15.05.24
Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.
Hoje em dia, o telefone fixo é um instrumento, senão totalmente obsoleto, pelo menos em rápido processo de obsolescência, com a maioria dos cidadãos do mundo civilizado a preferirem utilizar o telemóvel e as mensagens de texto ou WhatsApp, em lugar das tradicionais chamadas. Em finais do século XX, no entanto, esta dicotomia era muito menos vincada, muito graças ao facto de as tecnologias móveis serem ainda muito recente e, como tal, fora do alcance do 'comum dos mortais'; para a maioria da população mundial, o telefone continuava a ser o meio de comunicação mais rápido, e normalmente preferencial. Assim, não é de admirar que proliferassem, nessa mesma época, os números gratuitos, nem que os mesmos fossem bastante solicitados por parte do público-alvo.
Divididos, normalmente, em dois tipos – os iniciados com a clássica designação 500 (mais tarde 800 e 0800) e os que implicavam marcar apenas três dígitos, como o 115 – estes números inseriam-se, na sua grande maioria, no domínio dos serviços, os quais têm por princípio prestar assistência gratuita, ou quase, à população; as linhas gratuitas empresarias (com excepção das da Portugal Telecom, que aderia ao modelo 500) eram significativamente menos frequentes, o que não deixa de ser expectável, dada a natureza voltada ao lucro de qualquer negócio. Ainda assim, não deixavam de se verificar alguns exemplos desta última tendência no Portugal dos 90; o Clube Nintendo, por exemplo, chegou a ter uma linha de truques e dicas gratuita em inícios da década, com a ressalva de que era necessário ser sócio para a poder utilizar, já que era pedido o número de inscrição no início da chamada – o que não impedia muitas crianças e jovens (incluindo o autor deste 'blog', em idade ainda longe dos dois dígitos) de 'tentarem a sua sorte' com números de sócio falsos, inventados naquele mesmo instante...
As linhas gratuitas eram, aliás, vítimas preferenciais e frequentes das clássicas partidas telefónicas da época, dada a impunidade que ofereciam a quem telefonava, que nem mesmo tinha de 'desperdiçar' dinheiro ou impulsos de Credifone com a sua brincadeira – sendo lembradas pelos 'millennials' portugueses sobretudo por esta vertente. Para quem os usava de forma séria, no entanto, estes números terão, sem dúvida, feito a diferença, e ajudado a facilitar situações que, antes, implicariam deslocações e perda de tempo útil. E apesar de o próprio conceito em que se baseavam se encontrar obsoleto, a verdade é que algumas destas linhas vão 'resistindo' até aos dias de hoje, como que determinadas a provar que uma boa ideia, bem executada, nunca morre verdadeiramente...