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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

15.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 14 de Junho de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

O paradigma português de finais dos anos 80 e inícios da década seguinte – em que as importações eram ainda caras e difíceis de levar a cabo, e o mercado era consequentemente voltado, sobretudo, para o interior – criou condições ideais para o surgimento e rápida expansão de 'alternativas nacionais' aos mais populares produtos internacionais; e apesar de algum do sucesso de que estas companhias gozaram se dever, precisamente, à falta de alternativas, a verdade é que marcas como a Sanjo, a Parfois ou a Monte Campo se destacavam, também, por exibirem os elevados padrões de qualidade por que a manufactura portuguesa era (e continua a ser) conhecida, os quais lhes viriam a garantir o sucesso a longo prazo.

O mesmo se passava com a marca de que falamos neste 'post', a qual – tal como as duas congéneres e contemporâneas acima referidas – logrou manter-se activa e relevante, em maior ou menor medida, desde a sua criação até aos dias de hoje, e tornar-se nome de referência no sub-sector em que se insere. Falamos da Salsa, o grande nome português no mercado das gangas, sobre cuja criação se celebram este ano exactas três décadas, ao longo das quais a marca soube não só manter a sua posição no seio do mercado nacional como também levar a cabo um processo de expansão internacional que a viu penetrar em cerca de três dezenas e meia de países um pouco por todo o Mundo.

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Fundada no Norte do País, concretamente em Vila Nova de Famalicão, algures em 1994, a Salsa nasce a partir da iniciativa de três irmãos, António, Filipe e Beatriz Vila Nova, então donos de um negócio de tinturaria e limpeza a seco bastante reputado a nível local. Não contentes em limitar-se a esse nicho de mercado, os três familiares procuraram expandir o seu raio de acção ao campo da manufactura e distribuição de vestuário, concretamente calças de ganga. Pouco tempo depois, surgia pela primeira vez no mercado português o nome que rapidamente se tornaria quase tão popular quanto concorrentes internacionais como a Charro e a Guess, perfilando-se numa 'segunda linha' apenas atrás de grandes marcas como a Levi's ou Wrangler. A este rápido aumento de popularidade não terão estado alheios os preços algo mais acessíveis e atractivos dos 'jeans' da Salsa relativamente aos das suas principais concorrentes, em grande parte possibilitados pela manufactura local, por oposição ao 'outsourcing' levado a cabo pelas marcas internacionais.

Face a este franco e célere crescimento, não é de surpreender que, poucos anos após o seu aparecimento, a Salsa tivesse já direito a loja própria, no caso na zona do País de onde era oriunda (o Grande Porto), concretamente no NorteShopping, principal centro comercial daquela região. Não demoraria mais do que alguns meses, no entanto, até o número de lojas da marca em Portugal triplicar, com a Salsa a chegar aos outros dois grandes centros urbanos nacionais, Lisboa (com uma loja no então ainda recente 'shopping' Vasco da Gama, construído e inaugurado no âmbito da Expo '98, no ano anterior) e Braga (com abertura no Braga Parque).

A relativa popularidade destes três primeiros pontos de venda serviria, aliás, como mote para uma declarada tentativa de expansão nos primeiros anos do Terceiro Milénio, que veria a Salsa penetrar em mercados não só europeus (da inevitável Espanha à Irlanda, Bélgica, Luxemburgo, Croácia ou Malta) como também internacionais, incluindo alguns, à época, ainda emergentes, como o Qatar ou os Emiratos Árabes Unidos. O sucesso desta empreitada despertaria, por sua vez, o interesse do ubíquo Grupo Sonae, que, já na segunda década do século XXI, se tornaria dono de metade do capital da marca (então já da propriedade quase exclusiva de Filipe Vila Nova, detentor de 85% da empresa que fundara com os irmãos), avançando eventualmente para a aquisição total da mesma, já em 2020 – um sinal inequívoco de que, apesar de já não ter a expressão de que gozou outrora, a marca nacional por excelência no mercado das calças de ganga se mantém firme tanto dentro do mesmo como a nível internacional, onde continua a personificar a máxima de que 'o que é nacional é bom'...

