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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

18.11.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Até finais da década de 90, os peluches estavam conotados, sobretudo, com a primeira infância, ou, na melhor das hipóteses, com elementos mais velhos, mas do sexo feminino (vulgo, eram 'para bebés' ou 'para meninas'); essa tendência sofreu, no entanto, uma completa inversão nos últimos anos do século XX, quando os bonecos feitos do referido material, sobretudo os acoplados a um porta-chaves, foram apropriados pelo movimento alternativo, e transformados em moda adolescente entre os então denominados 'freaks', que os exibiam orgulhosamente nos fechos das suas mochilas Eastpak, Jansport ou Monte Campo, ou até nas igualmente populares sacolas de sarja

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Um exemplo bastante típico do fenómeno explorado neste 'post'.

De facto, entre o último terço da década de 90 e meados da seguinte (e, em menor escala, até aos dias de hoje) não era, de todo, incomum ver jovens de ambos os sexos com penteados ousados, calções, calças e ténis largos e 't-shirts' de marcas radicais ou alusivas a bandas de metal ou propriedades intelectuais 'de nicho' trazerem pendurado da 'pasta' um ursinho (ou uma réplica de outro objecto do dia-a-dia, como um ténis, um estojo ou um telemóvel) feito de peluche; em inícios do novo milénio, quando a cultura 'pop' norte-americana começou a chegar em maior escala ao nosso país, este acervo ver-se-ia, ainda, acrescido de réplicas dos personagens de algumas das mais populares propriedades intelectuais dessa nova vaga, entre os quais se destacam largamente os quatro protagonistas infantis do icónico 'South Park'.

E ainda que esta moda fizesse torcer o nariz a quem estava menos 'dentro' do movimento, a verdade é que a mesma era perfeitamente bem aceite por quem dele fazia parte, sendo uma das raras instâncias em que os jovens do sexo masculino não eram alvo de ridículo por parte dos colegas por uma decisão deste tipo – tendência que, aliás, se continua a verificar hoje em dia, em que o uso de peluches e outros artefactos alusivos à propriedade intelectual favorita são encorajados e utilizados com orgulho por jovens em idade de ensino secundário e até universitário. O que os mesmos talvez não saibam, no entanto, é que devem a possibilidade de expressar a personalidade desta forma à geração dos seus pais (ou, pelo menos, irmãos mais velhos), a primeira a normalizar o uso de peluches por jovens já em plena adolescência como forma de demonstrar individualidade e oposição às normas sociais estabelecidas – ainda que, como tantas outras tendências adolescentes dessa época e de outras, o mesmo se tenha popularizado ao ponto de deixar de ser uma transgressão, e se passar a inserir no campo da 'moda' pura e dura...

04.11.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Apesar de não ter tido na moda jovem dos anos 90 a mesma influência que o chamado estilo 'betinho', o movimento alternativo não deixou, ainda assim, de moldar significativamente o aspecto de um qualquer pátio de escola secundária portuguesa dos anos 90 e 2000, respondendo aos pólos de rugby, socas plataforma, calças à boca de sino, camisas da Sacoor e 'sweatshirts' da Gap ou Quebramar com tendências próprias, como as calças largas, as botas Doc Martens ou de biqueira de aço, os bonés para trás ou para o lado, as trancinhas conhecidas como 'tererés' ou o acessório de que falamos neste 'post', as bolsas a tiracolo em sarja.

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Exemplo moderno do acessório discutido nas linhas abaixo.

Populares entre os então chamados 'freaks' pela sua aparência militar e potencial de customização – era, aliás, quase obrigatório decorá-las com 'patches', 'pins' ou até desenhos ou dedicatórias dos amigos – esta mistura das tradicionais carteiras das 'betinhas' com as mochilas que qualquer 'puto' da escola carrega diariamente às costas dispunha de uma alça ajustável, mas esta acabava por ser uma característica quase redundante, já que qualquer aluno do secundário ou da universidade que se prezasse as usava o mais descaídas possível, normalmente ao nível dos joelhos (e, quase sempre, atravessadas a tiracolo, ainda que no caso das raparigas pudessem também ser usadas penduradas.)

