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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

03.06.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui anteriormente falámos de como os jogos de 'palminhas' estiveram, e até certo ponto continuam a estar, entre as diversões mais simples e, ao mesmo tempo, mais tradicionais e perenes para a demografia infanto-juvenil portuguesa. A total ausência de quaisquer recursos necessários – só é mesmo preciso saber as letras das lenga-lengas, e ter parceiros dispostos a alinhar na brincadeira – faz com que este tipo de jogo seja ideal para preencher um intervalo mais aborrecido ou desinspirado, tornando-o em mais um momento divertido de um recreio de escola ou Sábado aos Saltos. 

Adjacente a estes jogos, mas numa categoria algo 'à parte' e relativamente única, encontra-se um outro, de carácter menos cooperativo e mais competitivo, e cuja intenção pode, em parte, ser considerada malévola, já que passa por magoar activamente (ainda que ao de leve) o parceiro, ou antes, adversário.

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Falamos, é claro, do tradicional jogo da 'sardinha', aquela brincadeira em que dois jogadores unem as palmas das mãos, e o participante que se encontra por baixo (com as palmas viradas para cima) tenta apanhar despercebido o seu parceiro com uma palmada nas costas da mão, que assinala a sua vitória naquela ronda.

Agregando alguns dos principais atractivos para a juventude, não só portuguesa como de todo o Mundo, numa só actividade, por sinal bem simples, não é de estranhar que o jogo da 'sardinha' tenha sobrevivido não só ao passar das décadas, como também à mudança de mentalidades – embora possa não estar longe o dia em que o jogo é banido dos recreios nacionais por ser considerado incitador à violência e ao 'bullying'... Até lá, milhares de crianças portuguesas da Geração Z continuarão, decerto, a desfrutar do mesmo jogo simples mas 'enervante' e competitivo que fez as delícias dos seus pais, avós e por aí adiante através dos tempos...

30.05.23

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

No início dos anos 90, os jogos de corridas assumiam, ainda, contornos maioritariamente irrealistas, o chamado estilo 'de arcada'; apesar de haver, aqui e ali, lugar a tentativas de criar algo mais realista – como as séries 'TOCA' e 'Formula 1', para a PlayStation original, ou até jogos anteriores, do tempo dos PCs com gráficos EGA – a maioria dos títulos do género continuava a apresentar uma jogabilidade de 'pé no acelerador e fé em Deus'.

Talvez por isso o jogo lançado pela Sony Computer Entertainment para a sua consola-estandarte há quase exactos vinte e cinco anos – a 8 de Maio de 1998 – tenha causado tal sensação, tornando-se num dos mais famosos e prestigiados títulos do género não só nessa consola, mas no cômputo geral. E porque, à data do seu aniversário, estávamos ocupados com outros assuntos – e por mais valer tarde do que nunca – dedicamos agora, com cerca de três semanas de atraso, algumas linhas aos primórdios de uma franquia que perdura até aos dias de hoje.

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Falamos, claro está, de 'Gran Turismo', que, mais do que umas quantas corridas, propunha uma experiência quase inteiramente realista, não só no tocante a ser piloto de competição, mas no âmbito da condução em geral. De facto, o modo homónimo do jogo obrigava o jogador a superar uma série de desafios destinados a adquirir a carta de condução necessária ao manuseio de carros de alta rotação, antes mesmo de sequer lhe ser permitido olhar para um – algo que, convenhamos, ia muito além do 'normal' dos jogos de corrida da altura! Mais – cada carta apenas dava acesso a um determinado número de eventos, sendo depois necessário repetir o processo para adquirir a licença do nível seguinte! Um desafio que, à partida, não parecia por aí além cativante, mas que se afirmava como estranhamente viciante, bem como recompensante, já que a oferta de carros disponibilizada pelo jogo era verdadeiramente impressionante, além de absurdamente variada pelos padrões da época – no total, eram cento e quarenta carros com os quais percorrer as onze pistas do jogo!

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Exemplo da jogabilidade e fabulosos gráficos do título.

É claro que o jogo vinha também equipado com um modo 'Arcade', em que os mais impacientes podiam dar as 'voltinhas' da praxe, experimentar todos os veículos (incluindo os dois exclusivamente disponíveis neste modo), admirar os (na altura) estonteantes gráficos das mesmas e familiarizar-se com as pistas; no entanto, é inegável que este modo ficava em segundo plano, enquanto a maioria dos jovens aspirantes a condutores tentava tirar a carta correspondente ao carro dos seus sonhos. É, aliás, duvidoso se 'Gran Turismo' teria tido o mesmo sucesso sem este modo, já que, apesar de soberbamente realizado a nível técnico, não oferece mais qualquer ponto distintivo em relação às melhores ofertas do género disponíveis na era 32-bit.

