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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

06.08.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Na era pré-MP3 e 'streaming', proliferavam no mercado as compilações em CD e LP, visando a larga fatia de público melómano que apenas conhecia (e queria conhecer) uma ou duas músicas de cada artista, ou possuir uma colecção de 'malhas' da qual desfrutar sem grandes compromissos. E ainda que este tipo de lançamento fosse transversal a todos os estilos musicais, o mesmo era particularmente popular e ubíquo no contexto da música popular portuguesa, sobretudo a vulgarmente chamada 'música pimba'. Isto porque a Vidisco, principal editora musical portuguesa, era também 'casa' da maioria dos artistas deste género, e não tinha quaisquer pruridos em lançar números incontáveis de CD's com as músicas dos mesmos, os quais acabavam, invariavelmente, a 'povoar' os tradicionais escaparates de discos e 'cassettes' frequentemente encontrados em tabacarias ou bombas de gasolina daquele Portugal da viragem do Milénio. Muitos destes lançamentos tinham carácter anual, de forma a actualizar o alinhamento com os mais recentes sucessos de cada artista; no entanto, há cerca de um quarto de século, a editora tentou algo declaradamente diferente, lançando para o mercado, em simultâneo, nada menos do que dezasseis (!) volumes de música, cada um subordinado a um tema geral e que, juntos, formavam uma colecção, a que a editora chamou 'Top Portugal'.

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Os dezasseis volumes da colecção, lançados no mercado em simultâneo.

Compostos exclusivamente por artistas nacionais de vertente popular (embora nem todos se inserissem no estilo 'pimba') os discos da referida colecção procuravam reflectir temáticas de índole romântica, nacionalista e saudosista, apelando àqueles sentimentos que todos os portugueses nutrem tanto pelo seu País como uns pelos outros. 'Melodias de Portugal', 'Creio Em Ti', 'Vale A Pena', 'Vamos Dançar' ou 'Bailarico No Arraial' eram apenas alguns dos títulos em torno dos quais se reuníam músicas de artistas de todo o espectro popular, de Marante, Cândida Branca Flor, Diapasão ou Nucha a Ágata, Emanuel, José Malhoa, Romana ou Saul, sendo o 'peso' de cada uma destas vertentes ditado pelo tema escolhido para o disco, tendo os volumes de dança maior preponderância de artistas 'pimba', e os restantes maior ênfase em cantores românticos. Esta estratégia permitia, idealmente, apelar a toda a demografia de fãs de música popular e de baile portuguesa, maximizando assim o potencial de vendas da colecção. E a verdade é que, apesar de não ser hoje tão conhecido ou lembrado como as séries 'Número 1', 'Electricidade', 'Caribe Mix' ou outras semelhantes, 'Top Portugal' constitui uma excelente cápsula temporal da música popular portuguesa de finais do Segundo Milénio, e será ainda capaz de despertar nostalgia em todo um sector da sociedade que terá crescido a ouvir estas músicas em 'repetição' no leitor de CD lá de casa...

12.12.22

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

No ano passado, por esta altura, falámos da música de Natal dos Anjos, uma tentativa morta à nascença de criar um novo clássico natalício 'made in Portugal'; agora, um ano volvido, falamos de uma outra tentativa gorada, neste caso a de criar uma espécie de 'We Are The World' à portuguesa, protagonizado em 1996 por um colectivo composto por alguns dos maiores nomes da cena 'popularucha' nacional.

Nominalmente atribuído a José Malhoa, presumivelmente o 'cérebro' por detrás do projecto, 'Um Pedido de Natal' (assim se intitula o tema) é, no entanto, claramente um esforço conjunto por parte de uma equipa repleta de 'craques' do 'pimba' nacional, com destaque para o igualmente veterano Tony Carreira, para o grupo Broa de Mel e para a filha de Malhoa, Ana, então no esplendor da adolescência e no auge da popularidade enquanto apresentadora do mítico espaço infantil da SIC, Buereré. O resultado é uma balada típica do estilo musical em que se insere que, não fossem as referências ao Natal na letra, pouca associação teria com esta quadra – de facto, a instrumentação em si traz um toque mais latino do que propriamente invernal ou natalício.

Assim, e consistindo a parte musical da típica 'xaropada' processada, o principal interesse deste 'Pedido' reside na letra, a qual – apesar de simples e simplista, como é apanágio do estilo – não deixa de focar (e de forma surpreendentemente séria, ainda que superficial) uma temática importante, no caso, as separações forçadas entre familiares na noite de Natal, seja por obrigações laborais, desentendimentos pessoais, motivos de saúde (o tema viria, inclusivamente, a ser interpretado no 'Natal dos Hospitais'), ou simplesmente porque alguns dos membros do agregado se encontram em outra localidade ou até no estrangeiro. Uma temática bem relevante para o público-alvo da música (e do movimento 'pimba' em geral) e a que cada um dos intérpretes se entrega 'com tudo', em interpretações que ficam ali na divisória entre o emocional e o ridículo – como, aliás, viria a acontecer também com 'Mãe Querida', uma música de moldes muito semelhantes, mas alusiva ao Dia da Mãe, e que viria a tornar-se um sucesso 'viral' na era pré-Internet aquando do seu lançamento, dois anos mais tarde.

E ainda que (bem) menos lembrado do que esse clássico intemporal de meados dos 90, o 'Pedido' de José Malhoa e companhia não deixa de constituir uma tentativa honrada de gravar uma faixa em molde 'super-grupo', e apresenta muito daquele 'charme' típico do género; ou seja, sem fazer concorrência a 'A Todos Um Bom Natal', o facto é que há músicas bem piores para adicionar à 'playlist' natalícia nostálgica...

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