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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.02.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Quer se goste ou não, o romance é parte integrante da maioria dos produtos mediáticos. Grande parte da população gosta de ver duas pessoas apaixonarem-se e encetarem uma relação amorosa; como tal, naturalmente, a maioria dos criadores não hesita em incluir este aspecto nas suas obras para consumo massificado, sejam elas dirigidas a adultos ou a um público mais juvenil.

Nos anos 90, o paradigma era exactamente o mesmo – por muito que nós, os miúdos, torcêssemos o nariz a tudo o que envolvesse 'beijinhos', a verdade é que a maioria das séries, filmes e livros que consumíamos acabavam, mesmo, por ter um casalinho romântico algures. Mais – alguns destes pares conseguiam mesmo ultrapassar a nossa renitência inicial, e tornar-se presença marcante dos respectivos produtos; hoje, em homenagem ao Dia dos Namorados, o Anos 90 vasculhou o 'baú' de séries da nossa infância para 'desenterrar' cinco dos mais icónicos casais televisivos da 'nossa' década.

Antes de começarmos, no entanto, um pequeno reparo: esta lista não inclui casos em que a relação é implícita, mas nunca oficialmente declarada (como é o caso com Tico e Gidget em 'Tico e Teco: Comando Salvador' ou Fred e Daphne em 'Scooby-Doo', por exemplo), relacionamentos que gostávamos que acontecessem mas nunca chegaram a ocorrer (como Brock e Misty de 'Pokémon') ou relacionamentos cuja índole é ambígua e nunca explicitada (como Jesse e James, o Team Rocket do mesmo 'Pokémon'.) Feito este áparte, vamos à lista!

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E porque qualquer pesquisa deste tipo tem, inevitavelmente, de começar no mundo das séries para adolescentes, iniciamos a nossa lista com um exemplo extraído da mítica 'telenovela americana' 'Beverly Hills 90210', também conhecida como 'A Febre de Beverly Hills'. Isto porque, embora os dois parzinhos centrados no galã Luke Perry (primeiro ao lado de Jennie Garth, e mais tarde de Shannen Doherty) fossem o principal foco da série, era num dos casais 'laterais' que podíamos encontrar a verdadeira relação estável e saudável. Donna Martin e David Silver (interpretados por Tori Spelling, filha do produtor Aaron, e Ian Ziering, respectivamente) conhecem-se logo no início da série, e – à parte alguns percalços derivados da decisão de Donna em permanecer virgem até ao final do secundário – ficam juntos durante as dez temporadas da série, acabando mesmo por se casar no último episódio da mesma. Se isto não é digno de figurar numa lista de melhores casais dos anos 90, então não sabemos o que seja...

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Continuando no mundo das séries 'teen', fazemos em seguida uma viagem até ao liceu de Bayside, onde encontramos o nosso segundo casalinho-modelo: Zack Morris e Kelly Kapowski. O rebelde de Mark-Paul Gosselaar e a menina bonita de Tiffani-Amber Thiessen, principais protagonistas de 'Já Tocou!', derretiam corações no ecrã e fora dele, e a química que exibiam, mesmo nos maus momentos, fazia com que os espectadores torcessem sempre por Zack nos confrontos com o 'melhor inimigo' Slater pelo coração da jovem, ou quando os seus planos mirabolantes para levar a relação ao patamar seguinte pareciam não ter hipóteses de dar certo...

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O mundo dos adolescentes não era, no entanto, o único a possuir casais icónicos; também nas séries infantis encontramos alguns exemplos de relacionamentos memoráveis e marcantes – por vezes, nos locais menos esperados, como é o caso da relação entre Tommy Oliver e Kimberly Ann Hart em 'Power Rangers'. Sim, a série conhecida por ter personagens quase caricaturalmente assexuados e puros de coração permitiu, na sua segunda e terceira temporadas, que existisse uma relação amorosa (com direito a cenas de beijos!) entre dois dos seus heróis! As crianças, essas, não se importaram grandemente, já que os personagens de Jason David Frank e Amy Jo Johnson eram perfeitos um para o outro, pelo que o seu namoro parecia fazer todo o sentido; pena, pois, que a relação tenha acabado abruptamente, quando Kimberly partiu para uma cimeira de ginástica para não mais voltar – tendo, tempos depois, Tommy recebido uma carta a oficializar o fim do relacionamento, a pior maneira de ficar a par de algo deste tipo. Ainda assim, enquanto durou, o namoro entre os dois foi um dos pontos altos das duas excelentes temporadas de 'Power Rangers', e um marco icónico entre as relações amorosas mostradas em programas infantis da década.

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Outro casal marcante do mundo da TV infantil da época vinha, mais uma vez, de uma fonte inesperada – no caso, a série entre séries da década de 90, 'Dragon Ball Z'. Embora mais conhecida pelas intermináveis lutas super-poderosas e torneios de artes marciais, a série criada por Akira Toriyama foi, também, capaz de levar ao ecrã não um, mas DOIS relacionamentos não só plausíveis como extremamente funcionais, no caso entre o protagonista Son Goku e Kika (Chi Chi no original), a sua melhor entre a melhor amiga de Goku, Bulma, e Vegeta, 'melhor inimigo' do herói. Dois casais improváveis, mas que resultaram surpreendentemente bem, sobretudo pelo facto de as duas personalidades de ambos os casais se complementarem perfeitamente, tendo Kika a maturidade (e mau-génio) necessários para incutir sentido de responsabilidade no imaturo Goku (o qual, por sua vez, colmata o lado por vezes demasiado sério da mulher com a sua natural despreocupação e bom-humor), e Bulma compaixão e carisma social suficientes para minimizar a má impressão causada pelo seu irascível e mal-humorado marido, e trazer ao de cima o seu lado mais humano. É precisamente esta dicotomia que potencia a longevidade de ambos os casais, que permanecem juntos até ao fim da série, sendo que no caso de Goku e Kika, o relacionamento vinha já desde o fim do Dragon Ball original, quando se conheceram no Torneio de Artes Marciais.

