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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

09.08.23

NOTA: Por motivos de relevância temporal, esta Quarta será de Quase Tudo. Falaremos de banda desenhada nas próximas duas semanas.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

As Jornadas Mundiais da Juventude, realizadas este ano em Portugal e concluídas no passado Domingo, 6 de Junho de 2023, ficaram marcadas pela visita de Sua Santidade, o Papa Francisco – uma ocorrência que terá feito muitos dos membros das Gerações X e 'millennial' recordar a figura que ambas as gerações aprenderam a associar a esse título durante as duas últimas décadas do século XX e primeiros anos do seguinte - o malogrado e saudoso João Paulo II – e as diversas visitas que o mesmo realizou a Portugal.

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Uma das três visitas do Papa João Paulo II a Portugal.

Foram três as ocasiões em que o homem nascido Karol Wojtila na Polónia dos anos 20 visitou o país à beira-mar plantado, na outra ponta da Europa, e do 'outro lado' de Espanha em relação à sua residência na Cidade do Vaticano (três, se contarmos com a breve escala aérea que aqui realizou em 1983). A primeira, ainda nos anos 80 (em 1982) foi de peregrinação, ao Santuário de Fátima, onde passou três dias, e onde deixou a bala do atentado que quase o vitimara no ano anterior; no entanto, será das duas subsequentes que os leitores deste 'blog' mais certamente se recordarão.

A primeira destas (e segunda no total) deu-se em 1991 – novamente em Maio – e viu, além do regresso ao principal santuário católico português, João Paulo II visitar Lisboa (onde disse uma missa e realizou um encontro com jovens crentes, em pleno Estádio do Restelo) e deslocar-se até às regiões autónomas dos Açores e Madeira, num périplo impressionante para um período de apenas três dias.

Reportagem de época sobre o evento de 1991 no Restelo, em Lisboa.

A última, nove anos depois (já no dealbar do século XXI) e novamente no mês de Maio, durou apenas dois dias e destinou-se, sobretudo, a beatificar os famosos pastorinhos de Fátima, Jacinta e Francisco Marto; no entanto, o então Papa escolheu assinalar esta nova presença com um segundo donativo a Nossa Senhora de Fátima – no caso, o anel que recebera do cardeal Wyszynski no início do seu período como pontificado. Esta terceira e última visita ficou, ainda, imortalizada numa série de selos lançados pelos CTT e alusivos ao Sumo Pontífice.

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O Sumo Pontífice nos Açores, em 1991.

Pouco menos de cinco anos após esta última presença no nosso País, e cerca de seis semanas antes de completar oitenta e cinco anos, em inícios de Abril de 2005, João Paulo II viria a falecer, obrigando à eleição de um sucessor – no caso o alemão Joseph Ratzinger, conhecido como Bento XVI e que, por sua vez, seria sucedido pelo actual Sumo Pontífice, Francisco. Na memória dos jovens portugueses de então ficava, no entanto, a imagem daquele ancião benevolente, de vestes brancas e voz pausada, a percorrer Fátima no característico veículo papal – uma situação que, para a nova geração, terá como protagonista o Papa Francisco, mas que, para os seus antecessores nascidos e crescidos no último quarto do século XX, ficará para sempre associada a João Paulo II.

 

25.05.23

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

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A embalagem noventista do popular Nestum Figos.

Qualquer português nascido ou crescido nas últimas seis décadas terá, certamente, consumido quantidades significativas de Nestum como parte dos pequenos-almoços ou lanches da sua infância – ou até, para muitos, da adolescência e idade adulta (em que há, inclusivamente, quem se fique por um prato de Nestum quando não lhe apetece cozinhar.) Desde a sua introdução em meados do século XX, a farinha láctea da Nestlé tem sido presença perene e constante nas prateleiras portuguesas, deliciando geração após geração com a sua alternativa tão saborosa como saudável aos cereais de pequeno-almoço, papas de aveia ou produtos semelhantes.

