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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.06.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sexta-feira, 27 e Sábado, 28 de Junho de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Em tempos, falámos nesta mesma rubrica das diversas cadeias de 'fast fashion' que, desde o advento dos 'shoppings' em finais dos anos 90, têm vindo progressivamente a substituir as lojas de roupa e boutiques tradicionais. Nessa ocasião, fizemos menção passageira às duas cadeias que, nessa mesma altura, surgiram para fazer frente às lojas de desporto de bairro, acabando por se tornar a nova referência para a compra de roupa e artigos de desporto. Nada melhor, pois, do que dedicarmos este 'post' triplo a uma análise mais alargada desses estabelecimentos, ambos ainda hoje em actividade, embora apenas um ainda em território português.

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E comecemos, precisamente, por esse, estabelecido em 1997 e durante as décadas seguintes parte do gigantesco Grupo Sonae, do qual servia como 'ramo' desportivo. Falamos, claro está, da icónica Sport Zone, a grande superfície dedicada ao desporto que, durante as duas primeiras décadas do século XXI, teve o quase monopólio deste sector comercial no mercado nacional, graças à sua boa relação preço-qualidade, grande variedade de artigos à escolha (e para todos os orçamentos) e algum cuidado no 'design' das peças das suas marcas próprias - a Berg, mais dedicada à caminhada e montanhismo, e a Deeply, mais voltada para o 'surf', bodyboard e outros desportos aquáticos.

Este conjunto de características fazia com que uma visita a uma qualquer Sport Zone (e continua, até hoje, a haver uma em praticamente todas as grandes superfícies ou zonas comerciais de destaque em Portugal) fosse quase garantia de se encontrar fosse o que fosse que se procurava, e a um preço muito competitivo em relação às lojas de bairro, cujo teor independente obrigava à cobrança de valores mais altos por cada artigo. Não é, pois, de admirar que, naqueles primeiros anos do Novo Milénio, a maioria dos portugueses acorresse a uma das lojas da cadeia de Belmiro de Azevedo para colmatar as suas necessidades em termos de material desportivo.

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Este monopólio da consciência popular nacional não correspondia, no entanto, a um monopólio comercial, já que uma outra cadeia, de cariz internacional, fazia, no mesmo período, frente à Sport Zone, almejando uma presença e variedade tão grande ou maior do que esta. Tratava-se da suíça Intersport, que, a acrescer a todos os benefícios da Sport Zone, tinha ainda a vantagem de três décadas de experiência adicional, e de uma ligação a diversos eventos desportivos de monta, com destaque para os Jogos Olímpicos, dos quais era a fornecedora oficial. Assim, era também com naturalidade que os portugueses recorriam a esta cadeia como alternativa à nacional Sport Zone, tendo a Intersport gozado, mesmo, de vários anos de monopólio, no período anterior à criação da marca da Sonae.

Tendo isto em conta, foi com alguma surpresa que os portugueses assistiram à retirada da Intersport do mercado português, algures nas últimas duas décadas, cedendo definitivamente à Sport Zone a parcela maior do sector de artigos desportivos a nível nacional – um desaparecimento que se torna ainda mais surpreendente ao perceber que, em outros países do estrangeiro, a marca continua forte, e a afirmar-se como uma referência no seu sector. Em Portugal, no entanto, essa distinção pertence, hoje, à Decathlon, a 'sucessora' da Intersport na concorrência à Sport Zone, e que almejou ser mais bem sucedida do que qualquer delas, sendo hoje o principal destino dos desportistas e caminhantes amadores nacionais. A 'decana' das grandes superfícies desportivas continua, no entanto, a ter, ela mesma, um grau considerável de sucesso, assegurando que, tal como sucedia há três décadas, os aficionados de desporto portugueses continuam a ter escolha no tocante a artigos e roupas para a prática da sua actividade favorita.

