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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

09.06.25

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Numa altura em que Portugal ainda 'ecoa' com o impacto da passagem dos Guns'n'Roses pela normalmente pacata cidade de Coimbra, nada melhor do que recordamos a primeira (e não menos memorável, embora por razões diferentes) visita do grupo de Axl Rose a Portugal, há pouco mais de trinta e três anos, a 2 de Julho de 1992.

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Embora a sua formação e ascensão se tenha dado em finais dos anos 80, em inícios da década seguinte, a 'trupe' californiana tinha ainda reputação e renome suficientes para encher o antigo Estádio José Alvalade (que ainda nem sonhava em ser XXI, e que era então um dos locais mais frequentes para grandes concertos na capital, onde também tocariam GNR e Bon Jovi, entre muitos outros) com cerca de cinquenta mil pessoas, e gerar entre os jovens portugueses da época - que só conheciam a banda dos discos, videoclips no 'Top +', reportagens no lendário 'Blitz', e eventualmente um ou outro álbum pirata - aquele tipo de burburinho que apenas os artistas mais famosos e conceituados são capazes de suscitar. Todos antecipavam uma grandiosa noite de 'rock'n'roll' pleno do tipo de excessos característicos de Axl e companhia, e a aproximação da data apenas fazia crescer o entusiasmo e excitação por ver de perto aqueles que eram, a par dos Bon Jovi e dos recém-consagrados Nirvana, as maiores estrelas de 'rock' da época.

A noite haveria, no entanto, de se saldar em desilusão para os cinquenta milhares de 'almas' que 'maltrataram' o antigo relvado do Sporting Clube de Portugal, já de si 'estafado' após uma longa época de futebol. Entre a prestação frouxa dos Soundgarden (a antítese completa do que eram os Guns, tanto a nível musical como de atitude perante a vida) e o acidente que viria a ditar o rumo do restante evento, o resultado final acabou por não encher as medidas ao público, 'salvando-se' a movimentada actuação dos Faith No More, também eles uma escolha algo peculiar para banda de abertura. E seria mesmo Mike Patton o 'culpado' pelo que se seguiria, ao incentivar a audiência a atirar-lhe a ele as garrafas de plástico que arremessavam entre si. O público não se fez rogado, 'inundando' o palco de 'projécteis' com 'recheio' e dando muito que fazer aos funcionários do evento. Tanto assim que, sem mãos a medir, um dos ditos-cujos acabaria por se 'esquecer' de uma garrafa em palco, na qual Axl Rose viria a tropeçar logo no início do concerto principal, 'estatelando-se' ao comprido.

Para seu crédito, o vocalista não se deixou logo dominar pelo seu famoso 'génio', cantando ainda dois temas deitado no chão. No entanto, acabaria mesmo por 'desaparecer' para as traseiras do palco durante cerca de dez minutos, obrigando os colegas da formação clássica dos Guns a improvisar. Mesmo após a volta, Axl vinha mal-disposto, e chegaria mesmo a parar mais uma vez o concerto ao ver alguém atirar um 'very light'. Ao contrário do que acontecera em outras ocasiões, no entanto, os Guns terminariam mesmo o seu 'set', tocando cerca de duas horas; no entanto, os percalços vividos afectariam mesmo a 'performance' dos músicos, a qual ficaria aquém das expectativas de quem pagara bom dinheiro (cinco mil escudos, uma 'fortuna' para a época) para ver as super-estrelas de 'rock' norte-americanas.

Ainda assim, e apesar do ligeiro desapontamento, quem esteve no 'velhinho' Alvalade naquela noite de Verão de 1992 teve a oportunidade de ver uma das maiores bandas de sempre, no seu auge e com a formação clássica – algo que, meros anos depois, se afiguraria impossível, e que acaba por fazer valer bem o preço do bilhete, mesmo para um concerto 'arrasado' 'a posteriori' pela crítica especializada, e que esteve longe de ser um clássico à altura da fama do nome que o encabeçava. Para quem quiser recordar, fica abaixo o vídeo do concerto completo, que permite 'mergulhar' em toda uma outra era...

