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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

24.06.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa altura em que o calor aperta novamente um pouco por todo o País, começa a apetecer sobremaneira dar um salto à praia ou piscina; mas se quem tem a sorte de ter um destes recursos perto de casa facilmente consegue realizar esse desejo mediante uma rápida Saída de Sábado, para quem vive em meios mais rurais ou no interior do País, essa é uma solução menos viável para escapar ao calor. Mas se a actual geração 'Z' tem de encontrar alternativas ao litoral, os seus antecessores 'Millenials' ou 'X' sabiam perfeitamente como tornar um dia de calor intenso bastante mais tolerável: com um rápido mergulho no tanque lá de casa.

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A 'piscina' da infãncia de muitos.

Sim, isso mesmo – o tanque de lavar a roupa, muitas vezes situado no quintal ou nas traseiras, e que, em alturas de estio, acabava a desempenhar funções de piscina improvisada para quem não tinha uma insuflável; desde que a criança em causa fosse pequena o suficiente para conseguir caber na estrutura sem desconforto ou perigo, era mesmo ali que muitos portugueses do século XX 'chapinhavam' em fins-de-semana de calor – desde que não houvesse roupa para lavar, bem entendido.

Mesmo quem já 'era grande' para tais 'aventuras' não ficava 'de mãos a abanar', já que existia, ali mesmo ao lado do tanque, uma outra alternativa viável para se refrescar – a mangueira. Bastava ligar a torneira, apontar ao local (ou pessoa) certa, e logo um revigorante jacto de água ajudava a limpar o suor e a afastar a sensação de calor. Melhor – ao contrário do tanque, o 'banho' de mangueira não tinha 'limite de idade', podendo continuar a ser desfrutado até à idade adulta, se assim se desejasse.

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A alternativa ao tanque para os mais velhos.

Por fim, há que referir a terceira alternativa para um banho de Verão, mais restrita a indivíduos e famílias com posses – a piscina particular, que tornava desnecessária a deslocação a um espaço público para nadar e se refrescar. No entanto, naquele final de século XX (como hoje) uma estrutura deste tipo era considerada um luxo, e eram poucos os portugueses a ter acesso a algo deste tipo, tornando os banhos de tanque ou de mangueira as principais alternativas a uma ida à praia ou piscina.

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Um luxo nos anos 90, como agora.

Hoje em dia, numa altura em que a maioria das casas dispõe de máquina de lavar, os tanques 'à moda antiga' começam a constituir uma raridade; no entanto, em comunidades e localidades mais tradicionais, é ainda possível encontrar estruturas deste tipo, pelo que tudo leva a crer que pelo menos alguns dos elementos da geração actual ainda saibam o que é tomar 'banho de tanque' num Sábado de calor...

23.07.22

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Com a época balnear oficialmente em curso, e as temperaturas a atingirem máximas poucas vezes vistas, poucas coisas apetecem mais do que um mergulho, seja na praia, numa piscina pública ou num dos cada vez mais raros aqua-parques ainda resistentes em certos pontos do País; isto porque, infelizmente, a outra opção disponível para as crianças e jovens dos anos 90 e 2000 já não é, pelo menos para esses mesmos ex-'putos', viável.

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Quem sabe, sabe...

Falamos das piscinas de quintal, aqueles mistos de brinquedo e instrumento utilitário que, depois de devidamente insuflados, davam a quem tinha a sorte de os possuir muitos momentos de diversão em dias de maior calor, muitas vezes até na companhia de familiares ou amigos da mesma idade.

E se é verdade que, na era do digital e da conectividade global, é difícil perceber o apelo do que era basicamente uma versão mais 'chique' de uma tina ou tanque (especialmente uma que apenas permitia um volume de água extremamente raso) a verdade é que nenhuma criança daquela época que tenha tido a sorte de ter essa experiência a trocaria por qualquer aparelho 'Bluetooth' ou 'drone', especialmente em épocas como a que actualmente se vive em Portugal, com o calor abrasador e a fazer estragos; a conveniência de apenas ter de chegar ao quintal para se refrescar (e de poder permanecer na água o tempo que se quisesse, ao contrário do que acontecia, por exemplo, com os banhos de mangueira) tinha muito mais valor do que se pudesse, à primeira vista, pensar – tanto assim que quem não tinha espaço ou dinheiro para adquirir uma destas piscinas, normalmente desejava que a situação fosse a contrária, para que também eles pudessem disfrutar da experiência que os amigos e colegas viviam naqueles Sábados em que os únicos Saltos que apetecem dar são mesmo dentro de água...