 

15.03.25

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Apesar de, obviamente, não constituir uma saída nostálgica por razões que lhes sejam directamente relevantes, as lojas de artigos para grávidas e recém-nascidos não deixarão, ainda assim, de fazer parte da memória remota de muitos portugueses das gerações 'X' e 'Millennial', sobretudo aqueles que contem com irmãos ou irmãs mais novos. Isto porque, na era anterior ao advento dos hipermercados, 'shoppings' e outras grandes superfícies, os referidos estabelecimentos eram a principal referência no tocante à aquisição de artigos para crianças de muito tenra idade - com o limite máximo a situar-se normalmente por volta dos três anos – sendo, por isso, expectável que muitas crianças as tenham visitado, pela mão dos pais, para adquirir algo para si ou para as outras crianças da família.

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As três grandes lojas do ramo a terem actuado em Portugal.

Curiosamente, e ao contrário do que acontecia com a maioria dos outros tipos de cadeia monotemáticas, o foco destas lojas nem sequer era, necessariamente, a roupa, sendo esta apenas um dos muitos elementos ali encontrados; pelo contrário, a maioria das mães que frequentavam este tipo de estabelecimento procurava produtos difíceis de encontrar no dia-a-dia, de biberões a berços e de carrinhos a 'cangurus', aquelas transportadoras usadas de encontro ao corpo de modo a manter o bebé seguro.

Era essa vertente mais especializada que assegurava a subsistência e clientela deste tipo de lojas, e só o facto de a maioria destes produtos ter passado a estar disponíveis nas referidas grandes superfícies veio tornar redundante a presença das várias cadeias do ramo em solo português. E se a Chicco ainda se vai conseguindo aguentar – embora com um número de lojas já muito reduzido, e sobretudo localizadas em 'shoppings' – muito à base da fama enquanto marca, as outras duas grandes lojas do ramo em solo nacional (a italiana Prénatal e a britânica Mothercare) acabaram mesmo por abandonar o território português. Uma perda, decerto, para as mães lusas, que deixaram de poder desfrutar do atendimento personalizado e variedade de escolha oferecida por este tipo de estabelecimento, algo que os preços mais baixos praticados nas grandes superfícies não chegam exactamente a colmatar, e que constitui um dos elementos que mais saudades causa a quem viveu aqueles anos mais simples e 'inocentes' de finais do século XX.

01.03.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2025.

NOTA: Por motivos de relevância temporal, esta será uma Sexta com Style.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Num dos nossos anteriores 'posts' sobre o Carnaval, referimos que a compra de disfarces para o feriado em causa não era, de todo, a norma no Portugal de finais do século XX. De facto, numa época em que os fatos 'pré-embalados' e baratos começavam apenas a surgir nas prateleiras, sobretudo, das lojas 'dos trezentos' ou estabelecimentos semelhantes, as práticas mais comuns passavam por arranjar uma solução 'caseira' ou, mais frequentemente, recorrer a uma loja de aluguer de fatos.

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Aliando a practicidade à economia, estes estabelecimentos permitiam adquirir temporariamente uma 'máscara' bem melhor do que qualquer coisa que se pudesse criar com linha e agulha, ou através de roupas velhas e muito 'improviso', sem acartar o ónus físico e monetário de ter de 'ficar' com a mesma após o Carnaval. Não é, pois, de admirar que muitos pais e educadores escolhessem recorrer a este método aquando da chegada desta festa, garantindo assim a alegria dos filhos sem incorrerem em despesas ou encargos desnecessários.

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Exemplo moderno de uma loja deste tipo.

Curiosamente, apesar de nos anos seguintes os fatos 'embalados' se terem tornado norma – com todos os 'estereótipos' favoritos para o 'faz-de-conta', de princesas e fadas a 'cowboys', super-heróis 'genéricos' ou piratas – as lojas de aluguer de máscaras nunca chegaram a desaparecer. Antes pelo contrário, é ainda hoje possível encontrar alguns destes estabelecimentos em diversos pontos do País, com precisamente o mesmo modo de operar do que nos anos 80 e 90, parecendo quase paradas no tempo, e constituindo, por isso, uma boa aposta para Saída de Sábado para quem tem filhos pequenos e pretende economizar este Carnaval (ou apenas não ter mais um fato a ganhar pó no armário) ou simplesmente pretende uma pequena dose de nostalgia carnavalesca para animar a semana...

