08.02.24
Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.
Quando incentivados a relembrar a infância nos anos 90, a maioria dos membros da geração 'millennial' gravitará, imediatamente, para dois grandes pontos de referência: os brindes das batatas fritas e do Bollycao, e o 'Dragon Ball Z'. Para os cidadãos lusos de uma certa idade, ambos estes elementos são marcos culturais importantes, e que fizeram parte indelével do dia-a-dia durante um determinado período em finais do século XX – pelo que se afigurava inevitável que, mais cedo ou mais tarde, os dois acabassem por realizar uma espécie de versão sinergística e comercial da famosa 'fusão' do programa televisivo, e surgissem combinadas numa iniciativa de qualquer dos grandes promotores de brindes alimentares.
Corria o ano de 1997 quando essa mesma previsão se concretizou, com Son Goku e os seus amigos a protagonizarem uma das principais tentativas da Matutano de recuperar os níveis de sucesso dos Pega-Monstros, Caveiras Luminosas, Tazos e Matutolas, mediante a utilização da licença mais popular em Portugal à época; e apesar de este desiderato não ter sido totalmente realizado, as cartas Dragonflash conseguiram, ainda assim, ganhar alguma tracção entre a juventude lusitana da época.
Uma colecção completa das cartas Dragonflash. (Crédito da foto: OLX).
De índole muito semelhante às Super Cartas Majora ou aos posteriores BollyKaos, mas com os personagens do famoso 'anime' no lugar dos veículos das primeiras e dos monstros e extraterrestres genéricos dos segundos, as Dragonflash fomentavam a sempre considerável veia competitiva do seu público-alvo, incentivando não só ao coleccionismo como também à competição directa, como tinha sido também apanágio das promoções mais famosas da Matutano durante a década em causa. Isto porque o objectivo do jogo passava por ganhar as cartas do adversário, num processo que envolvia alguma sorte, já que a característica escolhida (Força, Defesa, etc.) tinha de ser menor do que a do personagem oponente para que esse objectivo fosse cumprido – regra que, por sua vez, fomentava o pensamento estratégico no momento da 'batalha'.
O inevitável 'Porta-Flash'. (Crédito da foto: OLX)
Apesar do conceito e licença mais do que comprovadamente apelativos, no entanto – e da presença de um 'estiloso' recipiente para armazenar as cartas, ou não fosse esta uma promoção da Matutano – os Dragonflash nunca conseguiram o mesmo sucesso 'universal' dos seus antecessores; não era incomum ver jovens a jogar logo após terem retirado as cartas dos pacotes de batatas, mas não se tratava do tipo de brinde que fizesse parar recreios, ao contrário do que haviam sido os Tazos e 'Tolas, nem que acabasse a adornar a prateleira do quarto, como as Caveiras Luminosas. Ainda assim, tratou-se de uma promoção de relativo sucesso à época, e cujo uso conjunto de dois dos principais elementos nostálgicos da infância 'millennial' portuguesa lhe outorgam, desde logo, lugar obrigatório nas páginas deste nosso 'blog' precisamente dedicado a esse assunto.