É de crer que, hoje em dia, as piscinas de quintal para crianças não tenham ainda desaparecido; afinal, a simples diversão de um banho rodeado de brinquedos (e, com sorte, amigos) é daquelas sensações verdadeiramente intemporais. A verdade, no entanto, é que estes apetrechos cada vez se vêem menos, quer em lojas, supermercados e hipermercados, quer em quintais por esse País fora, pelo que resta esperar que este não seja mais um daqueles produtos nostálgicos para toda uma geração, mas actualmente em 'vias de extinção'...

07.08.21

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

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E para esta primeira Saída de Agosto, nada melhor do que uma ‘escapadela’ até uma piscina de ar livre, a alternativa mais acessível e menos ‘especial’ – embora não menos divertida – aos parques aquáticos dos anos 90.

Embora muitos destes estabelecimentos tenham fechado desde o ‘nosso’ tempo, encontrando-se muitos deles, actualmente, votados a um abandono e degradação algo deprimentes, na última década do século XX, estes espaços eram ainda relativamente comuns, fosse por si só, fosse como parte de um complexo mais alargado – o qual, frequentemente, incluía uma piscina interior, aquecida e de comprimento olímpico, além de outros espaços complementares.

Quanto à porção exterior, esta incluía normalmente uma piscina para crianças pequenas – geralmente rasa – e outra de tamanho e configuração normal, sendo que os complexos maiores podiam também contar com uma piscina intermédia, para crianças mais velhas, mas ainda demasiado pequenas para frequentarem com segurança a piscina para adultos. Alguns destes espaços contavam, ainda, com atractivos adicionais, como pranchas de saltos (por vezes a diferentes alturas, mas normalmente baixas o suficiente para os mais novos também poderem saltar) ou pequenos escorregas, que permitiam vivenciar uma fracção da sensação de visitar um parque aquático, de forma mais modesta mas também mais segura – isto, é claro, para além do típico bar, onde se podia comprar um gelado no intervalo dos mergulhos…

Mesmo sem estes implementos adicionais, no entanto, uma visita à piscina era sempre garantia de diversão – ainda que, geralmente, controlada de forma a não haver excessos (quem nunca ‘levou nas orelhas’ por fazer ‘bombas’ ou mortais, que se acuse…) Fosse saltando, fazendo pinos e acrobacias ou simplesmente 'chapinhando’ (mas sem atirar água aos amigos– outra das proibições ‘clássica’ dos regulamentos de piscina da época, ficando o conjunto completo com as interdições de utilizar bolas e insufláveis e de nadar debaixo de água) uma manhã ou tarde na piscina era sempre bem passada, e acabava invariavelmente com aquela sensação boa de estar ‘todo partido’, e pronto para um bom banho quente, mas ao mesmo tempo ‘pronto para outra’ – já no dia seguinte, se tiver de ser…

Depois de completa a adolescência, esta sensação esvai-se um pouco, e a experiência de ir à piscina torna-se algo mais corriqueira e banal, embora não menos agradável; no entanto, quem tem filhos continua a poder viver, através deles, aqueles saudosos tempos em que se podia passar uma tarde de Verão entre ‘bombas’ e gelados, sem pensar em mais nada…

13.06.21

NOTA: Este post corresponde a Sábado, 12 de Junho de 2021.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

E como a onda de calor que se tem feito sentir já convida a uns mergulhos, nada melhor do que recordar um tipo de atracção de Verão que, infelizmente, ficou mesmo nos anos 90, sem hipótese de retorno, pelo menos nos moldes em que funcionavam..

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Um parque aquático abandonado, em Altura; muitos dos estabelecimentos semelhantes dos anos 90 encontram-se, hoje, nas mesmas condições

Falamos dos parques aquáticos, uma alternativa extremamente popular às habituais praia e piscina durante a ‘nossa’ década, sobretudo pela sensação refrescante que a descida num dos seus característicos escorregas de água (que, inevitavelmente, terminavam num enorme ‘chapão’ na piscina) proporcionava. Diz quem sabe que era uma sensação única – e quanto maior o escorrega, melhor…

Em Portugal, foram dois os parques aquáticos a adquirir especial relevância, embora por razões diametralmente distintas; o facto de ambas essas instalações terem, eventualmente, sucumbido ao mesmo triste final será, talvez, consequência dos eventos que trouxeram um deles para a ribalta, os quais abordaremos mais à frente.

