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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.08.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

A vida de um adepto de futebol – tenha que idade tiver – nunca é fácil. Mesmo aqueles que seguem os clubes de maior dimensão nacional ou mundial não conseguem escaper a uma ou outra época de desilusões, frustrações e amarguras. E apesar de, eventualmente, esses períodos passarem a ser apenas uma recordação mais ou menos embaraçosa para partilhar com os amigos numa jantarada, na altura, ao vivo e a cores…doem. Doem muito.

O primeiro assunto que iremos abordar nesta nova rubrica do nosso espaço desportivo - dedicada a recordar plantéis memoráveis da nossa década de eleição - trata, precisamente, de um desses momentos, no caso relativo a um dos chamados ‘três grandes’ portugueses – nomeadamente, o Benfica. E, tendo em conta a época em que a maioria dos leitores deste blog nasceu (e o título do post…) certamente já sabem de que momento se trata.

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Sim, hoje vamos falar daquelas duas épocas em que o clube encarnado de Lisboa foi treinado por um escocês crédulo e com uns ‘parafusos a menos’, que o tentou transformar numa espécie de versão portuguesa de uma equipa do Championship ou League One, recheada de ‘pernetas’ britânicos de variáveis graus de hilaridade para os adeptos adversários. Só essa lista já deverá ser suficiente para fazer arrepiar qualquer adepto ‘lampião, tal o calibre dos nomes que a compõem. Senão vejamos: na época e meia em que Souness esteve à frente da equipa, constaram da folha salarial do Benfica nomes como Scott Minto, Mark Pembridge, Michael Thomas, Gary Charles, Brian Deane, Steve Harkness e Dean Saunders (que, em abono da verdade, até era bom jogador). Já sentiram um friozinho na espinha? Pois… Até os adeptos de outros clubes tinham pena de quem tinha que ‘gramar’ com estes toscos semana sim, semana sim, durante um campeonato inteiro.

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Quem se poderá esquecer deste gigantesco craque, notável pela sua velocidade de movimentos e execução?

E o pior é que essas equipas do Benfica não eram, de todo, desprovidas de talento – antes pelo contrário. A equipa que Souness herdou de Manuel José e Mário Wilson tinha, por exemplo, um dos melhores guarda-redes de sempre a actuar no campeonato português moderno (o eterno Preud’Homme), um dos melhores criativos (o igualmente eterno João Vieira Pinto) e ainda nomes como Tahar El-Khalej, Paulo Madeira, El-Hadrioui, Karel Poborsky (que viria a atingir outros vôos), Ovchinnikov (aqui suplente de Preud’Homme, mais tarde titularíssimo do FC Porto), Jorge Cadete ou um jovem Nuno Gomes, que já mostrava a veia goleadora pela qual se tornaria conhecido na década seguinte. A nível de resultados, também nada fora do normal – um segundo lugar e um terceiro, embora este ultimo se tenha iniciado com uma pouco típica série de cinco derrotas. E, no entanto, a principal memória tanto de adeptos como de adversários é mesmo aquela ‘colecção’ de ‘pernetas’ britânicos, que entre eles talvez perfizessem um jogador mediano...

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...imediatamente seguida pela desta 'maravilha' de equipamento alternativo, que consegue, ainda assim, a proeza de NÃO ser o pior da história recente do clube.

Mas, afinal de contas, que mais se poderia esperar do homem que, ao comando do Sunderland, adquirira sem qualquer prospecção um suposto ‘primo’ de George Weah, que afinal não passava de um ilustre desconhecido das divisões amadoras francesas? Não, caros amigos do clube rival, vocês até tiveram sorte de as ‘fézadas’ de Souness no vosso clube se terem resumido a uns quantos ‘coxos’ ao nível do segundo escalão inglês, e nunca se terem alargado a um Ali Dia; como o próprio Souness talvez dissesse, ‘be thankful for small mercies’ - entre as quais a de nunca ter havido no vosso clube outro treinador como o escocês, nem outra equipa como a que ele montou naquela recta final do século XX, da qual os maiores beneficiários eram mesmo os clubes rivais, que tinham a vida significativamente facilitada sempre que chegava a altura de um ‘derby’…

24.06.21

NOTA: Este post é relativo a Terça-feira, 22 de Junho de 2021.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Hoje em dia, qualquer fã de futebol – seja de clubes ou internacional – tem uma variedade de meios à escolha se pretender acompanhar o seu clube ou Selecção de eleição. Mesmo sem entrar pelos meandros da Internet, se um dos quatro canais principais não estiver a transmitir a partida pretendida, a SportTV ou o novíssimo Canal 11 certamente terão algum tipo de solução – e, em último recurso, há sempre o ecrã de plasma do café da esquina…

Tempos houve, no entanto, em que não era assim. Tempos, até, bem mais recentes do que pensa; basta, por exemplo, lembrar que na década de 90, os fãs de futebol portugueses podiam ver exactamente UM jogo por semana – normalmente, de um dos três grandes – ficando, no restante, reduzidos a relatos radiofónicos ou resumos no Domingo Desportivo. Até mesmo a Selecção Nacional se via adstrita a este regime, ainda que em menor escala – até porque, à época, as Quinas não eram ainda consideradas uma das grandes Selecções mundiais, e não participavam necessariamente em todos os torneios.

Foi, precisamente, em meados da década de 90 que a situação começou a mudar. O advento do Euro '96 – um dos Campeonatos Europeus mais mediatizados até então – e a presença da Selecção no mesmo levaram os jornalistas a redobrar esforços no respeitante à cobertura do evento, o que acabou por se traduzir numa das primeiras instâncias de cobertura desportiva como a entendemos actualmente.

A principal responsável por esta mudança de paradigma foi a SIC, então ainda em início de vida, e que decidiu marcar posição enviando uma equipa de reportagem a Inglaterra, não para seguir a Selecção, mas para avaliar o clima geral da competição. O resultado foi uma peça noticiosa histórica, de indole inédita à época, que desviava o foco dos jogadores e das partidas e o colocava, firmemente, nos adeptos. Mas não QUAISQUER adeptos – adeptos britânicos, alcoolizados, e que tinham como ídolo particular um então titular habitual da Selecção das Quinas…

Enfim, um momento ‘divisor de águas’, e que incentivou as restantes emissoras a seguir o exemplo da SIC no tocante a peças sobre desporto. Claro que a mudança não foi imediata – antes pelo contrário – mas também é certo que, em finais da mesma década, o jornalismo desportivo já se assemelhava muito mais ao que hoje conhecemos. E tudo por causa de quatro adeptos alcoolizados e um cântico de louvor a Jorge Cadete…

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