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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

08.11.22

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Novembro marca, tradicionalmente, a época do ano em que a contagem decrescente para as Festas oficialmente começa, e em que os primeiros catálogos de Natal estariam, aqui há algumas décadas, a surgir a pouco e pouco nas caixas de correio um pouco por todo o País, recheados com as mais entusiasmantes novidades no tocante a brinquedos, jogos e tecnologia dirigida especificamente a um público infanto-juvenil, da qual as 'estrelas da companhia' a cada ano eram, inevitavelmente, as consolas e respectivos jogos. E, no último ano 'oficial' do Segundo Milénio, havia uma consola em particular que andava nas 'bocas do Mundo', e da juventude portuguesa: a então novíssima Dreamcast, da Sega.

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De facto, pode dizer-se que o atraso de três semanas verificado na chegada do aparelho a terras lusitanas – estava prevista para finais de Setembro de 1999, mas acabou por se verificar apenas em meados de Outubro – jogou a favor da Sega, que assim apresentava a sua nova e revolucionária máquina de nova geração ao público-alvo numa altura em que a criação de desejo pela mesma pôde ser potenciada ao máximo, por oposição ao fim do Verão, quando o foco da maioria dos jovens ainda se divide entre a praia e o regresso às aulas; assim, não foi de admirar que a Dreamcast se tornasse um dos presentes mais cobiçados daquele último Natal da era dos 1900.

E o caso não era, diga-se, para menos; em teoria, a sucessora da malograda (e azarada) Sega Saturn – um 'caso de estudo' do qual aqui paulatinamente falaremos – trazia diversos atractivos que a posicionavam como líder de mercado, sendo os principais, sem dúvida, a inédita potência de 128 bits - precisamente o dobro da já considerada extraordinária Nintendo 64 - e a capacidade de aceder à Internet a partir da televisão! A estes feitos tecnológicos hoje quase caricatos, mas à época revolucionários, juntava-se ainda uma biblioteca de títulos de lançamento repleta de qualidade, alicerçada naquele que viria a ser considerado um dos melhores jogos de Sonic de sempre (Sonic Adventure) e na sequela de um dos maiores sucessos da companhia nos tempos da Saturn, Sega Rally. Razões mais que suficientes para os mais corajosos (ou financeiramente desafogados) 'arriscarem' incluir na sua lista de Natal a nova 'maravilha' de 50 'contos' da companhia japonesa, que parecia pronta a fazer esquecer o fracasso da Saturn e a posicionar novamente a Sega 'ombro a ombro' com a Sony, cujo salto para os 128 bits (tal como, aliás, o da Nintendo) estava ainda a um par de anos de distância.

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Sonic Adventure era um dos principais atractivos da consola à época do lançamento da mesma

Infelizmente, quem viveu esta história em tempo real saberá que essa 'cabeça de avanço' do ponto de vista tecnológico poucos dividendos rendeu à Sega; pelo contrário, a Dreamcast traduziu-se em mais um fracasso de vendas para a Sega, não conseguindo sequer incomodar o nicho de mercado da Nintendo 64, e ainda menos o da PlayStation, que continuaria a ocupar o trono de 'rainha das consolas', mau-grado possuir apenas um quarto da potência da nova máquina da Sega – e cujo lançamento da sucessora directa representava o fim da última réstia de esperança da rival num 'retorno à boa forma'; tanto assim, aliás, que a Dreamcast ficou para a História, sobretudo, como o último sistema produzido directamente pela Sega antes de a mesma se dedicar ao desenvolvimento de títulos para as suas duas rivais directas, bem como para o mundo dos PC's. E apesar de, nessa óptica e a mais de duas décadas de distância, a despedida da companhia japonesa não ter, exactamente, sido em 'grande', a verdade é que poderia, também, ter sido bem pior - não chegando sequer aos calcanhares da Mega Drive em termos de impacto cultural, a Dreamcast obteve, ainda assim (e ao contrário da Saturn) estatuto de culto entre a geração que cresceu com as consolas e videojogos daquela época, tendo ajudado a mitigar parcialmente aquele que foi o maior 'borrão na pintura' da história da empresa. Um fim digno para uma consola que se pretendia revolucionária, mas que nunca conseguiu concretizar o potencial que demonstrava naquele já longínquo Natal de 99...

