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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

13.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 11 de Julho de 2024.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Enquanto competições máximas do futebol ao nível internacional (ou seja, de Selecções) é natural que tanto os Mundiais como os Campeonatos Europeus motivem publicações especiais por parte dos periódicos desportivos um pouco por todo o Mundo. E escusado será dizer que, num país tão fanático pelo desporto-rei como Portugal, essa naturalidade assume contornos de inevitabilidade, tendo os adeptos nacionais, ao longo dos anos, 'aprendido' a contar com múltiplos suplementos e destacáveis, ou até mesmo revistas individuais, com foco nos diversos certames. O primeiro Europeu do Novo Milénio não foi, de todo, excepção a essa regra, antes pelo contrário, tendo visto surgir nas bancas lusitanas não apenas uma, mas duas revistas especiais a ele dedicadas, ambas com o então Bola de Ouro Luís Figo como figura de capa, ele que era o 'porta-estandarte' da Selecção Nacional na era pré-Cristiano Ronaldo.

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A primeira destas duas, da responsabilidade do jornal 'Record', revestia-se de especial interesse por apresentar uma abordagem algo diferente do habitual: além das habituais 'fichas' de jogadores e factos sobre a competição, a publicação em causa trazia, à laia de 'biografias' dos elementos da Selecção Nacional da época, uma série de textos assinados por autores tão consagrados quanto Manuel Alegre ou Carlos Tê, além de outras figuras ligadas ao mundo das artes e letras, como os cineastas João Botelho e Joaquim Leitão. Já os 'distintos adversários' das outras selecções participantes no certame eram 'apresentados' por especialistas dos respectivos países, com natural destaque para nomes ligados ao jornalismo desportivo. A completar esta ambiciosa edição estavam oito 'guias turísticos' das principais cidades onde a competição se desenrolaria, elaborados 'in loco' por correspondentes do jornal. Uma publicação inovadora e ambiciosa, portanto (sobretudo para os parâmetros algo conservadores do jornalismo desportivo) que terá, certamente, justificado em pleno os quinhentos escudos do preço de capa, até mesmo para quem não era fã do desporto-rei.

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Sobre a 'outra' publicação alusiva ao Europeu de 2000 – fornecida como suplemento do jornal 'Expresso' – existe bastante menos informação; no entanto, a capa sugere que os conteúdos da mesma se insiram numa linha bastante mais típica e 'clássica' do que a seguida pela congénere de 'Record', com dados sobre os jogadores, estádios e países participantes, além de um guia TV com as datas e horas da exibição televisiva dos jogos, quase todos transmitidos em directo pela RTP. Um suplemento de valor inegável, mas que fica muito longe da ambiciosa e demarcada proposta do jornal de António Tadeia. Ainda assim, sem dúvida uma peça de coleccionador, a qual, tal como a revista de 'Record', valerá sem dúvida a pena adicionar à colecção de um adepto com interesse na História das publicações sobre futebol em Portugal, talvez ao lado das revistas dos Mundiais editadas por 'A Bola' e 'Record', e da publicação sobre a 'Geração de Ouro' sugerida pela primeira alguns anos depois...

08.08.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

E porque acaba de se iniciar mais uma época do nosso ‘querido’ campeonato português (força Sporting! De três em três, sempre a somar!), nada melhor do que recordar as provas que completam, este ano, precisamente 30 e 25 anos de vida, respectivamente.

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Não que as épocas de 91/92 e 96/97 tenham tido, de todo, algo de especial; pelo contrário, qualquer das duas serviria como exemplo perfeito do paradigma do futebol português dos anos 90, o qual ficou, acima de tudo, marcado pela hegemonia do Futebol Clube do Porto, a qual se faz sentir em ambos estes campeonatos (o de 91/92 marca, inclusivamente, o início dessa hegemonia, sendo que na época imediatamente transacta – a primeira dos anos 90 – o campeão havia sido o Benfica).

