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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

28.10.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Mesmo antes de ganhar a definição oficial de 'pimba', a música popular de cariz romântico era já uma das forças mais dominantes e dominadoras na cena cultural e artística portuguesa, sendo responsável pela criação de inúmeros êxitos e vendas de discos em volumes totalmente impensáveis para a maioria dos outros géneros, alicerçadas, sobretudo, em torno de três nomes: por um lado, Ágata, e, por outro, Roberto Leal e o homem a quem dedicamos este 'post', que acaba de nos deixar aos setenta e oito anos, tendo falecido no final da semana passada (concretamente na Quinta-feira, 24 de Outubro), vítima de cancro no fígado. Falamos de João Simão da Silva, alentejano (de Évora) mais conhecido nos palcos e ondas de rádio nacionais pelo seu nome artístico, Marco Paulo.

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Marco Paulo nos anos 90.

Tendo iniciado carreira ainda novo (em 1966, aos vinte e um anos), o cantor romântico português por excelência conseguiu a proeza de atravessar nada menos do que sete décadas musicais, sem nunca perder a relevância ou o reconhecimento dentro do seu género, e sabendo sempre reinventar-se, mesmo após os maiores dissabores e contrariedades; e apesar de o seu período áureo se ter dado na década anterior à que este blog visa relembrar, à entrada para a mesma, Marco Paulo era ainda um nome omnipresente na cultura popular portuguesa, continuando os seus maiores êxitos a ter alta rotação num certo sector radiofónico, e a serem instantaneamente reconhecíveis até mesmo para as demografias mais jovens. Ao invés de se 'sentar em cima dos louros', no entanto, o cantor continuava a trabalhar incansavelmente, juntando várias novas músicas à sua lista de êxitos (algumas das quais tiveram a distinção de ser parodiadas por Herman José, como Tony Silva, em programas como 'Hermanias') e descobrindo uma nova vocação como apresentador de televisão, com passagens bem sucedidas pela grelha da RTP em 1994 e 1996.

Quando tudo parecia correr pelo melhor, no entanto, surge o primeiro susto, com uma operação para remover um tumor no cólon, em Junho de 1996. Marco recupera, e prossegue a carreira de vento em popa, continuando a marcar presença em feiras, romarias e programas da manhã e de férias até ao dealbar da presente década, altura em que havia já celebrado os cinquenta anos de carreira. É nesse período que lhe é descoberto novo cancro, agora na mama (caso raríssimo em homens), que o cantor novamente debela. Três anos depois, contra todas as probabilidades, Marco recebe novo diagnóstico de cancro, agora no pulmão...e torna a sobreviver, retomando a sua posição ao lado de Ana Marques no programa, 'Alõ Marco Paulo', o qual apresentava ainda em Julho de 2024, antes de a sua saúde se deteriorar em virtude de novo tumor, este no fígado. E se o cantor lograra contrariar o ditado que diz que 'à terceira é de vez', o facto é que este quarto tumor se revelou demasiado agressivo para o fragilizado corpo do cantor, que acabaria mesmo por sucumbir ao seu 'velho inimigo', deixando mais pobre a cena musical de cariz popular e romântico, e de luto grande parte da população portuguesa, para quem já 'fazia parte do cenário', quer através das suas canções, quer da presença nos seus ecrãs de televisão. Que descanse em paz.

08.09.22

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 07 de Setembro de 2022.

NOTA: O Anos 90 lamenta a morte da Rainha Isabel II, de Inglaterra, aos 96 anos. Que descanse em paz.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Ao longo da História, têm sido várias as figuras incontornáveis na cultura popular e mediática; e se muitas delas atingem esse estatuto por se verem constantemente envolvidos em escândalos e outras 'aventuras', outras há que o conquistam, pura e simplesmente, por serem boas pessoas, parecendo deixar um vazio quando (mais ou menos) inevitavelmente, desaparecem.

Curiosamente, as primeiras semanas de Setembro do ano de 1997 – a época sobre a qual passam agora exactos vinte e cinco anos – viram serem 'levadas', em pouco mais de uma semana, duas das principais figuras habitualmente conotadas com a segunda categoria acima citada: Diana, a Princesa de Gales, e a religiosa e Prémio Nobel da paz Madre Teresa de Calcutá. E apesar de as suas mortes terem ocorrido em circunstâncias radicalmente distintas – como, aliás, tinha também sido o caso com as suas vidas - a proximidade das datas, bem como as características em comum que ambas partilhavam, acabaram por ligar indelevelmente estas duas mulheres na consciência colectiva mundial.

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As duas mulheres em causa, em encontro directo

Isto porque tanto Diana Spencer como Anjezë Gonxhe Bojaxhiu dedicaram grande parte das suas vidas à filantropia, e a ajudar, como podiam, os pobres, necessitados, fracos e oprimidos: Diana através da aplicação da sua fortuna pessoal (ainda ampliada aquando do seu ingresso na Família Real britânica) em causas que a tocavam a nível pessoal, Teresa através do trabalho missionário e esforços humanitários, muitas vezes em colaboração directa com instituições como a Cruz Vermelha. E se a Princesa de Gales teve pouco menos de metade da sua vida para a prossecução destes propósitos, tendo falecido com apenas trinta e seis anos, Madre Teresa dedicou-lhes mesmo a maior parte de uma vida que só terminou aos oitenta e sete anos de idade.

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Diana na imprensa britânica e mundial

A filantropia e as datas de falecimento curiosamente próximas são, no entanto, os únicos pontos em comum entre as duas mulheres, cujas vidas não podiam, no restante, ter sido mais diferentes. Diana Spencer (que antes de ser princesa treinava para ser jornalista) era loira, de tez clara, filha de nobres britânicos, casada com um homem com o dobro da sua idade e algo dada a 'aventuras' românticas que preenchiam, frequentemente, as primeiras páginas dos tablóides e revistas 'cor-de-rosa' mundiais, sendo mesmo ao lado de um dos seus amantes que viria a falecer, na sequência de um aparatoso acidente automóvel em Paris; já Teresa de Calcutá era morena, de tez escura, e – apesar de filha de um político Macedónio – encontrou no seminarismo religioso e trabalho humanitário a sua vocação e modo de vida, surgindo na imprensa, sobretudo, como presença constante em cenários de crise ou como receptora de múltiplas condecorações e prémios (não obstante algumas opiniões menos favoráveis veiculadas a seu respeito por membros da imprensa mundial) e vindo a morrer de causas naturais, após uma vida longa e cujos feitos lhe valeram a canonização após a morte.

Duas mulheres muito diferentes, portanto, mas que ficam ligadas não só pela proximidade das datas das respectivas mortes (com menos de uma semana entre si, causando um momento de 'choque duplo' à população da época) como também pela paixão que partilhavam pelas boas acções e pela ajuda aos necessitados – duas características comuns que continuam, um quarto de século após a sua morte, a uni-las na mente de quem recorda aquela semana trágica de final do Verão de 1997.

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