26.01.22

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

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Quem passeou num centro comercial de bairro durante os anos 80 e 90, certamente não só as viu, como as usou – ou, pelo menos, tentou pedir a quem quer que o acompanhasse autorização para as usar. As máquinas de brindes (também chamadas de 'ovos' ou de 'bolas'; não confundir com as de 'garra', nem com as que dispensavam bolas de pastilha elástica, pistachios e amendoins ou  bolinhas saltitonas) eram presença comum, não só em qualquer espaço comercial que compreendesse uma área determinada na qual se aglomerassem várias lojas e serviços de restauração, como, por vezes, até em espaços individuais, como cafés, cervejarias ou até minimercados ou supermercados de bairro.

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Exemplos dos dois modelos mais comuns de máquinas deste tipo

Compreendendo uma vasta gama de tamanhos e formatos (das mais pequenas e arrendondadas às mais comuns, altas e rectangulares, semelhantes às de 'garra') estas máquinas seguiam, no entanto, invariavelmente o mesmo princípio: o utilizador introduzia uma moeda (nos anos 90, normalmente, de cem ou até duzentos escudos, mais raramente de cinquenta) e rodava o manípulo situado ao nível da sua cintura, libertando assim umas das inúmeras bolas de plástico colorido alojadas no interior, cada uma das quais continha um pequeno brinde ou bugiganga digno da nossa secção Quintas de Quinquilharia. Invariavelmente em plástico barato e com um valor de produção quase nulo, estes brindes podiam ir de borrachas e pequenas figuras para pôr no topo dos lápis, a joalharia de pechisbeque (em tamanhos inutilizáveis por qualquer pessoa com idade suficiente para o brinde lhe interessar), passando por alguns brindes ligeiramente mais aceitáveis, como era o caso dos insectos de plástico, mini-carrinhos, porta-chaves, e outros produtos ao estilo 'ovo Kinder', e aproximadamente ao mesmo nível em termos de qualidade.

É claro que esta não era, necessariamente, a realidade 'vendida' por estas máquinas; mesmo os mais 'traquejados' utilizadores destes aparelhos, aqueles que SABIAM que o brinde ia, mais que provavelmente, ser uma qualquer bugiganga completamente inútil, se deixavam repetidamente enganar pelas promessas feitas pelos responsáveis por encher a máquina após esgotadas as bolinhas, ou antes do primeiro uso. Porque a verdade é que estes profissionais – que eram, verdadeiramente, dignos desse nome – não davam 'ponto sem nó', e tratavam de pôr no topo da pilha, bem à vista de quem se aproximava, os poucos prémios verdadeiramente apetecíveis que haviam sido fornecidos. Não era, de todo, incomum, ver bolinhas que continham no interior relógios, ou outros artigos que pudessem, verdadeiramente, interessar a alguém com idade superior a dez anos – o que, naturalmente, criava um conflito de 'expectativa vs realidade' que induzia ao gasto da tal moeda, e resultava, invariavelmente, na posse de mais um brinde com valor total de aproximadamente cinco escudos, de que até o mais novo dos utilizadores destas máquinas provavelmente desdenharia.

Ainda assim, a possibilidade de receber algo, pelo menos, aceitável a troco daqueles cem ou duzentos escudos era suficiente para manter grande parte do público a jogar, e este tipo de máquinas em circulação até à entrada do novo milénio, altura em que foram sendo, gradualmente, substituídas por modelos de conceito semelhante, mas mais avançados - normalmente com recurso a métodos digitais e alguma habilidade, por oposição a apenas sorte. No entanto, quem procurar bem nos cafés de bairro por esse Portugal afora, talvez ainda encontre, num canto, uma qualquer maquineta que lhe permita rodar um manípulo e gastar um euro num qualquer objecto com um décimo desse valor...