A Oeste nada de novo, portanto – o que não significa que os dois campeonatos escolhidos não tenham, mesmo assim, tido os seus motivos de interesse; de facto, uma consulta rápida aos plantéis dos ‘três grandes’ em cada um dos anos revela um sem-fim de nomes bem conhecidos e memoráveis para qualquer jovem adepto. Na época de 91/92, por exemplo, militavam em Portugal nomes como Vítor Paneira, Paulo Madeira, Tahar El-Khalej, El Hadrioui, Figo, Balakov, Cadete, Iordanov, Vítor Baía, Aloísio, Fernando Couto, Timofte, Kostadinov ou Domingos, enquanto a época de 96/97 seria palco para o despontar de jovens promessas nacionais como Hugo Leal, Simão Sabrosa, ou um jovem ponta-de-lança brasileiro de 22 anos chegado a Portugal nesse mesmo ano para representar um Futebol Clube do Porto em transição da fase ‘trauliteira’ do início dos 90 para o futebol mais artístico que marcaria a década seguinte – um tal de Mário Jardel…

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O genial Balakov em acção contra o FC Porto

Mesmo fora dos ‘grandes’, havia nomes memoráveis a reter, como o de Jimmy Floyd Hasselbaink, que seguiria do Boavista onde ainda militava em 1996 para (muito) mais altos vôos em anos seguintes.

Em termos futebolísticos, no entanto, o cenário era o mesmo que se verificaria em quase todos os anos dessa década, e muitos dos da seguinte – o Porto a ganhar campeonatos de forma conclusiva, deixando Benfica, Sporting, e por vezes Boavista a digladiar-se pelo 2º e 3º lugares. Anos subsequentes revelariam a verdadeira razão dessa hegemonia, mas naqueles tempos mais inocentes, os adeptos pouco podiam fazer senão encolher os ombros e admitir que sim, CLARO que o Porto ganhava mais um…era apenas parte do ‘status quo’ futebolístico da altura, especialmente depois de os do Norte se tornarem ‘movidos’ a Jardel…

images.jpgAté ele parece confuso sobre como marcava tantos golos...

Vinte anos depois, muita coisa mudou - o futebol português assistiu, entre outras efemérides, a um Porto campeão europeu, a um novo período hegemónico mais a sul, no caso do Benfica, e até a um Sporting capaz de surpreender e deixar a sua posição de eterno derrotado na corrida aos títulos. Perante este paradigma, aqueles tempos mais inocentes, em que o campeonato se chamava Primeira Divisão, se disputava entre equipas de homens feios e brutos em lodaçais disfarçados de campos da bola, e onde se jogavam 90 minutos e no fim o Porto ganhava pode até parecer nunca ter existido, um pouco à semelhança do que acontece com o campeonato inglês pré-Premiership.

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Antes dos patrocínios e do futebol-espetáculo, era assim...fi

No entanto, quem esteve lá sabe que tal cenário não só foi absolutamente verdadeiro, como extremamente empolgante para quem a ele assistia, com as emoções à flor da pele próprias da infância; será, talvez, essa a razão para termos acabado de dedicar uma página inteira a duas épocas pouco ou nada marcantes daquele tempo – e para os nossos leitores terem dedicado algum do seu tempo a lê-la…

11.04.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

NOTA: Este post foi alvo de algumas alterações, após feedback do leitor Paulo Próspero, a quem agradecemos as correcções.

E que melhor maneira de dar seguimento a esta rubrica do que falando da melhor equipa  de que a Seleção Nacional portuguesa alguma vez desfrutou, e que teve o seu auge precisamente durante os anos 90?

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Dois dos expoentes máximos do futebol português das décadas de 90 e 2000

Sim, hoje vamos falar da mítica ‘Geração de Ouro’, o grupo de jogadores que se sagrou bi-campeão nacional de sub-21, e mais tarde guiou a Seleção das Quinas a algumas das suas melhores prestações de sempre em campeonatos internacionais, culminando naquela célebre e amarga final do Euro 2004, em pleno Estádio da Luz, depois de mais uma enorme campanha.

Mas comecemos por onde se deve, ou seja, pelo início. Início esse que se deu em Riade, Arábia Saudita, palco do Campeonato Mundial de Juniores de 1989. Foi nesse local, durante o verão do último ano da década de 80, que Luís Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto, Paulo Sousa, Jorge Costa, Paulo Madeira e Fernando Couto jogariam pela primeira vez juntos, ao lado de nomes menos conhecidos ou ‘esquecidos’ como Cao, Valido, Gil ou Toni. E o resultado desta junção de talentos não podia ter sido melhor – o grupo não só conquistou o campeonato naquele ano, como viria a revalidar a façanha dois anos depois, em território nacional, e com a equipa já acrescida de nomes como Abel Xavier ou Rui Bento. Bicampeões mundiais antes dos 21 anos, portanto – uma façanha de que apenas as melhores equipas do Mundo (e de sempre) se podem gabar.