Tal como existiu, no entanto, 'Gran Turismo' foi um sucesso retumbante um pouco por todo o Mundo, fazendo com que valessem a pena os cinco anos que os programadores da Sony lhe dedicaram, O impacto e influência do jogo foram tais que, em 2015 – já com muitos outros títulos bastante mais avançados disponíveis no mercado – o mesmo era, ainda, reconhecido pelo conceituado portal IGN como o segundo mais influente de sempre no género das corridas, perdendo apenas para o 'ancião' 'Pole Position'.

Face ao êxito do jogo junto tanto do público como da crítica especializada, não é de admirar que, menos de dois anos após o seu lançamento (nos primeiros dias do Novo Milénio), a Sony disponibilizasse no mercado aquela que seria a primeira de muitas sequelas – e também não é, de todo, surpreendente que a mesma seguisse uma linha quase 'decalcada' do seu antecessor, mas em maior escala.

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De facto, não contente com oferecer 'mais do mesmo', 'Gran Turismo 2' oferece MUITO mais do mesmo, sendo necessários dois discos de PlayStation para armazenar os seus seiscentos e cinquenta (!!!) carros e vinte e sete pistas, mais do dobro das oferecidas pelo original. E se estes números parecem reservar a compleição do jogo apenas aos (muito) mais pacientes, a verdade é que terá havido muitos jogadores inveterados dispostos a aceitar o desafio, já que a sequela constituiu novo sucesso de vendas mundial, pesem embora alguns 'bugs' iniciais, prontamente corrigidos pela editora.

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Exemplo da jogabilidade e ainda melhores gráficos da primeira sequela.

Daí em diante, e até aos dias que correm, o percurso da franquia foi previsível, tendo sido lançados mais seis títulos principais, cada um deles um estandarte para cada nova evolução da consola da Sony, bem como uma série de jogos secundários, com menos eventos e carros. Nada disso teria sido possível, no entanto, sem o revolucionário título inaugural da franquia, um daqueles jogos tão influentes entre a geração 'Millennial' que quase suscita a pergunta 'onde é que estavas quando foi lançado o Gran Turismo?'

23.05.23

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Há criações assim – que não só extravasam a mediania e se tornam memoráveis para quem com elas convive, mas acabam por mudar irrevocavelmente o panorama do meio ou campo em que se inserem. O mundo dos videojogos não é excepção à regra neste aspecto – antes pelo contrário, é por demais fácil elencar toda uma série de títulos que vieram alterar para sempre o mercado do entretenimento electrónico, e a forma como o público-alvo percepcionava e interagia com o mesmo; para citar apenas alguns dos exemplos mais conhecidos, provavelmente não teria havido jogos de plataformas como os conhecemos sem o primeiro 'Super Mario Bros.', jogos de luta um-para-um sem 'Street Fighter II', jogos de tiros em primeira pessoa sem 'Wolfenstein 3D' e 'Doom', nem jogos centrados em batalhas multi-jogador travadas em arenas circulares e fechadas sem o título que abordamos esta semana, quando se celebra um exacto quarto de século sobre o seu lançamento.

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Surgido nas prateleiras mundiais a 22 de Maio de 1998, pela mão da hoje bem conhecida Epic Megagames e da GT Interactive, 'Unreal' destacou-se, desde logo, da concorrência, não só pelos extraordinários gráficos (baseados no ainda hoje utilizado Unreal Engine e que tiravam o máximo proveito das tecnologias de aceleração e processamento da época, ultrapassando mesmo os do também clássico 'Quake II', lançado apenas alguns meses antes) como pelo foco considerável e explícito na vertente multi-jogador, que aproveitava, ela mesma, as capacidades da ainda incipiente Internet.

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Exemplo dos ainda hoje impressionantes gráficos e ambientes do jogo.

De facto, em conjunto com a sua sequela e o 'concorrente' 'Half-Life', lançado cerca de seis meses mais tarde – e que também desfrutará, em breve, do seu 'lugar ao sol' nestas nossas páginas - 'Unreal' ajudou, em grande parte, a definir a experiência 'multiplayer' ao nível dos jogos de acção, tendo os seus moldes sido, postumamente, copiados e aperfeiçoados por títulos tão famosos e bem-sucedidos como 'Serious Sam', 'Halo' e até os 'decanos' 'Quake' e 'Doom', nas suas terceiras sequelas. Vinte e cinco anos depois, para quem viveu aquela época próxima da mudança de Milénio, é impossível imaginar a experiência de jogar videojogos 'online' sem 'Unreal' e 'Unreal Tournament', o que diz muito da importância dos mesmos para a evolução do meio nas primeiras décadas do século XXI.

