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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

23.11.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Já aqui anteriormente falámos dos esforços de sensibilização para a ecologia que foram uma das imagens de marca das décadas de 80 e, principalmente, 90; de igual modo, na última Saída de Sábado, abordámos alguns dos novos espaços verdes que esse mesmo foco na natureza ajudou a criar durante as referidas décadas, nomeadamente na região da Grande Lisboa. No entanto, não era apenas na capital que eram levados a cabo projectos de grande monta com vista à recuperação de espaços naturais, e das espécies que neles habitavam; pelo contrário, duas das três iniciativas mais famosas da época neste âmbito – todas focalizadas na recuperação de espécies consideradas à beira da extinção – tiveram lugar longe da capital.

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A primeira destas, com origem ainda nos anos 80, viu ser criada uma reserva natural na Serra da Malcata, no Norte de Portugal, com o objectivo de ajudar a reintroduzir no nosso País o animal que lhe serve até hoje de símbolo, o lince-ibérico. E ainda que a campanha em causa não tenha sido bem-sucedida – só décadas mais tarde, já nos anos 2020, é que a espécie voltaria a existir em Portugal, tendo mesmo sido dada como extinta no País pela Quercus, em 2007 – o espaço em si teve enorme impacto na conservação ecológica da área, mantendo-se até hoje como uma das principais áreas naturais protegidas do território nacional, além de proporcionar, desde a sua inauguração, uma excelente Saída de Sábado para as famílias residentes no Norte do País.

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Mais a Sul, concretamente na zona de Mafra, o projecto é outro, bastante mais bem-sucedido que o da Malcata, e com foco numa espécie igualmente ameaçada em Portugal. Em actividade desde 1987, e originalmente idealizado por um inglês, o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico continua, até hoje, a albergar membros da referida espécie que, por uma razão ou outra, são incapazes de sobreviver em liberdade, servindo assim como uma espécie de associação de abrigo para os animais em causa. No entanto, longe de resguardar os seus animais do grande público - como o faria um canil, por exemplo – o Centro encoraja visitas, permitindo aos visitantes admirar os lobos a partir de torres estrategicamente colocadas para facilitar a observação sem com isso interferir ou afectar o quotidiano semi-selvagem dos animais ali abrigados. Uma visita mais do que recomendada, portanto, e que deverá fazer as delícias das gerações X e Alfa, tal como aconteceu com as dos seus pais.

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O terceiro e último projecto mediático de conservação de espécies com origem nos anos 90 – e único situado em Lisboa – teve como alvo o esquilo-vernelho, animal também de existência restrita em Portugal (e extinto em outros países, devido à literal invasão do esquilo-cinzento, espécie invasora e directamente concorrente) e que, na década em causa (concretamente em 1993) foi reintroduzido no Parque Florestal de Monsanto, espaço do qual falámos na última edição desta rubrica e onde, ainda hoje, pode ser observado.

Em suma, são muitos os espaços naturais criados nos anos 80 e 90 do século passado que, além da função declarada de protecção de espécies animais ameaçadas, constituem também, desde essa época destinos privilegiados para uma Saída de Sábado para 'miúdos e graúdos' com interesse pela natureza.

09.11.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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O Parque dos Moinhos de Santana, um dos espaços verdes inaugurados na capital durante a década de 90.

Os anos 90 ficaram marcados, um pouco por todo o País, por uma série de manobras e desenvolvimentos em prol do urbanismo, que ajudaram não só a modernizar várias zonas menos centrais, como também vieram aumentar o leque de opções para uma Saída ao Sábado de cariz saudável para quem vivia na cidade. Lisboa, em particular, foi alvo, ao longo de toda esta década, de um sem-número de medidas de intervenção na zona florestal circundante, as quais contribuíram para criar um espaço ainda hoje diferenciado na arquitectura e estilo de vida da capital portuguesa.

De facto, apesar de já contar com infra-estruturas como o parque infantil do Alvito (entre outras) desde o início do século XX, a década de 90 viu a área de Monsanto (situada directamente 'acima' de Belém, Algés e Restelo, à saída de Lisboa) sofrer transformações consideráveis, enquadradas no projecto de criação de um 'corredor verde' na capital, e que transformavam os seus inúmeros hectares de mata selvagem numa série de parques urbanos, perfeitos para uma Saída ao Sábado em família, bem como numa reserva natural, o famoso Parque Ecológico de Monsanto, desde logo notável pela presença de esquilos, animal raro em muitas regiões de Portugal.

