Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

05.04.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Quinta-feira, 3 de Abril e Sexta-feira, 4 de Abril de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Clássicos de décadas passadas, encontravam-se já em declínio nos anos 90, mas – nas suas versões modernizadas – conseguiram ainda conquistar os corações de uma última geração de crianças e jovens antes de se remeterem à obsolescência. Falamos das revistas de recortes e construção de indumentárias, um produto que combina na perfeição as temáticas das Quintas no Quiosque e das Sextas com Style, num único conceito tão simples quanto apelativo para um certo sector da população.

t-1674214884-atividade-para-praticar-a-competencia

Exemplo moderno 

A ideia era por demais simples: cada revista oferecia, nas primeiras páginas, um ou dois 'modelos' (nos anos 90, normalmente, um de cada sexo) aos quais podiam, depois, ser aplicados os conjuntos de roupa presentes nas restantes páginas. A diversão advinha do facto de todos estes elementos serem recortáveis, podendo os bonecos também ser erguidos em posição vertical, servindo efectivamente como 'manequins' para as indumentárias incluídas na revista, as quais se podiam acoplar a eles mediante dobragens nos sítios indicados.

É claro que nem sempre esta experiência era cem por cento 'limpa' – até porque era precisa grande precisão para recortar em volta das roupas, podendo esta experiência facilmente redundar em frustração para os mais 'desastrados' de mãos; mesmo quem conseguia cortar bem arriscava-se a que as dobras necessárias para 'vestir' os modelos se rasgassem, tornando a respectiva peça inutilizável. Tudo isto era, no entanto, aceite como parte da experiência, ajudando a torná-la ainda mais desafiante e divertida.

Como tal, mesmo sendo de 'utilização única' (uma vez 'experimentadas' todas as roupas, o interesse desvanecia-se consideravelmente) estas tradicionais revistas conseguiam, ainda, proporcionar bons momentos de diversão às crianças e jovens de finais do século XX, tal como já o haviam feito com os seus pais. Infelizmente, o dealbar da era digital veio retirar a última réstia de relevância a produtos deste tipo, e a Geração Z já sequer chegaria a ter contacto com os mesmos; quem alguma vez passou uma tarde divertida a 'vestir' aqueles bonecos da revista, no entanto, decerto compreenderá o surgimento de tais publicações nas nossas páginas, e recordará aqueles tempos de criança em que algo tão simples podia, simultaneamente, ser tão divertido...

22.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 21 de Março de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui, em tempos, dedicámos uma edição desta rubrica às carteiras da Dunas, acessório obrigatório de qualquer jovem com pretensões de inclusão social em meados dos anos 90. No entanto, apesar de se afirmarem como as mais populares, estas carteiras estavam longe de deter o monopólio quer do mercado, quer das preferências infanto-juvenis; antes pelo contrário, os finais do século XX foram talvez a última era em que verdadeiramente se puderam encontrar carteiras para 'todos os gostos e feitios', tendo a maioria das crianças e jovens uma vasta gama de opções de entre as quais escolher.

s-l960.webp

O autor deste 'blog' levou, durante pelo menos um ano, o dinheiro para o bolo na escola numa carteira idêntica à da imagem.

De facto, de logotipos dos clubes favoritos (o autor deste blog levou orgulhosamente consigo, durante alguns anos, uma dos Chicago Bulls, e antes disso uma dos Orlando Magic) aos de marcas (no caso presente, da Street Boy), passando pelas inevitáveis versões alusivas a propriedades populares (o mesmo autor trouxe consigo, durante todo o primeiro ano da escola primária, uma das Tartarugas Ninja, semelhante à que ilustra este 'post') eram inúmeras as possibilidades no tocante a comprar uma carteira, podendo cada indivíduo escolher aquela que combinava precisamente com a sua personalidade ou gostos pessoais. Mais – nem era preciso recorrer a uma loja especializada para conseguir um acessório deste tipo, já que os mesmos se encontravam com relativa facilidade, e por preços acessíveis, tanto em supermercados como em tabacarias e outros estabelecimentos semelhantes, tornando fácil mostrar o 'estilo' sem gastar muito dinheiro.

