16.04.21
Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.
E hoje falamos daquele que é, senão o mais marcante, pelo menos um dos mais marcantes filmes dos anos 90 para todos aqueles que tinham idade suficiente para o ver: o glorioso e inesquecível ‘Parque Jurássico’.
Lançado em 1993, mas chegado a Portugal com alguns meses de atraso, este filme trazia a chancela, por um lado, de Steven Spielberg – O realizador por excelência de filmes ‘de família’ nos anos 80 e 90 – e, por outro, da Industrial Light and Magic, a lendária companhia de efeitos especiais de George Lucas, que se encarregava dos efeitos e criaturas do filme.
A junção destes dois gigantes da indústria de ‘blockbusters’ para todas as idades só podia mesmo resultar num clássico do género, e foi sem dúvida nisso que ‘Parque Jurássico’ se tornou, cativando crianças e adolescentes um pouco por todo o Mundo, e lançando – ou relançando – o interesse das mesmas nesses seres misteriosos e majestosos chamados dinossauros.
Portugal não foi, é claro, excepção, e naquele ano de 1994 era difícil encontrar uma criança, especialmente do sexo masculino, que não tivesse pelo menos um dinossauro de borracha no quarto. A maioria, além dos brinquedos, tinha também livros explicando a vida destes seres – em maior ou menor detalhe – além de outros objetos alusivos ou à pré-história, ou pelo menos ao filme de Spielberg. O sucesso da temática pré-histórica entre as crianças portuguesas já não era novidade à época – o Museu Nacional de História Natural já tivera enorme sucesso com a sua exposição sobre dinossauros no início da década – mas ‘Parque Jurássico’ veio contribuir para que mesmo quem não tinha qualquer interesse nesse tipo de assunto tentasse descobrir o máximo possível sobre a verdadeira existência das criaturas retratadas no filme.
Quem era da idade certa e não tinha pelo menos um destes em 1994, que se acuse...
A razão de tal sucesso é fácil de compreender; o filme combina um argumento inteligente ‘para todas as idades’ (cheio de ação e aventura mas com o cuidado de criar personagens memoráveis para alicerçar os momentos mais excitantes) com efeitos especiais que continuam a ser impressionantes quase trinta anos depois, criando uma fórmula vencedora e única que tanto a ‘concorrência’ como os próprios Spielberg e Lucas nunca mais conseguiriam repetir. Certos momentos do filme (como o primeiro contato da equipa de cientistas com um dos dinossauros recriados, a famosa cena com o T-Rex, na floresta, ou a igualmente célebre cena com as duas crianças na cozinha) eram extremamente eficazes em evocar as emoções corretas por parte do público-alvo, fossem elas de fascínio ou de medo – sendo este, aliás, um dos pontos mais fortes de Spielberg como realizador. Os seus filmes tendem a colocar o espectador ‘ali mesmo’, com os personagens, a sentir o que eles sentem – e, nesse aspeto, ‘Parque Jurássico’ não é, definitivamente, exceção. Em suma, o filme merece não só o sucesso de que gozou à época, mas também o estatuto de clássico que adquiriu desde então, continuando a constituir uma excelente escolha para uma tarde de cinema em família.
Com todo o burburinho que causou, e lucro de bilheteira que obteve, não foi de todo de admirar que ‘Parque Jurássico’ fosse alvo de uma sequela ainda na mesma década.
Lançado nos cinemas quatro anos depois do original, em 1997, ‘O Mundo Perdido’ baseava-se, tal como o original, num romance de Michael Crichton, ele próprio uma sequela do livro em que o primeiro filme se baseara. Infelizmente, tanto o livro como o filme ficaram muito aquém dos seus antecessores, não tendo conseguido causar a mesma sensação do original – talvez por a fórmula já estar gasta, ou talvez por o público que aderira em massa ao filme de 1993-94 ser agora alguns anos mais velho, e ter já ultrapassado a ‘fase’ dos dinossauros.
Apesar deste revés, o ‘franchise’ teria ainda ‘pernas’ suficientes para se esticar a uma segunda (e discretíssima) sequela, já no novo milénio - o estúpido-mas-divertido ‘Parque Jurássico 3’, lançado em 2001, já muito longe do orçamento de produção e ‘glamour’ mediático do primeiro filme da série.
Ainda assim, o terceiro episódio vale a pena para os fãs do original, já que introduz um novo dinossauro, o estupidamente ‘cool’ Spinosaurus – isto para além de não ser, de todo, um mau filme de aventuras para toda a família, tendo herdado pelo menos essa característica do seu antecessor.
Apesar deste último esforço, no entanto, o ‘franchise’ ‘Parque Jurássico’ ficar-se-ia mesmo por aí…pelo menos até 2015, ano em que – em plena febre dos ‘reboots’ – também esta série seria alvo de um ‘novo início’, com Tom Hardy no papel principal que, em tempos, fora de Sam Neill.
Agora com o título de ‘Mundo Jurássico’ – porque um ‘remake’ tem sempre de ser maior e mais ambicioso – o filme centrava-se no parque zoológico do mesmo nome, construído no local do parque original, e que também não conseguia evitar alguns dos problemas que assolaram o mesmo – nomeadamente a tendência que criaturas de vários metros de altura e dentes aguçados têm para perseguir visitantes indefesos… Divertido ‘sem mais’, o filme foi no entanto um êxito de bilheteira, dando azo (até agora) a pelo menos uma sequela, que - como já havia sido o caso com ‘O Mundo Perdido’ – foi bastante menos bem recebida que o original.
Nenhum destes filmes, no entanto, consegue superar o original, que continua a afirmar-se como o expoente máximo da franquia, vinte e sete anos após o seu lançamento em Portugal ter tornado toda uma geração de ‘putos’ em maníacos dos dinossauros. E vocês? Contavam-se entre eles? Que pensavam do filme? Deste lado, éramos definitivamente fãs, daqueles que tinham um cesto cheio de replicas de borracha das diferentes espécies, e ‘devoravam’ tudo quanto fossem livros sobre o assunto. Também era o caso convosco? Partilhem as vossas opiniões nos comentários! Entretanto, fiquem com o tema clássico de John Williams, para vos ajudar a reavivar as memórias...
DO-DO-DOOO-DOO-DOO! DO-DO-DOOO-DO-DOO! DO-DO-DOO-DOO!