27.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 25 e Segunda-feira, 26 de Maio de 2025.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Já aqui em ocasiões passadas falámos dos instrumentos musicais de brincar, os quais ocupavam uma 'zona cinzenta' entre a autenticidade e a pura fantasia, e permitiam às crianças não só fazer de conta que eram músicos famosos mas também, caso desejassem, explorar e desenvolver as suas capacidades e talento para a música. Apesar do destaque que então lhes outorgámos, no entanto, estes estavam longe de ser os instrumentos mais comuns ou populares entre as crianças portuguesas das gerações 'X' e 'millennial'; pelo contrário, havia um outro que, por ser simultaneamente mais barato e mais acessível, acabava por surgir com muito maior frequência nos Domingos Divertidos dessa demografia,

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Pequena e 'descartável' o suficiente para quase se poder qualificar para as Quintas de Quinquilharia, a harmónica era um daqueles 'brindes' que facilmente se traziam para casa após uma visita à drogaria ou loja dos 'trezentos', e que se 'desenterrava' periodicamente do 'desterro' da gaveta para alguns minutos bem passados a tentar 'tirar' ou criar músicas. Normalmente feitas em metal meio 'dourado' e sem quaisquer adereços – se bem houvesse também versões adornadas com desenhos apelativos para o público infantil – as também chamadas 'gaitas de beiços' não permitiam grande amplitude no tocante à composição, mas colmatavam essa desvantagem com o facto de serem fáceis de tocar, levando a que a maioria das crianças acreditasse saber fazê-lo – o que, escusado será dizer, nem sempre era verdade. Aliado à irresistível apetência para 'fazer barulho' partilhado pelas sucessivas gerações de crianças um pouco por todo o Mundo, e à facilidade de substituição quando inevitavelmente se amolgassem ou perdessem, este factor contribuía para fazer das harmónicas um daqueles objectos que 'viviam' na 'periferia' da vida quotidiana das gerações em causa, estando normalmente à distância de um braço, prontas a serem 'repescadas' para mais uma 'sessão compositiva'.

Tal como muitos outros produtos de que aqui vimos falando (brinquedos e não só) as harmónicas tiveram uma saída extremamente discreta do mercado português, com pouca ou nenhuma percentagem do seu público-alvo a dar pela sua falta, e gerações subsequentes a nunca sequer saberem da sua existência. Durante o seu período áureo em finais do século XX, no entanto, as 'gaitas de beiços' representaram um daqueles passatempos 'perenes', perfeitos para 'tapar buracos' durante um Domingo Divertido.

12.05.25

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Qualquer melómano velho o suficiente para ter tido interesse em música em inícios dos anos 90 não hesitará em apontar essa época como a era do nascimento do 'rap' e 'hip-hop' em Portugal, pelo menos no que ao 'mainstream' diz respeito. De facto, a primeira metade da última década do século XX marcava o momento em que o estilo musical nascido e popularizado do outro lado do Oceano Atlântico na década anterior extravasava a presença maioritariamente 'clandestina' que marcava nos bairros periféricos das grandes cidades, e 'explodia' nos ouvidos de toda uma geração de jovens prontos a receberem e assimilarem aquelas palavras de ordem e crítica social em ritmo sincopado. O culminar desta ascensão do chamado 'hip-hop tuga' seria, claro, a colectânea 'Rapública', lançada em 1994 e que popularizaria nomes como Black Company ou o produtor, Boss AC; no entanto, logo nos primeiros meses da década, já um grupo de jovens da mesma zona na Margem Sul do rio Tejo se havia aventurado na organização do primeiro festival de 'rap' nacional. Entre eles, encontrava-se um MC em ascensão, e que em breve viria a deixar a sua marca no panorama do 'rap' nacional: o moçambicano Sergio Matsinhe, mais conhecido pelo 'nome de guerra' General D.

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Membro fundador dos supracitados Black Company (embora já não fosse a tempo de desfrutar dos benefícios trazidos pelo mega-sucesso 'Nadar') e envolvido em inúmeros outros projectos da cena à época, General D destacava-se pela 'africanidade' que injectava no seu 'rap'/'hip-hop', fosse no aspecto musical, fosse na grafia das letras ou mesmo na forma como as interpretava. Esta vertente algo mais original do que a média, bem como mais flexível e versátil, não tardou a colocá-lo no 'radar' de artistas mais comerciais, tendo a primeira gravação do jovem MC sido como convidado num tema dos Pop Dell'Arte, em 1990. Ainda antes de qualquer registo próprio, D surge também como um dos compositores e intérpretes da banda sonora de 'Até Amanhã, Mário', de 1993, um dos poucos filmes portugueses da época a granjear atenção por parte do público.

