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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

11.01.24

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Na primeira quadra natalícia deste 'blog', recordámos os brindes (e fava) do bolo-rei, tradição bem-amada de gerações de crianças e jovens portugueses que, já no século XXI, foi descontinuada, alegadamente por razões de saúde pública. Pois bem, o facto é que a interdição de 'esconder' esses dois elementos no bolo-rei parece, na quadra que ora finda, ter sido levantada, dado terem sido vários os registos de brindes e favas registados em bolos-rei comercializados, especificamente, pela cadeia de supermercados Pingo Doce.

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Brindes no mesmo estilo dos oferecidos nos bolos do Pingo Doce.

De facto, embora não fosse o caso com todas as confecções deste tipo disponibilizadas pela cadeia em causa, uma parte significativa dos bolos-rei vendidos pelo Grupo Jerónimo Martins nas Festas de 2023 parecem ter incluído tanto uma fava como uma pequena figura de um rei mago – a qual, apesar de longe da glória dos brindes de outros tempos, não deixou ainda assim de ser uma surpresa agradável para quem não esperava pelo regresso desta tradição.

De ressalvar que, ao contrário do que acontecia nos anos 90, ambos os elementos surgiam devidamente embrulhados em plástico, reduzindo o risco de engolimento acidental e correspondente asfixia – ainda que exista na Internet um registo de uma ocorrência em que os mesmos vinham 'à solta' dentro do bolo, quase causando um incidente deste tipo. Controvérsias à parte, é bom ver o regresso de uma tradição natalícia nostálgica para várias gerações de portugueses, e pronta a criar memórias a muitas outras; assim, e apesar de já passado o Dia de Reis, não podíamos deixar de assinalar esta efeméride, a qual se espera que não tenha sido pontual, e se venha a verificar novamente em Natais futuros.

25.12.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Já aqui anteriormente referimos como o conceito de 'disco de Natal' faz parte daquele leque de edições que permitem, com relativamente pouco esforço e investimento, retirar lucros consideráveis; afinal, quem não gosta de dar à sua quadra festiva uma banda-sonora adequada, recheada daqueles mesmos clássicos intemporais já de há muito entrados no domínio público e, como tal, disponíveis praticamente de graça? Com isto em mente, não é de admirar que se continue a assistir a uma verdadeira 'avalanche' de edições deste tipo a cada novo mês de Dezembro, algumas com 'roupagem' ligeiramente mais atractiva, ou até mesmo licenciada, mas a maioria constante de uma selecção dos mesmos temas e artistas associados desde há décadas à época do Natal.

Um dos mais curiosos exemplos deste tipo de disco foi o disponibilizado pela marca de electrodomésticos Teka e pela revista de 'fofocas' e programação Nova Gente em inícios dos anos 90 - presumivelmente, como parte de uma promoção ou oferta na compra da revista durante a quadra em causa.

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Simplesmente e singelamente intitulado 'As Mais Belas Melodias de Natal', e com grafismo tão genérico quanto o título, trata-se de uma colecção de oito temas natalícios, com uma duração aproximada de apenas vinte e cinco minutos, na qual se misturam temas mais tradicionais com as habituais interpretações 'jazz' ou 'swing' de Bing Crosby, Doris Day e Frank Sinatra que tendem a monopolizar a programação das rádios durante este período. De singular ou único, só mesmo os enormes logos da Teka e Nova Gente impressos na capa, e que não deixa esquecer a origem nem a empresa responsável pela existência do disco - uma jogada de marketing que não deixa de ser inteligente, pese embora a natureza pouco impressionante ou memorável da edição em causa.

Talvez tenha sido essa mesma falta de 'algo mais' que fez com que 'As Mais Belas Melodias de Natal' se perdesse por completo nas 'brumas do tempo' nas três décadas desde o seu lançamento, sendo este um daqueles produtos que apenas conhecemos devido à habitual entrada no Discogs.com, aos ocasionais leilões do mesmo no OLX e por, ainda hoje, continuar a existir uma cópia na casa familiar do autor que vos escreve. Algo de estranhar, apenas, pela proveniência do disco em causa, uma daquelas 'bizarrias' que costumam dar a produtos funcionais, mas perfeitamente anónimos, um estatuto um pouco mais de culto - algo que, infelizmente, parece não se ter passado com este CD da Teka e Nova Gente, cuja memória se encontra, até agora, apenas verdadeiramente preservada pelo 'post' que acabam agora de ler.