Infelizmente, a era em causa parece mesmo ter passado, sendo já raro ver carteiras deste tipo à venda no 'mundo real', e ainda menos com a variedade de estilos e motivos patente à época. Quem levou diariamente o seu dinheiro e cartões dentro de um pedaço de tecido com bolsos e dobrável, com a cara do seu personagem favorito ou o logotipo da sua marca de eleição, certamente se lembrará da importância das carteiras na estética infanto-juvenil das últimas décadas do século XX e inícios do XXI, época em que viveram o seu auge enquanto acessório de moda entre a demografia em causa, justificando assim a sua presença nesta rubrica dedicada aos estilos e estéticas de então.

15.11.24

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 15 de Novembro de 2024.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui anteriormente falámos, no âmbito de uma ida ao Quiosque, das revistas importadas de outros países europeus mas que deixavam, também, marcas na vida quotidiana portuguesa. E se, nessa ocasião, a nossa análise versou sobre títulos concretamente dirigidos ao público infanto-juvenil, este nosso regresso ao tema focar-se-à num tipo de publicação com a qual as crianças e jovens de finais do século XX apenas terão tido um contacto mais indirecto, através da 'pilha' de revistas da casa dos pais ou avós, mas que não deixaram, ainda assim, de ter impacto na sua vida.

il_fullxfull.5439668438_19qw.webp

Exemplar de época da revista 'Burda', a mais longeva das duas representantes do estilo.

Falamos das revistas de 'tricot', representadas à época sobretudo pela alemã 'Burda' (que também chegava a Portugal na sua edição francesa) e pela francesa 'Sandra', ambas as quais informaram vários estilos 'caseiros' de finais dos anos 80 até meados dos anos 90. Isto porque, mais do que apenas mostrar e sugerir os estilos, as publicações em causa traziam instruções detalhadas para a criação das mesmas, permitindo a qualquer entusiasta do 'tricot' recriá-las em sua própria casa; e, sendo uma parcela considerável das mesmas destinada a vestir crianças, não é de estranhar que muitos 'millennials' portugueses tenham tido alguma versão dos 'pullovers' contidos nas páginas das referidas revistas. Já de uma perspectiva infantil, o principal ponto de interesse estava mesmo nas fotografias dos 'artigos acabados' incluídos em cada página, invariavelmente apelativos para a demografia-alvo, e que faziam, inevitavelmente, 'sonhar' com o momento em que se poderia vestir uma 'cópia' própria do padrão.

Tal como muitas outras publicações que vimos abordando nestas páginas, também as revistas de 'tricot' tiveram uma saída discreta do mercado português, algures na segunda metade dos anos 90; o seu legado, no entanto, terá potencialmente ainda perdurado mais alguns anos, com a segunda vaga de 'millennials' a 'herdar' as camisolas tricotadas dos irmãos ou irmãs mais velhos, e a exibi-las orgulhosamente nas suas próprias Sextas com Style invernais. E, agora que a produção caseira de roupa volta a estar na moda, essas mesmas ex-crianças poderão, quiçá, reiniciar o ciclo, agora com o Google a fazer as vezes da revista importada, mas com os resultados finais a atingirem (idealmente) a mesma combinação ideal de practicidade e atractividade daqueles padrões tricotados pela tia ou pela avó nos tempos de infância...

