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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.10.24

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Na breve elegia a Marco Paulo com que ocupámos o nosso 'post' anterior, fizemos fugazmente menção à carreira televisiva do cantor, que se soube reinventar como apresentador durante a década de 90; nada mais justo, pois, do que utilizarmos este espaço dedicado à TV portuguesa do referido período para explorar mais a fundo os dois programas que o ícone da música romântica apresentou na sua primeira passagem pelos ecrãs nacionais.

A primeira dessas duas emissões, que comemorou no passado mês de Abril trinta anos sobre a sua estreia, levava o título do maior êxito de sempre do cantor, utilizando-o como trocadilho inteligente com o recém-encontrado 'segundo amor' de Marco Paulo, a televisão. Nas palavras do próprio, 'Eu Tenho Dois Amores' procurava ser um programa de índole pessoal, cujo intuito passava, parcialmente, por permitir aos fãs do cantor descobrir detalhes sobre a sua carreira, podendo as questões ser enviadas por carta para serem lidas e respondidas em directo; além deste aspecto, o programa propunha também uma vertente de 'talk-show' mais tradicional, com convidados ligados ao entretenimento, com quem Marco Paulo trocava impressões, e números musicais. O sucesso foi imediato e retumbante, tendo a presença e carisma de Marco Paulo tornado o programa num sucesso de audiências, que logrou aproximar-se da centena de episódios ao longo de mais de um ano de transmissão semanal.

O sucesso desta primeira tentativa motivou uma segnnda, meros meses após o fim de 'Eu Tenho Dois Amores', e agora com um foco mais declarado na divulgação de números musicais, como indicava o próprio título, 'Com Música no Coração'. De facto, neste segundo programa, Marco Paulo retirava-se voluntariamente da ribalta, deixando o (literal) palco para os artistas convidados de cada programa poderem divulgar o seu trabalho, e ressurgindo apenas no final de cada música, para uma breve entrevista aos mesmos. Uma iniciativa louvável em prol da música popular portuguesa, ainda que focada apenas na de cariz mais popular – algo natural, tendo em conta o 'ideólogo' (ou, pelo menos, 'cara') do projecto – que conseguiu também algum sucesso, embora não tanto quanto o seu antecessor, mais centrado na personalidade forte e afável do cantor tornado apresentador.

Primeiro e último episódios do programa em causa.

E ainda que o fim de 'Com Música no Coração' assinalasse a 'retirada' de Marco Paulo dos ecrãs portugueses, o 'bichinho' da apresentação televisiva nunca deixaria o cantor, que acabaria mesmo por regressar à RTP uma terceira vez, mais de um quarto de século após a sua última transmissão, para um novo programa ao lado da popular humorista Ana Marques. Tal como os seus antecessores, 'Alô Marco Paulo' revelar-se-ia um sucesso, ficando no ar mais de três anos, e sendo apenas interrompido pelo agravamento do estado de saúde do cantor, que ainda assim compareceu semanalmente até meros meses antes da sua morte. Na 'hora' da despedida, fica a ideia de um artista multi-talentoso e multi-facetado, que conseguiu a proeza de ter tanto sucesso com o seu 'segundo amor' como com o primeiro, e cujo falecimento deixa na televisão portuguesa um 'buraco' apenas marginalmente menor do que o que criou no meio musical.

05.02.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

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A icónica família em versão animada.

As décadas de 80, 90 e 2000 viram chegar e popularizar-se em Portugal a forma de animação japonesa que viria a dominar a cultura 'pop' internacional no século e Milénio seguintes – o famoso 'anime'. Ainda longe da preponderância que obteriam em décadas subsequentes, no entanto, os 'desenhos animados japoneses' surgiam, na época, sob formas bem distantes daquelas por que são hoje conhecidos. Sim, havia meninas da escola com super-poderes, alguns cabelos espetados e a ocasional adaptação de um jogo ou brincadeira popular, mas qualquer destes géneros se encontrava em minoria; a maior parte das produções que chegavam ao nosso País apresentava um formato 'sanitizado' e 'ocidentalizado' da forma de arte em causa, explicitamente destinado a 'cair nas boas graças' de um público menos habituado a personagens de olhos grandes.

Tanto assim era que muitos dos 'animes' concebidos e exibidos durante este período eram co-produções euro-nipónicas, geralmente baseadas numa propriedade ocidental; exemplos desta tendência exibidos em Portugal durante os anos 90 incluem 'As Aventuras do Bocas', 'O Panda Tao-Tao', 'Fábulas da Floresta Verde' e os animes de Nils Holgersson, Tom Sawyer, Mogli, Cinderela, Zorro, Robin dos Bosques, Papá das Pernas Altas (que aqui em breve terá o seu espaço) ou mesmo versões animadas das histórias da Bíblia. A este grupo, há ainda que juntar mais uma produção, talvez ainda mais inesperada que qualquer das mencionadas, mas cujo material de base foi, ainda assim, considerado adequado para adaptação a desenho animado: 'A Família Trapp', o 'anime' baseado no imortal filme de 1966, 'Música no Coração'.

Sim, leram bem – 'Música no Coração' teve uma versão em animação japonesa, transmitida na RTP algures há trinta anos, na obrigatória versão dobrada, que dava à clássica canção de Maria Von Trapp nova letra em português, diferente da tradução já existente e gravada algumas décadas antes. Assim, aqueles que, como o autor deste 'blog', tiverem na cabeça uma letra em português para 'Dó-Ré-Mi' (bem como uma vaga recordação de uma Julie Andrews animada, de olhos grandes e iluminada em 'soft focus') e não souberem de onde provém, poderão ficar descansados, pois não se tratou de uma alucinação nem de um sonho – tal série existiu mesmo, e durou nada menos do que quarenta episódios.

A icónica música cantada por Julie Andrews servia de genérico à série, numa nova adaptação para Português.

Mais – embora este número possa parecer algo excessivo para adaptar um filme de duas horas e meia, o 'anime' é bastante fiel ao material de base, e mantém o espírito original do mesmo, nunca se aventurando pelas 'invenções' que marcavam as restantes adaptações acima mencionadas, o que faz com que valha bem a pena, para quem é fã do filme, procurar alguns episódios na Internet.

Apesar de bem conseguido, no entanto, 'A Família Trapp' é, sem sombra de dúvida, um produto 'do seu tempo', sem lugar na significativamente mais cínica, violenta e adulta cena 'anime' do século XXI; quem cresceu com este tipo de série como sinónimo da animação japonesa, no entanto, talvez desfrute da 'viagem ao passado' que esta e outras produções do mesmo estilo proporcionam, e consiga convencer os mais novos a 'embarcarem' também nela...

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