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Com tal nível de exposição mediática, o surgimento de registos próprios era inevitável, e, em 1994, General D lança mesmo o seu primeiro EP, o provocatoriamente intitulado 'PortuKKKal É Um Erro'. Esta denominação, aliada às letras críticas do racismo vigente na sociedade portuguesa, caíram como uma 'pedrada no charco' da bem-comportada cena musical nacional, e valeram a D a presença em muitas plataformas de debate público, para discutir os problemas vividos por imigrantes, retornados e seus descendentes no Portugal daquela época.

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Longe de 'descansar sobre os louros', no entanto, General D voltava ao 'ataque' menos de um ano depois, desta vez com um longa-duração, em conjunto com o grupo Os Karapinhas. O título 'Pé Na Tchôn, Karapinha Na Céu' deixa desde logo bem evidente a filosofia e atitude perante a vida de General D, embora se afirme como algo introspectivo e humilde face à barragem de ácidos comentários tecidos pelo MC nas suas letras. Um registo cáustico, mesmo para os padrões do 'hip-hop', e que posicionava General D como um dos principais 'activistas' da cena nacional, bem mais engajado e combativo do que os muito mais explicitamente comerciais Da Weasel, ou mesmo do que a maioria dos nomes presentes em 'Rapública'. O vídeo de 'Black Magic Woman' (que, ao contrário do que se possa pensar, não constitui uma versão da música dos Fleetwood Mac) estava também em alta rotação nos programas de 'videoclips' nacionais, cimentando o estatuto de Boss AC como uma das grandes 'esperanças' do 'rap' nacional, uma reputação que apenas aumentaria com participações em temas de Cool Hipnoise e Ithaka.

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O passo final na evolução de D seria, no entanto, dado apenas dois anos depois, em 'Kanimambo', o segundo (e, até hoje, último) álbum do MC. Agora acompanhado por colaboradores de luxo, como António Chainho ou o congénere brasileiro Gabriel o Pensador, o General debitava mais uma série de temas cáusticos (embora também mais trabalhados) que lhe permitiam continuar a 'somar e seguir' na cena. Uma bem-sucedida 'tournée' por Portugal, Espanha e França parecia anunciar a 'explosão' definitiva de D, o qual, concluída a mesma, se deslocaria até à Jamaica para trabalhar com os renomados Sly and Robbie...

...e não voltaria a ser visto durante quase duas décadas.

De facto, seria apenas em 2014 que um jornalista seguiria o 'rasto' de Sergio Matsinhe, vindo a encontrá-lo em Londres. Em entrevista exclusiva, o MC revelava ter passado maus momentos tanto na capital britânica como nas ruas de Nova Iorque, vivendo uma existência muito distante dos dias de glória nos palcos nacionais. A entrevista, e respectiva capa, ajudavam o General a regressar à consciência popular dos melómanos nacionais, mesmo a tempo da reedição dos seus dois registos, em 2015. O regresso aos palcos, no entanto, dar-se-ia apenas quatro anos depois, num evento na Altice Arena que reunía muitos dos 'pais fundadores' do 'hip-hop tuga' – não só General D, como também Boss AC, Black Company ou Chullage, entre outros. Um final merecidamente apoteótico para uma carreira (e vida) que foi do Céu ao Inferno, sempre de pés no chão e carapinha no ar, e que continua, até hoje, a deixar a sua marca em todo um movimento musical.

01.04.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Segunda-feira, 30 de Março de 2024.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

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A chegada a Portugal da TV Cabo abriu novos horizontes aos quais o português médio não estava, de todo, habituado. Mesmo quem tinha televisão por satélite gozava de pouco mais do que alguns canais adicionais (e nem sempre com transmissão clara) enquanto que o novo serviço punha à disposição dos seus assinantes centenas de canais de uma só vez, todos (ou quase) com transmissão perfeita, e dentro dos mais diversos 'nichos' especializados. Para os espectadores mais jovens, em particular, isto representava uma amplitude consideravelmente maior no tocante a canais desportivos, de desenhos animados e, claro, de música, um dos mais perenes e intemporais interesses de qualquer criança ou adolescente.

