12.04.22
NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 11 de Abril de 2022.
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
As décadas de 80 e 90 representaram, talvez, o auge do cinema de acção exagerado, em que heróis musculados fazem rebentar 'a esmo' estruturas, matando dezenas ou mesmo centenas de inimigos de uma só vez, sem jamais serem atingidos. E se, no cinema, este estilo de trama ficou imortalizado, à época, pelos filmes da 'trinca' Schwarzenegger-Willis-Stallone, na televisão de 'acção real', a mesma é mais comummente associada a um nome: 'The A-Team'.
Criada em 1983, a série é, em muitos aspectos, perfeitamente típica, e até emblemática, da 'era Reagan' dos Estados Unidos, com a sua nostalgia pelo Vietname e conceito centrado num grupo de ex-combatentes dessa guerra, transformados em mercenários após serem injustamente condenados de um crime militar; mesmo sem esse enquadramento contextual, no entanto, é extremamente fácil situar esta série no tempo após apenas alguns minutos de visualização, já que os elementos típicos do cinema de acção da época estão absolutamente todos presentes, a ponto de a série se ter tornado sinónima com os estereótipos desse género cinematográfico. Semana após semana, ao longo de quatro anos e cinco temporadas, Hannibal, Faceman, 'Howlin' Mad' Murdoch e, claro, o inesquecível e inimitável B. A. Baracus enfrentaram inimigos de mira muito pouco afinada, explodiram bases e locais-chave para a estratégia dos mesmos e realizaram arriscadas fugas na sua icónica carrinha, a fim de defender inocentes moçoilas e honestos agricultores dos poderes que os queriam prejudicar; uma fórmula tão previsível que beirava a auto-paródia, mas que conseguiu cativar toda uma geração de jovens americanos (tanto da parte Norte como Sul) e nada menos do que DUAS gerações de portugueses.
Isto porque, em território nacional, a série teve duas transmissões distintas: primeiro em versão original, logo no ano seguinte à estreia nos EUA e com o título 'Soldados da Fortuna', e mais tarde na icónica dobragem brasileira (sim, de Herbert Richards!) que transformava o grupo no 'Esquadrão Classe A'. Terá sido esta a versão a que a maioria dos leitores deste blog terá assistido nas manhãs em que não havia escola, e será nesta que o presente post, maioritariamente, se centrará.
O lendário genérico de abertura da série, na sua versão brasileira
Exibida pela TVI ali por volta de meados da década, 'Esquadrão Classe A' é até hoje tida como o exemplo perfeito de uma dobragem que supera o original; isto porque a adaptação para português do Brasil era tão, mas tão bem feita que ajudava a tornar a série ainda mais aliciante para o público-alvo do que ela já era. O trabalho dos actores brasileiros era (foi) tão marcante, que quem tenha visto sequer um episódio desta versão da série certamente não esquecerá, por exemplo, a exclamação do Baracus de Mr. T, que jurava a cada episódio 'não entrar em avião nenhum' - invariavelmente, momentos antes de ser visto a bordo de um avião. Estes pequenos detalhes, que também se podiam encontrar, por exemplo, nas dobragens dos filmes Disney da época, ajudavam a acentuar o sub-texto cómico da série, dando-lhe o balanço perfeito entre acção e momentos mais 'leves' - receita quase infalível para o sucesso de qualquer série da época.
Apesar de essa dobragem ter sido o principal motivo pelo qual 'The A-Team' perdurou na memória da 'Geração X' e 'millennial' portuguesas, no entanto, a mesma foi sumariamente deixada de parte em subsequentes transmissões da série na televisão nacional: tanto a repetição que passou na SIC Radical como a que a RTP Memória exibiu se baseavam na versão 'Soldados da Fortuna', exibida nos anos 80 com a trilha sonora original legendada em Português; uma pena, já que, para muitas ex-crianças e jovens da época, 'The A-Team' é daquelas séries que (como Power Rangers, por exemplo) nunca parece totalmente 'certa' sem os personagens a falar português...