Apesar do seu apelo aparentemente intemporal, no entanto, estas sacolas acabaram mesmo por cair em desuso após a primeira década do Novo Milénio, tendo gradualmente vindo a ser substituídas pelas suas congéneres em cabedal, borracha ou plástico, ou ainda pelos sacos de pano, sobretudo entre o sector universitário; ainda assim, este acessório não deixou de marcar época junto do segmento mais alternativo da geração que atingiu a adolescência em finais dos anos 90 e inícios de 2000; aliás, estamos em crer que, após ler este post, já deverá ter havido quem tenha ido buscar a sua à garagem ou ao fundo do armário, para mostrar aos filhos ou, simplesmente, recordar os seus tempos de jovem....

16.10.21

NOTA: Este post corresponde a Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Na passada Quarta-feira, falámos neste espaço dos cadernos dos anos 90, muitos dos quais eram utilizados como 'statement' pelos jovens em idade escolar, nomeadamente mediante capas apelativas e ligadas ao que então se considerava estar 'na moda'. No entanto, os cadernos estavam longe de ser a única forma de um aluno afirmar a sua identidade na sala de aula; nesse aspecto, havia outro tipo de item, bem mais impactante e relevante na prossecução desse mesmo objectivo, do qual falaremos no post de hoje.

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Tratavam-se, é claro, das mochilas, talvez a primeira peça de material escolar adquirida pelo aluno médio daquele tempo sempre que se avizinhava um novo ano lectivo. Ainda mais do que hoje em dia, a mochila era extremamente importante enquanto afirmação de conformidade – ou não – às regras de 'estilo' da escola, e parte tão integrante do 'look' de um aluno como qualquer peça de vestuário – o que, aliás, explica a sua presença nesta rubrica em particular.

E oportunidades de comprar uma mochila à medida da nossa personalidade era coisa que não faltava naqueles anos 90, tal era a quantidade e variedade de modelos que se podiam encontrar na loja ou 'shopping' mais próximo - das mochilas coloridas ou com personagens de desenhos animados, típicas da escola primária, passando pelos modelos 'casa às costas' favorecidos por alunos do preparatório e secundário, até às mochilas que não se destinavam necessariamente a uso escolar, mas eram para isso adaptadas (destacando-se dentro deste tipo em particular as mochilas da Monte Campo, Eastpak e Jansport.)

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Um acessório tão popular que merecia o seu próprio post...

A arte estava mesmo em encontrar um modelo que conjugasse o apelo estético que interessava ao aluno com características favorecidas pelos pais, como a ergonomia e os suportes das alças, sendo que quem conseguisse tal proeza tinha quase garantida a relação de 'amizade' com a sua nova mochila (nesse aspecto, por aqui, recorda-se com carinho a mochila do Bart Simpson da primeira classe, e a verde da Slazenger dos quinto e sexto anos, além da Monte Campo azul para ir de férias.)

Em suma, além de acessório essencial para transporte das 'toneladas' de livros, 'dossiers' e folhas característicos do dia-a-dia escolar da época, as mochilas tinham dupla função como acessório estético, tão importante como a própria roupa no contexto de inserção na malha social da escola; tal como a mochila certa servia como meio de afirmação de identidade, também a mochila errada podia representar um 'suicídio' social, e fazer a criança ou jovem passar por alguns dissabores junto dos seus pares. Talvez fosse precisamente por isso que tantas e tantas crianças dispendiam, anualmente, largos minutos em frente ao expositor das mochilas do hipermercado mais próximo, a tentar assegurar que escolhiam o modelo perfeito para as suas necessidades – as quais, neste caso, iam bem além da capacidade e ergonomia...

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