E se os 'millennials' lusitanos haviam, até então, tido de se contentar apenas com o icónico 'Top +', a TV Cabo veio trazer-lhes a possibilidade de sintonizar canais de que, até então, apenas se ouvia falar em filmes ou programas de televisão estrangeiros, como a MTV e o VH1. De súbito, aquela parca 'horinha' semanal de 'videoclips' e êxitos de tabela transformava-se numa emissão praticamente perpétua, composta não só pelos vídeos 'da moda' como também por entrevistas a músicos e bandas, galas (como os icónicos MTV Video Music Awards, que mantiveram acordados pela noite dentro muitos jovens da época) notícias do foro musical, programas de curiosidades (como o 'Pop-Up Video' do VH1) documentários biográficos (como o lendário 'Behind The Music', do mesmo canal) e até conteúdos apenas tangencialmente ligados ao Mundo da música, os quais viriam, eventualmente, a 'tomar de assalto' a MTV, e a escorraçar os vídeos musicais pela qual a mesma se tornara conhecida.

Tal situação ainda estava, no entanto, a alguns anos de distância, pelo que os 'millennials' portugueses puderam, ainda, viver o 'auge' dos dois canais, a par da 'alternativa' nacional Sol Música (que já aqui teve o seu espaço) e do canal alemão VIVA, que permitia conhecer algumas das 'bizarrias' que iam fazendo sucesso na Europa Central. Um 'cardápio' com algo para todos os gostos, que não podia deixar de satisfazer os melómanos inveterados – mesmo faltando nele alguns 'ingredientes-chave', como o 'Headbangers' Ball', o programa de hard rock e heavy metal da MTV norte-americana, mas que não fazia parte da grelha da inglesa.

E se as constantes reestruturações de canais da TV Cabo vieram relegar estes canais de música para longe dos lugares de destaque que então ocupavam, a verdade é que pelo menos um – a MTV – 'resiste ainda e sempre ao invasor', qual Astérix dos canais musicais. Infelizmente, mesmo esse canal se encontra, hoje, muito desvirtuado, e quase irreconhecível para quem o conheceu nos anos 90 e 2000, quando – ao lado dos 'irmãos' nacionais e estrangeiros – constituiu um dos principais atractivos para se tornar assinante do novo e revolucionário serviço de televisão por cabo, e fez a alegria de milhares de jovens de Norte a Sul do País com as suas novidades áudio-visuais e culturais.

17.03.25

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

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Sim, tecnicamente, é 'batota' incluir um álbum musical lançado em 2022 num 'blog' sobre as décadas finais do século XX; no entanto, quando esse mesmo CD traz na capa um icónico 'Walkman' amarelo, e consiste de 'clássicos' radiofónicos por grupos como Os Lunáticos, Anjos, Santamaria ou Resistência, não há como não lhe dedicar espaço nestas nossas páginas. E embora haja que reconhecer que, passado o agradável 'choque' nostálgico, o alinhamento está longe de ser perfeito – as bandas acima citadas 'repetem' na segunda metade do disco, ao mesmo tempo que artistas tão ou mais seminais, como Silence 4, Excesso, D'ArrasarSantos & Pecadores, Pedro Abrunhosa, Paulo Gonzo ou Fúria do Açúcar, entre tantos outros, ficam de fora – o projecto em si é, ainda assim, de louvar, e deverá agradar a qualquer português das gerações 'X' e 'Millennial', mesmo sem lhe encher totalmente as medidas, e falhando no essencial da sua missão de capturar uma 'Polaroid' dos 'tops' nacionais da época. Fica lançado o repto para um potencial segundo volume; entretanto, podem recordar tempos mais simples e despreocupados ouvindo a primeira colectânea no Apple Music – embora, infelizmente, ainda não no YouTube...