E por falar em 'Unreal Tournament', eis uma sequela que se conseguiu tornar ainda mais famosa do que o seu antecessor, a ponto de o eclipsar e praticamente se tornar sinónima com a franquia como um todo.

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Lançado na Europa a 3 de Dezembro de 1999 – a tempo de se tornar o grande sucesso do último Natal do século XX – e mais tarde transladado para as principais consolas da época, este título tem o mérito de aperfeiçoar quase todos os pontos mais fracos do seu antecessor e da respectiva expansão, em particular a experiência 'online multiplayer', que resolvia a maioria dos 'bugs' e defeitos do original e se posicionava como o conceito central do jogo. De facto, onde 'Unreal' havia ainda sido, em larga medida, um jogo de missões simples para um só jogador, 'Tournament' oferecia muito pouco a quem não tivesse Internet em casa e adversários humanos para enfrentar, estando – juntamente com o referido 'Half-Life' e a famosíssima alteração 'caseira' do mesmo, 'Counter Strike' – na génese do género a que se convencionou chamar 'arena shooter', e tendo, como estes, contribuído para o léxico 'gamer' com termos como 'deathmatch' e 'capture the flag', que fazem hoje parte do tecido linguístico de qualquer fã de jogos electrónicos em rede.

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Exemplo da jogabilidade de 'Tournament'.

Escusado será dizer que um título que atinge tais níveis de sucesso, relevância e importância dentro do seu género – e do mundo dos jogos de computador em geral – terá, naturalmente, direito não só a várias sequelas, como a toda uma série de títulos com o seu nome. Foi assim com 'Half-Life' e foi, também, o caso com 'Unreal', que via a sua sequela directa ser lançada em 2003 – em meio a inúmeras actualizações de 'Tournament', incluindo um novo título de índole semelhante, 'Unreal Championship' – e dar o mote para toda uma panóplia de novos jogos, desenvolvidos por companhias tão conhecidas como a Infogrames, a Atari ou a Midway. E ainda que a mais recente destas continuações date já de 2014, é perfeitamente possível que a série 'Unreal' venha ainda a contribuir com mais alguns títulos para a biblioteca de jogos dos fãs de tiros em primeira pessoa, e a afirmar-se como uma alternativa nostálgica a franquias tão bem-sucedidas como aborrecidas e repetitivas, como 'Call of Duty', 'Battlefield' ou 'Gears of War' – os quais, aliás, talvez não existissem sem o motor de desenvolvimento introduzido pelo jogo original, nos idos de 1998, e que continua a servir de base a tantos e tantos títulos do género. Parabéns, 'Unreal', e obrigado pelas memórias.

29.04.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Já aqui anteriormente abordámos a enorme panóplia de jogos de rua com que as crianças portuguesas de finais do século XX se entretinham. Numa era em que brincar fora de portas era não só aceite como encorajado, havia tempo para 'inventar' mil e uma brincadeiras, dos tradicionais jogos de rua – como a apanhada, escondidas, eixo ou cabra-cega, entre outros – aos jogos de palminhas, passando pelo elástico, salto com corda, guerras de balões ou pistolas de água e, claro, toda uma gama de jogos com bola.

À margem, e ao mesmo tempo adjacente, a todas estas brincadeiras, havia uma outra, que conseguia inclusivamente 'extrapolar' o ambiente da rua para se tornar um 'clássico', também, das aulas de Educação Física na escola; um jogo que reunía tudo aquilo que a criança média da época procurava numa brincadeira, da enorme competitividade à vertente de jogo em equipa, passando pela possibilidade de humilhar e até magoar os adversários, sem que com isso se extravasassem as regras do jogo.

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Falamos do jogo do 'mata', aquela clássica competição em que duas equipas de jovens procuram ganhar a posse de uma bola de borracha e, uma vez conseguido esse objectivo, eliminar os jogadores da facção adversária mediante contacto directo – ou seja, procurando que a referida bola os atinja, sendo cada jogador atingido prontamente eliminado do jogo. Ganha, obviamente, a equipa que conseguir 'matar' primeiro todos os adversários. Uma premissa simples, mas nada inofensiva, e que dava azo a verdadeiras 'batalhas campais' no recreio, na rua, ou mesmo no ginásio da escola, sob a sanção de um professor – embora sempre de uma perspectiva de sã competição, e de alívio de tensões, objectivo no qual o 'mata' era nada menos que exímio (pelo menos para os jogadores da equipa que tinha a bola, porque para os outros, a situação apenas causava ainda mais nervosismo...)

Infelizmente, numa era em que qualquer tipo de violência é altamente desencorajado, e as crianças e jovens mais protegidos do que nunca, é de duvidar que o 'mata' volte, alguma vez, a gozar da mesma popularidade que teve durante aqueles anos; ainda assim, também não seria de todo descabido ver voltar aos recreios do País este jogo, como alternativa física e presencial às eternas e incessantes 'guerras' de comentários no YouTube ou TikTok. Têm a palavra as novas gerações...

