20.03.25
NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-Feira, 19 de Março de 2025.
Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.
Quem frequentava a Feira Popular de Lisboa certamente os terá visto em exposição, e quiçá até comprado ou ganho um, ainda que, como prémios, fossem daqueles que requeriam uma combinação de esforço, dinheiro e sorte fora do alcance da maioria dos visitantes; é, mesmo, possível que os tenham tido em casa, já que constituíam uma decoração estranhamente comum entre um certo segmento da população portuguesa da altura. Falamos dos cães de loiça, aquelas estátuas algures entre a representação realista e a caricatura perturbante que marcaram as décadas de 80 e 90 em Portugal.
Exemplo dos vários tamanhos em que estas estátuas se encontravam disponíveis. (Crédito da foto: OLX)
É pouco claro como a moda teve início, ou quem a fomentou, embora possam ser tecidas algumas conjecturas, a maioria relacionadas com figuras públicas de apelo popular; seja qual for a sua origem, no entanto, a verdade é que os cães de louça (das mais variadas raças, e alguns até com elementos de fantasia a nível do colorido ou das marcas no pêlo) marcaram mesmo época, surgindo em muitos 'halls' de entrada e salas de estar de Norte a Sul de Portugal, normalmente a 'montar guarda' a jarrões, lareiras e outros elementos da mesma índole, sem que nunca se percebesse bem a razão do seu apelo generalizado. Isto, claro está, no caso das versões em 'tamanho real', já que existiam também outras em tamanho reduzido, perfeitas para utilizar como 'bibelot' em cima da referida lareira ou na prateleira da sala.
Tal como outras modas de que aqui vimos falando, também esta desapareceu tão abruptamente e sem explicação como havia surgido, 'refém' das tendências de decoração de casas e de uma certa evolução no 'gosto' do português médio das gerações 'X' e 'Millennial' relativamente aos seus pais e avós. Ainda assim, os cães de louça perduraram tempo suficiente para serem 'homenageados' pelo comediante-cantor Rouxinol Faduncho, numa faixa gravada em 2006, e – sejamos honestos - restam poucas dúvidas de que, algures no nosso País, existam ainda um sem-número de casas com estátuas deste tipo, talvez herdadas das referidas gerações mais velhas, e destinadas a montar guarda perpétua a um qualquer canto da casa, como o vêm fazendo desde há mais de três décadas...