01.06.22
Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.
Quem cresceu nos anos 90, sobretudo na primeira metade dos mesmos, certamente reconhecerá o nome de Filipe La Féria, principal instigador nacional do chamado 'Teatro de Revista', uma peculiar mistura de rábulas humorísticas e números musicais, por vezes sujeitos a um só tema, outras totalmente desconexos entre si, que vivia precisamente nessa época um 'boom' de popularidade – tanto assim que chegou a dar azo a uma versão criada especialmente para a televisão.
Crédito da imagem: Ainda Sou Do Tempo
Transmitido semanalmente pela RTP durante os três primeiros anos da década, 'Grande Noite' não era mais nem menos do que um espectáculo de Filipe La Féria – posto em cena no histórico Teatro Politeama, parte do não menos icónico Parque Mayer lisboeta – cujas únicas particularidades eram ser gravado e conter segmentos situados em outros locais que não o palco, o que não teria sido possível no contexto de uma 'revista' normal; de resto, todos os elementos característicos do género marcavam presença, do humor brejeiro à música estilo 'cabaret'.
Muitos dos segmentos do programa consistiam de números de 'revista' tradicionais
Não eram, no entanto, apenas estes fundamentos da 'revista' que aproximavam 'Grande Noite' da verdadeira experiência de assistir a um espectáculo de La Féria; o programa contava, também, com a participação de alguns dos maiores nomes do género em Portugal, como José Viana e Carlos Quintas, além de jovens valores como Joaquim Monchique e João Baião, que em breve se viriam a tornar referências da televisão portuguesa.
Este 'sketch' do último episódio do programa reuniu num só segmento três dos maiores nomes da comédia televisiva portuguesa: Herman José, Joaquim Monchique e João Baião.
Esta mistura de veteranos e seus sucessores – todos de talento acima da média – era garantia de interpretações vivas e memoráveis, que ajudavam o programa a cativar públicos de todas as idades, desde os fãs de 'revistas' tradicionais até espectadores mais novos, para quem este terá sido o primeiro contacto com o estilo. Esse apelo massificado – ao qual se juntava um genérico de abertura memorável, que alguns leitores deste blog certamente ainda recordarão – terá, sem dúvida, contribuído para o sucesso continuado do programa, e para a sua permanência no ar por um período relativamente alargado, e nas memórias de toda uma geração por ainda mais tempo...