02.02.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sábado, 1 de Fevereiro de 2025.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

A chegada a Portugal das grandes superfícies, em meados da década de 90, veio confinar a uma presença cada vez mais esporádica certos tipos de lojas do chamado comércio local, anteriormente muito mais prolíficas e omnipresentes na vida quotidiana dos cidadãos nacionais. Foi assim com as drogarias e mercearias tradicionais (as segundas das quais aqui terão em breve o seu espaço) com as lojas de brinquedos e discos, com os videoclubes e com o tipo de estabelecimento que abordamos neste 'post' duplo de fim-de-semana: as lojas de desporto de bairro.

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De facto, onde hoje a Decathlon e a Sport Zone são as principais referências no tocante à compra de equipamento desportivo especializado (daquele que dificilmente se encontraria num hipermercado), há cerca de três décadas, esse mesmo nicho era do domínio praticamente exclusivo de lojas mais pequenas, altamente especializadas, e existentes em praticamente todas as localidades e bairros mais urbanos do País, muitas vezes como parte de uma pequena galeria comercial. Ali se podiam comprar desde produtos mais básicos, como ténis, chuteiras, sapatilhas de ginástica, calções, meias ou camisolas de futebol (quer genéricas quer, por vezes, alusivas a clubes específicos) até outros bem mais especializados, como canas de pesca, ou mesmo troféus 'genéricos' para atribuição em competições e eventos de pequenos clubes ou agremiações. E apesar de, por comparação às referidas grandes superfícies, os preços serem, necessariamente, inflacionados, tal diferença acabava por se justificar dado o atendimento personalizado e atencioso, 'à moda antiga', de que cada cliente era alvo.

Tal como sucedeu com os restantes tipos de loja mencionados no início deste texto, no entanto, também as pequenas lojas de desporto de bairro se foram vendo ficar cada vez mais irrelevantes e perder boa parte da sua clientela, para quem os preços mais baixos das novas lojas em cadeia tinham um atractivo irresistível. Assim, embora este tipo de loja não esteja, ainda, totalmente extinto (ainda que seja apenas uma questão de tempo até que tal suceda) os poucos estabelecimentos ainda restantes sobrevivem, acima de tudo, graças a uma capacidade de resistência acima da média, misturada com um pouco de sorte; uma pena, já que os equipamentos desportivos para modalidades e actividades extra-curriculares continuam a ser um dos campos em que o comércio de proximidade não só tem razão de ser como apresenta claras vantagens em relação ao actual paradigma de compras 'online' ou em grandes superfícies.

18.10.24

NOTA: Por motivos de relevância, este Sábado será novamente de Saída. Os Saltos voltarão nas duas semanas seguintes.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Tal como acontece com qualquer geração em qualquer parte do Mundo, também os jovens portugueses de finais do século XX tiveram as 'suas' marcas e lojas icónicas, algumas delas já abordadas nestas páginas. E se a maioria destas se incluía na categoria mais tarde conhecida como 'fast fashion' – que ainda hoje engloba lojas como a Zara/Pull & Bear, H&M, Mango, Bershka, Springfield ou Stradivarius, entre outras – havia, ainda assim, certas lojas especializadas numa só marca que capturavam a imaginação dos 'millennials' nacionais pela sua combinação de popularidade e 'designs' apelativos. Era o caso da Benetton, da Gant, da Timberland, da Gap, das incontornáveis Sacoor e Quebramar, ou ainda da loja que abordamos neste post aglutinador de Sexta com Style e Saída ao Sábado, a qual completa neste mês de Outubro vinte e oito anos de existência.