21.09.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 20 de Setembro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Embora o sector juvenil continue a ser o que mais activamente procura logotipos e marcas, dada a necessidade de 'parecer bem' junto dos colegas, os pais de crianças pequenas ficam, talvez, logo atrás dos adolescentes no que a este particular diz respeito. Isto porque, para a maioria das mães e pais, é importante que a roupa envergada pelos filhos seja duradoura e tenha alguma qualidade – atributos normalmente reunidos pelas peças 'de marca'. E apesar de, hoje em dia, o preço proibitivo da maioria das marcas ter direccionado a maioria dos portugueses para as lojas de 'fast fashion', no anos 80 e 90 – quando tal conceito era ainda inexistente a nível mundial – havia certas lojas que chamavam, decididamente, a atenção dos progenitores lusitanos no momento de comprar vestuário para os filhos. Uma dessas marcas, nascida em Lisboa mas popular em todo o País em finais dos 80 e inícios da década seguinte, levava o nome de um vegetal, e propunha roupas coloridas e intemporais para crianças em idade pré-adolescente.

download.png

Falamos, claro está, da Cenoura, uma 'etiqueta' que, sem ser para todos (os seus artigos não eram especialmente baratos, antes pelo contrário) chegou a vestir uma boa parcela de crianças portuguesas do período em causa - entre as quais se incluía o autor deste 'blog', em cujo bairro de infância existia uma loja da marca. Nascida em Lisboa nas últimas semanas do ano de 1972, começou por ser um empreendimento modesto de três amigas na casa dos vinte anos, que fabricavam e decoravam as suas próprias roupas e utilizavam os seus próprios filhos e sobrinhos, ou os de amigos próximos, como 'caras' dos catálogos; as décadas seguintes viram, no entanto, a marca expandir-se e tornar-se uma referência no mercado nacional de vestuário infantil, pela grande qualidade das suas peças e pela tendência para comercializar conjuntos completos. Apesar de ainda presente sobretudo na zona de Lisboa, antes de completar dez anos de existência, a Cenoura recebia já pedidos e encomendas de todo o País, o que a levou a inaugurar um serviço de venda postal em meados dos anos 80; foi, pois, com naturalidade que se verificou, em anos subsequentes, a expansão do raio de acção da marca, que ainda hoje tem lojas em todo o País (embora, infelizmente, não aquela que faz parte das memórias do autor deste texto, a qual fechou ainda muito antes do centro comercial de bairro que a albergava.)

Tal como sucede com tantas outras marcas de que aqui falamos, no entanto, também o 'momento' da Cenoura passou, e se, a dada altura da História portuguesa, vestir peças com essa etiqueta era sinal de estatuto económico e social, a mesma acabou, eventualmente, por ser suplantada po outras 'grifes' e lojas mais 'na moda'. Para quem tem hoje uma certa idade, no entanto (sobretudo os 'millennials' mais velhos ou os nascidos nos últimos anos da geração dita 'X') esta marca e as suas apelativas lojas farão, certamente, parte das memórias e do imaginário infantil, merecendo bem a menção nesta nossa rubrica dedicada a peças de vestuário que marcaram décadas passadas.

11.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 9 de Agosto de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Todo o jovem dos anos 90 os usou, ou conheceu alguém que usasse, e sentiu um ligeiro sentimento de vergonha, quer própria, quer alheia. Falamos dos fatos de banho em formato 'slip', conhecidos por diversos nomes (sendo os mais comuns sunga, tanga ou Speedo) e que, num período de menos de dez anos, passaram de ícone de moda 'praieira' a motivo de embaraço para qualquer veraneante que não fosse praticante de natação.

download.jfif

De facto, entre finais dos anos 80 e o Novo Milénio, esta peça de vestuário veranil passou de 'farda' obrigatória de qualquer 'pintas' que quisesse impressionar o sexo oposto a repelente activo do mesmo, sendo quase exclusivamente extinto do cenário estival português em favor do universal calção de banho, ainda hoje a peça-padrão para o sexo masculino. A tanga ficou, assim, temporariamente restrita a uma demografia infantil muito nova, antes de mesmo essa passar também a usar calção, remetendo a antecessora para o domínio exclusivo da piscina de competição, onde o formato da referida peça era favorecido por ajudar à deslocação aerodinâmica do atleta. Já para todos os outros grupos de portugueses com cromossomas XY, o 'slip' da Speedo ou de qualquer outra marca passou a vestimenta praticamente proibida no contexto da praia, sob pena de quem a usasse ser vítima de 'gozo' por parte dos pares – situação que, aliás, se mantém até aos dias de hoje. Com a recente vaga de nostalgia pelas décadas de 80 e 90 é, no entanto, bem possível que a sunga volte a estar na moda a dado ponto num futuro próximo – embora, para quem a usou em criança ou adolescente e conheça as gerações Z e Alfa, tal cenário se afigure muito pouco provável...

