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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

13.09.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 11 de Setembro de 2024.

NOTA: Por razões de relevância temporal, a Quarta aos Quadradinhos fica adiada para a próxima semana.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

A premissa por detrás da criação deste blog era simples: oferecer uma perspectiva nostálgica e leve sobre algumas das frivolidades que ocupavam a infância da geração 'millennial' portuguesa, sobretudo entre os anos de 1989 e 2000. No entanto, até o mais rígido dos conceitos encontra, forçosamente, situações em que é preciso 'contornar' um pouco as regras em nome de um tema ou efeméride tão importante e impactante que praticamente obriga a que lhe seja feita menção; e, para a juventude portuguesa de finais do século XX e inícios do seguinte, talvez a mais significativa dessas excepções tenha tido lugar a 11 de Setembro de 2001, o dia em que o Mundo parou para assistir a uma catástrofe que (espera-se) nunca mais será igualada.

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A primeira imagem que muitos associam ao 11 de Setembro.

Qualquer cidadão velho o suficiente para ter tido noção do ocorrido sabe exactamente como responder à famosa pergunta 'onde é que estavas no 11 de Setembro?' Em Portugal, era já o início da tarde quando o primeiro dos três aviões capturados por terroristas embatia com uma das torres gémeas do World Trade Center, pelo que não faltam histórias sobre estar a almoçar, a trabalhar, ou mesmo na praia, a gozar os últimos dias de férias antes do regresso às aulas, como era o caso com o autor deste 'blog'. Fosse qual fosse o contexto ou local, ninguém jamais esquecerá a famosa imagem da coluna de fumo a emergir das torres nova-iorquinas, símbolo da destruição da mentalidade capitalista que as mesmas representavam, por parte de uma facção terrorista do Médio Oriente. Mesmo antes de se saberem detalhes da impressionante tragédia (como o número de mortos) aquela primeira imagem deixava já a sensação de se estar a viver, em directo, uma mudança no quotidiano do Mundo – a qual se viria, nos anos seguintes, a acentuar através de uma série de aspectos irremediavelmente alterados, como o processo de verificação das bagagens nos aeroportos (a famosa 'segurança' que tanto incomoda os viajantes aéreos frequentes) e o aumento da politização entre artistas dos mais diversos campos, muitos dos quais condenavam o Presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush, por ter dado azo ao horrendo acto com os seus interesses económicos no Médio Oriente.

Não faltaram, também, teorias da conspiração, com os habituais argumentos de que o atentado havia sido orquestrado pelo próprio Governo americano, como pretexto para atacar o Iraque e ali explorar as reservas de petróleo, e de que o homem capturado como sendo Osama Bin Laden (suposto líder da Al Qaeda e ideólogo do golpe) não passava de um sósia inocente feito de 'bode expiatório' pelos ianques, encontrando-se o verdadeiro ainda a monte. Teorias nunca comprovadas, e que dificilmente ajudam a atenuar, contextualizar, e muito menos explicar um acto difícil de conceber por qualquer cidadão ocidental, e sobretudo pelos habitantes de um pacato 'recanto' à beira-mar na cauda da Europa, como é Portugal. Talvez por isso o 11 de Setembro continue a constituir uma marca tão profunda na memória e psique de uma geração que nunca havia visto nada semelhante, e que, espera-se, nunca mais torne a ver, fazendo da tragédia norte-americana um daqueles momentos capazes de mudar toda a percepção relativamente à vida e ao quotidiano de qualquer criança ou jovem. Que nunca esqueçamos, e que nunca mais tenhamos que voltar a passar pelo mesmo.

07.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 06 de Agosto de 2024.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Nos anos 90, como hoje em dia, a RTP era a grande veiculadora de eventos desportivos para as massas portuguesas – um paradigma que, aliás, apenas principiaria a ser quebrado aquando da repartição dos direitos de transmissão do Campeonato Europeu de Futebol de 2000, que veria, pela primeira vez, a SIC ter direito a mostrar alguns dos jogos de um certame internacional. Não é, pois, de admirar que a RTP tenha, também, sido a televisão 'oficial' das Olimpíadas noventistas em Portugal, fazendo chegar a lares nacionais e internacionais as proezas de atletas de todas as nacionalidades e especialidades - entre eles a representante lusa do atletismo, Fernanda Ribeiro, que, em 1996, estabeleceria em plena cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, um novo marco para a prova dos cem metros femininos, trazendo para 'casa' a primeira medalha de Ouro da História do Portugal olímpico, num momento a que muitos assistiram em directo, precisamente graças à televisão estatal. Abaixo deixamos esse momento ímpar na História olímpica portuguesa, ocorrido há quase exactamente vinte e oito anos, e que urge preservar para sempre como marco histórico do desporto nacional.

