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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

30.07.23

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 29 de Julho de 2023.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Para qualquer criança ou jovem português, tanto dos anos 90 como de hoje em dia, o Verão é sinónimo de uma coisa: férias grandes. E, para a grande maioria dessa demografia, as férias grandes eram (são), por sua vez, sinónimo de uma região: o Algarve. De facto, antes da globalização e normalização das viagens para destinos no estrangeiro, o Sul de Portugal era o grande 'pólo aglutinador' de veraneantes (tanto locais como oriundos de outras partes do País ou do Mundo) devido à sua irresistível combinação de clima ameno, mar calmo, e uma infraestrutura turística suficientemente vasta para ninguém se aborrecer – infraestrutura essa que, a partir da década de 90, passou a contar com mais um ponto de interesse, em particular para o público infanto-juvenil: o Zoomarine.

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De facto, o parque zoológico inaugurado em 1989 na Guia, nos arredores de Albufeira, apresentava uma proposta de valor absolutamente irresistível, permitindo aos visitantes não só desfrutar de todas as atracções típicas de um parque temático do seu tipo como também ver de perto uma grande variedade de animais marinhos – à semelhança do que fazia o Aquário Vasco da Gama, em Lisboa, e do que mais tarde faria o Oceanário da Expo '98 – observá-los 'em acção' no espectáculo de acrobacias (característica partilhada com o Jardim Zoológico de Lisboa) e, sobretudo, interagir com eles, dentro da própria piscina.

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A oportunidade de nadar com golfinhos continua a ser a grande atracção do Zoomarine.

Escusado será dizer que foi esta última vertente – que, em Lisboa, ficava restrita a umas quantas crianças 'sortudas' por espectáculo – que cimentou a reputação do Zoomarine, e o tornou um destino quase tão cobiçado como uma Eurodisney pelas crianças e jovens portugueses, que desejavam ferventemente nadar com golfinhos e ver de perto as orcas, animal que não existia em mais nenhum parque zoológico ou aquático na Península Ibérica. Já no Novo Milénio, o sucesso e a natureza icónica do parque entre a referida demografia fizeram, mesmo, dele um dos locais de filmagem para a lendária telenovela juvenil 'Morangos com Açúcar', onde foi rebaptizado como 'Zoomarinho' – um nome, aliás, que muitos visitantes já pensavam ser o seu...

Naturalmente, a própria natureza do Zoomarine não o deixou imune a controvérsias; antes pelo contrário, as mesmas continuam a suceder-se com bastante regularidade até aos dias de hoje, sobretudo por parte de associações e grupos de defesa dos animais, que consideram o tratamento dos animais do parque abusivo, devido ao reduzido tamanho das instalações de descanso e até das próprias piscinas, já para não falar das referidas interacções com o público, um tópico eternamente controverso. Simultaneamente, no entanto, a atracção é respeitada do ponto de vista da conservação, âmbito no qual desenvolve vários programas, bem como na vertente turística, ganhando anualmente uma série de prémios e figurando no Top 10 de parques de fauna aquática na Europa promovido pelo 'site' TripAdvisor, onde ocupa o sétimo lugar.

Assim, é muito pouco provável que o Zoomarine venha a fechar num futuro próximo – embora tenha sido esse, precisamente, o caso com o 'congénere' americano SeaWorld. Até lá, a atracção algarvia continuará, certamente, a atrair milhares de visitantes todos os Verões, e a afirmar-se como fonte de cobiça e inveja para quem – como foi o caso do autor deste blog durante a época áurea de promoção do parque – nunca teve ensejo de lá ir...

 

18.06.23

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 17 de Junho de 2023.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Numa edição recente desta rubrica, falámos das feiras de diversões itinerantes, que surgiam numa área a determinada altura do ano e ali permaneciam durante algumas semanas, dando aos habitantes da região a possibilidade de gozarem a 'experiência de feira' antes de a mesma seguir caminho rumo a novas paragens. No entanto, os habitantes de certas partes do País podiam,em finais do século XX, usufruir dessa mesma experiência a 'tempo inteiro', mediante a visita a um dos poucos, mas ainda assim existentes, parques de diversões 'fixos' em território nacional.