23.12.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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A época de Natal é, por excelência, a altura de maior convivência com familiares, sobretudo mais distantes, normalmente no contexto de jantares ou reuniões de família; e, claro, onde se juntam grandes famílias, tende sempre a existir um número elevado de crianças, as quais têm de procurar 'entreter-se' enquanto os adultos convivem. Esta circunstância leva, por sua vez, à criação ou reprodução de uma série de brincadeiras propícias a um belíssimo Sábado aos Saltos.

Dos jogos tradicionais ao Quarto Escuro, passando por quaisquer potenciais criações mirabolantes da sua imaginação, são muitas as formas de os irmãos e primos se manterem ocupados durante uma reunião de Natal, sem com isso necessitarem de incomodar ou mesmo estorvar os adultos; na existência de um quintal ou propriedade adjacente, esse número alarga-se ainda consideravelmente, sendo mesmo possível que o grupo principal não torne a ver os seus elementos mais novos durante várias horas, enquanto os mesmos exploram as redondezas, constroem um esconderijo, fazem concursos de pinos e cambalhotas, andam de bicicleta, patins, skate, 'kart' ou veículo eléctrico, ou simplesmente 'abancam' na casinha de brincar, a fazer sensivelmente o mesmo que os adultos, mas de uma perspectiva própria.

Seja qual fôr a via escolhida (ou permitida pelo contexto do espaço de reunião), não há qualquer dúvida que, tanto nos anos 90 como nos dias que correm, é perfeitamente possível passar um Sábado aos Saltos com os familiares da mesma idade na época de Natal, mesmo antes de serem abertas as prendas na noite de dia 24 ou na manhã do dia seguinte - acto que, claro, abria toda uma nova série de possibilidades de brincadeira para o resto do fim-de-semana...

 

17.12.23

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 16 de Dezembro de 2023.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

O advento da chegada dos 'shoppings' e hipermercados a Portugal, em meados da década de 90, fez da visita aos mesmos uma das 'tradições' natalícias da maioria das famílias portuguesas de finais do século XX e inícios do seguinte; e à medida que este novo paradigma se ia cimentando nas vidas dos portugueses de então, foram sendo introduzidos e adicionados ao mesmo uma série de novos elementos, muitos deles 'importados' de contextos semelhantes em outros países. Um destes elementos, talvez o mais famoso e duradouro, foram as 'grutas do Pai Natal', onde as crianças até certa idade podiam conviver e tirar fotografias com o bom velhinho - ou, como era dito a alguns, com um dos seus ajudantes especialmente seleccionados.

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A 'Gruta' do Centro Comercial Colombo, em Lisboa, uma das mais antigas e populares do País.

Escusado será dizer que este tipo de iniciativa fez tanto sucesso em Portugal como nos outros locais onde já havia sido introduzido; afinal, que criança deixaria passar a oportunidade de não só conhecer o 'dispensador' anual de presentes e símbolo de bondade e espírito natalício, mas de conversar com o mesmo, lhe transmitir os seus desejos de Natal, e tirar uma fotografia para a posteridade? Com isto em mente, não era de admirar que as filas para a maioria das 'Grutas' de supermercado fossem, e continuem a ser, consideráveis, mesmo após os primeiros dias da iniciativa; e embora não seja descabido que alguém, algures, venha futuramente a criar uma 'app' para conhecer o Pai Natal em 'streaming', enquanto tal não acontece, é de esperar que as 'Grutas' e 'Casas' do Pai Natal nos supermercados, hipermercados e 'shoppings' deste País continuem a constituir uma antecipada e entusiasmante Saída de Sábado anual para as gerações mais novas.