11.04.23

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Numa semana em que um dos mais populares e rentáveis heróis dos videojogos, o eterno Super Mario, 'invade' os ecrãs de cinema portugueses com o seu segundo filme (desta feita, animado) o qual vem, até agora, suscitando reacções de entusiasmo por parte dos fãs de videojogos, nada melhor do que recordarmos mais um dos muitos títulos influentes com que o mesmo contou durante a década de 90. E por já termos aqui falado do seu clássico para Super Nintendo, de uma 'pérola esquecida' do Game Boy e até da franquia paralela que o coloca como condutor de carros de corrida, resta-nos falar daquele que foi, talvez, 'O' jogo de Mario para a geração que lê este blog, e que, à época, veio revolucionar por completo a 'cena' dos videojogos, e cimentar a Nintendo como principal pretendente ao 'trono' da Sony.

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Falamos, claro, de Super Mario 64, jogo que ajudou, quase por si só, a 'vender' a revolucionária consola da Nintendo, e que continua até hoje a fazer parte de qualquer lista de grandes clássicos para a consola – um feito, em tratando-se de um título de lançamento! Essa reputação é, no entanto, totalmente merecida, bastando olhar para umas quantas imagens do jogo durante um par de segundos para perceber como e porque é que o mesmo deixou de boca aberta toda uma geração de 'putos', a nível mundial. Em Março de 1997, altura em que o jogo chega à Europa, o género das plataformas 3D tinha já alguns representantes – sendo o mais destacado a mascote da Sony, Crash Bandicoot – mas nada que sequer se assemelhasse a Mario 64, um titulo que inova o conceito de 'open world' que, mais tarde, se tornaria quase 'de regra' em jogos do género. Isto porque, além dos múltiplos níveis, sub-níveis e desafios a completar, o jogo permite ao jogador explorar as cercanias do castelo da Princesa Peach, descobrindo assim segredos, moedas e outros aspectos adicionais, que expandem ainda mais a jogabilidade do título.

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A área central do castelo, e do jogo.

Para além dessa liberdade de movimentos, da multiplicidade de níveis e do vasto rol de movimentos de Mario (a aproveitar os botões extra do comando da Nintendo 64) o jogo é, pura e simplesmente, uma proeza técnica ímpar para a época, ficando a 'léguas' mesmo dos melhores adversários, como o referido Crash. Empregando de forma inteligente as limitações gráficas da consola (como o famoso 'nevoeiro') o título conta com gráficos impressionantes para a época (e que envelheceram como o vinho), banda-sonora cuidada e, claro, a carismática voz de Mario, com as suas exclamações de 'Mamma Mia!' (sem esquecer a cabeça gigante que dava as boas-vindas aos potenciais jogadores durante o modo 'demo', e fazia 'saltar' qualquer miúdo incauto que passasse por uma N64 numa qualquer grande superfície ou loja de brinquedos...)

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Quem nunca 'saltou' com isto?

Aliados aos referidos aspectos inovadores a nível da jogabilidade, estes factores tornavam Mario 64 num daqueles títulos a ser jogado e explorado pelo menos uma vez por qualquer fanático de videojogos que se prezasse, e valeram-lhe a (por uma vez, merecida) nota de 100% no icónico Templo dos Jogos da SIC (e classificações semelhantes nas principais revistas de jogos da época), bem como um lugar cimeiro no panteão de grandes clássicos da franquia Mario, que ainda hoje – mais de um quarto de século volvido - disputa apenas com títulos como 'Super Mario World' ou os muito posteriores 'Galaxy' e 'Odyssey'. E com o filme de Mario a revelar-se um também merecido sucesso de bilheteira, está dado o mote perfeito para tirar do armário a velha N64 (ou a mais recente DS, na qual o jogo foi relançado em versão 'melhorada') e mostrar à geração actual o que constituía uma obra-prima interactiva no tempo dos seus pais...

29.03.23

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Apesar de popular praticamente desde o primeiro grande 'salto' tecnológico no mundo dos videojogos, o género de jogos de tiro com pistola teve na época dos 32-bits, em meados dos anos 90 e inícios do novo milénio, a sua verdadeira 'era de Ouro.' Enquanto que as primeiras tentativas de criar jogos deste tipo pouco passavam de galerias de tiro virtuais, as possibilidades oferecidas pelas novas consolas permitiam a criação de algo mais elaborado e imersivo do que o velho 'tiro aos patos' da NES (por muito emblemático que o cão desse jogo seja) ou as galerias de tiro da Mega Drive.

