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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

08.01.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Um dos passatempos favoritos de qualquer criança é mexer em materiais ou substâncias moles ao tacto, as quais surgem, na maioria das vezes, associadas ao conceito de 'sujidade' e 'confusão', e tendem a ser vistas com desagrado pelos adultos; assim, não é de estranhar que a proposta de uma substância com estas características com que os adultos não tinham qualquer problema – e cujo uso até encorajavam – fosse recebida da melhor forma um pouco por todo o Mundo, Portugal incluído.

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Falamos da plasticina, a qual - com ou sem a marca Play-Doh – marcava quase obrigatoriamente presença no quarto de qualquer criança portuguesa nas décadas a que este blog diz respeito, fosse na sua vertente mais simples (um enorme bloco do qual se iam retirando pedaços conforme necessário) fosse através das mais complexas criações da referida Play-Doh, sendo que estas últimas tendiam a incluir também os acessórios necessários à criação do conceito proposto – por exemplo, o 'kit' de cabeleireiro incluía um 'modelo' de cabeça, através do qual se podia fazer passar a plasticina para criar 'cabelo'. Era esta junção perfeita de criatividade e prazer táctil que tendia a tornar os 'kits' de plasticina (ou, simplesmente, os referidos blocos, com a respectiva faca de plástico para cortar e alisar) um dos brinquedos favoritos de quem fazia do balde de LEGOs o centro das suas brincadeiras, e mesmo de quem, sendo menos criativo, gostava de passar uma tarde a amassar e esmagar pedaços de substâncias borrachentas, e ainda nunca tinha ouvido falar do Bostik...

Outra virtude da plasticina, e uma que, muitas vezes, passava despercebida, prende-se com o facto de a mesma preparar as crianças para outra substância semelhante que – pelo menos à época – fazia parte integrante de qualquer currículo de EVT do quinto e sexto ano: o barro. Talvez por isso, e apesar de as escolas primárias portuguesas não incluírem deliberadamente a plasticina no seu acervo de trabalhos manuais como o fazem as norte-americanas, por exemplo, a substância acabasse sempre por surgir, mais cedo ou mais tarde, em qualquer sala de aula do primeiro ciclo, e até do pré-escolar.

Considerações educativas à parte, no entanto, a plasticina era (e talvez ainda continue a ser) apenas e só uma ocupação divertida para fazer passar mais rápido um fim-de-semana de chuva – com a vantagem adicional de, uma vez finalizadas, as 'criações' dessa sessão poderem ser postas em exposição na prateleira, para mais tarde recordar...

28.07.22

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

E se na edição anterior desta rubrica falámos das canetas com vibração, chega agora a vez de falarmos do outro tipo de caneta praticamente sinónimo com essa altura da História, e que todo o estudante (sobretudo do sexo feminino) daquele tempo conhecia: a caneta multi-cores.

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Quem não se lembra?

De conceito extremadamente simples – tratavam-se, simplesmente, de vários 'tubos' de caneta, nas quatro cores mais comuns (azul, preto, verde e vermelho) inseridos num só invólucro exterior, o qual contava com um sistema de molas, que permitia escolher e activar a cor desejada, bastando para isso empurrar para baixo a mola da cor desejada, revelando e activando assim o bico dessa mesma cor; e quando se precisasse de trocar, bastava repetir o processo com a nova cor, sendo que, neste caso, a mola (e bico) anteriormente activados voltavam automaticamente à posição inicial, num efeito simultaneamente entusiasmante e frustrante (porque não terá, decerto, havido criança que não tivesse desejado poder utilizar dois bicos de cores diferentes, ou até todos, em simultâneo).

Apesar de serem, sobretudo, do agrado das raparigas (já que a metade masculina da população tem, famosamente, dificuldade em perceber a necessidade de canetas de outras cores que não o azul e preto) a verdade é que estes instrumentos não só permitiam a quem gostava de usar várias cores para tomar notas poupar no preço das canetas (não que as mesmas fossem muito caras, mas ainda assim...) mas também libertar no estojo espaço para as várias outras Quinquilharias de que aqui vimos falando, periodicamente, às Quintas-feiras - sendo as várias cores disponíveis, inclusivamente, benéficas ao criar uma delas, os icónicos Quantos-Queres.

Tal como muitos desses mesmos pequenos objectos, aliás, também estas canetas são, hoje em dia, visão menos comum nas prateleiras de lojas e estojos de estudantes do que em tempos foram – o que as torna, ainda mais, um elemento nostálgico da infância e adolescência de toda uma geração, hoje adulta, mas que certamente ainda se lembrará de usar este tipo de instrumento (em conjunto com os inevitáveis marcadores grossos, outro favorito das alunas femininas) para 'organizar' os apontamentos daquela disciplina particularmente difícil...