Esta perpetuidade não implica, no entanto, que a natureza do produto se tenha mantido inalterada- Isto porque, além das habituais e expectáveis mudanças de embalagem e grafismo, houve também, especialmente nas últimas décadas, alguma variação e flutuação nos sabores de Nestum disponíveis para compra; de facto, se 'clássicos' como Mel, Arroz e Chocolate se mantêm firmes quase desde o aparecimento da 'papa', outras variantes houve que, ao longo dos anos, foram discretamente desaparecendo das prateleiras dos supermercados e hipermercados portugueses, deixando como único vestígio da sua presença as memórias nostálgicas das gerações que as consumiram.

Para os 'putos' dos anos 90, os dois principais sabores que se inserem nessa categoria são o Nestum de Amêndoas e Mel, o de Alperce e o de Figo – três variantes que, talvez por serem menos consensuais que as restantes, ou menos saudáveis, deixaram mesmo de ser comercializadas entre a última década do século XX e a primeira do seguinte, deixando saudades a muitos ex-jovens da época, para quem eram presença habitual à mesa do pequeno-almoço ou lanche, ou usados como medida de conforto em períodos de doença ou convalescença. Tanto assim é que existem, não apenas uma, mas várias petições destinadas a tentar convencer a Nestlé a fazer voltar estes sabores aos escaparates – ainda que, até agora, todos e quaisquer esforços se tenham revelado em vão. Parece, pois, que as duas variantes em causa continuarão a perdurar apenas na memória colectiva das gerações acima dos vinte e cinco a trinta anos, e em locais como este mesmo blog, que se dedicam a conservar e preservar os artefactos nostálgicos da infância das mesmas...

09.02.23

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Hoje em dia, os nomes Nestum e Cérélac fazem parte daquela gama de produtos perenes e aparentemente imortais, apreciados e partilhados por múltiplas gerações de crianças desde o seu aparecimento; no entanto, existiu, nos anos 80 e 90, uma outra farinha láctea, tão bem-sucedida quanto estas, mas cuja sorte foi diametralmente oposta, não tendo sobrevivido ao virar do Milénio, e tendo como principal referência cultural hoje em dia a sua icónica mascote.

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Falamos do Miluvit, a 'papa do Vitinho' que, durante as décadas em que este mandou para a cama duas gerações de crianças através dos seus lendários segmentos musicados transmitidos na RTP1, chegou a fazer concorrência no mercado português ao líder Nestum, mas que, com a perda de relevância do seu 'embaixador' (substituído pelo não menos icónico Patinho) acabou por desaparecer quase imperceptivelmente das prateleiras dos supermercados e hipermercados nacionais.

Ainda assim, no seu auge de popularidade, o Miluvit conseguiu tracção suficiente entre o seu público-alvo para chegar a contar com quatro sabores – além do tradicional mel, sabor de base para as farinhas lácteas infantis, havia também variantes de arroz (em concorrência directa a outro popular sabor da gama Nestum), maçã (talvez a mais saborosa das quatro) e multicereais, esta semelhante ao actual Nestum de cereais integrais. Qualquer uma delas constituía uma excelente alternativa ao Nestum, sobretudo para quem gostava da papa menos doce.

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As quatro variantes da papa existentes no mercado noventista.

Por muito boa que fosse a papa, no entanto, era inegável que o verdadeiro 'argumento' do Miluvit era a sua mascote, que ocupava sempre o centro de qualquer campanha promocional da marca, e cuja popularidade justificava mesmo a produção de artigos de merchandise, como uma almofada, numa alusão directa aos mega-populares segmentos 'Boa Noite, Vitinho'.

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A almofada do Vitinho (crédito da foto: Ainda Sou do Tempo)

Assim, quando os referidos segmentos saíram do ar e o personagem de José Maria Pimentel se passou a cingir às caixas de papa, foi com naturalidade que se verificou um declínio na popularidade do Miluvit, cuja época áurea termina ainda antes da passagem de Milénio: ainda assim, para quem viveu no tempo das 'duas papas', este não deixará de ser um produto nostálgico, quanto mais não seja pela presença do menino camponês dorminhoco nas suas caixas.

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