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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

06.03.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

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Um dos primeiros tipos de brinquedo que qualquer criança recebe (e com o qual contacta), normalmente ainda antes de saber falar ou andar, são os animais de peluche. Uma prenda tradicional para bebés até uma certa idade (e, em menor escala, também para crianças um pouco mais velhas e do sexo feminino), trata-se de um brinquedo perene, que atravessa gerações com muito poucas mudanças cosméticas, e raramente sofrendo qualquer decréscimo em popularidade – afinal, qual é a criança que não fica maravilhada perante a visão de um gigantesco animal de peluche maior do que ela? Mesmo os peluches mais pequenos e 'em conta' têm um apelo intemporal, com os seus corpos feitos de material fofo e especialmente concebidos para serem abraçados e acarinhados.

Nos anos 90, este paradigma não era diferente – antes pelo contrário, esta foi a década por excelência dos quartos de menina (e, muitas vezes, também de rapariga mais velha) decorados praticamente à base de bonecas Barbie e peluches dos mais variados tipos, desde os tradicionais ursos ou coelhinhos até às inevitáveis figuras associadas a propriedades intelectuais conhecidas (ou vice versa, ou não fora esta a época dos desenhos animados feitos expressamente para vender brinquedos.) Já os rapazes sonegavam veementemente aqueles bonecos de expressão amigável da sua infância, os quais consideravam não terem lugar em meio aos seus Action Man e Power Rangers; no entanto, a figura certa – normalmente alusiva a um super-herói ou algo semelhante, e de dimensões suficientes para impressionar quaisquer potenciais visitantes – podia, ainda, encontrar um cantinho onde passar o resto dos seus dias, até ser posto na arca alguns anos depois.

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Sad Sam e Honey estiveram entre os peluches mais populares dos anos 90

Tal como acontece com tantos outros produtos que aqui abordamos (como os balões do nosso último post) também os peluches podiam ter as mais diversas proveniências, embora duas se sobrepusessem, em volume e frequência, às restantes: as lojas de brinquedos (ou secções de brinquedos de supermercados e hipermercados), de onde provinham os modelos mais caros e atractivos, e as máquinas de garra, território por excelência dos personagens 'quase-oficiais' e semi-deformados e dos ursinhos de cores estrambólicas. Outras fontes para a obtenção de peluches incluíam promoções de marcas, concursos (nos quais os mesmos serviam como prémio de consolação atractivo o suficiente para justificar a participação) e até certos produtos que os ofereciam como brinde, como foi o caso do detergente Presto com os seus famosos 'glutões'.

Qualquer que fosse a proveniência do boneco, no entanto, era quase certo que um novo peluche seria bem recebido pela maioria das crianças de uma certa idade, independentemente do sexo, bem como por um grande número de raparigas um pouco mais velhas, mas que gostavam de os ter no quarto, na prateleira ou ocupando o 'lugar de honra' junto à almofada da cama. E a verdade é que, apesar dos trinta anos entretanto volvidos (em que muitas dessas crianças tiveram, elas próprias, crianças) a situação não parece ter-se alterado grandemente – um peluche continua a ter potencial para ser o 'melhor amigo' de uma criança pequena, e estamos em crer que há, por esse país afora, muito quem continue a arrastar o seu animal preferido para junto de si para ver episódios da sua série de desenhos animados favorita...

26.01.22

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

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Quem passeou num centro comercial de bairro durante os anos 80 e 90, certamente não só as viu, como as usou – ou, pelo menos, tentou pedir a quem quer que o acompanhasse autorização para as usar. As máquinas de brindes (também chamadas de 'ovos' ou de 'bolas'; não confundir com as de 'garra', nem com as que dispensavam bolas de pastilha elástica, pistachios e amendoins ou  bolinhas saltitonas) eram presença comum, não só em qualquer espaço comercial que compreendesse uma área determinada na qual se aglomerassem várias lojas e serviços de restauração, como, por vezes, até em espaços individuais, como cafés, cervejarias ou até minimercados ou supermercados de bairro.

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Exemplos dos dois modelos mais comuns de máquinas deste tipo

Compreendendo uma vasta gama de tamanhos e formatos (das mais pequenas e arrendondadas às mais comuns, altas e rectangulares, semelhantes às de 'garra') estas máquinas seguiam, no entanto, invariavelmente o mesmo princípio: o utilizador introduzia uma moeda (nos anos 90, normalmente, de cem ou até duzentos escudos, mais raramente de cinquenta) e rodava o manípulo situado ao nível da sua cintura, libertando assim umas das inúmeras bolas de plástico colorido alojadas no interior, cada uma das quais continha um pequeno brinde ou bugiganga digno da nossa secção Quintas de Quinquilharia. Invariavelmente em plástico barato e com um valor de produção quase nulo, estes brindes podiam ir de borrachas e pequenas figuras para pôr no topo dos lápis, a joalharia de pechisbeque (em tamanhos inutilizáveis por qualquer pessoa com idade suficiente para o brinde lhe interessar), passando por alguns brindes ligeiramente mais aceitáveis, como era o caso dos insectos de plástico, mini-carrinhos, porta-chaves, e outros produtos ao estilo 'ovo Kinder', e aproximadamente ao mesmo nível em termos de qualidade.

É claro que esta não era, necessariamente, a realidade 'vendida' por estas máquinas; mesmo os mais 'traquejados' utilizadores destes aparelhos, aqueles que SABIAM que o brinde ia, mais que provavelmente, ser uma qualquer bugiganga completamente inútil, se deixavam repetidamente enganar pelas promessas feitas pelos responsáveis por encher a máquina após esgotadas as bolinhas, ou antes do primeiro uso. Porque a verdade é que estes profissionais – que eram, verdadeiramente, dignos desse nome – não davam 'ponto sem nó', e tratavam de pôr no topo da pilha, bem à vista de quem se aproximava, os poucos prémios verdadeiramente apetecíveis que haviam sido fornecidos. Não era, de todo, incomum, ver bolinhas que continham no interior relógios, ou outros artigos que pudessem, verdadeiramente, interessar a alguém com idade superior a dez anos – o que, naturalmente, criava um conflito de 'expectativa vs realidade' que induzia ao gasto da tal moeda, e resultava, invariavelmente, na posse de mais um brinde com valor total de aproximadamente cinco escudos, de que até o mais novo dos utilizadores destas máquinas provavelmente desdenharia.

Ainda assim, a possibilidade de receber algo, pelo menos, aceitável a troco daqueles cem ou duzentos escudos era suficiente para manter grande parte do público a jogar, e este tipo de máquinas em circulação até à entrada do novo milénio, altura em que foram sendo, gradualmente, substituídas por modelos de conceito semelhante, mas mais avançados - normalmente com recurso a métodos digitais e alguma habilidade, por oposição a apenas sorte. No entanto, quem procurar bem nos cafés de bairro por esse Portugal afora, talvez ainda encontre, num canto, uma qualquer maquineta que lhe permita rodar um manípulo e gastar um euro num qualquer objecto com um décimo desse valor...

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