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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.09.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 12 de Setembro de 2024.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Em marcado contraste com a 'morte lenta' de que padece hoje em dia, nos anos da viragem do século XX para o XXI, a imprensa portuguesa encontrava-se num período de expansão que via surgirem novas publicações a um ritmo relativamente frequente, enquanto as existentes cimentavam ainda mais os seus números de tiragem e vendas. Tal paradigma possibilitava, por sua vez, a exploração de novas 'avenidas' dentro do mercado, oferecendo margem para 'experiências' que, alguns anos antes, seriam consideradas por demais arriscadas; ese algumas destas tentativas acabavam mesmo por falhar a curto prazo, outras revelavam ter 'pernas para andar', e tornavam-se marcos do jornalismo português da época. De entre estas, uma das principais nascia há exactos vinte e três anos – em Setembro de 2001 – e tinha sobre o panorama nacional impacto suficiente para justificar uma 'escapadinha' aos primeiros anos do Novo Milénio, a fim de relembrar a sua origem.

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Falamos do jornal 'Destak', o primeiro periódico gratuito 'a sério' a surgir em Portugal (as tentativas anteriores ficavam algures entre a 'gazeta' de bairro e a secção de classificados de um qualquer jornal) criado por António Stilwell Zilhão, Francisco Pinto Barbosa e Gonçalo Sousa Uva, e distribuído gratuitamente em estações de Metro e comboio, centros comerciais e hospitais das duas grandes áreas metropolitanas do País (cada uma das quais tinha a sua própria edição, distinta da da 'concorrente') primeiro com frequência semanal e, uma vez estabelecido, com periodicidade diária. Uma 'aventura' nunca antes tentada em Portugal, mas que acabou por se revelar extremamente bem sucedida, tendo os milhares de passageiros diários dos referidos meios de transporte apreciado a ideia de ter algo com que se 'entreter' durante a viagem sem para isso ter de pagar ou trazer material de leitura de casa – até porque, à época, os telemóveis eram, ainda, demasiado rudimentares para potenciar a disputa de jogos em Java ou sequer a leitura de PDFs ou artigos na Internet. Aliada à qualidade mais do que aceitável dos conteúdos do jornal (de cariz ligeiro e pouco aprofundado, mas bem escritos e relevantes, e em tudo superiores aos veiculados por alguns jornais pagos da mesma época, como o '24 Horas') esta característica ajudou a fazer do 'Destak' um fiel companheiro dos utilizadores de transportes públicos ou serviços de saúde de Lisboa e Porto durante toda a década de 2000, e até meados da seguinte.

De facto, seria apenas em Setembro de 2016 – exactos quinze anos após a sua fundação, e no dealbar da irrevocável mudança de paradigma trazido pela imprensa digital – que o jornal se despediria dos 'viajantes' portugueses, numa altura em que o seu raio de acção se estendia já ao país irmão, o Brasil (onde era editado nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife) e em que disputava já espaço com um não menos bem-sucedido concorrente internacional, o 'Metro', oferecendo uma escolha invejável aos leitores nacionais. Ainda assim, sem o pioneiro trabalho do 'Destak', é possível que o 'Metro' jamais tivesse conquistado o seu espaço, ou sequer pensado em penetrar no mercado português, pelo que é mais que justo lembrar o seu homólogo nacional como pioneiro da imprensa gratuita no nosso País, e potenciador de todo um sub-sector que persistiria – e manteria informada uma parte significativa da população nacional - durante as duas décadas seguintes.

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