Além desta área dedicada à conservação – a qual rapidamente se afirmou, a par da Quinta Pedagógica dos Olivais, como local de eleição para visitas de estudo por parte das escolas lisboetas – o plano urbanístico aplicado à área em causa durante os últimos anos do século XX viu também nascer o Parque Urbano do Alto da Serafina, composto por duas áreas distintas (o Parque Infantil homónimo, grande 'concorrente' do Alvito, e o Parque do Calhau) e o Parque dos Moinhos de Santana (onde os mesmos continuam a ser a grande atracção), bem como ser recuperada a Mata de São Domingos de Benfica, também ela previamente votada ao abandono. Os lisboetas passavam assim, no espaço de menos de uma década, a poder contar com nada menos do que quatro novos locais para passear, brincar ao ar livre, fazer ciclismo ou piqueniques, além de novos acessos pedonais a áreas anteriormente mais remotas ou menos acessíveis, como a Buraca, que passava a estar ligada a Campolide por um caminho pedonal ao longo do Aqueduto das Águas Livres.

Com estes projectos-chave, o Governo e a Câmara Municipal conseguiam, de uma assentada, melhorar a acessibilidade, infraestruturas e paisagem urbana da cidade, bem como a qualidade de vida dos seus residentes, os quais continuam ainda hoje, mais de um quarto de século após a conclusão dos mais recentes esforços de reconversão, a usufruir das medidas então postas em práctica, e a utilizar os novos espaços verdes então criados para passeios em família, criando assim para as novas gerações o mesmo tipo de Saída ao Sábado diferente e memorável de que as crianças de então desfrutaram...

18.05.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

No Portugal de meados dos anos 90, a educação e interacção com animais em cativeiro era ainda, sobretudo, sinónima com o Jardim Zoológico de Lisboa, o Aquário Vasco da Gama (também em Lisboa) e o Zoomarine, no Algarve. Durante este mesmo período, começaram, no entanto, a surgir novas alternativas a estes tradicionais locais de 'romaria' para os amantes de animais lusitanos, a começar pelas Quintinhas Pedagógicas (a primeira das quais na zona dos Olivais, em pleno centro urbano da capital), e com o apogeu naqueles que são, ainda hoje, dois espaços privilegiados para ver animais em 'habitat' 'quase' natural: o Oceanário de Lisboa, construído durante a Expo '98 e que já teve direito a 'post' próprio nesta rubrica, e o espaço a que diz respeito a Saída deste Sábado, e que acaba de completar na semana que ora finda vinte e cinco anos - o Badoca Safari Park, em Vila Nova de Santo André, no Alentejo.

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Inaugurado a 14 de Maio de 1999, mesmo a tempo de se afirmar como espaço de referência entre os zoófilos portugueses do século XXI, o espaço em causa propunha-se, como o próprio nome indica, a ser o primeiro parque natural português a oferecer uma experiência ao estilo 'safari', à maneira do que vinham já fazendo outras instalações do mesmo tipo um pouco por todo o Mundo. Uma missão ambiciosa, mas que os fundadores do espaço conseguiram levar a bom porto, tirando o máximo partido da vasta planície alentejana para, em cerca de 90 hectares, reunirem algumas das mais populares espécies exóticas em regime de 'semi-liberdade' e partilhando instalações comuns, algo que, desde logo, demarcava o parque do 'concorrente' Jardim Zoológico, que fazia uso de mais tradicionais jaulas ou espaços individuais para cada espécie – um paradigma que, no Badoca Park, fica restrito aos primatas e araras, que dispõem de zonas próprias separadas da área central. Tal disposição permitia, também, levar a cabo a vertente de 'safari', que continua até hoje a levar os visitantes pelo meio desta 'savana' artificial, permitindo-lhes contacto quase directo com os animais, ao mesmo tempo que se aprende sobre eles – uma proposta, decerto, tão irresistível para os jovens amantes de animais da Geração Z como foi para os 'millennials'.

Ainda que fosse este o principal ponto de interesse e motivação para uma visita ao Badoca Park, no entanto, estava longe de ser o único, já que o espaço levava e leva também a cabo iniciativas mais tradicionais, como a apresentação de aves carnívoras, alimentação de diferentes espécies ou encontros 'um para um' com diferentes animais, além de acções de conservação, à semelhança do que sucede com o Jardim Zoológico. Razões mais que suficientes para os 'millennials' entretanto crescidos reviverem (ou, finalmente, realizarem) a experiência de visitar a inusitada instalação, e celebrarem juntamente com os seus filhos os vinte e cinco anos de uma atracção ainda hoje única no contexto português.

 

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