A primeira companhia a tirar proveito deste novo paradigma foi a então ainda pujante SEGA, que lançou, não uma, mas duas franquias de máquinas de arcada baseadas neste princípio. A primeira era 'Virtua Cop', que colocava o jogador no papel de um polícia de choque a tentar impedir assaltos e golpes terroristas numa grande cidade inspirada em Los Angeles; a segunda foi 'The House of the Dead', um conceito baseado nos filmes de terror com zombies de 'série B', que vê o jogador percorrer uma mansão assombrada, lutando com monstros, para libertar a amada raptada. Ambos estes títulos fariam, mais tarde, parte do alinhamento da infeliz Sega Saturn, uma consola 'à frente do seu tempo' cuja História aqui paulatinamente abordaremos. Mas se 'Virtua Cop' teria honras de título de lançamento, 'The House of the Dead' chegaria já como um dos 'últimos suspiros' da máquina, antes de se retirar da luta desigual com a rival PlayStation.

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Curiosamente, por essa altura (31 de Março de 1998, no caso do lançamento americano) a trama do jogo podia considerar-se quase contemporânea, já que a história se passa precisamente nesse ano, ainda que no mês de Dezembro. Apesar do charme que as vozes típicas dos jogos daquela época (ou seja, 'azeiteiras' até à medula) conferem aos momentos iniciais do jogo, no entanto, a trama é de somenos importância neste tipo de jogo; o que o jogador quer é matar o maior número de 'zombies' possível, e nesse capítulo, 'House of the Dead' não desilude, incluindo mesmo alguns 'bosses' bem duros de matar. Este factor diversão acaba – como em tantos outros jogos da SEGA – por colmatar os gráficos já algo desactualizados, tornando o primeiro jogo numa experiência divertida até aos dias de hoje.

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Os primeiros instantes do primeiro jogo da franquia.

O sucesso (merecido) da primeira parte não podia, claro está, deixar de motivar uma sequela, surgida em 1999, agora para a consola de nova geração da SEGA, a também desafortunada Dreamcast. E porque 'em fórmula que ganha, não se mexe', 'House of the Dead 2' é precisamente e apenas 'mais do mesmo', agora com gráficos e sons melhorados, para reflectir os avançados verificados nos três anos desde o lançamento do original nas máquinas de arcada. A diversão, essa, continua toda lá, tornando esta sequela – como 'Virtua Cop 2' – em mais um sucesso para a companhia com Sonic como mascote, e bem merecedora de uma vista de olhos por parte dos fãs do género, ainda hoje. (O mesmo, aliás, se pode dizer, sem tirar nem pôr, da terceira parte, lançada em 2002.)

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Capa e exemplo dos gráficos do primeiro jogo.

O sucesso da franquia era tal, aliás, que a SEGA rapidamente começou a lançar títulos menos ortodoxos com os populares zombies como protagonistas, como 'Zombie Revenge' (um beat-'em-up lançado em 2000 para a Dreamcast), um título de 'pinball' (!) lançado em 2002 para Game Boy Advance (!!) ou a série educativa 'The Typing of the Dead', destinada a ajudar a desenvolver as capacidades de datilografia e reconhecimento de vocabulário em crianças (!!!) e na qual os zombies eram 'despachados' em função da velocidade a que se soletravam as palavras no ecrã (!!!!) No entanto, para crédito da companhia, a maioria destes títulos era cuidada do ponto de vista técnico, não diluindo portanto o mérito da franquia como um todo – o mesmo não se podendo, infelizmente, dizer do lendariamente horrendo filme em 'acção real' realizado por Uwe Boll em 2003, e que se afirmaria como apenas mais um dos muitos 'flops' do infame realizador alemão. Nada que retire ou diminua o mérito dos jogos, no entanto, continuando estes a ser produtos de qualidade no contexto do seu tempo.

A 'morte' da SEGA enquanto produtora de 'hardware' motivou, também, a companhia a encontrar uma nova 'casa' para os seus títulos, no caso, nas consolas da rival Nintendo. Tanto o supramencionado Game Boy Advance como a posterior Wii e ainda a Nintendo DS (ainda que apenas no Japão) veriam sair títulos da série, tendo a Wii tido direito tanto a um original como a um 'remake' que compilava o segundo e terceiro títulos num só CD. Além destas, também a PlayStation 3 receberia um título (no caso, a 'parte 4'), continuando cada um dos jogos a ser igualmente lançado para PC.

Embora algo datado nesta era de jogos de 'mundo aberto' em formato 'sandbox', não é difícil perceber o apelo que tornou 'House of the Dead' num sucesso entre os 'gamers' de meados e finais de 90. Afinal, às vezes, não apetece cumprir missões longas, envolventes e difíceis; às vezes, tudo o que se quer é passar dez minutos a balear mortos-vivos enquanto o jogo nos 'leva' automaticamente de sala em sala. Se esta descrição soa de algum modo apelativa, 'House of the Dead' continua a ser um jogo a conhecer, mesmo nos dias que correm.