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O icónico frontispício da Feira Popular

O exemplo mais óbvio deste tipo de recinto era, obviamente, a Feira Popular de Lisboa, de onde deriva o nome ainda hoje informalmente utilizado para todos os parques deste tipo, e onde também 'aterrava' anualmente um dos Circos de Natal da capital. Este foi um espaço que deixou saudades aquando do seu encerramento em inícios do século XX, dada a forma como combinava, num só recinto, as diversões habituais de um parque de diversões – como o comboio-fantasma, a montanha-russa, a roda gigante ou as barraquinhas de jogos de habilidade 'a prémio' – um sem-número de salões de jogos equipados com a 'nata' dos videojogos de arcada noventistas (além das tradicionais máquinas de 'garra') os tradicionais fornecedores de churros e outras iguarias altamente calóricas, e ainda alguns divertimentos mais elaborados, como os 'Póneis Vivos' – operação extremamente problemática do ponto de vista da crueldade animal, mas que, à época, fazia as delícias dos mais pequenos – ou a 'Casa do Terror', uma mansão 'assombrada' por actores de carne e osso, e inspirada num conceito popularizado nos parques temáticos Disney. Tudo isto pelo preço de um só bilhete, ainda que – talvez evidentemente – fosse depois também necessário pagar por certas diversões, bem como pelas máquinas de jogo e comes e bebes, o que tornava a visita algo dispendiosa e a colocava na categoria de 'Saída de Sábado especial', por oposição a algo corriqueiro.

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Vista panorâmica da antiga Feira.

Ainda assim, quem visitou na infância esse marco da antiga cidade de Lisboa, situado na zona de Entrecampos-Campo Grande, certamente guardará dele boas memórias nostálgicas, e sentirá um aperto no coração ao vê-lo, hoje, transformado num descampado para sempre à espera que um suposto projecto de renovação 'saia do papel'...

Ainda na zona de Lisboa, e 'acoplado' a outra atracção especial que em breve aqui merecerá a nossa atenção – o Jardim Zoológico – existia, também, uma mini-feira, inicialmente constituída apenas por um carrossel, carrinhos de choque, casas em miniatura e os habituais jogos de habilidade e videojogos, e mais tarde expandida para incluir também o tradicional 'barco pirata' oscilante, e a tradicional diversão em que os participantes deslizavam, dentro de um barco, para uma piscina, apanhando assim um 'banho'.

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O tradicional carrossel do Zoo de Lisboa.

Infelizmente, em anos subsequentes, muitas destas atracções foram forçadas a fechar ou deixadas ao abandono, tendo a mais recente remodelação do espaço adjacente ao Jardim Zoológico eliminado os últimos vestígios dos mesmos, além de outras características arquitectónicas bem mais clássicas. Uma pena, pois a referida mini-feira (tal como a sua antecessora, com a pista de 'karts' e a boneca do corpo humano) era um excelente complemento ao dia especial que invariavelmente se passava no 'Zoo'.

E como quase todas as localizações 'especiais' existentes na capital têm um equivalente mais 'a Norte', também no caso das feiras de diversões se verificava este paradigma. No caso, a representante nortenha deste conceito era a Bracalândia, situada não no Porto mas, como o nome indica, na zona de Braga.

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O recinto da antiga Bracalândia, a 'resposta' nortenha à Feira Popular.

Relativamente à Feira Popular, o parque nortenho apostava numa abordagem mais diversificada, dividida em 'zonas' temáticas alusivas a várias culturas existentes ou fictícias, dos 'cowboys' do Faroeste ao continente africano, passando pela terra dos contos de fadas. Ainda assim, e apesar desta divergência, não faltavam na Bracalândia os divertimentos tradicionais de feira acima elencados, e que, quando combinados com a referida abordagem conceitual, a tornavam num dia muito bem passado para os jovens residentes no Norte do País. Melhor – apesar de ter encerrado actividades em finais da década de 2000, e novamente no início da seguinte, a Bracalândia conseguiu, ao contrário da Feira Popular, gozar de uma 'segunda vida', agora na zona de Penafiel, no distrito do Porto, e sob o nome algo mais genérico de Magikland, identidade sob a qual pode, ainda hoje, ser visitada.

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Aspecto da actual Magikland.

Em suma, apesar de serem poucas, e de não terem a dimensão ou projecção de uma Eurodisney ou mesmo do Parque Astérix, as feiras de diversões 'fixas' do Portugal de finais do século XX não deixavam, ainda assim, de constituir excelentes Saídas de Sábado para toda a família, justificando plenamente a sua inclusão nesta nossa rubrica.

 

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