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Popularizada sobretudo pela sua ligação declarada ao movimento e cultura 'surfista', muito em voga durante toda a década de 90, a Ericeira Surf Shop não tardou a disseminar-se bem para além da sua 'base' e demografia-alvo, e a invadir os pátios de escola, sobretudo os frequentados por alunos de classes sociais mais abastadas, os chamados 'betinhos'. Assim, por alturas da viragem do Milénio, ser visto com roupas da loja em causa dava já tanto crédito social como usar qualquer das marcas acima descritas, com o bónus acrescido de as mesmas não serem facilmente encontradas numa qualquer feira, obrigando a um considerável investimento. Por outro lado, como sucedia com algumas das outras marcas populares da época, este factor tirava a Ericeira Surf Shop das possibilidades financeiras de grande parte dos jovens, reforçando a natureza algo elitista da loja e respectivos artigos e criando um sentimento de inferioridade a quem não tinha 'cachet' para os mesmos – o que, bem vistas as coisas, talvez fosse precisamente o objectivo da sua clientela, embora não necessariamente da loja em si.

Tal como a maioria das marcas e lojas que aqui abordamos, no entanto, também a Ericeira Surf Shop acabou por 'passar de moda' entre a população jovem em geral, e regressar ao seu 'reduto' mais especializado, onde permanece até hoje, agora com o nome de Ericeira Surf & Skate e um espectro mais alargado de especializações, onde se inclui também o 'snowboard'. Os portugueses de uma certa idade, no entanto, recordarão para sempre a marca pelo seu nome anterior, que tanta inveja causava ao ser lido num saco de compras ou peça de roupa de um amigo ou colega de escola. Parabéns, e que conte ainda muitos.

13.10.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

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Os anos 90 e 2000 representaram o auge do interesse da juventude portuguesa (e mundial) nos desportos radicais e, por arrasto, de aventura. E se o skate, patins em linha, BMX ou 'surf' eram já quase dados adquiridos no que tocava ao sector infantil e adolescente, já actividades como a escalada, o 'rappel' e o montanhismo poderiam parecer menos imediatamente óbvias, mas a verdade é que não deixaram, ainda assim, de cativar os jovens lusitanos, com alguma ajuda de filmes como 'Assalto Infernal' ou 'Missão: Impossível 2'. Este interesse não tardou, também, a estender-se ao parâmetro da moda, e não demorou muito até os coletes, mochilas, calças e bolsas de cintura ou a tiracolo em tons de caqui e verde-seco ombrearem com as grandes marcas de 'surf' e 'skate' no armário do adolescente português médio.

Parecia, pois, a oportunidade perfeita para estabelecer no nosso País uma nova cadeia de lojas, especificamente dedicada a vestuário deste tipo, e para esta finalidade – e foi precisamente o que fez a espanhola Coronel Tapiocca (com um 'C' a mais, para evitar problemas legais, ainda que a mascote fosse descaradamente idêntica à do militar do mesmo nome da série de BD franco-belga 'Tintim'), que se encontrava precisamente em processo de expansão internacional, após se ter estabelecido como líder de mercado no seu país de origem. Os astros alinhavam-se, assim, para criar as condições perfeitas para aquela que viria a ser uma relação comercial de cerca de duas décadas entre o 'imitador' do coronel amigo de Tintim e os adolescentes portugueses com interesse em desporto-aventura.

Isto porque a referida loja era, numa fase inicial, um dos poucos locais onde se podiam adquirir produtos de marcas que começavam rapidamente a penetrar no universo da moda juvenil mais 'generalista', nomeadamente a ainda hoje popular Camel Active, além da sua marca própria; assim, e apesar dos preços muitas vezes proibitivos dos referidos produtos, a Tapiocca não tardou a encontrar o 'seu' público, tarefa auxiliada pela localização estratégica das suas lojas, em locais de alguma afluência e com alta percentagem de jovens, como as Avenidas Novas, em Lisboa, a Baixa da mesma cidade, ou ainda a famosamente afluente zona de Cascais.

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A fachada da loja da Baixa de Lisboa manteve o logotipo durante algum tempo depois de fechar.

