09.09.23
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.
Já aqui falámos, por alturas do vigésimo-quinto aniversário da EXPO '98, de alguns dos edifícios com que a mesma contribuiu, à guisa de legado, para a malha urbana lisboeta. De uma gare centralizada (a Estação do Oriente) a uma nova ponte sobre o Tejo (a Vasco da Gama), passando por uma sala de concertos - que adquire nova designação a cada poucos anos, mas que será para sempre conhecida, informalmente, como o 'Pavilhão Atlântico' – o segundo maior 'shopping' lisboeta (também designado Vasco da Gama) e até a área circundante a todas estas infra-estruturas, o chamado Parque das Nações, local privilegiado para uma Saída de Sábado em dia de sol. E caso o tempo decida não 'colaborar' – como vem sendo o caso neste mês de Setembro de 2023 – o Parque oferece uma excelente alternativa a uma tarde passada no hipermercado, dentro de uma sala de cinema ou 'enfiado' por entre as lojas do centro comercial: uma singela estrutura conhecida como Oceanário de Lisboa.
O espaço na actualidade.
Originalmente denominada Pavilhão dos Oceanos, durante a própria exposição, o espaço hoje conhecido como Oceanário destacou-se, desde logo, pela sua traça arquitectónica, semelhante à de uma aeronave projectada sobre uma baía artificial no Rio Tejo, e que não tardaria a conquistar os corações dos especialistas do ramo, tendo, ainda nesse ano de 1998, obtido uma menção honrosa para o Prémio Valbom de Arquitectura. O apelo do segundo maior aquário ibérico ia, no entanto, muito além do seu 'design', tendo o mesmo ano de 1998 visto o espaço granjear dois prémios relativos aos seus méritos científicos, o primeiro atribuído pela prestigiada revista Time, e o segundo obtido na cidade de Nápoles, em Itália – ambos, aliás,bem merecidos, já que o Oceanário proporcionava uma experiência muito além das oferecidas por infra-estruturas semelhantes, não só em Portugal, mas em toda a Europa.
De facto, a experiência de visitar este espaço era, para qualquer 'puto' português noventista, habituado ao 'velhinho' Aquário Vasco da Gama, absolutamente estonteante, já que permitia passear entre, e por baixo, dos peixes do aquário central, dando a sensação de estar, verdadeiramente, no fundo do oceano, com tubarões e raias a passarem a poucos centímetros dos visitantes. Também de enorme interesse para qualquer jovem da época eram as duas lontras-marinhas residentes no espaço, já que este era um animal, à época, pouco frequente em cativeiro, e que possuía as doses exactas de charme e comportamentos únicos para cativar qualquer pequeno entusiasta de animais. Talvez por isso, aquando da morte das lontras originais, Eusébio e Amália, o Oceanário tenha 'repescado' as duas crias das mesmas, denominadas Micas e Maré (ambas entretanto também já falecidas), do Jardim Zoológico de Roterdão, para que as mesmas dessem continuidade ao legado iniciado pelos seus progenitores.
As lontras eram, à época, a principal atracção do Oceanário.
E se estas duas atracções – juntamente com três outros aquários adjacentes, tematizados a diferentes regiões do Mundo, e cerca de duas dezenas e meia de aquários mais pequenos – constituíam a 'espinha dorsal' do Oceanário original, uma visita ao espaço nos dias que correm oferece ainda muito mais que ver, já que o mesmo foi expandido já na segunda década do Novo Milénio, tendo sido construído um novo edifício, denominado 'Edifício do Mar'; pouco depois, em 2015, o Oceanário foi concessionado por trinta anos a uma subsidiária do Grupo Jerónimo Martins, que ainda chegou a tempo de recolher os dividendos das duas nomeações consecutivas como 'Melhor Aquário da Europa' por parte do site de viagens TripAdvisor, em 2015 e 2016. Desde então, o Oceanário tem seguido de vento em popa e, sob os auspícios da mascote oficial 'Vasco' (substituto do Gil) continuado a afirmar-se como um dos melhores espaços da sua índole na Europa, justificando tanto (ou mais) a visita hoje como há pouco mais de um quarto de século, quando constituía um dos destaques da excepcional Exposição Mundial de Lisboa.