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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

21.01.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2025.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Ao chegar finalmente a Portugal, em meados da década de 90, a TV Cabo trouxe consigo uma gama de canais suficientemente vasta para deixar estarrecido qualquer espectador que apenas recentemente vira o seu espectro de escolha duplicar de dois para quatro canais abertos e generalistas. E se a maioria das novas adições à grelha eram importadas directamente do estrangeiro, sem alterações (como nos casos dos canais generalistas de outros países, ou de canais temáticos como o Cartoon Network, TCM, VH1 ou MTV, que surgiam nas suas versões Britânicas) outros tantos eram alvo de adaptações para a realidade nacional (como os canais de documentários ou o Eurosport, que surgia com comentários de jornalistas nacionais) e outros ainda eram de 'fabrico próprio', senão em Portugal, pelo menos na Península Ibérica. Entre estes últimos contavam-se canais tão icónicos como o Viver/Vivir (e o seu 'colega de casa' menos casto, o famoso 'canal 18') os ainda hoje existentes Canal Hollywood, Sport TV e Canal Panda (do qual aqui paulatinamente falaremos) ou a estação que abordamos neste artigo, e que marcou época entre os jovens melómanos ibéricos da geração 'millennial': o saudoso Sol Música.

Canal Sol Musica.jpg

Inicialmente com transmissão simultânea em Portugal e Espanha, o Sol Música iniciou as emissões em 1997, desde logo com uma proposta diferenciada: a de servir como alternativa ibérica aos canais de música internacionais, MTV e VH1, da mesma forma que o VIVA vinha fazendo em França – um desiderato atingido, sobretudo, com a inclusão de uma percentagem significativa de artistas portugueses ou espanhóis na sua rotação de vídeos. Assim, sem nunca descurar os sucessos internacionais 'da moda', o canal musical ibérico aproveitava, simultaneamente, para dar a conhecer à sua demografia-alvo bandas e cantores que, de outra forma, poderiam não ter gozado de tal nível de exposição, fomentando assim a cena musical dos dois países da Península.

Também por oposição à MTV e VH1, o Sol deixava a música falar (ou antes, tocar) mais alto, descartando a presença de apresentadores nos seus vários blocos musicais, e maximizando assim o tempo de transmissão de cada um deles, sem que se perdessem preciosos minutos com tentativas de entretenimento. Tal não significava, no entanto, que o canal não transmitisse notícias e reportagens sobre os principais acontecimentos da cena musical, apenas que essas emissões eram feitas de forma mais directa e assumida, e menos 'intermediada' – um risco que, apesar de tornar o canal menos apelativo para quem gostava dos 'video-jockeys' dos canais internacionais ou de programas como o 'Top +', o fazia também paragem de eleição para quem apenas queria 'ouver' videoclipes dos seus artistas e géneros musicais favoritos. Para estes, as noites de Sábado eram também um 'prato cheio', já que o canal dedicava este período a blocos de vídeos alusivos a apenas um artista ou banda, os quais podiam chegar a ser transmitidos durante várias horas.

Escusado será dizer que o sucesso do Sol Música foi quase imediato, tendo o mesmo granjeado suficientes audiências para justificar uma divisão 'regional', com o canal a dividir-se em dois (um para cada um dos países da Península Ibérica) há pouco mais de vinte e cinco anos, nas últimas semanas do século XX e do Segundo Milénio. Tal permitia aumentar ainda mais o volume de artistas nacionais integrados na programação de cada um dos canais, ajudando efectivamente a melhorar a proposta de valor inicial do canal, e a divulgar um maior número de bandas e artistas da cena musical de cada nação.

Apesar das aparentes vantagens desta divisão, no entanto, a mesma viria mesmo a representar o 'início do fim' das emissões do Sol Música em Portugal. De facto, apesar do continuado sucesso de que o canal ainda vem gozando no país vizinho, a vertente portuguesa do mesmo apenas duraria até 2005, altura em que as mudanças de paradigma a nível do consumo tanto de música como de televisão (e subsequente redução dos volumes de audiências) ditaram a substituição do Sol Música pelo Biography Channel – um daqueles canais 'para encher chouriços' da actual grelha da TV Cabo, cujo volume de audiências dificilmente ultrapassará o do seu antecessor. Talvez mais significativamente, esta alteração vinha acabar com uma 'era' da TV Cabo, e remeter ao domínio da memória nostálgica um canal com uma proposta verdadeiramente inovadora (e plenamente atingida), que terá ajudado a apresentar a grande parte da juventude 'millennial' portuguesa alguns dos seus artistas musicais favoritos (quer através dos videoclips, quer da compilação em CD que lograria lançar já nos primeiros meses do Novo Milénio), e que, vinte anos após a sua extinção e um quarto de século após a 'divisão' em dois, continua a representar um 'buraco' ainda por preencher na grelha a cabo nacional.

24.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-feira, 23 de Dezembro de 2024.
 
Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.
 
Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.
 
