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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

16.09.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui, recentemente, abordámos os métodos de escolha utilizados pelas crianças de finais do século XX (e não só) para escolherem quem começava um dos muitos jogos de exterior ainda sobejamente praticados naquela época; no entanto, havia, na mesma altura, uma outra prática enraizada entre o mesmo sector demográfico, e aplicada de forma tão ou mais inata, embora num contexto ligeiramente diferente – o método conhecido como 'roda-bota-fora'.

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O futebol de rua é um dos jogos onde o método é mais frequentemente utilizado.

Utilizado, sobretudo, no contexto de jogos de índole desportiva, como o pingue-pongue, o futebol ou o basquetebol, este método tão simples como eficaz era posto em prática sempre que se verificasse haver um número excessivo de praticantes ou equipas para a actividade em causa – três equipas para um jogo 'com bola', ou três jogadores para um jogo de pingue-pongue um-contra-um, por exemplo. O método em si consistia, simplesmente, em 'eliminar' a equipa ou jogador que perdesse a primeira partida, e substituí-los pelo elemento que se encontrava de fora, passando os perdedores a ficar 'de lado', à espera, enquanto se desenrolava novo jogo entre os restantes participantes; este ciclo podia, depois, continuar infinitamente até terminarem os jogos, ou até existir um número par de participantes, caso em que se passariam, potencialmente, a desenolar múltiplas partidas de uma só vez, tendendo a brincadeira a assumir, nesta altura, contornos de 'mini-torneio'.

De referir que, enquanto que algumas actividades previam o ponto de término de um jogo nas próprias regras (caso do pingue-pongue, que terminava normalmente aos dez, quinze ou vinte e um pontos, ou sempre que se verificasse um 'capote') outros obrigavam a determinar um objectivo específico para a vitória, normalmente ligado a um determinado número de golos ou pontos, ou atingido mediante o clássico 'o próximo a marcar ganha'. Tal como tantas outras 'regras' do recreio, estes parâmetros raramente eram contestados, excepto por motivos de falta de tempo (por exemplo, no contexto de um intervalo de dez ou quinze minutos), devendo qualquer participante que pretendesse jogar obedecer às regras já muitas vezes pré-estabelecidas.

É de crer que, à semelhança dos outros métodos de selecção que abordámos, a 'roda-bota-fora' continue a ser utilizado em recreios de Norte a Sul do País; afinal, trata-se de um método simples, prático e justo de envolver o máximo de participantes possível numa actividade desportiva, já testado por múltiplas gerações de jovens, e com resultados comprovados. Caso não seja esse o caso, no entanto (e mesmo que ainda o seja) nunca é demais recordar mais um dos 'conhecimentos inatos' de que as gerações de crianças de finais do século XX fizeram uso durate os seus Sábados aos Saltos.

18.03.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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A 'fava' saiu, claramente, ao miúdo de t-shirt laranja...

Já aqui por várias vezes mencionámos que, muitas vezes, as experiências e conceitos mais simples são, também, os mais marcantes, especialmente para a mente algo linear de uma criança; e, para quem nasceu ou cresceu nas últimas duas décadas do século XX e nos primeiros anos do seguinte, um dos melhores exemplos disto mesmo são os jogos tradicionais de rua. Com premissas e objectivos invariavelmente simples, e regras esparsas o suficiente para serem memorizadas e transmitidas oralmente entre grupos de crianças, e até entre gerações, estas brincadeiras não deixam, ainda assim, de ser das mais lembradas ao recordar os tempos de infância – e nenhuma recordação desse tipo fica completa sem lembrar os não menos simples e não menos divertidos métodos de selecção ligados a esses jogos.

Enquanto que o futebol de rua adoptava uma estratégia simples, linear e 'cientificamente' testada por incontáveis gerações de 'putos' (dois capitães auto-seleccionados que escolhiam jogadores à vez até os mesmos acabarem) as brincadeiras que ditavam que apenas uma criança fosse a 'escolhida' (normalmente para o 'coito') faziam uso de métodos bem mais criativos e divertidos, normalmente baseados numa qualquer 'cantilena', semelhante às que inspiravam os jogos de 'palminhas'. E se, em gerações passadas, essa récita foi, invariavelmente, o tradicional 'Um-dó-li-tá', as crianças dos anos 90 e 2000 tinham ao seu dispôr uma outra 'lenga-lenga', não menos memorável e tão ou mais utilizada – o icónico 'aviãozinho militar', que provavelmente seria hoje em dia 'cancelado' por incitar ao bombardeamento de nações ao redor do Mundo, mas que à época era, apenas, um dos sistemas por excelência para escolher quem 'ficava' antes de um jogo de escondidas ou apanhada.

Melhor: este sistema permitia, ainda mais que o 'Um-Dó-Li-Tá', envolver os restantes jogadores, já que a primeira selecção era destinada, não a escolher o jogador que iria 'ficar', mas apenas a apontar uma pessoa para nomear o país em que a bomba do aviãozinho havia caído, e que iria servir de base à segunda parte da escolha, em que as suas sílabas eram separadas, sendo escolhido o jogador para quem o 'seleccionador' apontasse aquando da última sílaba – um sistema que parece complexo ao ser explicado assim, mas que era perfeitamente intuitivo para qualquer criança em situação de pré-jogo.

Existiam, é claro, outras formas de seleccionar um 'contador' para ir para a parede, como o 'par ou ímpar' ou 'pedra, papel, tesoura', ou até o 'cara ou coroa'; no entanto, nenhum destes (com a possível excepção do 'pedra, papel, tesoura', que revisitaremos em tempo) era tão memorável ou nostálgico como os métodos de que falámos atrás, pelo que serão estes os que, inevitavelmente, surgirão na mente de qualquer ex-'puto' daquele tempo que tente recordar os jogos que fazia na rua com os amigos.

 

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