16.09.23
Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.
Já aqui, recentemente, abordámos os métodos de escolha utilizados pelas crianças de finais do século XX (e não só) para escolherem quem começava um dos muitos jogos de exterior ainda sobejamente praticados naquela época; no entanto, havia, na mesma altura, uma outra prática enraizada entre o mesmo sector demográfico, e aplicada de forma tão ou mais inata, embora num contexto ligeiramente diferente – o método conhecido como 'roda-bota-fora'.
O futebol de rua é um dos jogos onde o método é mais frequentemente utilizado.
Utilizado, sobretudo, no contexto de jogos de índole desportiva, como o pingue-pongue, o futebol ou o basquetebol, este método tão simples como eficaz era posto em prática sempre que se verificasse haver um número excessivo de praticantes ou equipas para a actividade em causa – três equipas para um jogo 'com bola', ou três jogadores para um jogo de pingue-pongue um-contra-um, por exemplo. O método em si consistia, simplesmente, em 'eliminar' a equipa ou jogador que perdesse a primeira partida, e substituí-los pelo elemento que se encontrava de fora, passando os perdedores a ficar 'de lado', à espera, enquanto se desenrolava novo jogo entre os restantes participantes; este ciclo podia, depois, continuar infinitamente até terminarem os jogos, ou até existir um número par de participantes, caso em que se passariam, potencialmente, a desenolar múltiplas partidas de uma só vez, tendendo a brincadeira a assumir, nesta altura, contornos de 'mini-torneio'.
De referir que, enquanto que algumas actividades previam o ponto de término de um jogo nas próprias regras (caso do pingue-pongue, que terminava normalmente aos dez, quinze ou vinte e um pontos, ou sempre que se verificasse um 'capote') outros obrigavam a determinar um objectivo específico para a vitória, normalmente ligado a um determinado número de golos ou pontos, ou atingido mediante o clássico 'o próximo a marcar ganha'. Tal como tantas outras 'regras' do recreio, estes parâmetros raramente eram contestados, excepto por motivos de falta de tempo (por exemplo, no contexto de um intervalo de dez ou quinze minutos), devendo qualquer participante que pretendesse jogar obedecer às regras já muitas vezes pré-estabelecidas.
É de crer que, à semelhança dos outros métodos de selecção que abordámos, a 'roda-bota-fora' continue a ser utilizado em recreios de Norte a Sul do País; afinal, trata-se de um método simples, prático e justo de envolver o máximo de participantes possível numa actividade desportiva, já testado por múltiplas gerações de jovens, e com resultados comprovados. Caso não seja esse o caso, no entanto (e mesmo que ainda o seja) nunca é demais recordar mais um dos 'conhecimentos inatos' de que as gerações de crianças de finais do século XX fizeram uso durate os seus Sábados aos Saltos.