17.12.24
Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.
(Crédito da imagem: Desenhos Animados Anos 90)
Um dos principais conceitos tradicionalmente ligados ao Natal – para além do estreitamento de laços de amizade e parentesco e, claro, da troca de prendas – é o da solidariedade para com o próximo, em particular no tocante aos mais desfavorecidos. E porque a máxima deste tipo de gesto reza que 'cada um dá o que pode', não é de surpreender que as entidades públicas ou empresariais estejam entre as que, a cada ano, mais significativos esforços fazem para ajudar quem precisa – sejam as suas intenções genuínas ou não.
Nos anos da viragem do Milénio, uma das 'faces' mais visíveis desta caridade 'corporativa' (à falta de melhor expressão) era a SIC, a qual, durante nada menos do que cinco anos – de 1997 a 2001 - dedicou todo um bloo horário a um programa que tinha tanto de interesse humano como de auto-promoção, e que via os seus apresentadores saírem à rua ao som do inevitável 'A Todos Um Bom Natal' e a bordo de um camião repleto de brinquedos, conseguidos em parceria com a Associação de Apoio À Criança e destinados a assegurar que milhares de crianças desfavorecidas de Norte a Sul do 'País do Natal' gozavam de uma quadra festiva acima da média, mantendo assim o espírito da época natalícia.
De facto, os benefícios desta iniciativa para a demografia-alvo acabavam por ser duplos, já que, para além dos simbólicos (ou talvez nem tanto) presentes, as crianças visadas por esta iniciativa tinham, ainda, a oportunidade de conhecer em primeira mão alguns dos principais nomes associados à estação de Carnaxide, de Jorge Gabriel a Catarina Furtado ou Bárbara Guimarães – uma experiência, certamente, inesquecível, e que, ao mesmo tempo, deixava 'bem vistos' os homens e mulheres que davam a cara ao programa, adicionando o supramencionado elemento de auto-promoção.
Ainda assim, era difícil levar a mal um programa que, no seu âmago, mais não pretendia do que personificar o espírito natalício de entreajuda e solidariedade – algo que, já à época, ia cada vez mais escasseando na sociedade ocidental. É, aliás, incerto porque razão a SIC deixou de percorrer, com o seu camião mágico, o 'País do Natal', já que o programa homónimo era um daqueles formatos intemporais que continuaria, sem dúvida, a ser bem recebido, mesmo na bastante mais cínica sociedade dos anos 2020 - afinal, quem não gosta de ver praticar o bem e ajudar os mais desfavorecidos na época natalícia? Não será, pois, de surpreender se a SIC escolher 'ressuscitar' a sua 'tradição' natalícia para quadras futuras, talvez adaptando-a à nova era digital, e alegrando o Natal não só das crianças pobres que (infelizmente) continuam a existir em Portugal, como também dos telespectadores fartos da mesma sequência anual de filmes de família, e em busca de algo diferente que ver durante os últimos dias de Dezembro...