15.06.22

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Qualquer criança ou jovem em idade escolar do Portugal de finais do século XX e inícios do XXI se lembra daquele momento em que, durante uma aula perfeitamente vulgar, o professor ou professora retirava da pasta ou secretária uma resma de papéis em formato A6 (ou ainda menor) e começava a distribuí-los pelas carteiras. O mero vislumbre das ditas-cujas folhas dava, quase de imediato, azo a uma catadupa de emoções, à medida que o jovem em causa tentava adivinhar o teor do que nelas estava escrito, que podia ir de uma autorização para uma visita de estudo (momento de júbilo para qualquer estudante, fosse à época ou nos dias de hoje) a um convite para uma festa da escola, ou ainda informações relativamente a uma reunião de pais (que já causavam sentimentos um pouco mais díspares, dependendo da conduta do aluno) ou à periódica e bem clássica inspecção aos piolhos.

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Exemplo moderno de uma típica circular escolar, no caso para informar sobre uma visita de estudo.

Fosse qual fosse o seu conteúdo, o simples acto de levar para casa uma circular (nome genérico para qualquer pedaço de papel de cariz oficial recebido na escola) era, já de si, disruptivo o suficiente para tornar aquele dia marcante – mesmo quando, por vezes, havia um quê de preocupação com o modo como a mesma iria ser recebida em casa - qualquer ex-aluno recordará o terror absoluto de receber uma circular INDIVIDUAL, a convocar APENAS OS SEUS pais para uma reunião com a directora de turma...

Esta tendência para suscitar uma resposta emocional da parte dos alunos foi, aliás, precisamente o que ajudou a fazer das circulares escolares um dos muitos elementos marcantes da infância e juventude de quem frequentou o ensino básico ou secundário em Portugal na era imediatamente anterior ao advento da Internet. Pena, portanto, que hoje em dia todas estas comunicações sejam feitas directamente com os encarregados de educação, por e-mail, e sem necessidade de utilizar o aluno como intermediário – pois a verdade é que as crianças e jovens de hoje em dia jamais conhecerão a sensação de ver um professor tirar aquela resma de papéis de um qualquer canto da sua secretária, e a emoção que tal gesto provocava entre os alunos...

25.04.22

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 23 de Abril de 2022.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

Na vida de uma criança (seja dos anos 90 ou contemporânea) o dia dos anos perde apenas para o Natal como evento mais importante do ano; afinal, são essas as duas datas em que se recebem, sem quaisquer condições de reciprocidade, presentes de todos os tamanhos e feitios, em que se comem sem quaisquer restrições toda a espécie de doces e iguarias, e em que (não menos importante) se recebe em casa os amigos, para uma tarde de diversão.

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Sim, nos anos 90 (como agora) a festa de anos era um dos pontos altos do ano para uma criança, e o ritual organizativo de que esse evento se revestia apenas servia para o tornar ainda mais entusiasmante. Isto porque, enquanto alguns países tornaram tradição celebrar a data no McDonald's ou semelhante, Portugal continua a ser das nações que opta pela via mais tradicional e económica da festa em casa, com uma mesa cheia de bolos, batatas fritas, sumos, gasosas e outras iguarias à disposição do aniversariante e convidados, e quiçá, à saída, um saquinho com Smarties, Sugus, rebuçados e outras lembranças para agradecer a presença dos mesmos.

Esta opção, por sua vez, apenas fazia com que a perspectiva de ir à festa de um amigo ou colega de escola (especialmente se o mesmo fosse mais chegado) fosse quase tão entusiasmante para a maioria das crianças como a ideia do seu próprio aniversário; da excitação de receber o tradicional envelope com o convite no recreio (um ritual a que a era da Internet veio tirar a magia) à descoberta de todas as possibilidades oferecidas pela casa do aniversariante, uma festa de anos representava, para um pré-adolescente da época, a garantia de um dia bem passado a 'fazer asneiras' com outras crianças da sua idade. E, claro, toda a experiência se tornava ainda melhor se o colega fosse daqueles poucos cujos pais estavam dispostos a alugar um espaço especialmente para a festa, ou a convidar artistas para animar a mesma, como os tradicionais palhaços.

Mesmo depois de chegada a adolescência, o apelo de uma festa de anos para o 'puto' médio português não esmorecia; isto porque, nessa altura, as festas em casa eram, progressivamente, substituídas por saídas com os amigos, primeiro às 'pizzas' e ao shopping, cinema ou feira de diversões, e mais tarde para uma jantarada e saída à noite. E apesar de este tipo de festas nem sempre envolver (ou mesmo requerer) presente, as mesmas tinham, ainda assim, uma série de atractivos extra, que as tornavam não menos entusiasmantes ou antecipadas do que as suas congéneres dos tempos de infância – mesmo que, agora, os convites fossem enviados por SMS, em vez de entregues em mão na sala de aula.

Em suma, para um jovem dos anos 90, os anos (próprios ou dos amigos) estavam, sem dúvida, entre os acontecimentos mais aguardados do ano – um paradigma que, queremos acreditar, nem mesmo a tendência crescente para o isolamento digital terá conseguido contrariar. Afinal, seja qual fôr a altura da História, uma festa é sempre uma festa...

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