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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

10.01.24

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

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(Crédito da foto: CustoJusto)

A chegada a Portugal das chamadas 'lojas dos trezentos', em inícios dos anos 90, levaram, por sua vez, a um significativo influxo de títulos literários de cariz popular e qualidade mediana, invariavelmente encontrados nos icónicos 'escaparates' das sobreditas lojas, e inevitavelmente editados pela Europa-América. De facto, embora fosse já um nome bem reconhecido dentro do panorama editorial português (e responsável pela edição em solo nacional de excelentes títulos policiais e de ficção científica) a editora lisboeta encontrou uma autêntica 'segunda vida' como perpétua fornecedora de literatura barata para lojas deste tipo, grande parte da qual dirigida a um público infanto-juvenil.

De facto, entre colecções de fantasia como 'Dragonlance' ou 'Dungeons and Dragons' (esta última, a precursora menos conhecida das lendárias 'Aventuras Fantásticas'), séries como 'Enciclopédia Brown', novelizações de filmes 'da moda' e um ror aparentemente infindável de 'westerns' 'de cordel', uma percentagem significativa do escaparate de livros de qualquer 'loja dos trezentos' tendia a ser formada por obras que tinham em comum a qualidade 'duvidosa' das traduções (e, muitas vezes, da escrita em si) e o facto de serem expressamente dirigidos a leitores ainda sem a maturidade suficiente para desfrutarem dos clássicos de Robert Heinlein ou Phillip K. Dick com os quais estes livros partilhavam espaço. Era também esse o caso com a colecção de que falamos neste 'post', a qual aproveitou o 'embalo' de uma série mais ou menos bem-sucedida para 'regurgitar' para as prateleiras de livros baratos mais de duas dezenas de títulos com pretensões a expandir o 'universo' do programa, à semelhança do que acontecia na mesma época, com 'O Caminho das Estrelas' e, particularmente, 'Guerra nas Estrelas'.

Tratou-se de 'O Jovem Indiana Jones', colecção baseada na série do mesmo nome produzida por Steven Spielberg e George Lucas, e que chegou também a ver ser editada em Portugal a série de banda desenhada oficial, num esforço de 'marketing' inusitado, considerando a reduzida 'pegada' que a série deixou em Portugal; de facto, é perfeitamente credível que a principal referência e memória da mesma para a maioria dos jovens da época venha através destes livros, quase tão prolíficos como 'Dragonlance' nas 'lojas dos trezentos' de meados da década de 90.

Assinados por um sem-número de autores anónimos (dos quais se destaca Megan Stine, quiçá familiar do R. L. Stine de 'Arrepios') os diferentes volumes desta série oferecem precisamente aquilo que se poderia esperar de um título deste tipo: aventuras infanto-juvenis centradas em torno dos personagens criados por Spielberg e Lucas, e obedecendo à premissa temporal e conceptual da série. Assim, ao longo dos vinte e dois números que compõem a colecção, vemos 'Indy' e o pai a braços com fantasmas, labirintos, fenómenos naturais, e até eventos históricos como o naufrágio do Titanic (anos antes de o filme do mesmo nome o trazer de volta à cultura popular), em enredos invariavelmente descritos em linguagem simples e sem grandes 'floreados', como era apanágio, à época dos títulos infanto-juvenis de 'segunda linha' ou baseados em propriedades mediáticas – sendo que 'Jovem Indiana Jones' se insere confortavelmente em ambas as categorias.

Apesar desta relativa 'falta de carácter' (e também de ambição) estes livros não deixam, no entanto, de constituir uma opção de leitura razoável para uma criança ou adolescente com interesse em tramas de aventura e muita acção, ou que já seja fã do arqueólogo aventureiro de Steven Spielberg – especialmente por continuarem amplamente disponíveis, não só em sites como o CustoJusto (de onde foi tirada a foto que ilustra este 'post') mas também em livrarias propriamente ditas, como a Bertrand. Uma boa oportunidade, portanto, para os ex-jovens das gerações 'X' e 'millennial' recuperarem mais esta 'pérola' da sua infância, e a apresentarem aos seus descendentes directos; quem sabe, o 'Jovem Indiana Jones' possa ainda vir a ser tema de um qualquer vídeo no TikTok ou Instagram...

 

03.01.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
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As adaptações de filmes e séries populares em banda desenhada foi um dos principais filões da banda desenhada de finais do século XX, com muitas criações audio-visuais da época a terem direito ao seu próprio álbum oficial em 'quadradinhos' - ou até mesmo a uma série completa, como no caso da colecção que abordamos nesta primeira Quarta aos Quadradinhos de 2024.

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Os primeiros dois números da série (crédito da foto: CustoJusto.pt)

Lançada em Portugal há pouco mais de trinta anos (em 1993, menos de um ano após a edição original norte-americana) pela TeleBD - 'braço' da TV Guia dedicado aos quadradinhos que também lançaria adaptações em BD das 'Tartarugas Ninja' e do 'Capitão Planeta', no mesmo período - 'Indiana Jones - Crónicas da Juventude' propunha-se servir de complemento ao programa televisivo do mesmo nome, à época em exibição no nosso país, e que viria também a justificar o lançamento de uma série de livros, por parte da Europa-América. Nos três casos, a premissa era a mesma: relatar algumas das aventuras e peripécias do arqueólogo aventureiro Henry Jones Jr. durante os seus anos de infância e adolescência, ao lado do pai, Henry Sr. (famosamente interpretado por Sean Connery em 'Indiana Jones e a Última Cruzada', segundo capítulo da trilogia cinematográfica original, também ele adaptado em BD, lançada em Portugal pela Meribérica) e de alguns outros personagens criados especificamente para a série.
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A banda desenhada não foge a este padrão, sendo que os sete volumes lançados em Portugal pela Tele BD (doze no original americano) incluem várias novas-velhas aventuras protagonizadas pelo jovem Henry e pelos seus amigos na década de 1910, nas mais diversas partes do Mundo, do Egipto ao México, África ou aos campos de batalha da I Guerra Mundial. Em todas estas localidades, 'Indy' e os seus companheiros terão de se haver com malfeitores e resolver mistérios arqueológicos antigos, bem ao estilo do que o arqueólogo de chicote e chapéu viria a fazer nos seus anos de 'crescido'. Apesar de díspares, no entanto, estas aventuras possuíam, ainda assim, um elo de ligação: o argumentista Dan Barry, que trabalharia com uma série de diferentes equipas artísticas ao longo da curta duração do título (precisamente um ano na edição original norte-americana, e apenas sete meses no caso da portuguesa). A permanência do argumentista ao longo de toda a série ajudaria a manter uma certa coesão entre os diferentes números, que compensava os estilos de desenho e arte-final algo díspares, e dava à série uma atmosfera muito própria.

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Exemplo da arte e argumento da série (crédito da imagem: CustoJusto.pt)

Ao contrário de muitos outros títulos que aqui abordamos, a razão para o fim de 'Indiana Jones - Crónicas da Juventude' (tanto em Portugal como nos EUA) é bastante óbvia, tendo o fim da série televisiva - e, subsequentemente, do interesse na mesma - assinado a 'sentença de morte' para produtos periféricos e derivados, como o é esta colecção da Dark Horse. Ainda assim, para um produto puramente motivado pelo lucro, a série em causa até consegue manter um padrão de qualidade elevado, ao nível das restantes obras da editora original, que faz com que valha bem a pena uma 'revisita' por parte dos fãs do arqueólogo e aventureiro criado por Steven Spielberg - isto, claro está, se conseguirem encontrar as edições em causa...

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