0, repleta de linhas e cores, e onde quaisquer dois pontos pareciam estar a apenas um 'saltinho' de distância um do outro. Não é, pois, de admirar que os mesmos constituíssem objectos de fascínio para as crianças da época, capazes de passar longos minutos a traçar, com o dedo, rotas desejadas ou imaginárias entre localidades, ou a tentar adivinhar por onde se desenrolaria a sua própria viagem daquele dia – pelo menos até o condutor ou o passageiro 'pendura' precisarem de consultar o mapa, e o mesmo ter de ser novamente cedido para desempenhar a sua funcionalidade primária. Pior, mesmo, era voltar a dobrar correctamente aquela 'imensidão' de folhas, acabando a maioria dos mapas rodoviários por ficar 'do avesso', com a parte das estradas para fora e a capa e contracapa escondidas no interior...

Conforme referimos no início deste texto, o aparecimento dos GPS (e, mais tarde, dos mapas na Internet) veio tornar obsoletas as versões em papel; no entanto, os mapas rodoviários nunca desapareceram completamente, pelo que é bem possível que, algures, uma família recorra ainda a um dos mesmos para se orientar durante uma Saída de Sábado ou viagem de férias, e que, no banco de trás, as crianças da mesma se entretenham a tentar traçar o caminho até ao seu ponto de chegada, tal como faziam os seus pais quando tinham a mesma idade...

23.01.25

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Mais do que uma quinquilharia, eram uma necessidade no estojo, bolso ou mochila durante os meses de Inverno, quando serviam como melhor remédio para lábios gretados devido ao frio – uma função tão importante, aliás, que lhes assegurou continuidade até aos dias de hoje, embora já sem a preponderância de outros tempos. Falamos dos 'batons' de cieiro, um 'pequeno grande produto' de que qualquer português nascido ou crescido na ponta final do século XX se lembrará, e provavelmente encorajará os filhos a usar.

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A Labello era, talvez, a mais conhecida fabricante deste tipo de produto.

As marcas e fabricantes eram os mais variados, mas qualquer que fosse a origem ou laboratório, o princípio era o mesmo, a cor também (sempre um branco sujo) e o mesmo sucedia com a sensação após aplicação – aquela inconfundível e inesquecível impressão de ter comido cola, ou cera, que parecia deixar uma 'camada' extra em cima do lábio. Um 'mal necessário', claro está, para assegurar que o produto surtia o seu efeito, e que rapidamente era substituído por uma sensação de alívio ao deixar de sentir dor, ou aquela rugosidade própria da pele gretada ao passar a mão.

Não é, pois, de surpreender que estes 'sticks' marcassem presença regular não só nos armários de casa de banho portugueses, mas também nos 'carregos' de muitos cidadãos nacionais, independentemente da idade – algo que, aliás, talvez continue a acontecer, já que, como referimos no início deste texto, é ainda possível comprar um destes 'batons' em muitas farmácias portuguesas. Quem sabe, publicitando-os da maneira correcta e com recurso às redes sociais, não seja mesmo possível convencer as gerações 'Z' e 'Alfa' de que este é um produto desejável, restituindo-lhe assim o papel fulcral que desempenhou nos Invernos remotos de quem tem hoje mais de trinta anos...

20.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2024.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Eram presença constante na sociedade portuguesa dos anos 80 e inícios de 90, frequentemente vistos pendurados de retrovisores de carros (ao lado do tradicional ambientador de pinheiro), mochilas de estudantes, manípulos de janelas e até árvores de Natal – basicamente, qualquer superfície com largura e estabilidade suficientes para 'aguentar' a 'carga' extra. Falamos, claro está, dos bonecos 'de agarrar', uma das quinquilharias favoritas da juventude da época.

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Tematizadas tanto em torno de animais genéricos, como ursos, pandas ou cães, como de personagens da cultura pop da época, como ALF ou Snoopy, estes mistos de peluche, quinquilharia, enfeite e decoração logravam manter-se firmemente 'agarrados' a qualquer sitio onde fossem postos por intermédio de um mecanismo de mola, semelhante aos dos porta-moedas, situado nos braços dos bonecos. As mãos em plástico duro – por oposição ao peluche que cobria o resto do corpo da figura – forneciam, por sua vez, a estabilidade necessária, numa combinação mecânica tão simples como eficaz, e que dava a estas figuras a característica única que justificava a sua compra.

Curiosamente, apesar da popularidade de que gozavam, estes foram daqueles produtos que desapareceram por completo, aparentemente de um dia para o outro, e sem qualquer razão especial, tendo sido substituídos, em meados da década de 90, pelos porta-chaves com peluches na ponta, os quais sobreviveriam à passagem do Milénio às costas de muitos estudantes dos ensinos básico e secundário. Quanto aos peluches 'de agarrar', apesar de obsoletos, não deixaram de conquistar um lugar no coração de quem os chegou a possuir, e que certamente se divertiu 'à grande', em pequeno, a abrir e fechar o mecanismo de mola, ou a prender o seu boneco a diferentes lugares da casa. E quem sabe – talvez estes enfeites ainda estejam a tempo de voltar a estar 'na moda', quiçá em versões actualizadas para apelar à juventude do século XXI; resta esperar para ver...

15.12.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Hoje em dia, a venda de réplicas de armamento a crianças é bastante mais regulada do que há trinta anos, por razões óbvias; no entanto, em finais do século XX, era ainda não só possível como aceitável comprar a um menor de idade uma versão 'a fingir' de uma arma de fogo ou equipamento de guerra autêntico – e, numa altura em que tanto os índios e 'cowboys' como Robin dos Bosques gozavam ainda de alguma popularidade entre o público jovem, não é de admirar que um arco com flechas de borracha figurasse entre as muitas escolhas disponíveis neste aspecto.

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Com um fio feito de cordel – mas, ainda assim, com tensão suficiente para fazer voar as flechas que o acompanhavam – e projécteis de ventosa aderente, o brinquedo em causa permitia a quem o empunhava imaginar-se a cavalo nas planícies do Faroeste, defendendo a sua aldeia das investidas dos colonos, na Floresta de Sherwood, roubando sacos de dinheiro, ou mesmo apenas em competições de arco e flecha, podendo estas últimas ser facilmente recriadas se, além do arco, se tivesse também uma réplica de um alvo. Fosse qual fosse a brincadeira, no entanto, a posse desta pseudo-arma bastava para proporcionar muitos e bons momentos, sozinho ou com os amigos, durante um Sábado aos Saltos.

Tal como acima mencionado, dificilmente um brinquedo deste tipo será visto numa loja de brinquedos, drogaria ou hipermercado actual – não só pela sua natureza rudimentar e quase artesanal (sem luzes LED ou quaisquer outros efeitos) como também pela mudança acentuada de mentalidades relativamente às armas, sejam elas de que natureza forem. Ainda assim, as gerações 'X' e 'millennial' – e até mesmo algumas das anteriores – não terão decerto deixado de criar memórias nostálgicas ligadas a este 'produto do seu tempo', hoje obsoleto e quase extinto, mas que em tempos fez a felicidade de muitos jovens no decurso de um Sábado aos Saltos.

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