01.12.21

NOTA: Este post corresponde a Terça-feira, 30 de Novembro de 2021.

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Na era anterior ao aparecimento e posterior expansão dos 'shopping centers' em Portugal, o conceito de 'centro comercial' dizia quase exclusivamente respeito a um espaço de vários andares, mais ou menos escuro e esconso (normalmente 'mais') onde se podiam encontrar os mais diversos tipos de estabelecimentos, desde cafés a papelarias, lojas de roupa, informática, música, brinquedos, desporto ou bugigangas, ou até uma ou duas salas de cinema. No entanto, para uma criança ou jovem de final dos anos 80 ou inícios dos 90, estes estavam longe de ser os únicos atractivos deste tipo de espaço; havia outro aspecto dos mesmos que podia bem ditar a preferência desse mesmo jovem por aquele estabelecimento em detrimento de todos os outros – as máquinas e brinquedos oferecidas pelo mesmo.

Já aqui falámos, numa ocasião anterior, das máquinas de 'garra'; no entanto, estas estavam longe de ser o único tipo de 'engenhoca' electrónica encontrada nos antigos centros comerciais deste nosso Portugal. Além destas 'engolidoras de dinheiro', o 'shopping' de bairro médio daqueles anos continha normalmente uma mão-cheia de 'brinquedos de abanar' movidos a moeda e – se as crianças daquela área fossem particularmente sortudas – uma máquina de jogo 'Hang-On', da Sega.

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O modelo mais comum deste tipo de máquina encontrado em Portugal

Embora a partir de meados da década se viessem a tornar cada vez mais raras, no início dos anos 90 estas máquinas eram relativamente comuns em espaços como os descritos acima, tendo extravasado o seu 'habitat' natural nos salões de jogos para captar também um público bem mais novo, mas não menos ávido por aquilo que as mesmas tinham para oferecer.

E esta oferta era tão simples como apelativa, consistindo tão simplesmente na possibilidade de jogar o excelente 'Super Hang-On', não na Mega Drive ou Master System lá de casa, mas montado numa réplica à escala de uma mota 'superbike', que oscilava para um lado e para o outro à medida que se 'atacavam' curvas no próprio jogo! Uma proposta irresistível para qualquer 'puto', especialmente se o mesmo fosse fã de motas, e que fazia com que valesse bem a pena gastar a moeda para disfrutar daqueles minutos de diversão – ou, em alternativa, explorar uma característica específica da máquina e divertir-se de graça.

Isto porque a maioria destas máquinas estavam programadas para levar a cabo um ciclo de testes automático sempre que eram desligadas da ficha – e um dos testes era, precisamente, o de movimento. Assim, quem fosse 'valente' o suficiente para desligar a máquina da tomada (e rápido o suficiente para voltar a 'montar' nos poucos segundos que tinha para o fazer) podia desfrutar de alguns segundos de oscilação sem para isso ter que inserir moeda – uma excelente opção para quem tinha pouco dinheiro, pais pouco dispostos a financiar este tipo de diversões, ou simplesmente quisesse impressionar os amigos com tal 'truque'.

Como já referimos, no entanto, estas máquinas foram vítimas de um desaparecimento acelerado a partir de meados da década, encontrando-se, em fnais da mesma, já praticamente extintas - um ou outro exemplar ainda ia sobrevivendo nos mais retrógrados e moribundos centros comerciais de bairro, mas enquanto que os referidos 'brinquedos de abanar' continuavam (e continuaram) a ser uma visão comum neste tipo de espaços, e novos modelos deste tipo de máquina continuavam a grassar nos salões de jogos de todo o país – para jogos como Manx TT Superbike, também da Sega – mas as agora obsoletas motas 'Hang-On' tinham mesmo sido condenadas à inevitável reforma. Ainda assim, estas máquinas marcaram época para uma boa parcela da população portuguesa, e merecem que o tempo em que pululavam nos 'shoppings' de bairro por esse país fora não caia totalmente no esquecimento...

