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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

04.04.23

NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 03 de Abril de 2023.

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Apesar do relativo ecletismo de estilos que os jovens de finais do século XX inseriam na sua 'dieta' musical quotidiana, o 'jazz' nunca foi um género com que essa mesma demografia se identificasse particularmente, talvez pelas pretensões intelectuais e imagem algo antiquada com que o mesmo era associado à época, e que o colocavam em claro contraste com os estilos favorecidos pela juventude, como o pop-rock e o alternativo. E, no entanto, a verdade é que, apenas uma geração antes, este género musical havia sido religiosamente escutado e seguido por grande parte dos jovens nacionais da época, sobretudo os citadinos, graças a um programa de rádio de difusão nacional exclusivamente dedicado ao estilo, inaugurado em 1966 e que continuava a manter-se 'firme' naquele fim de século, vindo inclusivamente a adentrar-se pelas primeiras duas décadas do século XXI antes de ser interrompido, há meras semanas, pela morte do seu criador.

Falamos do 'Cinco Minutos de Jazz', rubrica de título auto-explicativo da responsabilidade de José (ou 'Jazzé') Duarte - não confundir com José Jorge Duarte, o 'Lecas' - que fez parte do léxico radiofónico português durante mais de cinco décadas, ao longo das quais apresentou aos ouvintes interessados em 'jazz' um sem-número de nomes mais ou menos famosos do estilo, alguns dos quais devem, inclusivamente, ao programa a penetração e difusão do seu nome em Portugal.

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O carismático apresentador do programa, figura de proa do 'jazz' nacional

Transmitido primeiro pela Rádio Renascença, depois pela Rádio Comercial, e finalmente pela Antena 1, o programa manteve uma transmissão ininterrupta durante praticamente quarenta anos (entre 1983 e o corrente ano de 2023), sempre com a mesma fórmula que adoptara aquando da sua criação em 1966, e que consistia numa apresentação da música, seguida da transmissão integral da mesma e, finalmente, numa pequena contextualização explicativa, que revelava mais alguns dados em relação ao tema que acabara de tocar. Um formato simples, mas eficiente, que tirava o máximo partido do tempo disponível para a rubrica e eliminava muita da 'palha' que continua, até hoje, a infestar muitos programas radiofónicos. Aliada ao carisma e simpatia natural do falecido apresentador, esta economia de estilo ajudou a tornar o programa um sucesso, tendo o mesmo mantido uma audiência cativa ao longo de décadas, até se tornar o programa mais antigo da rádio portuguesa.
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Não foi, no entanto, apenas o programa que almejou fama dentro dos meios musicais portugueses - também o seu anfitrião ganhou honras de 'decano' e 'embaixador' do movimento 'jazz' português, sendo muitas vezes o escolhido para acolher certas figuras de proa do estilo (ou mesmo para as aliciar para um concerto em Portugal) e estando envolvido na organização de vários dos primeiros festivais dedicados ao género em solo nacional. Foi, também, dele e do seu programa a responsabilidade pela edição do primeiro disco de 'jazz' em Portugal, de nome 'Estilhaços' e lançado em 1972 para celebrar o sexto aniversário do programa (o qual, ironicamente, seria alvo de uma paragem forçada daí a um par de anos, antes do regresso em 1983.)

Assim, e apesar de o seu programa se afirmar já como 'de culto' (ou, se preferirmos, 'de nicho') por alturas da infância e adolescência de muitos dos leitores deste 'blog', vale, ainda assim, realçar e relevar a importância do seu apresentador, cujo falecimento representa uma perda de vulto para o movimento 'jazz' português, que se vê privado não só do seu programa de referência, como também de uma das principais personalidades propulsoras do mesmo ao longo das décadas. Que descanse em paz.

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