04.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-feira, 03 de Março de 2025.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

No que toca ao mundo da música, a Finlândia é normalmente associada, sobretudo, a sonoridades mais pesadas, inseridas no âmbito de géneros como o metal ou o rock gótico. Há quase exactos vinte e cinco anos, no entanto - nos meses da viragem do século e Milénio - o país escandinavo seria responsável por aquela que seria a grande música do primeiro Verão do século XXI, uma faixa de electrónica dançável que conseguia gerir perfeitamente as vertentes mais 'credível' e mais comercial, e que colocou a juventude do ano 2000, em Portugal e não só, a 'rappar' e a tentar inventar coreografias para acompanhar a batida.

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Falamos de 'Freestyler', o único êxito do duo conhecido como Bomfunk MC's, e que ajudou (e de que maneira!) a catapultar as vendas do álbum de estreia do mesmo, 'In Stereo', lançado no ano anterior. Com a sua mistura de hip-hop e batidas electrónicas, bem típica da época (sonicamente próxima de um Fatboy Slim, Prodigy ou mesmo dos momentos mais 'agitados' de uns Gorillaz) a música conquistou de imediato os corações de grande parte das gerações 'X' e 'millennial', passando desde logo a integrar a banda-sonora de muitos eventos e festas privadas levadas ao cabo ao longo dos seis a doze meses seguintes ao seu lançamento na Europa, em Fevereiro de 2000.

Esse sucesso levou, por sua vez, a que as referidas demografias descobrissem, também, 'malhas' como 'B-Boys Fly Girls' e 'Uprocking Beats', que, embora constituíssem meras variações da mesma fórmula, eram também dotadas de refrões suficientemente apelativos para 'ficarem na cabeça', sendo mesmo possível que alguns os tenham retido durante os vinte e cinco anos transactos.Infelizmente, o álbum caía na habitual armadilha de colocar todas as melhores músicas na frente, fazendo com que poucos chegassem alguma vez a passar de meio do álbum.

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Ainda assim, no entanto, as três músicas referidas teriam sido mais que suficientes para colocar os Bomfunk MC's no mapa; infelizmente, no entanto, tal não foi o caso, com os dois álbuns seguintes da dupla a passarem totalmente despercebidos no mercado europeu (ao ponto de poucos saberem que os mesmos existem), tendo o duo vindo a separar-se pouco depois do lançamento do terceiro LP, em 2005. Treze anos depois, no entanto, os Bomfunk voltavam à activa – e apesar de essa reunião não ter, até agora, rendido frutos, será talvez legítimo esperar que, a qualquer altura, o duo possa resumir a carreira do ponto em que a deixaram, com o lançamento de alguns 'singles' ou mesmo de um quarto álbum. Resta saber se o nome por si só chegará para reconquistar uma audiência para quem os finlandeses nada mais são do que uma recordação ligada a festas de Verão na infância e adolescência, e que provavelmente ainda hoje pensam que o jovem de 'rastas' que se passeava pelo vídeo oficial de 'Freestyler' – e que surgia na capa do 'single' - era um dos integrantes do grupo...

09.02.25

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

O gosto pela música é uma das características mais inatas do ser humano, revelando-se, muitas vezes, logo desde tenra idade; o mesmo se passa com a tendência para imitar os gestos e comportamentos dos adultos, que principia assim que a criança tem idade suficiente para estar ciente do que a rodeia, e tomar decisões conscientes. Assim, não é de surpreender que um dos muitos brinquedos de sucesso entre as crianças dos anos 80 e 90 tenha tido por base uma combinação destas duas vertentes com a tecnologia da época, com um resultado final que não poderia deixar de ser irresistível. Nada melhor, portanto, do que dedicar mais um 'post' duplo a esta 'pérola' algo esquecida de muitos Domingos Divertidos.

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Falamos do gira-discos de brincar da Fisher-Price, o qual emulava o principal método de reprodução musical da época pré-dispositivos portáteis, mas substituindo as frágeis circunferências de vinil estriado por algo bastante mais resistente e adequado a ser manuseado pela demografia-alvo do brinquedo – no caso, discos em plástico duro, cada um deles codificado com uma respectiva cor pastel, que permitia às crianças em idade de pré-literacia saber que música neles estava contida sem, para isso, precisar de decifrar qualquer rótulo. Os temas, esses, consistiam de uma selecção de temas de domínio público, alguns deles especificamente criados para um público infantil (como 'A Ponte de Londres') e outros apenas de cariz apelativo para o mesmo (como a valsa 'Danúbio Azul'). E, apesar da 'distorção' natural derivada dos limitados aspectos técnicos do produto, a verdade é que cada um destes temas era perfeitamente inteligível, e muito agradável de ser ouvido.