13.12.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Figura central do imaginário natalício ocidental, o Pai Natal tem servido, ao longo das décadas, uma função dupla como, por um lado, o distribuidor dos mais desejados brinquedos e prendas e, por outro, figura de austera autoridade que pode, caso se justifique, trocar os referidos presentes por um bocado de carvão ou algo igualmente desagradável. Esta dualidade de critérios não impede, no entanto, as crianças de, todos os meses de Dezembro, desejarem visitar o bom velhinho no seu 'trono' no hipermercado ou centro comercial mais próximo, e lhe escreverem uma carta em que listam o que mais desejam ver debaixo da árvore na noite de dia 24 para dia 25. Em meados dos anos 80, os CTT aproveitaram esta tradição informal, que lhes 'inundava' os serviços todos os meses de Dezembro, para lançarem uma campanha de 'cartas ao Pai Natal', que permitia às crianças viverem a ilusão no seu expoente máximo, e que perdura até aos dias de hoje.

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O principal diferencial desta campanha em relação à escrita independente de cartas – para além do incentivo extra que oferecia às crianças – era o facto de todas as cartas receberem resposta, por vezes acompanhada de uma pequena lembrança simbólica. Este pequeno-grande detalhe não só permitia alimentar a bonita ilusão em torno do residente do Pólo Norte, mas também oferecia aos remetentes (a maioria ainda muito nova) a sua primeira experiência de recepção de correspondência – algo praticamente insignificante, e até algo obsoleto, nos tempos actuais, mas capaz de entusiasmar qualquer criança da era pré-massificação do email.

A juntar a estes argumentos, havia ainda o facto de muitas escolas primárias terem aderido à campanha nos seus anos iniciais, permitindo aos alunos elaborar as cartas na sala de aula, e mesmo, em certos casos, acompanhando-os ao marco de correio para ali as depositarem, como foi o caso na instituição frequentada pelo autor deste blog. Tal gesto vinha, por sua vez, adicionar a toda a experiência do Natal na sala de aula, juntando-se aos inevitáveis desenhos de sininhos e Pais Natais numa tradição anual por que muitos alunos da faixa etária em causa esperavam.

Conforme acima mencionado, a tradição das cartas ao Pai Natal enviadas através dos CTT perdura até aos dias de hoje, embora seja de crer que muitas das mesmas sejam, hoje, já remetidas por email. Ainda assim, continua a tratar-se de uma iniciativa louvável, que alimenta a fantasia natalícia das crianças ao mesmo tempo que lhes permite treinar a escrita e lhes oferece um primeiro contacto com o processo de envio de correspondência.

11.12.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Apesar de fazer parte integrante da cultura e costumes da ideologia católica e cristã portuguesa, o Natal não tem tradicionalmente, em termos musicais, a mesma expressão no nosso País de que goza, por exemplo, nos Estados Unidos ou Reino Unido. De facto, antes de David Fonseca se dedicar a criar 'hinos' nacionais para a quadra, eram poucos os artistas portugueses que se aventuravam na gravação de uma música de Natal, sendo a maioria dos álbuns e lançamentos do género em solo nacional constituídos por aquelas velhas músicas do domínio público que todos nos habituámos a ter como 'banda sonora' das compras de última hora. Com isto em mente, não deixa de ser surpreendente – e admirável – a tentativa da Vidisco de lançar um verdadeiro disco de Natal 'made in Portugal', com a edição de 'Natal – Música e Canções', logo na primeira quadra festiva da década de 90.

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De facto, das dezasseis músicas que compõem o álbum, nem uma se insere em qualquer das categorias supramencionadas: não há aqui 'standards' dos anos 40 a 60, canções cantadas porta-a-porta por crianças norte-americanas, e nem mesmo 'A Todos Um Bom Natal' – 'A' cantiga de Natal portuguesa – aqui marca presença. O alinhamento do disco é, assim, composto por uma mistura de canções tradicionais, como 'Noite Feliz', uma ou outra peça clássica ('Avé Maria', interpretado aqui por C. Morgan) e muitos temas menos conhecidos e mais obscuros, metade dos quais a cargo do misterioso conjunto Bola de Neve, e a outra da responsabilidade dos não menos anónimos Linucha, Ana Maria, Rui Pilar e Arlindo de Carvalho, além do referido C. Morgan. Uma equipa de perfeitos desconhecidos (quase todos especializados na produção de música 'por encomenda', embora Ana Maria tenha tido uma série de 'singles' na década de 60) que 'casa' bem com o título e capa perfeitamente genéricos do álbum.