 

18.03.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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A 'fava' saiu, claramente, ao miúdo de t-shirt laranja...

Já aqui por várias vezes mencionámos que, muitas vezes, as experiências e conceitos mais simples são, também, os mais marcantes, especialmente para a mente algo linear de uma criança; e, para quem nasceu ou cresceu nas últimas duas décadas do século XX e nos primeiros anos do seguinte, um dos melhores exemplos disto mesmo são os jogos tradicionais de rua. Com premissas e objectivos invariavelmente simples, e regras esparsas o suficiente para serem memorizadas e transmitidas oralmente entre grupos de crianças, e até entre gerações, estas brincadeiras não deixam, ainda assim, de ser das mais lembradas ao recordar os tempos de infância – e nenhuma recordação desse tipo fica completa sem lembrar os não menos simples e não menos divertidos métodos de selecção ligados a esses jogos.

Enquanto que o futebol de rua adoptava uma estratégia simples, linear e 'cientificamente' testada por incontáveis gerações de 'putos' (dois capitães auto-seleccionados que escolhiam jogadores à vez até os mesmos acabarem) as brincadeiras que ditavam que apenas uma criança fosse a 'escolhida' (normalmente para o 'coito') faziam uso de métodos bem mais criativos e divertidos, normalmente baseados numa qualquer 'cantilena', semelhante às que inspiravam os jogos de 'palminhas'. E se, em gerações passadas, essa récita foi, invariavelmente, o tradicional 'Um-dó-li-tá', as crianças dos anos 90 e 2000 tinham ao seu dispôr uma outra 'lenga-lenga', não menos memorável e tão ou mais utilizada – o icónico 'aviãozinho militar', que provavelmente seria hoje em dia 'cancelado' por incitar ao bombardeamento de nações ao redor do Mundo, mas que à época era, apenas, um dos sistemas por excelência para escolher quem 'ficava' antes de um jogo de escondidas ou apanhada.

Melhor: este sistema permitia, ainda mais que o 'Um-Dó-Li-Tá', envolver os restantes jogadores, já que a primeira selecção era destinada, não a escolher o jogador que iria 'ficar', mas apenas a apontar uma pessoa para nomear o país em que a bomba do aviãozinho havia caído, e que iria servir de base à segunda parte da escolha, em que as suas sílabas eram separadas, sendo escolhido o jogador para quem o 'seleccionador' apontasse aquando da última sílaba – um sistema que parece complexo ao ser explicado assim, mas que era perfeitamente intuitivo para qualquer criança em situação de pré-jogo.

Existiam, é claro, outras formas de seleccionar um 'contador' para ir para a parede, como o 'par ou ímpar' ou 'pedra, papel, tesoura', ou até o 'cara ou coroa'; no entanto, nenhum destes (com a possível excepção do 'pedra, papel, tesoura', que revisitaremos em tempo) era tão memorável ou nostálgico como os métodos de que falámos atrás, pelo que serão estes os que, inevitavelmente, surgirão na mente de qualquer ex-'puto' daquele tempo que tente recordar os jogos que fazia na rua com os amigos.

 

04.03.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Numa edição passada desta rubrica, abordámos os jogos tradicionais de rua, uma das melhores maneiras de se passar um Sábado aos Saltos em finais do século XX e inícios do seguinte. Existia, no entanto, um outro jogo que, por ter necessariamente de se processar dentro de portas, não entrava para essas 'contas', mas que nem por isso deixava de gozar de enorme popularidade entre os 'putos' da altura: o famoso 'quarto escuro'.

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Por trás do sorriso, o medo de 'levar' com objectos variados na cabeça...

Pautado, como tantos outros jogos daquele tempo, pela simplicidade e flexibilidade em termos de regras, o jogo do 'quarto escuro' era, em essência, uma espécie de variante 'interior' das escondidas, com a diferença de que, em lugar da contagem, a criança a quem coubesse a vez era, simplesmente, obrigada a ficar do lado de fora de uma divisão, enquanto todos os restantes jogadores entravam na mesma, corriam as cortinas e apagavam as luzes, de modo a que o quarto ou sala ficasse na penumbra (daí o nome do jogo). Cabia, depois, a quem tinha ficado 'lá fora' entrar na divisão obscurecida e tentar encontrar os outros participantes, podendo os mesmos 'atrapalhar' este processo atirando objectos ou mesmo procurando o contacto físico com o jogador principal, o que levava, inevitavelmente, a alguns 'sustos'. Estes eram, no entanto, normalmente levados 'a bem', como parte da brincadeira, e só mesmo quem tinha medo do escuro é que acabava por não achar muita graça a este icónico jogo infantil de outros tempos.

