25.03.22
Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.
Um dos principais aspectos da moda dos anos 90 – para além do seu gosto, muitas vezes, duvidoso – foi a sua compartimentalização, muitas vezes coincidente com o conceito de 'tribos urbanas' que continua, ainda hoje, a dividir a juventude ocidental. Em Portugal, concretamente, existiam as marcas 'de betinhos' - como a Lacoste, Polo Sport, Tommy, Gap, Sacoor, Quebramar ou Duffy, isto sem falar nos clássicos pólos de râguebi ou calças à boca de sino - as de surf, como a Billabong, Ocean Pacific, Body Glove, Scorpion Bay, Quiksilver, Hang Loose, Lightning Bolt ou O'Neill, as de desporto e moda casual (das muito imitadas Reebok, Adidas ou Puma às menos conhecidas Lotto, Umbro, Pony, Fila, Kappa, Sanjo ou Le Coq Sportif) e as alternativas ou 'radicais', normalmente (embora não exclusivamente) associadas ao movimento 'skater'. Dessas, já aqui abordámos, anteriormente, as 'sweats' da No Fear e marcas derivadas, e ainda os ténis Airwalk, acessório quase obrigatório para quem se considerasse (ou quisesse considerar) parte dessa 'tribo' nos anos finais da década; essas estavam, no entanto, longe de ser as únicas marcas que compunham essa sub-categoria da moda infanto-juvenil da época, pelo que, esta Sexta, falaremos de algumas das restantes.
A Dickies foi uma das muitas marcas a beneficiar da febre do 'skate' dos anos 90
E quem foi, quis ser, ou teve amigos que tenham sido, 'radicais' durante a referida década, bem como a seguinte, certamente já está a recitar uma litania de nomes que remetem directamente para o ensino preparatório e secundário – da Fishbone à Fubu, Etnies, Skechers ou Counter Culture, foram várias as marcas adoptadas pelos jovens de inclinação 'radical' durante essas duas épocas, muitas vezes como forma de emular os seus ídolos, que 'trajavam' de forma semelhante. Até mesmo marcas que não estavam directamente associadas à sub-cultura em causa – como a Dickies, cuja especialidade são roupas de trabalho para profissionais da área dos serviços – acabaram por beneficiar deste fenómeno, tendo gozado de alguns anos de grande popularidade entre o público jovem em geral, e entre os mais 'alternativos' em particular.
Como acontece com a maioria dos temas explorados nestas páginas, no entanto, também a moda dos desportos radicais evoluiu com o passar das décadas, voltando a assumir um carácter mais 'de nicho' do que tinha nos anos 90, em que qualquer mascote de desenho animado que se prezasse era vista em cima de um 'skate' pelo menos uma vez; por consequência, também as marcas associadas a este movimento (e outros igualmente alternativos) se tornaram presença menos comum na sociedade jovem nacional, acabando inevitavelmente por ser substituídas por uma 'nova geração' de logotipos, vestidos pela nova geração de 'skaters' e praticantes de BMX ou patins em linha. Quem fez parte dessa 'tribo' nos anos 90 e 2000, no entanto, terá sem dúvida disfrutado, nestes passados momentos, de uma agradável viagem nostálgica pelas marcas da sua infância e adolescência – e, quiçá, sentido sob os joelhos o atrito do asfalto da rua ou pátio da escola, indicativo de mais uma de muitas quedas...