De facto, reside aí a maior pecha de 'Natal – Música e Canções': apesar do conceito e temática interessantes e até algo inovadores, toda a execução do álbum tem aquela aura 'às três pancadas' típica de muitos lançamentos do género, e que, inevitavelmente, os relega para aqueles clássicos expositores de cassettes e CDs das tabacarias e bombas de gasolina, ou para a secção de 'super-desconto' do supermercado – e, a julgar pela ínfima expressão deste lançamento, tanto à época como três décadas e meia depois, é mesmo de crer que terá sido também esse o destino de 'Natal – Músicas e Canções'. Uma pena, pois conceptualmente, este disco poderia ter-se afirmado como alternativa às mesmas colectâneas importadas com a mesma dúzia de músicas de que, mesmo na altura, já todos estávamos cansados, bastando para isso ter tido uma execução um pouco mais cuidada...

06.12.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Qualquer período hegemónico que se estenda por vários anos, ou até décadas, é praticamente impossível de manter inalterado; por muito poucas mudanças que se procurem fazer num contexto deste tipo, algo acabará, inevitavelmente, por se alterar ou evoluir. É, pois, importante estabelecer, em situações deste tipo, elos de ligação que permitam manter o produto ou criador em causa reconhecível para lá de quaisquer diferenças superfíciais no conteúdo; e uma boa maneira de conseguir este objectivo é estabelecer uma ou mais 'tradições', levadas a cabo em intervalos periódicos ou na época do ano apropriada. Para a Abril-Controljornal, praticamente monopolista do mercado nacional de 'livros aos quadradinhos' de finais do século XX e inícios do XXI – uma dessas tradições prendia-se com o lançamento, todos os meses de Dezembro, de um ou mais títulos de BD Disney dedicados ao Natal. E apesar de ter tido particular expressão até inícios da década de 90, a verdade é que esta tradição se mantinha ainda vigente nos últimos anos do Segundo Milénio, como o prova o título que abordamos nesta primeira de duas Quartas aos Quadradinhos de Natal.

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Lançado há exactos vinte e seis anos, em Dezembro de 1997, 'Disney Natal Especial' insere-se na vasta categoria de títulos de 'número único' lançados pela Abril durante esse período da sua existência, juntando-se a revistas como 'Os Meus Heróis Favoritos', 'Arquivos Secretos do Detective Mickey' ou a edição tematizada em torno do filme 'Titanic', todas lançadas num espaço de dois anos entre 1996 e 1998. Ao contrário destas, no entanto, o propósito desta edição é bem claro, pretendendo a mesma preencher a 'vaga' de 'revista Disney de Natal' daquele ano. Para esse efeito, 'Disney Natal Especial' apresenta onze histórias (mais uma tirinha de página única) espalhadas ao longo das suas cem páginas, fazendo por justificar o preço de 310$00, à época alinhado com o de outras edições 'grossas', como o 'Disney Especial'.

Previsivelmente, todas e cada uma das BD's incluídas no volume tem um tema em comum – no caso, a quadra natalícia, e todas as celebrações em torno da mesma. Esta é, no entanto, mesmo a única linha condutora entre as histórias da revista, já que, apesar de a maioria das mesmas ter sido produzida poucos anos antes do lançamento do título, chega a haver em 'Disney Natal Especial' histórias de finais dos anos 70 e inícios da década seguinte, cujo estilo e atmosfera são marcadamente diferentes dos das mais 'actuais' produções italianas. De igual modo, outro aspecto que poderia ter ajudado a unificar a selecção, mas que acaba por não ser 'levado a termo' é o foco no núcleo dos patos, que monopoliza oito das doze histórias incluídas, sendo as restantes três protagonizadas por Mickey e Pateta (em dois casos) e pelo elenco da série animada 'TaleSpin' (ou 'Aventuras do Balu'), que tinha, à época, título próprio, mas que não viria a passar em Portugal ainda durante alguns anos, sendo os seus personagens conhecidos das crianças portuguesas apenas através da inclusão de algumas das suas aventuras em títulos deste tipo.