Já aqui anteriormente falámos dos concursos de talentos vocais infantis, um formato muito popular na última década do século XX, e que, em Portugal, ficava ligado sobretudo à época natalícia, altura em que era invariavelmente transmitido o 'Sequim d'Ouro', o clássico festival internacional com sede em Itália e que visava apurar o melhor mini-cantor do Mundo. Talvez por isso a SIC tenha escolhido, precisamente, a Véspera de Natal para lançar aquela que era, essencialmente, uma versão nacional desse tradicional certame, e que adoptava mesmo uma expressão italiana para a sua denominação.
 

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De facto, essa astúcia ao nível do 'timing' permitiu a 'Bravo Bravíssimo' encontrar de imediato um público mais do que receptivo logo a partir da estreia, há exactos trinta anos, na Consoada de 1994. Tão-pouco viria esse sucesso a diminuir a curto prazo - pelo contrário, 'Bravo Bravíssimo' viria a manter-se no ar durante nada menos do que oito anos (sobrevivendo, inclusivamente, à passagem do Milénio) sempre com um formato imutável, com Ana Marques e José Figueiras como apresentadores, e com níveis de adesão na casa dos milhares de crianças, todos com esperança de serem considerados as novas 'mini-estrelas' nacionais. O aspecto diferenciado em relação a 'Sequino d'Ouro' ficava por conta dos campos abrangidos e aceites no programa, que extrapolavam a música e o canto e se estendiam à dança e até mesmo à ginástica, dando assim oportunidade a que ainda mais crianças mostrassem os seus talentos ao País em geral. E a verdade é que, de entre os muitos nomes que passaram pelo programa ao longo dos seus oito anos, alguns viriam mesmo a tornar-se conhecidos do grande público num contexto mais geral e alargado, como é o caso do futuro vencedor do Festival da Eurovisão, Salvador Sobral, do fadista Ângelo Freire, ou do artista de dobragens Fernando Fernandes, ou FF.
 

 
De muitos outros, não reza necessariamente a História, mas mesmo esses terão tido, depreende-se, alguns benefícios a curto prazo resultantes da sua participação no programa, sobretudo se bem qualificados. E ainda que 'Bravo Bravíssimo' tenha, eventualmente, chegado ao fim natural do seu ciclo de vida - embora parecesse ainda ter algo a oferecer ao paradigma televisivo de inícios do século XXI - o legado que deixou ao fim de oito anos foi suficiente para o tornar um dos mais emblemáticos programas televisivos do seu tempo, e o cimentar como parte da memória nostálgica dos 'millennials' portugueses, que tinham a mesma idade dos concorrentes à altura da estreia e provavelmente sonhavam, como eles, poder ir à televisão mostrar os seus talentos 'ao Mundo'; para eles, aqui fica a recordação, por altura dos exactos trinta anos da primeira transmissão do programa.
 

14.10.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

De entre as muitas salas de espectáculos e bares da noite lisboeta, o Rock Rendez-Vous foi, a par do Johnny Guitar, uma das mais históricas e influentes, e continua até hoje a ser das que mais memórias e nostalgia despertam entre os portugueses de uma certa idade e com gosto pela música. E ainda que os muitos concertos ali realizados tenham uma palavra a dizer no tocante a esse estatuto, é inegável que grande parte do mesmo se devia ao histórico Concurso de Música Moderna, tão sinónimo com o espaço que muitas vezes se confunde com o mesmo, naquilo a que hoje se chama um 'efeito Mandela'.

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O livre-trânsito de uma das bandas a concurso, os Gritos Oleosos.

De facto, foi o referido concurso - realizado consecutivamente entre 1984 e 1989 – que deu a conhecer grupos como os Mler Ife Dada (vencedores da primeira edição), Ritual Tejo e Sitiados, todos os quais tiveram oportunidade de gravar para a Dansa do Som, a editora ligada ao concurso e ao próprio Rock Rendez-Vous em si. Assim, não é de estranhar que, cinco anos após a última edição anual, a competição tenha sido 'revivida' a título esporádico, e proporcionado uma despedida 'em alta' para um dos grandes eventos musicais do Portugal oitentista. Isto porque o sétimo e último Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous - levado a cabo há quase exactos trinta anos, a 16 de Outubro de 1994 - teve honras de transmissão na RTP, um facto que demonstra bem a importância cultural e mediatismo que o evento havia adquirido desde a sua criação, dez anos antes.

Curiosamente, esta última edição do concurso manteve a tendência, verificada na esmagadora maioria dos seus antecessores, de atribuir a vitória a bandas que acabariam por nunca singrar, pese embora o disco lançado como prémio pela classificação no concurso. Para a História, nesta 'reencarnação' do evento, ficavam Drowning Men (mais tarde Geração X, e depois Os Vultos), Jardim Letal e Neura, nenhum dos quais é hoje lembrado ou conhecido pela esmagadora maioria da população nacional, até mesmo a que era já viva à época. O único nome 'sonante' desta edição de 1994 seria, assim, o dos Ornatos Violeta, que levavam para casa o último Prémio de Originalidade alguma vez atribuído pelo Rock Rendez-Vous, saindo assim como nome destacado da última edição de um certame histórico do panorama musical português.