Mas a beleza da história da Geração de Ouro é que, conforme indicámos no parágrafo anterior, este duplo triunfo constituiria apenas o início da sua caminhada. Durante os 15 anos seguintes, este mesmo grupo de jogadores daria mais ao país do que qualquer outro da era pré-Cristiano Ronaldo, e faria história tanto em competições internacionais como de clubes. Pelo caminho, alguns nomes ficariam para trás – João Oliveira Pinto, Paulo Torres, Bizarro – e outros se juntariam ao grupo-base, casos de Vítor Baía, Dimas, Rui Jorge, Pauleta, Deco ou o próprio CR7. A base, no entanto, não se alteraria, tendo todos ou alguns dos nomes citados acima estado presentes em todas as convocatórias da Seleção Nacional entre o Euro '96 e o Campeonato Europeu realizado em Portugal dez anos depois.

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A equipa portuguesa no Mundial de 2002

Nesse espaço de sensivelmente uma década, este mesmo grupo iria do melhor (aquela campanha do Euro 2000, fadada a acabar num golpe de azar depois de um esforço hercúleo de todo o grupo, ou a do Euro 2004, gorada por duas desatenções defensivas) ao pior (a vergonhosa campanha de 2002, na Coreia e Japão, ‘coroada’ pelo famoso murro desferido por João Vieira Pinto ao árbitro da partida com a Coreia do Sul), sempre com os níveis de apoio dos adeptos bem em alta. Aquela era, de facto, uma Seleção Nacional que valia a pena apoiar, e que dava gosto ver jogar, ficando na memória dos adeptos mais jovens durante a década de 90 as eliminatórias de grupos marcadas por ‘cabazes’ regulares ao Liechtenstein (o nosso ‘saco de treino’ preferido), Luxemburgo e outras seleções a que, hoje em dia, a equipa se vê e deseja para ganhar. Nessa época, menos que 4-0 a esse tipo de seleções era derrota, e normalmente os jogos acabavam com resultados mais perto dos dez golos de diferença do que do um ou dois normais em confrontos internacionais.

Já contra equipas do mesmo nível ou acima, os jogos eram, previsivelmente, bastante mais renhidos, mas mesmo assim, a equipa fazia boa figura, ficando na memória a reviravolta contra a Inglaterra, no jogo de abertura do grupo A do Euro 2000, ou a malfadada meia-final contra a França, em que uma mão de Abel Xavier no prolongamento ditou o adeus - isto já para não falar do Ricardo a defender penalties de Beckham e companhia sem luvas, em 2004. Estes momentos de triunfal brilhantismo quase ajudam a esquecer ‘borrões’ como os de 2002 – em que Portugal fez uma fase de grupos paupérrima contra adversários mais do que acessíveis – ou de 1996, em que um golo do benfiquista Poborsky, mais tarde do Manchester United, ditaria o afastamento nos quartos de final. Qualquer que fosse o resultado, no entanto, uma coisa era certa – qualquer campanha de Portugal constituía uma verdadeira ‘montanha-russa’ emocional, o que tornava os jogos da equipa ainda mais entusiasmantes.

21 anos depois, ainda emociona...

Claro que haverá quem diga que a equipa de 2016 era melhor – até porque conseguiu o que a Geração de Ouro nunca chegou a conseguir. No entanto, para quem prefere os ‘quases’ com espetáculo do que as conquistas com sorte e serviços mínimos, aquele grupo de jogadores continua a ser irrepetível – uma espécie de ‘dream team’ do Manchester United, mas em versão internacional. E que saudades deixam aqueles ‘passeios’ de 8-0 consecutivos nas fases de apuramento, em vez do constante ‘suar’ (e somar, no sentido de fazer contas) das trajetórias actuais…

E vocês? Que memórias retêm da Geração de Ouro do futebol português? Quem era o vosso jogador favorito? Aqui por casa, e apesar da afiliação clubística ‘contrária’, a preferência sempre foi para o ‘génio’ baixote, João Vieira Pinto… Concordam? Discordam? Façam-se ouvir nos comentários. E até lá, gritem Portugal!

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