Tal como a maioria das restantes brincadeiras da época, também o 'quarto escuro' acabou, infelizmente, por perder preponderância entre a geração seguinte, mais ocupada a fugir de quartos escuros digitais ou dos hoje famosos 'escape rooms'; no entanto, quem foi da idade certa em finais do século XX pode, sem ironia, gabar-se de ter criado os seus próprios 'escape rooms' para si e para os seus amigos, nos quais nem tinha de se pagar entrada...

28.02.23

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Os anos 90 foram, por excelência, a época das mascotes nos videojogos, uma tendência que perdeu 'gás' logo na década seguinte, mas que dominou o mercado durante os últimos anos do século XX, em que parecia que qualquer jogo de acção ou plataformas precisava de um 'bicharoco' engraçado como representante. Apesar do vasto número de criações deste tipo durante o referido período, no entanto, poucos destes personagens se destacaram, pertencendo a maioria deles às duas grandes fabricantes de consolas da época, a Sega e a Nintendo. Destas, destacavam-se, naturalmente, o representante da Sega, Sonic, e o porta-estandarte da Nintendo, Mario, ambos os quais atravessavam naqueles anos o seu período áureo, com excelentes séries de jogos (de alguns dos quais já aqui falámos anteriormente), enorme popularidade ao nível do 'merchandising' (algum dele bastante fora do comum) e até as inevitáveis séries de desenhos animados e tentativas de filmes de acção real a eles alusivas. Assim, não é de estranhar que qualquer das duas companhias tenha procurado explorar o mais possível o respectivo 'filão', associando as suas mascotes ao maior número de títulos possível.

Mario, em particular, era durante este período a 'estrela da companhia' da Nintendo, surgindo não só nos seus próprios títulos para as diversas consolas da fabricante, mas também em títulos totalmente aleatórios desenvolvidos pela mesma - a maioria dos quais no Game Boy, onde o canalizador vestido de vermelho tinha muito menor preponderância do que nas consolas 'a sério'. De facto, onde a NES tinha 'Super Mario Bros. 3' e a Super Nintendo tinha os excelentes 'Super Mario World' e 'Super Mario Kart', a portátil da Nintendo contava apenas com o jogo de Mario mais atípico de sempre (o desconcertante 'Super Mario Land') e com alguns títulos do estilo 'puzzle', como 'Mario & Yoshi' e 'Alleyway', um clone de Arkanoid onde o italiano pilotava uma nave espacial (!) Não foi, portanto, de estranhar que, em finais de 1992, a Nintendo tenha querido corrigir esse erro, e reforçar a presença da sua mascote principal na sua mega-popular consola portátil; e a verdade é que o jogo que criaram para esse efeito faz jus à máxima 'mais vale tarde do que nunca', afirmando-se como não só o melhor jogo de Mario no Game Boy original, mas um dos melhores da franquia como um todo.

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Falamos de 'Super Mario Land 2: Six Golden Coins', lançado na Europa há quase exactamente trinta anos (a 28 de Janeiro de 1993) e que fica na História do 'franchise' por ter apresentado ao Mundo Wario, o anafado e rezingão arqui-rival de Mario, de quem o mesmo tem que reconquistar o seu castelo na titular Mariolândia. No entanto, o jogo tem muitos, muitos outros atractivos, constituindo uma daquelas experiências de jogo que pura e simplesmente não envelhecem, continuando tão divertidas hoje em dia como na época em que foram criadas.

Grande parte dessa diversão deriva da jogabilidade clássica, que substitui os 'sprites' minúsculos, tartarugas explosivas (!), bolas saltitonas em vez de bolas de fogo (!!) temas egípcios e extraterrestes (!!!) e níveis de tiros e condução de naves (!!!!) por algo bem mais típico, e que fazia as delícias dos fãs dos restantes jogos do canalizador à época. Todos os elementos mais marcantes da franquia marcam presença, de inimigos como os Goombas ou as tartarugas Koopa Troopa até poderes como a estrela, a flor de fogo e, claro, os tradicionais cogumelos de 'crescimento' e vida extra. A estes, junta-se ainda um novo poder, infelizmente nunca reutilizado, sob a forma de orelhas de coelho que permitem a Mario voar, numa espécie de alternativa mais precisa ao clássico fato de guaxinim de 'Super Mario Bros 3.' Cada um destes poderes pode, também, ser 'comprado' utilizando moedas numa área específica, ou adquirido num 'jogo de sorte' no final de cada nível, permitindo ao jogador desenvolver uma estratégia e abordagem em função dos poderes que tenha adquirido.