Apesar deste auspicioso início, no entanto, a história da Coronel Tapiocca em Portugal acaba como tantas outras: com um declínio do interesse do público-alvo na sua área de especialização, consequente redução do volume de negócios, e consequente falência e retirada do mercado nacional, no dealbar da década de 2010. Durante algum tempo, restou ainda um mural na Baixa para servir como testemunho da presença da marca no nosso País; mais de uma década volvida, no entanto, nada resta do legado do Coronel, excepto as memórias de quem por lá passou, admirou os atraentes mas proibitivos produtos expostos na montra, ou chegou mesmo a ser cliente – às quais se juntam, agora, algumas singelas linhas neste nosso 'blog' nostálgico, à laia de contraponto às notícias sobre a falência da cadeia que compunham, até agora, o único registo 'cibernáutico' da mesma...

15.07.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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Em finais dos anos 80, a moda, e a compra de novas peças de roupa, eram ainda, em larga medida, um processo esporádico. A procura de materiais de qualidade e a aposta na longevidade tornavam a maioria dos itens de vestuário significativamente dispendiosos para a maioria das carteiras, e cada nova peça adquirida vinha com o entendimento de que seria usada até 'acabar' – fosse por deterioração ou, no caso dos mais jovens, simplesmente por deixar de servir, altura em que tendia a ser 'passada' a outra criança, normalmente filha de um familiar, amigo, ou pessoa necessitada.

Este paradigma vir-se-ia, no entanto, a alterar consideravelmente logo em inícios da década seguinte, com o aparecimento e rápida expansão da chamada 'fast fashion' – um conceito comercial baseado em materiais e manufactura baratos (normalmente adquiridos na Ásia) e que tornava, assim, possível reduzir consideravelmente os custos de venda ao público das respectivas peças de roupa, embora a qualidade também sofresse como consequência. A junção destes dois factores com o histórico interesse das gerações mais novas por modas e estilos estéticos resultou no duplicar ou mesmo triplicar, em apenas alguns anos, do número de peças de roupa no armário do adolescente comum, que encontrava agora nas lojas artigos ajustados à sua mesada ou semanada, e cuja menor resistência e qualidade obrigava à substituição mais frequente, ou, em alternativa, à compra de um maior número de peças numa só 'temporada', para efeitos de rotação.

Nasceu, assim, a situação ainda hoje vigente, em que a população mais jovem tem como um dos seus muitos passatempos o simples 'passeio' em lojas de roupa, muitas vezes apenas para apreciação dos saldos; e se, junto da Geração Z, esse processo vem transitando, cada vez mais, para plataformas e lojas online, os seus predecessores 'millennials' ainda fizeram das 'excursões' ao 'shopping' ou ao centro da cidade para 'ver as montras' uma das suas Saídas de Sábado de eleição.

E eram muitas as lojas dirigidas a este público em finais do século XX e inícios do seguinte, com as do grupo Inditex à cabeça: a Zara chegava a Portugal (concretamente, ao Porto) há exactos trinta e cinco anos e a Pull & Bear abria em 1992 a sua primeira loja fora de Espanha, apostando precisamente no seu pais vizinho como primeiro 'mercado externo', onde as suas colecções temáticas marcaram época, e onde continua a ser uma das lojas de referência para vestuário jovem até aos dias de hoje. Nos dez anos subsequentes, seguir-se-lhes-iam novas sub-marcas, como a Bershka (que celebra este ano os vinte e cinco anos da sua chegada ao nosso País) ou Stradivarius. Em 'concorrência' directa com estes nomes estavam, ainda, marcas como a Springfield (a 'loja jovem' do Cortefiel, também inaugurada em 1988) a Mango (que chegava a Portugal quase em simultâneo com a Pull & Bear) e - já no Novo Milénio, há exactos vinte anos - a H&M, além de lojas mais voltadas para os acessórios, como a inglesa Accessorize e a 'resposta' nacional à mesma, a Parfois. Juntas, estas cadeias eram garantia de 'saques' à carteira dos jovens nacionais, cujo guarda-roupa era, à época, constituído em grande medida por peças adquiridas nestas lojas, a par dos hipermercados e de estabelecimentos mais especializados, como a duologia 'desportiva' Sport Zone (surgida em 1997) e Intersport, esta última entretanto desaparecida.