 

10.05.24

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já aqui, numa edição passada, falámos das icónicas colecções de t-shirts licenciadas da Zara de finais dos anos 90 e inícios de 2000, com temas que iam dos desenhos animados aos logotipos de bandas, e que 'vestiram' toda uma geração durante vários anos consecutivos. No entanto, ainda antes de a marca espanhola se estabelecer como a principal influenciadora da moda infanto-juvenil no tocante a camisolas de manga curta, já uma outra companhia estrangeira recém-chegada a Portugal se havia aventurado em algo semelhante, com considerável sucesso.

image_a633ba69-6180-4513-a6e7-3f64c04be652_720x.we

Uma das mais icónicas t-shirts da linha em causa trazia os populares personagens da MTV, Beavis e Butt-Head.

Falamos do hipermercado Carrefour, o qual, em meados da década de 90, apresentou uma colecção de t-shirts para crianças e jovens capaz de cativar o seu público-alvo de forma semelhante ao que aconteceria com as da Zara, anos depois. Em comum com estas, a colecção do Carrefour tinha as licenças, entre as quais se contavam a marca de motocicletas Yamaha e o então mega-popular duo de bonecos 'metaleiros' da MTV, Beavis e Butt-Head, que 'davam a cara' numa das mais icónicas e memoráveis camisolas da linha. Ao contrário do que seria de esperar, no entanto, esta colecção não se alicerçava apenas nas licenças – pelo contrário, outra das mais bem-conseguidas t-shirts da gama trazia um tubarão estilo 'cartoon', que não destoaria numa camisola da No Fear ou Maui and Sons, mas que não pertencia a nenhuma das duas.

Estes 'designs' cuidados, aliados ao preço bastante mais convidativo do que o de uma t-shirt equivalente com logotipo de uma marca, tornaram natural o sucesso da linha do Carrefour entre o público-alvo, e até entre os 'mais crescidos', sendo bastante frequente ver miúdos e graúdos vestidos com camisolas da colecção por volta de 1995-96. Assim, e apesar de menos lembradas que as suas congéneres da Zara, estas camisolas não deixam, ainda assim, de merecer a nossa homenagem, já que, durante o seu breve apogeu, permitiram a muitos jovens portugueses iniciarem o fim-de-semana em grande Style...

18.01.24

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Uma das mais vivas e nostálgicas memórias de qualquer português nascido entre o final da década de 70 e o início do Novo Milénio é o de enfiar a mão num pacote de batatas fritas ou outros 'snacks' da Matutano para procurar aquele icónico invólucro plástico escondido em meio aos conteúdos. Efectivamente, os brindes 'das batatas' desta época contam-se entre os melhores e mais populares de sempre em Portugal, tendo granjeado à Matutano uma impressionante série de mega-sucessos, com a qual a maioria das outras companhias alimentares da época apenas podiam sonhar: dos Pega-Monstros às Caveiras Luminosas, Tazos, Matutolas, Raspadinhas e mini-filmes, a sucursal portuguesa da Lay's gozou, durante a última década do século XX, de um toque de Midas que lhe permitiu transformar até mesmo um jogo de matemática numa 'febre' de recreio. Basicamente, durante esta época, se algo vinha dentro de um pacote de batatas, transformava-se em sucesso entre a demografia-alvo, deixando todas as outras considerações de ter qualquer importância.