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Mario atravessa um nível em vôo com as orelhas de coelho

Os níveis são igualmente criativos, indo desde os típicos níveis aquáticos ou no espaço até uma área industrial, o interior de uma árvore, uma zona com imagética de terror (e onde os Goombas usam máscaras de hóquei ao estilo de Jason de 'Sexta-Feira 13'!) ou um quintal onde tudo é gigante, ao estilo 'Querida, Encolhi os Miúdos' – e onde Mario se torna, temporariamente, minúsculo no mapa de selecção de níveis! Cada uma destas áreas tem entre dois a cinco níveis 'normais' a explorar, cada um deles repleto de segredos – incluindo novos níveis secretos para desbloquear – que apenas tornam a experiência ainda mais gratificante. Quem nunca amealhou mais de trinta vidas só a descobrir segredos nos níveis deste título, perdeu uma das experiências de jogo mais clássicas de uma época repleta delas.

Em suma, apesar de por muito tempo ter sido considerado 'à parte' da mitologia de Mario, bem como o seu antecessor (até por não ter tido o envolvimento do criador de Mario, Shigeru Miyamoto) 'Mario Land 2' acabou, paulatinamente, por conquistar o seu espaço não só no coração dos fãs, mas na biblioteca de títulos da Nintendo, que o 'canonizou' e relançou recentemente para Switch e 3DS, onde (espera-se) esteja de momento a conquistar toda uma nova legião de fãs – que, aliás, bem merece, já que, trinta anos após o seu lançamento, continua a constituir um dos melhores jogos protagonizados pelo carismático representante da companhia.

19.02.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Os jogos de mesa – fossem de tabuleiro ou de qualquer outro tipo – estavam entre as melhores e mais populares diversões para um Domingo Divertido em casa, tendo a década de 90 assistido ao surgimento de vários clássicos nesta categoria, como o Mauzão, Crocodilo no Dentista, Quem é Quem ou o Salta o Pirata, além da consolidação de clássicos como o Monopólio ou o Sabichão. A juntar a esta lista há, ainda, um jogo chegado a Portugal ainda em finais da década de 80: o icónico Tragabolas.

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Lembrado hoje em dia sobretudo pelo seu lendário anúncio televisivo, este jogo da MB, distribuído pela Concentra (quem mais?) tinha por base o não menos icónico original norte-americano, Hungry Hungry Hippos, que vinha já fazendo sucesso entre a juventude daquele país desde a sua implementação, vinte anos antes, e suscitara já um sem-número de imitadores por aquelas paragens (alguns dos quais chegariam, aliás, a surgir em Portugal).

As razões para este sucesso são evidentes, sendo Tragabolas um daqueles jogos de conceito extremadamente simples, mas capaz de suscitar inúmeros momentos de diversão. Essencialmente, cada jogador (até um máximo de quatro) tomava controlo de um dos hipopótamos posicionados em disposição de cruz em torno do tabuleiro, e tentava recolher na boca do mesmo tantas das bolas colocadas ao centro quantas possível (daí o nome em Português e Espanhol), podendo para esse feito 'esticar' o pescoço do seu hipopótamo mediante pressão no respectivo mecanismo; escusado será dizer que ganhava quem tivessse 'tragado' mais bolas, o que levava, invariavelmente, a acirradas disputas, com hipopótamos a 'entrar' e 'sair' rapidamente da zona central do tabuleiro, por forma a antecipar-se aos outros jogadores. Um daqueles conceitos que apelam a todos os instintos-base da criança ou jovem comum, da competitividade à destreza e até ao gosto pela acção frenética e ligeiramente violenta, pelo que o seu enorme sucesso também em Portugal se afirma como nada menos do que natural.

Conforme acima indicámos, uma série de variantes não-oficiais deste jogo chegariam a Portugal ao longo dos anos, incluindo versões 'de viagem' para apenas dois jogadores (ainda que o Tragabolas oficial não tenha sido incluído na linha de jogos de viagem oficial da MB) e outros em que os icónicos hipopótamos eram substituídos por outras criaturas (lá por casa, além de uma versão reduzida com cães em vez de paquidermes, havia ainda uma 'variante' importada em que o jogador controlava um dinossauro que agarrava na mão, podendo assim 'pescar' as bolas do tabuleiro com total liberdade de movimentos – uma mudança que tornava o jogo ainda melhor e mais divertido.)

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Um dos muitos clones do jogo saídos desde o seu período áureo.

Ainda assim, é sem dúvida o original que fica na memória da ex-juventude noventista, quanto mais não seja pelo seu anúncio, um dos mais icónicos da época e que, só por si, já justificaria a publicação deste post; o facto de o jogo que lhe está associado não ser menos memorável nem bem-sucedido é, portanto, apenas a cereja no topo de mais um dos muitos 'bolos' que deliciavam a juventude de finais do século XX.

Anúncios televisivos do Tragabolas de início e finais da década de 90, respectivamente.

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