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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

02.07.23

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 01 de Julho de 2023.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

Qualquer português que se tenha inserido numa determinada faixa demográfica em inícios dos anos 90 se recorda da 'Dinomania', termo que designa a súbita apetência por todo e qualquer produto relacionado a dinossauros motivada pela estreia do filme 'Parque Jurássico', em finais de 1993. No entanto, seria erróneo declarar o filme de Spielberg como único catalizador desta 'febre', já que, à altura da estreia do mesmo por terras lusitanas, os dinossauros eram já parte integrante do imaginário infantil; aliás, parte do sucesso inicial de 'Parque Jurássico' deve-se, precisamente, ao facto de os gigantes pré-históricos figurarem já na lista de interesses de um número considerável de crianças e jovens.

Parte desse interesse havia, pelo menos para quem residia na região de Lisboa, sido despoletado por uma exposição temática instalada no Museu de História Natural, na zona do Rato, entre os anos de 1992 e 1993. De facto, mais do que 'Parque Jurássico', seria este o verdadeiro primeiro contacto de muitos jovens lisboetas com os mais famosos animais pré-históricos, e logo de forma mais do que impactante para o público-alvo: através de réplicas robotizadas e cientificamente correctas (pelo menos pelos padrões da época) de alguns dos mais populares sáurios, da 'boa mãe' Maiasaura aos 'cabeçudos' Pachycephalosaurus, passando, como não podia deixar de ser, pelos 'famosos' Triceratops, Brontossauro, Estegossauro, Velociraptor e, claro, a 'estrela da companhia', o imponente Tiranossauro - tudo nomes que o 'puto' médio português da época sabia pronunciar correctamente e sem titubear. Todo e cada um destes répteis tinha direito ao seu próprio espaço, quase como se de um jardim zoológico se tratasse, e todos se erguiam vários metros acima do comum dos jovens portugueses, meneando-se e rugindo de forma suficientemente realista para suscitar reacções de assombro entre o público-alvo, Como se tal não fosse suficiente, a exposição apresentav,a, também, um modelo 'despido' do esqueleto robótico utilizado para dar 'vida' aos dinossauros que dela faziam parte, o qual se afirmava como quase tão fascinante como as próprias réplicas em que era inserido.

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O tiranossauro da exposição de 1993.

Escusado será dizer que esta exposição foi um sucesso, tendo sido visitada por escolas oriundas de todo o País, bem como por crianças e jovens em Saídas ao Sábado com a família – por aqui, por exemplo, visitou-se a mesma duas vezes, uma com a escola e outra a título particular, e o mesmo terá sido verdade para muitos outros membros da demografia-alvo. Também previsivelmente, a boa recepção desta primeira tentativa levaria, no ano seguinte, à inauguração de outra exposição temporária dedicada ao mesmo tema, e em tudo semelhante, no Jardim Zoológico de Lisboa. Novamente alicerçada em réplicas robóticas dos principais dinossauros, e incluída no bilhete diário para o Zoo, esta exposição poderia facilmente ser vista como oferecendo apenas 'mais do mesmo' – não fosse o facto de 'mais do mesmo' ser exactamente o que a demografia em causa, sedenta de informações sobre dinossauros, procurava. Junte-se a isso o 'timing' de abertura (ainda no auge da 'febre' com 'Parque Jurássico') e o resultado foi outro enorme sucesso, que motivaria mesmo o Zoo a acolher uma segunda exposição, logo em seguida, esta dedicada aos animais que sucederam aos dinossauros na linha temporal evolutiva.

A exposição do Zoo em destaque na RTP, à época da inauguração.

Seria de esperar que o declínio da 'Dinomania' viesse pôr fim a este tipo de exposições especificamente centradas sobre os dinossauros; no entanto, a verdade é que as mesmas continuam, periodicamente, a ter lugar, cotinuando os dinossauros a fazer, em grande medida, parte do imaginário infanto-juvenil - um dos poucos aspectos, aliás, que se mantém consistente ao longo de diferentes gerações. Mesmo em plena era de YouTube, TikTok, e conteúdos imediatos e descartáveis, há algo intangível e intemporal nos 'gigantes' pré-históricos que continua a apelar à imaginação das crianças e jovens actuais, tal como, há trinta anos, sucedeu com a geração dos seus pais....

24.07.21

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

A cultura também pode ser divertida. Parece um chavão daqueles que ouvíamos quando andávamos na escola, que tentavam convencer os mais renitentes a gostar de aprender, mas o facto é que – como qualquer criança que tenha tido a experiência certa na altura certa saberá – nem por isso deixa de ser verdade.

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Um exemplo perfeito da validade desta máxima são os museus. Normalmente mais conotados com visitas de estudo com a escola do que com Saídas ao Sábado, a verdade é que muitos deles eram sítios perfeitamente válidos, e até interessantes, de visitar quando se era criança. Se é verdade que muitos correspondiam ao chavão de serem sítios ‘chatos’, cheios de antiguidades bafientas, outros havia que conseguiam fazer brilhar os olhos de uma criança que neles entrasse.

Em suma, para cada museu desinteressante e ‘secante’ de visitar, havia outro que oferecia experiências interativas, ou simplesmente um tópico capaz de agradar ao público-alvo; em Lisboa, por exemplo, existiam locais como o Museu da Marinha (com os seus barcos em tamanho real e o Planetário mesmo ali ao lado), o Museu da Criança, o Museu do Brinquedo (cheio de brinquedos antigos e outros artefactos de interesse para o público infantil) e o Museu de História Natural, onde de tempos a tempos se podiam ver dinossauros, e no restante, outros animais e plantas – todos eles sítios onde até o mais distraído dos ‘putos’ dos anos 90 não se importaria de passar uma tarde. Apesar de – pelo menos à época – nenhum deles oferecer uma experiência significativamente diferente de qualquer outro espaço do seu tipo, a verdade é que os temas que abordavam abrangiam o interesse de uma grande parte da população jovem, conseguindo assim criar antecipação e excitação em cada visita – precisamente aquilo que os museus mais convencionais e rígidos procuravam, sem no entanto o conseguirem.

Hoje em dia é, claro, bem mais fácil manter a miudagem entretida durante uma visita ao museu; o avanço da tecnologia permitiu a muitos espaços deste tipo equiparem-se com ecrãs de vídeo e instalações interativas, que permitem às crianças ‘ver’ da sua maneira favorita – mexendo. Esta tendência não dá, felizmente, sinais de abrandar – antes pelo contrário – pelo que se espera que as gerações vindouras sejam bem menos resistentes a ‘gastar’ um dia de fim-de-semana numa visita a um destes espaços do que a nossa foi; por enquanto, no entanto, vale recordar esta que também conseguia, apesar de tudo, ser uma Saída ao Sábado bem divertida, no contexto certo…

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