E se a maioria dos brindes acima referidos foram, na medida dos possíveis, assexuados – ainda que, inevitavelmente, acabassem por apelar mais aos 'rapazes' – algures na mesma década, a Matutano decidiu dirigir uma das suas promoções, especificamente, a um público feminino, menos interessado em 'monstrinhos' e caveiras e mais voltado para a estética e moda. Fica, assim, explicada a lógica por detrás da curiosa decisão de oferecer brincos de plástico na compra de um pacote de batatas.

Brincos-da-Matutano3-copiar-1200x675.jpg

Em tudo semelhante em termos de 'design' – variando apenas as cores – estes brindes representavam uma clara tentativa por parte da Matutano de atingir uma demografia mais velha, nomeadamente os adolescentes; essa faixa etária, no entanto, encontrava-se demasiado preocupada com o acne para consumir o tipo de produtos que a companhia comercializava, e demasiado atenta às convenções sociais vigentes entre os jovens para ser vista a usar brincos de plástico, sem qualquer esforço estético, e que 'saíam nas batatas'. Assim, os referidos brindes terão encontrado o seu público, inevitavelmente, entre a porção feminina da demografia que ainda se interessava por Pega-Monstros, Tazos e outros brindes 'quejandos', e que experienciava assim, talvez, o seu primeiro assomo estético – um 'tiro' algo ao lado do pretendido pela Matutano, e que terá, sem dúvida, ajudado a encurtar o tempo e abrangência desta promoção, hoje algo esquecida no âmbito das conversas nostálgicas sobre brindes das batatas fritas daquela época.

Ainda assim, e apesar do relativo insucesso da promoção em relação às suas congéneres, não terá, certamente, deixado de haver quem se deliciasse com os brincos 'das batatas', e os tivesse orgulhosamente usado num qualquer dia de escola do sexto ano em que fosse importante parecer (ou sentir-se) algo mais 'crescido' do que o habitual. Para esses, aqui fica uma breve recordação da promoção mais esquecida do período áureo dos brindes da Matutano...

18.08.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Os Verões dos anos 80, 90 e 2000 eram, normalmente, sinónimos com uma série de elementos, dos gelados da Olá às visitas a parques aquáticos ou férias no Algarve. O mundo da moda tão-pouco ficava imune a este tipo de iconografia, e a cada nova época estival podia esperar ver-se nos pés dos portugueses um sapato de formato, configuração e propósito muito específicos: a clássica sandália de tiras em plástico.

sandalias-sun-meduse-para-menina.jpg

Clássico para muitos, trauma de infância para outros tantos, e símbolo do Verão de toda uma geração.

À época tão ou mais difundidas do que os chinelos em plástico, e ainda hoje sobreviventes em muitas lojas de praia, em quase todas as cores possíveis e imagináveis, estas sandálias serviam, sobretudo, o propósito de proteger os pés de impurezas e outros perigos que supostamente espreitavam tanto na areia da praia como à beira-mar, sendo, nomeadamente, recomendadas como 'escudo' contra as picadas do temível peixe-aranha. Para muitos pais de finais do século XX, no entanto, o propósito deste tipo de calçado era, sobretudo, prático, já que o mesmo era totalmente lavável e, como tal, fácil de limpar após cada ida à praia, bastando colocar o pé debaixo de qualquer chuveiro, fonte ou mangueira para lhe tirar a areia. Já muitas crianças tendiam a achar estas sandálias desconfortáveis, sobretudo devido às tiras em plástico - que queimavam e se colavam ao pé em tempo muito quente ou quando molhadas - e à fivela ajustável que, muitas vezes, deixava o sapato ou demasiado largo ou demasiado apertado, a ponto de deixar marca na pele.

Para quem conseguia ultrapassar estas pequenas inconveniências, no entanto - ou tinha a sorte de ter um pé a que o sapato coubesse sem grandes 'celeumas' - este tipo de calçado será, ainda hoje, um ícone do período de infância, talvez mesmo comprado para os respectivos filhos; para os restantes, constituirá algo mais próximo de um trauma. Seja qual for o caso, no entanto, poucos portugueses da geração 'millennial' negarão que as sandálias em causa constituem um ícone da moda estival do século XX, bem merecedor de figurar nesta nossa rubrica.