Ainda assim, e apesar destas idiossincrasias, 'Disney Natal Especial' terá acabado por cumprir a sua função de 'dar que ler' aos fãs de quadradinhos Disney na quadra natalícia de 1997. E por não termos tido conhecimento da sua existência aquando do seu vigésimo-quinto aniversário – altura em que lhe teríamos dedicado um 'post' celebratório dessa efeméride – procuramos agora, um ano depois, corrigir esse deslize, e falar daquela que viria a dar o mote para muitas mais edições 'isoladas' de Natal no século e Milénio seguintes, mas que à época de publicação se afirmava, passe a expressão, como artigo único no panorama da BD Disney em Portugal.

03.12.23

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 2 de Dezembro de 2023.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

A quadra natalícia no Portugal de finais do século XX e inícios do Novo Milénio ficava, para muitas crianças e jovens, marcada por uma série de rituais que se repetiam anualmente: os jantares em família, a compra e decoração da árvore, a montagem do presépio, o circo de Natal (ao vivo e na televisão), o convívio dos clubes ou modalidades de que faziam parte, os desenhos para pintar e cartas ao Pai Natal escritas na escola, a visita ao referido Pai Natal no 'shopping' ou hipermercado mais próximo e, claro, a festa de Natal organizada por pelo menos uma das empresas onde os pais trabalhavam.

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De facto, se em outros países esta festa é, sobretudo, um pretexto para dar uma 'noite de farra' aos adultos, em Portugal, a mesma era mais direccionada às crianças, envolvendo tradicionalmente um convívio com aperitivos, distribuição de prendas, e até, muitas vezes, um espectáculo de palhaços ou teatro ou uma visita do próprio Pai Natal; em outros casos, a festa era, ela mesma, organizada durante, e em torno, de um espectáculo de circo ou peça de teatro já em cena, permitindo simplificar essa faceta do processo e proporcionando uma experiência ainda mais inesquecível aos pequenos espectadores. Não é, pois, de admirar que as festas de Natal de empresas como a Portugal Telecom fossem altamente antecipadas pelos filhos dos funcionários – afinal, quem não gosta de receber presentes, comer 'à borla' e passar uma tarde divertida na companhia de outros jovens da mesma idade?

Infelizmente, o progressivo afastamento da vertente familiar por parte das empresas portuguesas ditou a redução drástica do número de festas deste tipo no século XXI; e embora seja de acreditar que ainda haja em Portugal empresas dispostas a organizar eventos anuais dirigidos aos mais novos, não é de todo polémico afirmar que foi nos anos 90 que as festas de Natal institucionais e corporativas viveram aquele que talvez venha a ser o seu último período áureo.

30.11.23

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

O último dia do mês de Novembro marca, para muitas crianças e jovens das últimas três gerações, a data em que se adquire ou tira do armário o calendário do advento, e em que cresce a antecipação por um mês passado a procurar e abrir 'janelinhas' naquela 'caixinha mágica', e a desfrutar dos mini-chocolates escondidos por detrás de cada uma. No entanto, o que muitos dos actuais participantes nesta tradição podem não saber é que, em Portugal, o calendário do advento é uma tradição natalícia relativamente recente, remontando a sua vaga inicial de popularidade, precisamente, aos anos 90.

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Exemplo moderno, mas de estética muito parecida com os calendários dos anos 90.

De facto, apesar de existir há já quase dois séculos, e de ser parte integrante da quadra natalícia de muitos outros países, sobretudo no Norte da Europa, foi apenas já na 'recta final' do século XX que este tipo de produto começou a surgir nas prateleiras portuguesas, pela mão de chocolateiras ibéricas como a Regina e a Imperial. Escusado será dizer que a premissa de um jogo de observação cujo prémio eram chocolates não tardou a popularizar-se entre o público-alvo, sendo o mais difícil, muitas vezes, evitar que fosse comido mais do que um chocolate por dia; assim, não foi de todo surpreendente que os referidos calendários se tenham rapidamente estabelecido como parte integrante da decoração da sala ou cozinha de muitas famílias portuguesas durante o mês de Dezembro, estatuto que, aliás, mantêm até hoje.

