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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

15.07.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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Em finais dos anos 80, a moda, e a compra de novas peças de roupa, eram ainda, em larga medida, um processo esporádico. A procura de materiais de qualidade e a aposta na longevidade tornavam a maioria dos itens de vestuário significativamente dispendiosos para a maioria das carteiras, e cada nova peça adquirida vinha com o entendimento de que seria usada até 'acabar' – fosse por deterioração ou, no caso dos mais jovens, simplesmente por deixar de servir, altura em que tendia a ser 'passada' a outra criança, normalmente filha de um familiar, amigo, ou pessoa necessitada.

Este paradigma vir-se-ia, no entanto, a alterar consideravelmente logo em inícios da década seguinte, com o aparecimento e rápida expansão da chamada 'fast fashion' – um conceito comercial baseado em materiais e manufactura baratos (normalmente adquiridos na Ásia) e que tornava, assim, possível reduzir consideravelmente os custos de venda ao público das respectivas peças de roupa, embora a qualidade também sofresse como consequência. A junção destes dois factores com o histórico interesse das gerações mais novas por modas e estilos estéticos resultou no duplicar ou mesmo triplicar, em apenas alguns anos, do número de peças de roupa no armário do adolescente comum, que encontrava agora nas lojas artigos ajustados à sua mesada ou semanada, e cuja menor resistência e qualidade obrigava à substituição mais frequente, ou, em alternativa, à compra de um maior número de peças numa só 'temporada', para efeitos de rotação.

Nasceu, assim, a situação ainda hoje vigente, em que a população mais jovem tem como um dos seus muitos passatempos o simples 'passeio' em lojas de roupa, muitas vezes apenas para apreciação dos saldos; e se, junto da Geração Z, esse processo vem transitando, cada vez mais, para plataformas e lojas online, os seus predecessores 'millennials' ainda fizeram das 'excursões' ao 'shopping' ou ao centro da cidade para 'ver as montras' uma das suas Saídas de Sábado de eleição.

E eram muitas as lojas dirigidas a este público em finais do século XX e inícios do seguinte, com as do grupo Inditex à cabeça: a Zara chegava a Portugal (concretamente, ao Porto) há exactos trinta e cinco anos e a Pull & Bear abria em 1992 a sua primeira loja fora de Espanha, apostando precisamente no seu pais vizinho como primeiro 'mercado externo', onde as suas colecções temáticas marcaram época, e onde continua a ser uma das lojas de referência para vestuário jovem até aos dias de hoje. Nos dez anos subsequentes, seguir-se-lhes-iam novas sub-marcas, como a Bershka (que celebra este ano os vinte e cinco anos da sua chegada ao nosso País) ou Stradivarius. Em 'concorrência' directa com estes nomes estavam, ainda, marcas como a Springfield (a 'loja jovem' do Cortefiel, também inaugurada em 1988) a Mango (que chegava a Portugal quase em simultâneo com a Pull & Bear) e - já no Novo Milénio, há exactos vinte anos - a H&M, além de lojas mais voltadas para os acessórios, como a inglesa Accessorize e a 'resposta' nacional à mesma, a Parfois. Juntas, estas cadeias eram garantia de 'saques' à carteira dos jovens nacionais, cujo guarda-roupa era, à época, constituído em grande medida por peças adquiridas nestas lojas, a par dos hipermercados e de estabelecimentos mais especializados, como a duologia 'desportiva' Sport Zone (surgida em 1997) e Intersport, esta última entretanto desaparecida.

Com tal variedade à disposição (quase sempre com artigos a preços bastante convidativos) não é, portanto, de admirar que a juventude 'millennial' tenha passado tanto do seu tempo livre a 'vaguear' pelas ruas e centros comerciais, em bando, com o simples intuito de ver as 'novidades' em todas estas lojas; e quase faz pena que a nova geração vá, aos poucos, deixando que se perca a experiência de ver, ao vivo e a cores, 'aquele' artigo em super-saldo, e de voltar para casa no autocarro ou Metro com o mesmo dentro do saco, já imaginando o sucesso que se iria fazer com o mesmo vestido – uma experiência que a compra na Amazon, BooHoo ou Shein simplesmente não permite...

25.03.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Na última Saída de Sábado, abordámos a chegada a Portugal da FNAC, uma das poucas cadeias de venda de artigos tecnológicos e multimédia ainda resistentes no País. No próprio dia em que dedicávamos algumas linhas à cadeia francesa, no entanto, faltavam menos de vinte e quatro horas para se celebrar o aniversário de uma outra loja muito semelhante, também ela ainda hoje presente nas grandes superfícies nacionais e que, de facto, é praticamente dois anos mais velha do que a FNAC Portugal; assim, seria omisso da nossa parte não dedicar algumas linhas à grande 'concorrente' da cadeia francesa em solo português, a Worten.

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Inaugurada a 12 de Março de 1996, como subsidiária do poderoso grupo Sonae (hoje Sonae Continente) a Worten pode ser considerada a cadeia-irmã do popular hipermercado, de enfoque menos generalista e mais centrado na electrónica e multimédia (daí as comparações com a FNAC). Ainda que sem a facilidade em obter livros importados da concorrente, a cadeia compensava esta 'falha' oferecendo preços ainda mais competitivos que os da companhia francesa (ou outros concorrentes da época, como as lojas Singer, de que também aqui em tempo falaremos), tornando-se assim, rapidamente, o local de aquisição de electrodomésticos por excelência do consumidor nacional.

Curiosamente, e ao contrário do que aconteceu com a concorrente (cuja primeira loja abriu num 'shopping' em plena Lisboa) a Worten expandir-se-ia, não a partir das grandes capitais portuguesas, mas da vila de Chaves, tendo só depois 'rumado' a Sul, rumo à capital. Uma vez iniciada, no entanto, essa expansão deu-se de forma por demais célere – apenas alguns anos após a sua fundação, por alturas da viragem do Milénio, a Worten era já parte do 'cenário' em centros comercials e lojas Modelo e Continente de Norte a Sul do País, paradigma que se mantém até hoje.

A forte presença em território nacional incentivou, aliás, Belmiro de Azevedo a expandir a área abrangente do seu negócio até ao país vizinho, tendo a Worten adquirido não uma, mas duas cadeias comerciais espanholas, num total de cerca de meia centena de lojas. Ao contrário do sucedido em Portugal, no entanto, esta 'aventura' não se saldou pelo sucesso, tendo a estadia da Worten como grande cadeia em Espanha durado pouco mais de uma década, e saldando-se a presença actual da loja de Belmiro de Azevedo no outro país ibérico em pouco mais de uma dezena e meia de lojas, a esmagadora maioria das quais situada nas Ilhas Canárias, último grande 'reduto' da rede Sonae em Espanha; curiosamente, grande parte das restantes lojas da franquia foram vendidas a outro grupo comercial bem conhecido dos portugueses, no caso o MediaMarkt.

Em Portugal, no entanto, a Worten continua a somar e seguir, até por o seu nicho de especialização ser um dos poucos em que a procura é constante, e a avaliação física do produto particularmente importante; enquanto este paradigma se mantiver (e enquanto o grupo MC Sonae Continente mativer a sua pujança no panorama comercial português) é de esperar que muitas crianças e jovens portugueses continuem a desfrutar de Saídas de Sábado periódicas à 'loja de electrodomésticos do Continente'.

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