04.08.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Talvez a principal característica dos atacadores de qualquer criança – quer tenham sido atados pela própria ou por um adulto mais experiente – é desatarem-se de forma incrivelmente frequente. A tendência dos 'putos' para se deslocarem em corrida, juntamente com o atrito advindo da maioria das suas brincadeiras, faz com que até o nó mais cuidadosamente dado acabe, inevitavelmente, por ficar lasso, deixando um par de atacadores a arrastar no chão, não só adquirindo poeira e terra como também representando um perigo iminente de queda e mazelas físicas. Assim, não é de admirar que os anos 90 tenham procurado responder a esta inevitabilidade com uma inovação tão simples quanto genial e eficaz, e que merecia ter sido mais popular entre a demografia-alvo.

images.jpg

Exemplo moderno do objecto em causa.

Falamos dos protectores de atacadores, pequenas 'molas' plásticas que se colocavam por cima da zona do nó de qualquer par de atacadores, com a função de prevenir que os mesmos se desatassem com tanta facilidade como antes – um objectivo que, ainda que nem sempre totalmente conseguido, se podia considerar, grosso modo, ser atingido. E para tornar estes objectos perfeitamente utilitários um pouco menos aborrecidos e um pouco mais apelativos para o público-alvo a que almejavam, as companhias fabricantes tiveram outra ideia genial: a de moldar os mesmos em forma de animais, objectos, ou mesmo heróis da televisão ou banda desenhada (lá por casa, por exemplo, havia um das Tartarugas Ninja) tornando assim um apetrecho necessário e até algo 'totó' numa declaração de estilo e auto-actualização!

E se, hoje em dia, os protectores de atacadores já não gozam da popularidade que outrora tiveram (actualmente, este tipo de produto encontra-se sobretudo em plataformas de pequenos artistas independentes, como a Etsy) muitos terão, sem dúvida, sido os leitores deste blog que, antes de saírem para a escola ou para um Sábado aos Saltos com os amigos, puseram em cima do laço dos sapatos um animal fofinho ou a cara do seu herói favorito...

 

01.04.23

NOTA: Este post é correspondente a Sexta-feira, 31 de Março de 2023.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Apesar de ser um dos mais populares acessórios (ou adereços) entre a última geração de jovens e adolescentes a dispôr de horas no telemóvel, os relógios eram menos frequentes entre a faixa etária logo abaixo. Talvez por terem os horários controlados de perto pelos pais, as crianças portuguesas de finais do século XX viam menos necessidade de usar relógio, um paradigma que foi, durante a última década do Segundo Milénio, alterado por duas marcas distintas: por um lado, a Casio, com os seus popularíssimos relógios electrónicos/digitais e, por outro, pela Swatch, cuja linha infantil representava o 'Santo Graal' dos relógios para qualquer criança lusa dos anos 90.

hqdefault.jpg

Isto porque os relógios Flik Flak adoptavam uma estética colorida e algo excêntrica, bem ao gosto da demografia-alvo, o que, em conjunto com as duas mascotes da marca - um casal com os mesmos nomes da linha em si, Sr. Flik e Sra. Flak - tornava estes relógios incrivelmente apelativos para o seu público-alvo. O problema, como em tantos outros casos, era o preço absolutamente proibitivo, que (apesar de reflectir a qualidade de construção típica dos relógios suíços) assegurava que apenas uma pequena percentagem das crianças e jovens lusitanas tinham o privilégio de possuir um relógio destes - o qual, escusado será dizer, os tornava motivo de inveja no recreio, mesmo tratando-se de um simples relógio analógico em plena era hegemónica dos Casio. 'Aquele' visual era simplesmente irresistível, mesmo apenas visto na montra da relojoaria, e foi, por si mesmo, suficiente para tornar estes relógios nostálgicos mesmo para quem nunca os chegou a ter.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub