12.02.24
Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.
Já aqui por várias vezes aludimos à fase áurea atravessada pelo 'pop-rock' nacional durante a década de 90. De facto, o referido movimento visivelmente 'transpirava' saúde, representada tanto por lançamentos marcantes por parte de artistas já veteranos, como Rui Veloso, GNR, Delfins, Resistência, Entre Aspas ou Xutos & Pontapés, como de novas e promissoras adições à cena, como Sitiados, Quinta do Bill, Silence 4, Ornatos Violeta, Pedro Abrunhosa, Hands on Approach ou a banda de que falaremos no 'post' de hoje, e que foi uma das muitas revelações apontadas como a 'próxima grande sensação' durante a referida década: os Pólo Norte.
A formação clássica do grupo.
Formados em Belas, na região de Sintra, em 1992, das cinzas dos Honoris Causae, seria, no entanto, há coisa de trinta anos que a banda em causa verdadeiramente penetraria no imaginário popular, com o lançamento do seu primeiro disco, 'Expedição', e subsequente sucesso da faixa 'Lisboa', uma das músicas-estandarte do colectivo liderado pelo vocalista Miguel Gameiro. Também incluído neste registo de estreia está 'Grito', outro tema emblemático para o grupo e muito querido pelos seus fãs.
O primeiro sucesso do grupo...
Por muito auspiciosa que tivesse sido a estreia dos Pólo Norte, no entanto, nada fazia prever o que se seguiria com o seu segundo disco. 'Aprender a Ser Feliz', de 1996, dava ao mundo da música portuguesa o tema-título – que se tornaria ainda mais sinónimo com a banda do que 'Lisboa' - e ajudava a aumentar a base de fãs dos Pólo Norte de uma ponta à outra do País, muito por conta da grande rotação radiofónica da referida faixa homónima. Antes, a banda havia já conseguido destacar-se dos seus contemporâneos através de 'Amor É', uma versão musicada de um poema de Luís Vaz de Camões incluída na histórica colectânea 'Portugal ao Vivo II', veiculada com o jornal Blitz em 1995.
...e o seu verdadeiro tema-estandarte
Com a frequência e número dos concertos a aumentar, não é de estranhar que o terceiro álbum tenha demorado três anos a ser editado, por oposição aos menos de dois que mediaram entre 'Expedição' e 'Aprender a Ser Feliz'. Ainda assim, e apesar da demora, 'Longe' voltou a gozar de relativo sucesso, servindo mesmo de mote ao primeiro registo ao vivo do grupo, singelamente intitulado 'Pólo Norte ao Vivo' e lançado no dealbar do Novo Milénio. Em 2002, saía um novo registo de originais, 'Jogo da Vida', o quarto de uma carreira cada vez mais consolidada dentro do movimento 'pop-rock' nacional. Tudo parecia indicar a continuação de uma boa fase do grupo...não fora o hiato imposto por Miguel Gameiro, que procurava concentrar-se no projecto paralelo Portugal a Cantar.
Assim, passar-se-iam longos cinco anos até ser editado novo registo sob a denominação Pólo Norte – mas, como diz o ditado, 'mais vale tarde que nunca', já que 'Deixa o Mundo Girar', produzido pelo britânico Steve Lyons e de sonoridade mais 'rock' do que os seus antecessores, devolveu ao grupo o nível de fama e exposição dos tempos de 'Aprender a Ser Feliz', com diversos temas do álbum a figurarem em telenovelas e outras produções nacionais. Apesar deste sucesso, no entanto, o referido lançamento (reeditado dois anos depois com um segundo CD de bónus, composto por músicas ao vivo) saldar-se-ia, mesmo, como o último de originais do grupo, cujos registos subsequentes tomariam a forma de colectâneas, a primeira editada aquando da celebração de quinze anos de carreira do grupo, em 2008, e a segunda – intitulada 'Miguel Gameiro e Pólo Norte', lançada em 2014. De salientar que '15 Anos' trazia dois temas inéditos, até hoje os últimos alguma vez gravados pelos Pólo Norte.
Apesar de se assinalar nesse ponto o fim do grupo, no entanto, não era ainda a despedida de Miguel Gameiro, que lançaria um último CD a solo, 'A Porta Ao Lado' - que chegou a ser Top 10 de vendas em Portugal em 2010 – antes de se dedicar à sua outra paixão, a culinária. A carreira de 'chef' em estabelecimentos como o Casino Estoril e Quinta da Beloura foi, no entanto, mais uma vez posta em hiato em 2021, quando a banda se reuniu para uma celebração dos vinte e cinco anos de carreira, a qual, por sua vez, motivaria planos para uma 'turnê' completa, sob a designação Miguel Gameiro & Pólo Norte, a ter início no ano transacto. E apesar de tal desiderato ainda não se ter materializado, é bem possível que estejamos perante o início de uma 'segunda vida' para mais uma banda emblemática do 'pop-rock' nacional de finais do século XX. Resta aguardar para ver...