De facto, tal como naqueles anos 90, continua a ser hoje relativamente comum ver crianças sair do supermercado com os respectivos calendários do advento (um por cabeça, claro) sendo a única diferença relativamente aos finais do século XX a presença de mais mascotes licenciadas nos desenhos da caixa – enquanto que há trinta anos os mesmos tendiam a representar apenas cenas natalícias 'genéricas', hoje, é possível encontrar calendários alusivos a franquias como PJ Masks, Patrulha Pata, LOL, Vingadores ou Barbie, entre muitos outros. De igual modo, muitos destes calendários são, agora, específicos a uma marca ou variante de chocolate (como Cadbury's, Kinder ou os diferentes chocolates da Nestlé, por exemplo) e existem mesmo versões tematizadas, em que os chocolates são substituídos por prémios como figuras da LEGO ou mesmo bebidas alcoólicas, no caso dos calendários para adultos.

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Exemplos de calendários licenciados e tematizados modernos.

Assim, apesar da sua relativa brevidade no panorama natalício português, é justo afirmar que os calendários do advento se afirmaram, logo desde essa altura, como parte tão integrante do mesmo como as iluminações, os catálogos de brinquedos na caixa do correio ou as 'visitas ao Pai Natal' no hipermercado. E apesar de esse mesmo paradigma ter, entretanto, sofrido algumas alterações, as caixinhas-surpresa de chocolates lograram manter o seu posto no contexto do mesmo, preparando-se para fazer novamente as delícias da juventude de Norte a Sul do País nesta quadra natalícia de 2023 – razão mais que suficiente para aqui recordarmos os anos em que a geração que hoje compra calendários do advento para os seus filhos teve, pela primeira vez, contacto com os mesmos...

14.01.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

O início do mês de Janeiro assinala, tradicionalmente, o regresso às aulas para o segundo período do ano lectivo; e, como qualquer volta à escola, também esta altura do ano tem como ritual quase obrigatório (entre muitos outros) a 'gabarolice' sobre as férias. E se a primeira 'rentrée', em Setembro, oferece amplas oportunidades para se compararem experiências de férias de Verão, este período pós-natalício traz o 'bónus' adicional de essas mesmas comparações terem como objecto um dos mais invejáveis de todos os tipos de férias para as crianças dos anos 90, logo a seguir à visita à Eurodisney: as idas 'para a neve'.

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O sonho de qualquer criança portuguesa dos 'noventas'.

Embora a inveja quanto a este tipo de intervalo lectivo não se estendesse (nem estenda) a todo o país – afinal de contas, para quem já vive em zonas montanhosas ou frias, a queda de neve é uma experiência perfeitamente normal, e até, muitas vezes, causadora de dificuldades – não havia nos anos 90 criança ou jovem de áreas citadinas ou situadas mais a Sul que não desejasse ardentemente poder passar as férias do Natal numa das muitas estâncias da Serra da Estrela, a aprender a esquiar ou simplesmente a desfrutar das potencialidades do clima mais frio; de facto, a popularidade deste tipo de férias era, à época, de tal monta que a Serra da Estrela serviu mesmo de pano de fundo a um dos melhores títulos da lendária Colecção Uma Aventura.

Mais afortunados ainda eram aqueles que tinham a oportunidade de não só ir 'para a neve', como de o fazer no estrangeiro, numa das muitas cadeiras montanhosas do Norte de Espanha ou Andorra, ou mesmo em locais como a Suíça. Isto porque, apesar de não diferirem grandemente das passadas em Portugal, estas férias tinham o atractivo adicional da viagem para outro país, outro dos grandes motivos de inveja para a juventude de uma era onde as viagens e o turismo estavam, ainda, longe da acessibilidade e facilidade que apresentam hoje em dia, fazendo de cada deslocação mais 'demorada' ou distante uma experiência memorável para quem tinha ainda pouca idade. E apesar de, hoje em dia, todo esse processo ser bastante menos fascinante – e de as 'férias na neve' serem, hoje, bastante menos apetecíveis ou até apregoadas do que o eram à época – estamos em crer que a possibilidade de passar o Natal a esquiar na Serra da Estrela não terá perdido totalmente o seu apelo junto dos mais novos...

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