10.08.21

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Numa época da História em que a única diferença entre uma geração de ‘smartphone’ e a seguinte é a qualidade da câmara e talvez uma ou outra ‘app’, pode ser difícil relembrar que houve um tempo, não muito distante, em que cada inovação tecnológica, por muito pequena que fosse, era motivo de admiração generalizada, e transformava o produto em que era aplicada num objecto imediato de desejo para várias gerações. Quando a referida inovação apelava ao público mais jovem, então, era sucesso mais que garantido – e não é preciso viajar no tempo mais do que duas décadas para encontrar um exemplo perfeito disso mesmo.

Infelizmente, esse exemplo – indubitavelmente o maior caso de sucesso entre os telemóveis da era pré-‘smartphones’ em Portugal – foi lançado já depois da viragem do milénio, não se enquadrando portanto no conceito deste blog; o seu antecessor no entanto, é elegível para inclusão neste nosso espaço, tendo sido lançado dois anos antes, em 1998, e sido, ele próprio, um caso ‘sério’ de sucesso entre a população jovem nacional.

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Falamos, claro, do Nokia 3210, um dos telemóveis mais nostálgicos de sempre para os jovens dos anos 90, sendo superado, apenas, pelo seu histórico e revolucionário sucessor natural – digamos que, se o 3310 foi o Cristiano Ronaldo dos telemóveis ‘old school’, o 3210 foi o Figo. Quem tinha, tirava o máximo partido, e quem não tinha, queria desesperadamente ter, dado o 'cool factor’ de que este aparelho gozava no pátio da secundária média portuguesa de finais dos 90 – estatuto esse, aliás, bem merecido, visto o 3210 ser um telemóvel completo, resistente, intuitivo de usar, e com alguns atractivos adicionais que o cimentavam como ‘must-have’ adolescente.

De facto, é talvez por estes ‘add-ons’ que o 3210 (bem como o seu sucessor) é mais lembrado hoje em dia. Das capas removíveis e intercambiáveis (que a Nokia introduziu no mercado dez anos antes da Apple ou Samsung) aos famosos ‘toques polifónicos’ e SMS com ‘cartoons’ e outras graçolas (sempre pagas a peso de ouro) este telemóvel apresentava vários argumentos ‘de peso’ no que tocava a atrair uma demografia mais jovem, e sempre atenta a esse tipo de ‘mariquices’.

Mas, sim, sabemos no que vocês estão a pensar, e têm razão – não vale a pena estar a ‘encher chouriços’. Há um aspecto-chave do sucesso do Nokia 3210 (e ainda mais do 3310) que não pode deixar de ser abordado, e não vale a pena tentar fingir que se trata de uma mais-valia menor ou negligenciável; um aspecto que constituiu O ‘selling point’ por excelência, tanto deste telemóvel como do seu antecessor. ESTE aspecto:le-vieux-bonus-hitech-le-nokia-3210-4806-1.jpg

Sim, o ‘Snake’ – a razão principal para metade de Portugal estar (ainda mais) distraído nas aulas do secundário, e certamente responsável por muitas quedas a pique de notas que, muitas vezes, já não eram muito ‘famosas’. Com o seu conceito tão simples como viciante - do qual representou a melhor execução até à chegada do ‘Snake II’, no seu sucessor – este jogo rapidamente se transformou, talvez, na funcionalidade mais utilizada deste modelo, rivalizando apenas com as eternas SMS na preferência do seu público-alvo. Não há outra maneira de dizê-lo – TODA a gente jogava ‘Snake’; quem não tinha, ‘cravava’ a um amigo (por aqui, a colega do lado viu-se, muitas vezes, privada de telemóvel durante aulas inteiras) para poder também ‘alimentar o vício’. Este simples jogo terá sido, por si só, responsável pela venda de dezenas de milhares de unidades dos dois telemóveis no nosso país; o facto de ambos os modelos serem, de facto, bastante bons era apenas a ‘cereja no topo do bolo’. Da perspectiva de um jovem português da época, os Nokias até podiam ser uma porcaria - desde que tivessem o Snake, venderiam sempre…