No restante, o brinquedo funcionava exactamente como uma versão simplificada de um verdadeiro leitor de LP's, com o disco a ter de ser inserido no prato, a agulha posta em contacto com o mesmo e a corda dada antes de a canção poder ser reproduzida – uma mecânica que obrigava a criança a despender esforços mentais e processuais, ao mesmo tempo que lhe dava a conhecer o funcionamento de um gira-discos de verdade, como o que os pais possivelmente teriam na sala de casa. Assim, não é de admirar que muitos Domingos Divertidos se tenham transformado em Segundas de Sucessos graças a este 'sucedâneo' infantil de um produto para adultos, e à meia-dúzia de 'singles' incluídos no mesmo, que terão ajudado muitas crianças (portuguesas e não só) a descobrir e nutrir o gosto pela música.

Infelizmente, a era do CD viria a tornar este tipo de brinquedo obsoleto, nunca tendo havido uma 'versão' do mesmo em formato de Discman ou 'tijolo'. Assim, é provável que apenas os mais velhos de entre os leitores deste blog – crescidos ainda na era do vinil – recordem este saudoso produto; para esses, no entanto, é bem possível que este 'post' tenha despoletado uma vaga de nostalgia, e um daqueles momentos de recordação da infância (e respectivas exclamações de surpresa e espanto) tão característicos da natureza humana...

03.02.25

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

As colectâneas de músicas populares ou de domínio público interpretadas por artistas ou grupos anónimos têm, desde sempre, representado uma forma fácil e em conta de fazer dinheiro, através da combinação vencedora entre a intemporalidade dos repertórios e a ausência de quaisquer encargos monetários, àparte os da própria produção e edição dos discos; e, sendo pródigo neste tipo de canção, não é de estranhar que o mercado infanto-juvenil tenha, também ele, visto surgirem ao longo dos tempos inúmeros exemplos de colectâneas deste género, algumas mais cuidadas e com tentativas de preservação histórica e cultural, e outras mais declaradamente oportunistas, muitas vezes tendo como base e 'cara' um fenómeno então popular entre a demografia-alvo. Como tantas vezes sucede, no entanto, é no meio que está a virtude – e é, também, no meio que se situa o disco de que falaremos em mais esta Segunda de Sucessos.

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Lançado algures há trinta anos (embora o dia e mês sejam incertos) pela inevitável Vidisco, 'Caixinha de Sonhos – Canções Infantis' encaixa-se perfeitamente na descrição feita no início deste texto, apresentando duas dezenas daquele tipo de temas que qualquer criança aprende 'por osmose' entre amigos, na escola ou como 'ladainha' para brincadeiras tradicionais de rua ou jogos de 'palminhas'. Ou mais precisamente, três quartos do disco são compostos deste tipo de material, ficando o último reservado para temas então em alta entre a demografia-alvo - desde os genéricos de abertura de 'Pippi das Meias Altas' ou 'Vickie o Viking' até ao clássico de José Barata Moura, 'Joana Come A Papa'. O denominador comum entre estas duas vertentes é o virtual anonimato dos intérpretes, com mais de metade dos temas a ficarem a cargo de um grupo conhecido apenas como Carossel da Petizada, e os restantes a serem interpretados por cantoras (todas mulheres) e conjuntos cujos únicos outros créditos são outros discos deste mesmo tipo.

Um produto bem típico do seu género, portanto (e bem clássico, apesar do grafismo pseudo-psicadélico, bem indicativo da época de edição do trabalho) mas nem por isso menos bem conseguido ou capaz de cativar o seu público-alvo, sempre disposto a cantar, dançar e desfrutar destas 'cançonetas' clássicas, e ao qual a capa em moldes 'Photoshop sob o efeito de LSD, tão mau que é bom' não poderia deixar de agradar. É bem provável, aliás, que o mesmo se passe, ainda, com os jovens das actuais gerações Z e Alfa – ainda que, neste caso, a falta de imagens a acompanhar se possa revelar um obstáculo... Ainda assim, uma colectânea mais que meritória para partilhar com os filhos pequenos, e lhes proporcionar os mesmos momentos de que as suas mães e pais desfrutaram, trinta anos antes, com exactamente a mesma banda-sonora...