Aqui temos, portanto, cinco exemplos de casais mediáticos dos anos 90 que, embora tenham estado longe de ser os únicos (basta lembrarmo-nos, por exemplo, de Doug e Patty Maionese, de 'Doug', ou de Dartacão e Julieta) tiveram relacionamentos bem escritos o suficiente para deixar marca entre a juventude da época, e justificarem um 'post' celebratório neste Dia de S. Valentim. E porque não vimos todas as séries que passaram na televisão na época, e como tal é bem possível que nos tenhamos esquecido de algum, ficamos abertos às vossas sugestões – quem caberia aqui, que não está? Digam de vossa justiça nos comentários. Até lá, resto de bom Dia dos Namorados!

07.09.21

NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 6 de Setembro de 2021.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Uma das principais ambições de qualquer criança é ser ‘crescido’ – o que, muitas vezes, equivale, na mente dessas mesmas crianças, a ser adolescente. De facto, a combinação única entre a falta de responsabilidades e a liberdade de actuação e pensamento que essa época normalmente representa parece, muitas vezes, constituir o balanço perfeito para uma vida agradável – pelo menos até se chegar, efectivamente, à idade adolescente, e se perceber que não é bem assim…

Ainda assim, este ideal dos anos formativos constitui uma das principais razões para o sucesso, entre os pré-adolescentes, de diversas séries direccionadas à faixa etária e demográfica directamente acima da sua; e, nos anos 90, não havia melhor exemplo deste fenómeno do que ‘Beverly Hills 90210’, que em Portugal chegou também a ser conhecido pelo título ‘Febre em Beverly Hills’.

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Produzida por Aaron Spelling, responsável por uma fatia considerável do entretenimento televisivo ‘light’ norte-americano da época, ‘Beverly Hills 90210’ não é só uma daquelas séries repletas de jovens impossivelmente atraentes, na casa dos vinte anos, a representar alunos do décimo-primeiro ano – é o ‘template’ padrão para esse tipo de séries. A par de ‘Melrose Place’ e ‘Dawson’s Creek’ (ambas da mesma época), esta foi a série que introduziu e cimentou muitos dos estereótipos narrativos que este tipo de programa viria a seguir nas três décadas seguintes; digamos que, sem ‘Beverly Hills’, algo como os ‘Morangos com Açúcar’ talvez nunca tivesse existido.

Em Portugal, a série não foi menos influente do que nos seus EUA natais – muito pelo contrário, difícil era passar uma semana sem os actores e actrizes principais da série aparecerem na capa de uma Super Jovem desta vida, em entrevista exclusiva ou simplesmente como alvo de um artigo de curiosidades pessoais. O facto de a série apresentar não um, mas dois dos maiores ídolos entre as raparigas daquele tempo – Jason Priestley e o malogrado Luke Perry – também não abonava nada a favor de quem quisesse ter menor exposição à série, o mesmo se podendo dizer das presenças femininas de Jenny Garth, Tori Spelling (filha do produtor da série) ou da eterna rebelde Shannen Doherty, aqui no papel que a lançaria para o estrelato. No cômputo geral, eram quase ‘pessoas bonitas’ a mais para conviverem todas num mesmo programa – mas a verdade é que era mesmo esse o caso, e que a fórmula resultava mesmo em pleno.

Escusado será dizer que as histórias e enredos de ‘Beverly Hills’ pouco fugiam dos padrões expectáveis de uma telenovela para adolescentes – quem andava com quem, quem acabava com quem, quem engravidava de quem, e por aí adiante. Nada que puxasse demasiado pela imaginação do público-alvo – o qual, diga-se de passagem, talvez não se importasse demasiado com o assunto. Afinal, ninguém via ‘Beverly Hills 90210’ à espera de histórias envolventes e intrigantes; a série era puro escapismo ‘wish fulfillment’ para a demografia a que se destinava – e, por arrasto, também a anterior. Prova disso foi o sucesso de que a série gozou tanto nos Estados Unidos, onde esteve no ar durante toda a década de 90, como em Portugal, onde passou durante apenas metade desse tempo (de 92 a 97) mas suscitou uma ‘Febre’ que fazia jus ao título nacional.

Tal como muitas outras séries daquela época, também 'Beverly Hills 90210’ foi alvo de um ‘remake’ contemporâneo, já no novo milénio; no entanto, se a série original já estava longe de ser uma obra-prima, a nova era ainda pior - tal como, aliás, tende a acontecer na maioria dos casos análogos.

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A sério, isto é mesmo mauzinho...

Assim, mau por mau, sugerimos que se fiquem pela série original, que (apesar de datada, ou talvez precisamente por causa disso) é bem capaz de suscitar um assomo de nostalgia que rivalize com qualquer outra das abordadas até agora neste blog…

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