17.03.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Mesmo sendo um dos artigos de vestuário mais intemporais e universais alguma vez criados, as calças de ganga não são, ainda assim, imunes a flutuações e variações derivadas da moda – antes pelo contrário. Para além dos cortes, que mudam consoante as tendências da estação, também o próprio formato das calças 'entra e sai' de moda, sendo relativamente fácil identificar a era temporal de um par de 'jeans' apenas com base neste mesmo elemento. E se os finais da década de 90 e inícios da seguinte foram a era por excelência das calças largas e à boca de sino, os anos anteriores viram surgir e popularizar-se um outro tipo de 'jeans': as icónicas jardineiras.

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Ainda hoje utilizadas pelas suas demografias original (as crianças pequenas, os trabalhadores manuais e as mulheres grávidas) as jardineiras tornaram-se, nos anos 90, parte do 'estilo' de um outro sector da sociedade – nomeadamente, a das adolescentes do sexo feminino, que as incorporaram nos seus 'looks' mais casuais e desportivos, e fizeram delas um dos mais icónicos símbolos da moda dos anos 90, sendo que quem foi da idade certa durante a última década do século XX e primeiros anos do Novo Milénio certamente se lembrará de ter usado (ou visto as familiares ou colegas de turma usar) calças deste tipo, normalmente com uma das alças (ou até ambas) desabotoadas e a pender pelas costas abaixo, e combinadas com ténis All-Star, Airwalk ou até socas plataforma.

O atractivo deste tipo de calças era, aliás, óbvio, já que as mesmas aliavam a versatilidade à practicidade e conforto (visto muitos dos modelos serem 'largueirões', eliminando a principal razão de queixa de muitos relativamente às gangas), podendo ser usadas numa grande variedade de situações informais ou semi-informais sem nunca parecerem deslocadas ou de alguma forma impróprias – desde que o artigo em causa fosse de bom corte e estivesse bem tratado, bem entendido.

Tal como a maioria das outras modas que abordámos em edições passadas desta rubrica, também as jardineiras tiveram a sua época, sendo hoje codificadas como elemento de um estilo declaradamente 'vintage', e especificamente associado aos anos 90. A tendência cíclica da moda dita, no entanto, que estas icónicas calças de ganga venham, num futuro muito próximo, a estar novamente 'na moda', e a conquistar o coração de toda uma nova vaga de adolescentes; até lá, o espírito das jardineiras continuará a ser perpetuado pelos públicos para que foram originalmente concebidas...

20.01.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

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Lois. Lee. Replay. Guess. Reporter. Wrangler. Levi's. Qualquer jovem acima de uma certa idade durante os anos 90 conhecia todos estes nomes, e sabia não só escolher os seus favoritos como justificar essa mesma escolha. Isto porque, apesar de os 'jeans' serem um artigo de vestuário absolutamente intemporal, e que nunca sai de moda, os movimentos ligados ao 'rock' e à música alternativa tornaram os anos 80 e 90, mais do que quaisquer das décadas circundantes, a 'era da ganga' por excelência.

De facto, fosse no formato 'artisticamente rasgado' vigente no início da época (e entretanto ressuscitado), nos formatos largo ou à boca de sino típicos dos últimos anos do Segundo Milénio, ou na sua forma mais clássica, a direito ou em 'corte vaqueiro' e sem quaisquer adereços, os 'jeans' estiveram, a par das t-shirts e sweatshirts menos 'espalhafatosas' e dos ténis Converse, entre as poucas peças de roupa que atravessaram essas décadas – e também as subsequentes – sem em qualquer momento terem 'saído de moda'. É certo que os formatos diferiam, como aliás mencionámos no início deste parágrafo, mas não houve, durante aqueles vinte anos, qualquer momento em que os 'jeans' não fizessem parte integrante dos figurinos jovens; pelo contrário, como se poderia deduzir pelo 'rol' de marcas que abre este 'post', o mercado poucas vezes esteve tão receptivo e propício a este tipo de item, que figurava nos guarda-roupas juvenis logo desde tenra idade, sob a forma ds tradicionais jardineiras – as quais, paulatinamente, também aqui merecerão a nossa atenção.