21.01.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Segunda-feira, 20 de Janeiro de 2025.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Ao chegar finalmente a Portugal, em meados da década de 90, a TV Cabo trouxe consigo uma gama de canais suficientemente vasta para deixar estarrecido qualquer espectador que apenas recentemente vira o seu espectro de escolha duplicar de dois para quatro canais abertos e generalistas. E se a maioria das novas adições à grelha eram importadas directamente do estrangeiro, sem alterações (como nos casos dos canais generalistas de outros países, ou de canais temáticos como o Cartoon Network, TCM, VH1 ou MTV, que surgiam nas suas versões Britânicas) outros tantos eram alvo de adaptações para a realidade nacional (como os canais de documentários ou o Eurosport, que surgia com comentários de jornalistas nacionais) e outros ainda eram de 'fabrico próprio', senão em Portugal, pelo menos na Península Ibérica. Entre estes últimos contavam-se canais tão icónicos como o Viver/Vivir (e o seu 'colega de casa' menos casto, o famoso 'canal 18') os ainda hoje existentes Canal Hollywood, Sport TV e Canal Panda (do qual aqui paulatinamente falaremos) ou a estação que abordamos neste artigo, e que marcou época entre os jovens melómanos ibéricos da geração 'millennial': o saudoso Sol Música.

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Inicialmente com transmissão simultânea em Portugal e Espanha, o Sol Música iniciou as emissões em 1997, desde logo com uma proposta diferenciada: a de servir como alternativa ibérica aos canais de música internacionais, MTV e VH1, da mesma forma que o VIVA vinha fazendo em França – um desiderato atingido, sobretudo, com a inclusão de uma percentagem significativa de artistas portugueses ou espanhóis na sua rotação de vídeos. Assim, sem nunca descurar os sucessos internacionais 'da moda', o canal musical ibérico aproveitava, simultaneamente, para dar a conhecer à sua demografia-alvo bandas e cantores que, de outra forma, poderiam não ter gozado de tal nível de exposição, fomentando assim a cena musical dos dois países da Península.

Também por oposição à MTV e VH1, o Sol deixava a música falar (ou antes, tocar) mais alto, descartando a presença de apresentadores nos seus vários blocos musicais, e maximizando assim o tempo de transmissão de cada um deles, sem que se perdessem preciosos minutos com tentativas de entretenimento. Tal não significava, no entanto, que o canal não transmitisse notícias e reportagens sobre os principais acontecimentos da cena musical, apenas que essas emissões eram feitas de forma mais directa e assumida, e menos 'intermediada' – um risco que, apesar de tornar o canal menos apelativo para quem gostava dos 'video-jockeys' dos canais internacionais ou de programas como o 'Top +', o fazia também paragem de eleição para quem apenas queria 'ouver' videoclipes dos seus artistas e géneros musicais favoritos. Para estes, as noites de Sábado eram também um 'prato cheio', já que o canal dedicava este período a blocos de vídeos alusivos a apenas um artista ou banda, os quais podiam chegar a ser transmitidos durante várias horas.

Escusado será dizer que o sucesso do Sol Música foi quase imediato, tendo o mesmo granjeado suficientes audiências para justificar uma divisão 'regional', com o canal a dividir-se em dois (um para cada um dos países da Península Ibérica) há pouco mais de vinte e cinco anos, nas últimas semanas do século XX e do Segundo Milénio. Tal permitia aumentar ainda mais o volume de artistas nacionais integrados na programação de cada um dos canais, ajudando efectivamente a melhorar a proposta de valor inicial do canal, e a divulgar um maior número de bandas e artistas da cena musical de cada nação.