Infelizmente, com o passar dos anos, este tipo de fenómeno tecnológico foi-se dissipando, à medida que os telemóveis de diferentes marcas se iam também uniformizando, e os seus preços se iam tornando mais acessíveis. Hoje em dia, pouco há que distinga um Nokia de um LG, Huawei ou Samsung (os iPhones continuam a habitar um mundo à parte), o que torna ainda mais válida esta ‘viagem’ a um tempo em que meia dúzia de ‘pixels’ a arrastarem-se aos solavancos por um ecrã LED eram suficientes para vender milhões de unidades e gerar duas décadas de nostalgia. Por muitos iPhones X que se lancem, nunca haverá outro fenómeno como o dos Nokias originais – aliás, é duvidoso que, dentro de vinte ans, haja petições (bem-sucedidas!) para reviver um modelo obsoleto, tal e qual como ele era aquando do seu lançamento original. Motivos mais que suficientes para justificar esta sentida homenagem àquele que foi, sem margem para dúvidas, o telemóvel mais memorável de todos os anos 90…

07.07.21

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

…como é o caso das máquinas de ‘garra.’

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Tal como o tema do post anterior, os matraquilhos, as máquinas de ‘garra’ são, ainda, uma visão relativamente frequente, sobretudo no contexto de salões de jogos; no entanto, tal como os seus congéneres abordados na última Quarta de Quase Tudo, estas máquinas têm, gradualmente, vindo a perder a identidade que em tempos tiveram, tornando-se cada vez mais anódinas e anónimas e, como tal, cada vez menos interessantes.

Nos anos 90, no entanto, este tipo de jogo – acessório quase obrigatório em cafés, ‘tascas’ e bares por esse Portugal fora, especialmente na primeira metade da década - era um verdadeiro deleite para quem gostasse de brindes em molde ‘tão mau que é bom’, em particular peluches ‘quase’ oficiais, dos quais a mesma máquina dificilmente teria dois iguais. Qualquer criança dos anos 90 recordará com afeição aqueles ursinhos de cores ‘estrambólicas’, ou os Silvestres, Patos Donald e Super Mários de feições meio ‘tortas’ e tufos de ‘pêlo’ onde os mesmos nunca haviam existido, que, não fazendo esquecer os originais e oficiais, tinham ainda assim aquele charme único dos produtos de cntrafacção. Hoje em dia, este tipo de boneco intemporal foi substituído por réplicas, todas iguais e provavelmente licenciadas, de qualquer que seja a propriedade intelectual ‘da moda’ – o que, apesar de mais honesto e legítimo, não tem o mesmo factor de imprevisibilidade das máquinas dos anos 90.

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Exemplos de máquinas de 'garra' modernas, com peluches oficialmente autorizados

O mesmo, aliás, se passa com os outros brindes encontrados nas versões modernas destes jogos. Embora os produtos electrónicos ‘rafeiros’ ainda abundem entre os prémios possíveis de certas máquinas, conseguir um leitor de mp3 de há 20 anos continua a perder pontos relativamente a ‘sacar’ um relógio de pulso a imitar bom, e uma PSP falsa com um emulador de NES não chega nem aos calcanhares de um Brick Game (que, para ser sincero, era um prémio genuinamente bom, dos melhores que se podiam conseguir neste tipo de máquina).

Enfim, embora o princípio seja o mesmo (e mesmo assim, nem sempre) a verdade é que as versões modernas das máquinas de ‘garra’ ficam a perder, e muito, para as suas congéneres dos anos 90; se não acreditam, basta perguntar a quem já jogou nas duas, e ver as respostas…

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