08.07.22

NOTA: Este post é correspondente a Quinta-feira, 08 de Julho de 2022.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

O fascínio que as canetas 'invulgares' exerceram (exercem?) sobre as crianças e jovens de uma certa idade é um fenómeno tão inexplicável como inegável, como qualquer pessoa que tenha crescido nos finais do século XX e inícios do seguinte certamente atestará. De facto, essa era da História parece ter sido particularmente prolífera em instrumentos de escrita que, mais do que apenas oferecer cores ou efeitos fora do comum (como as sempre populares canetas 'brilhantes') eram verdadeiros exemplos de inovação num campo que tende a ter como principais valores a simplicidade e a consistência.

O exemplo mais comummente recordado deste fenómeno eram (são) as famosas canetas multicores, em que a pressão numa das muitas patilhas localizadas em torno do instrumento activava a ponta da respectiva cor; no entanto, a década a que este blog diz respeito viu, ainda, nascer (e morrer) outro tipo de caneta, ainda mais invulgar e entusiasmante do que estas – as canetas vibratórias.

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Metade instrumento de escrita, metade curiosidade semi-carnavalesca (e, suspeitamos, capazes de suscitar polémica se comercializadas nos dias de hoje) estas canetas destacavam-se, sobretudo, pela função que lhes dava nome – nomeadamente, a possibilidade de, após inserida a quantidade correspondente de pilhas, activar uma função vibratória, que fazia tremer tanto a caneta como a mão de quem a empunhava, resultando em linhas, invariavelmente, tortas e repletas de 'zigue-zagues', a fazer lembrar um detector de mentiras ou monitor de pulsação cardíaca. Ao mesmo tempo, no entanto, o instrumento permitia um certo grau de controlo mesmo após activada esta função, o que permitia criar propositadamente linhas irregulares, transformando o que poderia ser um elemento causador de frustração no oposto – uma fonte de diversão para o utilizador da caneta.

Tal como tantos outros produtos de que falamos nestas páginas, as canetas vibratórias desapareceram tão celeremente como haviam surgido, não obstante a substancial popularidade de que gozavam como 'quinquilharia' de estojo de lápis – facto que talvez esteja ligado à predisposição por parte das crianças da época para as usarem como um autêntico (e, muitas vezes, único) objecto de escrita, sem que, ao mesmo tempo, fossem capazes de resistir à tentação de activar o seu 'efeito especial'...

Qualquer que tenha sido a razão por detrás da sua 'extinção' enquanto instrumento integrante dos estojos escolares infantis (apesar de, aparentemente, ainda serem comercializadas), é inegável que estas canetas marcaram quem com elas conviveu, e teve o privilégio de alguma vez as utilizar, justificando plenamente um lugar no pódio das 'quinquilharias' deste nosso blog.

14.10.21

NOTA: Este post corresponde a Quarta-Feira, 14 de Outubro de 2021.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

Numa altura em que o novo ano lectivo começa verdadeiramente a ‘engrenar’, muitas ex-crianças dos anos 90 – às compras com os filhos nos hipermercados e grandes superfícies por esse Portugal fora – certamente recordarão o tempo em que eles próprios precisavam de se ‘abastecer’ de todo o material necessário à aprendizagem; e certamente algumas das mais vivas memórias de todo esse processo terão a ver com a compra de materiais como cadernos e dossiers.

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Quem se lembra...?

Isto porque a década a que este blog diz respeito foi pródiga em ‘engendrar’ material escolar que quase fazia o fim das férias valer a pena, só pelo ‘gozo’ de poder mostrar aos colegas os novos cadernos. De linhas ligadas a licenças oficiais até ‘designs’ mais genéricos, mas não menos apelativos (quem não se lembra dos cadernos de espiral com motas, carros de corrida ou desenhos de flores?) a escolha era variada, existindo invariavelmente algo para todos os gostos.

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Lá por casa houve a dado ponto um destes...

O facto de a maioria destes materiais se encontrarem nos referidos hipermercados e 'shoppings' – implicando, portanto, a necessária viagem para serem adquiridos – apenas adicionava ao seu encanto, apesar de ter também o efeito colateral de fazer com que muitas crianças da mesma área ou escola tivessem os mesmos cadernos, o que os tornava um pouco menos únicos. Ainda assim, o sentimento de ‘pertença’ que essa situação acarretava acabava por compensar a perda de identidade única no que tocava a material escolar, levando a que muitos alunos não vissem na mesma qualquer problema. Lesados, mesmo, só acabavam por ficar os ‘coitados’ que haviam adquirido os materiais na sempre conveniente papelaria da esquina (ou da própria escola), e que acabavam invariavelmente com um caderno de capa lisa (normalmente azul, vermelha ou preta) e sem o mínimo interesse do ponto de vista estético.

Os cadernos não eram, no entanto, a única oportunidade de utilizar o material escolar para estabelecer uma identidade – havia outra forma, bastante mais vistosa, e como tal, consideravelmente mais importante para a maioria dos alunos portugueses dos anos 90; essa, no entanto, está mais ligada ao Style, pelo que dela falaremos na próxima Sexta…

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