O primeiro, e mais famoso, destes parques era o Ondaparque, inaugurado em 1986 e que representou a primeira tentativa portuguesa de criar uma instalação deste tipo.. Situado à entrada da vila da Costa de Caparica – um dos principais ‘destinos de praia’ dos lisboetas, situado na Margem Sul do rio Tejo – este parque chegou a ser icónico para as crianças da Grande Lisboa, com a sua configuração única de escorregas e piscinas, tantas vezes capturada em fotografias durante o auge da popularidade do Parque. Só a visão do complexo principal de escorregas, momentaneamente vislumbrável da auto-estrada, já fazia imaginar muitos e bons momentos de ‘chapões’ e ‘chapinhanço’, aguçando desde logo a vontade de visitar o parque – mesmo com o convidativo mar da Costa a proporcionar banhos tão bons ou melhores, apenas uns metros mais à frente…

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O Ondaparque da Caparica, com o seu clássico sinal estilo Hollywood e configuração de escorregas.

O Ondaparque foi, dos dois complexos abordados neste post, aquele que se pode considerar ter sido vítima das circunstâncias. Sem que tivesse quaisquer ‘culpas no cartório’, a instalação foi apanhada na ‘febre’ de fechar todo e qualquer parque aquático do seu tipo (derivada de acontecimentos a que aludiremos já a seguir) e continua, até hoje, abandonada, não tendo o espaço sido reaproveitado ou restaurado – o que não deixa de ser surpreendente, dada a área e potencial que o mesmo apresenta. Não deixa de ser triste ver o parque da nossa infância assim – velho, degradado, com o grafitti a substituir a água na superfície dos lendários escorregas, e as ervas daninhas a fazerem as vezes dos visitantes deliciados. Resta, pois, esperar que alguma empresa ou autarquia pegue neste, em tempos, icónico espaço e lhe dê nova vida, ainda que numa vertente diferente da original…

E tendo já falado do ‘parque bom’, chega agora a hora de nos debruçarmos sobre o ‘parque mau’. Chegou a hora de falarmos…do Aquaparque.

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A entrada do Aquaparque no auge da sua popularidade.

Situado no Restelo (outra zona da periferia lisboeta na rota directa de um popular destino de praia, no caso a linha de Cascais) o Aquaparque travou, em finais da década de 80 e princípios da que nos concerne, uma acirrada batalha com o Ondaparque pelo trono de principal parque aquático não só da região, mas de todo o país.  Esta ‘guerra’ natural entre espaços concorrentes viria, no entanto, a adquirir contornos mais sombrios quando, em 1993, duas crianças, ambas com nove anos, morreram em dias consecutivos, e da mesma maneira: ao serem sugadas pelos tubos que faziam a filtragem da água das piscinas, e que careciam de redes de protecção.

Reportagem de época sobre o trágico acidente

Um acidente horripilante, digno de filme de ficção científica, mas que – infelizmente – foi muito real, e ditou o ‘início do fim’ da era dos parques aquáticos em Portugal. Primeiro, foram as multidões a manifestar-se, tentando forçar a entrada no ‘Aquaparque da morte’, e atingindo à pedrada os agentes policiais que os procuraram restringir; depois, o assunto tornou-se matéria principal nos principais meios de comunicação; e, finalmente, tornou-se uma disputa legal, que viria a terminar apenas em 2002, com os familiares das jovens vítimas a serem indemnizadas pelo Estado português. O espaço, esse, ficaria encerrado por tempo indeterminado – e não demoraria até o ‘indeterminado’ se tornar ‘permanente’. Tal como aconteceu com o Ondaparque, chegou a falar-se em reconverter este espaço (no caso, em parque infantil, segundo veiculam várias notícias de meados de 2019) mas, um ano e meio volvidos, tal plano ainda não parece ter-se concretizado...

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Um parque aquático actual, em Santarém

Entretanto, passaram-se quase três décadas desde o auge dos parques aquáticos, e a verdade é que a ‘moda’ não tornou a pegar; embora existam ainda alguns complexos que vão mantendo este tipo de denominação (em Peniche, por exemplo) a maioria consiste apenas de piscinas ‘normais’, de diversos tamanhos, com uma ou outra prancha ou um ou outro escorrega pelo meio, sendo de duvidar que se torne a ver um parque como os descritos neste blog (até por questões de segurança, as quais se tornaram bastante mais rígidas desde aquela época). No entanto, aqueles que viveram a ‘era de ouro’ deste tipo de estabelecimentos nunca esquecerão a sensação de os visitar, e de estar no topo de um daqueles escorregas enormes, a olhar para a piscina lá bem ao fundo, à espera de descer…

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