E ainda que estas últimas tenham descrescido em popularidade durante as primeiras décadas do século XX, o mesmo não se verificou com as versões 'sem alças', que continuam a ser vestidas diariamente – nos diferentes formatos 'da moda' – por portugueses (e não só) de todas as idades e estratos sociais, tornando-as uma das peças mais intemporais e consensuais da história do vestuário – mesmo que, ainda hoje, umas Levi's continuem a não equivaler exactamente a um par de calças da Primark, tal como, nos anos 90, não equivaliam a umas compradas no hipermercado...

08.01.22

NOTA: Este post é correspondente a Sexta-feira, 08 de Janeiro de 2021.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Uma das verdades mais universalmente aceites sobre o assunto da moda e vestuário é que as tendências são cíclicas. Quer isto dizer que, mais cedo ou mais tarde, todo e qualquer artigo considerado 'fora de moda' numa determinada época irá voltar a ser desejável, sendo o intervalo médio para que tal aconteça de entre duas a três décadas (por esta lógica, devemos estar aí a ver um regresso das bolsinhas de trocos e 'daqueles' fatos de treino da nossa infância, por isso vão-se preparando...) E embora os exemplos que provam este axioma são já inúmeros, iremos hoje focar-nos num que fez furor na 'nossa' época, nomeadamente na segunda metade da década de 90 e primeira da década seguinte: as calças de ganga à boca de sino.

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'Resgatadas' dos anos 70 e passadas pelo prisma estilístico dos anos 90 (com pernas mais estreitas e bocas de sino bem menos espampanantes que na sua encarnação original), estas calças surgiram no mercado de finais dos 90 prontas a serem adoptadas por toda uma mancha demográfica adolescente, no caso (e ao contrário do que sucedia nos anos 90) exclusivamente do sexo feminino -o equivalente masculino, à época, regia-se precisamente pelo princípio oposto, sendo propositadamente o mais largo possível, por forma a agradar aos jovens fãs de hip-hop ou rock alternativo.

Como Quem adoptou ou conviveu com o 'look' certamente se lembrará, estas calças eram normalmente combinadas com as características, e também marcantes, socas de plataforma, das quais talvez falemos num futuro próximo. É claro que este não era o ÚNICO tipo de calçado utilizado com estas calças - havia quem as combinasse com botas de salto e biqueira fina, ou ainda com os tradicionais e sempre versáteis All-Stars - mas não havia, durante o auge desta peça, rapariga adolescente que não tivesse pelo menos um par das ditas socas no armário, para uso quase exclusivo com este tipo de calça.

Este icónico conjunto (que se completava normalmente com uma camisola de malha fina, ou uma sweatshirt, quer da Gap ou outra marca semelhante, quer daquelas com colagens fotográficas que também chegaram a estar muito na moda) serviu como 'uniforme' escolar de toda uma geração de alunas do 3º ciclo e ensino secundário durante um período de praticamente uma década, antes de - como tantas outras modas e artigos de que falamos nestas páginas, ter acabado por cair em desuso, substituído por outro tipo de peça. No entanto, e como que para provar o axioma exposto no início deste texto, as calças boca de sino parecem estar, mais uma vez, a entrar 'na berra', embora agora em tecido, ao invés de ganga. Ainda assim, é como vos dizemos - já não deve tardar muito para começarmos a ver miudagem vestida com meias brancas de raquetes e sweatshirts da No Fear e Quebramar...

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