Com tal variedade à disposição (quase sempre com artigos a preços bastante convidativos) não é, portanto, de admirar que a juventude 'millennial' tenha passado tanto do seu tempo livre a 'vaguear' pelas ruas e centros comerciais, em bando, com o simples intuito de ver as 'novidades' em todas estas lojas; e quase faz pena que a nova geração vá, aos poucos, deixando que se perca a experiência de ver, ao vivo e a cores, 'aquele' artigo em super-saldo, e de voltar para casa no autocarro ou Metro com o mesmo dentro do saco, já imaginando o sucesso que se iria fazer com o mesmo vestido – uma experiência que a compra na Amazon, BooHoo ou Shein simplesmente não permite...

25.03.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Na última Saída de Sábado, abordámos a chegada a Portugal da FNAC, uma das poucas cadeias de venda de artigos tecnológicos e multimédia ainda resistentes no País. No próprio dia em que dedicávamos algumas linhas à cadeia francesa, no entanto, faltavam menos de vinte e quatro horas para se celebrar o aniversário de uma outra loja muito semelhante, também ela ainda hoje presente nas grandes superfícies nacionais e que, de facto, é praticamente dois anos mais velha do que a FNAC Portugal; assim, seria omisso da nossa parte não dedicar algumas linhas à grande 'concorrente' da cadeia francesa em solo português, a Worten.

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Inaugurada a 12 de Março de 1996, como subsidiária do poderoso grupo Sonae (hoje Sonae Continente) a Worten pode ser considerada a cadeia-irmã do popular hipermercado, de enfoque menos generalista e mais centrado na electrónica e multimédia (daí as comparações com a FNAC). Ainda que sem a facilidade em obter livros importados da concorrente, a cadeia compensava esta 'falha' oferecendo preços ainda mais competitivos que os da companhia francesa (ou outros concorrentes da época, como as lojas Singer, de que também aqui em tempo falaremos), tornando-se assim, rapidamente, o local de aquisição de electrodomésticos por excelência do consumidor nacional.

Curiosamente, e ao contrário do que aconteceu com a concorrente (cuja primeira loja abriu num 'shopping' em plena Lisboa) a Worten expandir-se-ia, não a partir das grandes capitais portuguesas, mas da vila de Chaves, tendo só depois 'rumado' a Sul, rumo à capital. Uma vez iniciada, no entanto, essa expansão deu-se de forma por demais célere – apenas alguns anos após a sua fundação, por alturas da viragem do Milénio, a Worten era já parte do 'cenário' em centros comercials e lojas Modelo e Continente de Norte a Sul do País, paradigma que se mantém até hoje.

A forte presença em território nacional incentivou, aliás, Belmiro de Azevedo a expandir a área abrangente do seu negócio até ao país vizinho, tendo a Worten adquirido não uma, mas duas cadeias comerciais espanholas, num total de cerca de meia centena de lojas. Ao contrário do sucedido em Portugal, no entanto, esta 'aventura' não se saldou pelo sucesso, tendo a estadia da Worten como grande cadeia em Espanha durado pouco mais de uma década, e saldando-se a presença actual da loja de Belmiro de Azevedo no outro país ibérico em pouco mais de uma dezena e meia de lojas, a esmagadora maioria das quais situada nas Ilhas Canárias, último grande 'reduto' da rede Sonae em Espanha; curiosamente, grande parte das restantes lojas da franquia foram vendidas a outro grupo comercial bem conhecido dos portugueses, no caso o MediaMarkt.

Em Portugal, no entanto, a Worten continua a somar e seguir, até por o seu nicho de especialização ser um dos poucos em que a procura é constante, e a avaliação física do produto particularmente importante; enquanto este paradigma se mantiver (e enquanto o grupo MC Sonae Continente mativer a sua pujança no panorama comercial português) é de esperar que muitas crianças e jovens portugueses continuem a desfrutar de Saídas de Sábado periódicas à 'loja de electrodomésticos do Continente'.

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