A extinção do Concurso de Música Moderna não significaria, no entanto, o fim do nome Rock Rendez-Vous, o qual seria 'repescado', já no Novo Milénio, para título de uma compilação de novos talentos lançada pela Worten, em homenagem às edições do mesmo tipo que a Dansa do Som fazia sair durante o seu período áureo. E apesar de o local em si, bem como o nome, terem entretanto voltado a mergulhar nas 'brumas' da memória, haverá sempre uma certa faixa etária de portugueses para quem aquelas três palavras meio 'estrangeiradas', e o concurso que lhes estava associado, serão, eternamente, sinónimas com o melhor que se fazia, e fez, no meio pop-rock e alternativo em Portugal.

18.09.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Hoje em dia, um grande concerto dado por um artista de renome internacional num palco com destaque não é, de todo, novidade para os melómanos portugueses, já que os cada vez mais incontáveis festivais de Verão ajudam, a cada ano, a colocar Portugal no 'mapa' musical mundial. Esta é, no entanto, uma situação relativamente recente, sendo que mesmo a maioria dos membros da geração 'millennial' se lembra de uma época da História em que havia menos de uma mão-cheia de concertos verdadeiramente 'grandes' por ano, normalmente dados em estádios, o equivalente da altura aos grandes pavilhões e palcos exteriores de hoje; e porque uma dessas raras ocasiões teve lugar há quase exactos trinta anos, a 11 de Setembro de 1993, iremos esta semana dedicar-lhe algumas linhas, depois de um erro de cálculo ter feito com que ignorássemos involuntariamente a efeméride na data do seu verdadeiro aniversário. Mais vale tarde do que nunca, no entanto, pelo que recordemos a passagem dos 'gigantes' Bon Jovi pelo Estádio de Alvalade, naquele fim de verão de há três décadas atrás.

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O vocalista durante o concerto em causa.

Em 'estado de graça' após uma sequência de álbuns extremamente bem-sucedidos, o quinteto oriundo de Nova Jérsia aterrava no nosso País pela segunda de seis vezes para promover o seu à época mais recente álbum, 'Keep The Faith', lançado em finais do ano anterior e que liderava inclusivamente, naquela segunda semana de Setembro de 1993, as tabelas de vendas fonográficas portuguesas. E porque a passagem anterior datava já de 1989 (altura em que promoviam, no velhinho Dramático de Cascais, o também excelente 'New Jersey' - que, curiosamente, completa também  esta semana, a 19 de Setembro, exactos trinta e cinco anos sobre o seu lançamento) era compreensível a considerável excitação dos fãs quanto ao regresso da banda – uns porque não tinham tido ensejo de os ver quatro anos antes, outros porque queriam voltar a vibrar com os 'hinos' do grupo, ou simplesmente admirar os atributos físicos do vocalista e líder, um dos mais famosos e destacados 'sex-symbols' juvenis da década. Prova desse mesmo entusiasmo eram os diversos concursos radiofónicos alusivos ao concerto, e que permitiriam a alguns 'sortudos' visitar os bastidores da actuação e conhecer em primeira mão a banda.

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O grupo promovia, à época, o álbum 'Keep the Faith', que liderava as tabelas fonográficas portuguesas naquele mês de Setembro de 1993.

UHF e Billy Idol – eles mesmos nomes destacados das respectivas cenas musicais – tinham naquela noite a ingrata tarefa de 'aquecer' um público a quem interessavam, sobretudo, os cabeças de cartaz; e a verdade é que, quando finalmente subiram ao palco, Jon e companhia não desiludiram, pondo em cena um espectáculo memorável, cujo ponto alto via Bon Jovi empunhar uma bandeira 'luso-americana', que depois atiraria para o público, num daqueles 'truques de palco' tão 'batidos' quanto eficazes. O alinhamento era, também ele, de luxo, dando previsível ênfase ao álbum mais recente, mas não esquecendo as 'malhas' do passado, e abrindo mesmo espaço a alguns 'covers' bem clássicos, de nomes como Jimi Hendrix. Foram quase exactas duas horas (incluindo dois 'encores') e mais de uma dezena e meia de temas de 'hard rock' radiofónico, daquele que, tendo já os dias contados, ainda ia subsistindo na era pós-Nirvana, muito por conta de grupos como os Bon Jovi, e espectáculos como os daquela noite em Alvalade.

A banda norte-americana ainda voltaria, aliás, uma segunda vez ao nosso País (e ao Estádio de Alvalade) durante a década de 90, pouco menos de dois anos depois, durante a turnê de 'These Days'; seguir-se-iam, já no Novo Milénio, mais três concertos, em 2008, 2011, e 2013, sempre no Parque da Bela Vista, em Lisboa, palco do famoso Rock In Rio. No entanto, para os fãs portugueses de uma certa idade, é aquela actuação em 1993 que fica na memória,sendo hoje considerada como um dos melhores concertos ao vivo da época. E para que essa mesma faixa demográfica possa recordar essa grande noite, e quem era, à época, demasiado novo para ir a concertos possa 'sentir' um pouco do que ali se passou, deixamos abaixo o concerto integral, com os cumprimentos do YouTube. Vejam, portanto (ou revejam), e tirem as vossas próprias ilações...

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