Apesar das aparentes vantagens desta divisão, no entanto, a mesma viria mesmo a representar o 'início do fim' das emissões do Sol Música em Portugal. De facto, apesar do continuado sucesso de que o canal ainda vem gozando no país vizinho, a vertente portuguesa do mesmo apenas duraria até 2005, altura em que as mudanças de paradigma a nível do consumo tanto de música como de televisão (e subsequente redução dos volumes de audiências) ditaram a substituição do Sol Música pelo Biography Channel – um daqueles canais 'para encher chouriços' da actual grelha da TV Cabo, cujo volume de audiências dificilmente ultrapassará o do seu antecessor. Talvez mais significativamente, esta alteração vinha acabar com uma 'era' da TV Cabo, e remeter ao domínio da memória nostálgica um canal com uma proposta verdadeiramente inovadora (e plenamente atingida), que terá ajudado a apresentar a grande parte da juventude 'millennial' portuguesa alguns dos seus artistas musicais favoritos (quer através dos videoclips, quer da compilação em CD que lograria lançar já nos primeiros meses do Novo Milénio), e que, vinte anos após a sua extinção e um quarto de século após a 'divisão' em dois, continua a representar um 'buraco' ainda por preencher na grelha a cabo nacional.

10.01.25

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

A cultura tem, tradicionalmente, sido um dos aspectos mais negligenciados na, e pela, sociedade portuguesa, que mostra normalmente apetência por formas de entretenimento menos substanciais e mais populistas; e apesar de este fenómeno se ter exacerbado no primeiro quarto do século XXI, a tendência em si vem sendo verificada pelo menos desde as últimas décadas do Segundo Milénio. Não é, pois, de surpreender que uma publicação explícita e expressamente dedicada a divulgar cultura tenha tido um ciclo de vida total de apenas pouco mais de uma década e meia, tendo o último número sido lançado há quase exactos trinta anos, a 28 de Dezembro de 1994. E porque a Quinta no Quiosque dessa semana foi, acidentalmente, dedicada a outro tema, nada melhor do que prestar agora uma homenagem póstuma (por cerca de duas semanas) a um dos mais importantes periódicos desaparecidos da imprensa portuguesa.

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(Crédito da foto: OLX)

Gerido e redigido por grandes nomes da literatura e do jornalismo português – Mário Zambujal e João Gobern contaram-se entre os seus editores, e Margarida Rebelo Pinto, Pedro Rolo Duarte, Luís de Sttau Monteiro e mesmo Herman José entre os redactores – o semanário Sete (estilizado como Se7e) nascera em 1977, com a proposta de divulgar espectáculos culturais de Norte a Sul do País, bem como transmitidos pela televisão, numa abordagem que se afirmava, declaradamente, como uma espécie de versão orientada para a cultura do tipo de jornalismo practicado pelos jornais desportivos. O objectivo, como naqueles casos, era dar visibilidade, espaço e projecção a temas tradicionalmente negligenciados pela imprensa tradicional, criando assim uma publicação 'de nicho' num mercado ainda receptivo às mesmas.

E a verdade é que, numa fase inicial, a ideia correu bem; tão bem, de facto, que o Se7e se tornaria o seu próprio 'carrasco', motivando a abertura de espaço para a cultura nos jornais tradicionais e inspirando o surgimento de concorrentes 'de peso', como a 'TV Guia' e as suas congéneres. Ainda assim, o jornal 'fazia pela vida', tendo conseguido resistir à década de 80 e aos primeiros anos da seguinte; em 1994, no entanto, o 'sonho' viria mesmo a terminar, com a passagem para o formato de magazine a não resultar – ao contrário do que aconteceria, anos mais tarde, com o 'resistente' e semi-competidor Blitz – e o periódico a ser mesmo forçado a encerrar actividades, já nos últimos dias do ano.

Ainda assim, apesar de desaparecido, o 'Se7e' deixou uma marca considerável o suficiente no panorama cultural nacional para, trinta anos após a sua extinção definitiva, ser ainda lembrado e homenageado como um conceito verdadeiramente novo e inovador, e uma autêntica 'pedrada no charco' da imprensa portuguesa, que daria o mote para o aumento de publicações periódicas especializadas no mercado português e daria espaço à cultura num País que tantas vezes a negligencia. Razões mais que suficientes, portanto, para lhe prestarmos homenagem (ainda que atrasada) nesta nossa rubrica dedicada às revistas e jornais das bancas lusitanas do século XX.

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