Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

31.01.23

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Os jogos de computador e consola posicionam-se, por natureza, como veículos de escape, permitindo aos jogadores assumirem, mesmo que temporariamente, novas e mais emocionantes personalidades, de pilotos de corrida a desportistas, lutadores de artes marciais, soldados do exército americano, fuzileiros espaciais futuristas, espiões de elite, ou simplesmente os seus heróis de ficção preferidos.

Sendo um dos ícones mais duradouros das duas últimas categorias, não deixa, portanto, de ser natural ver James Bond, 007 – o espião britânico criado por Ian Fleming – servir de inspiração a diversos títulos interactivos desde os primórdios do género; afinal, a vida de Bond, tal como foi e é retratada nos seus inúmeros filmes e nos livros originais de Fleming, presta-se perfeitamente à premissa de um jogo de acção ou espionagem – géneros em que se inseriam e inserem a esmagadora maioria dos jogos com o agente secreto como protagonista lançados nas últimas quatro décadas. De facto, desde os tempos dos computadores Commodore e ZX Spectrum que os aficionados de videojogos têm podido encarnar Bond, e enfrentar alguns dos seus mais icónicos inimigos em ambiente virtual – não tendo os anos 90 sido excepção a esta regra, pese embora o hiato de mais de meia década por que a série de filmes passou nesse período.

Pelo contrário, logo à entrada da década, os referidos computadores da década transacta recebiam um título de acção e condução baseado no filme 'O Espião Que Me Amava'; não tendo grande tradição com este tipo de máquinas, no entanto, o primeiro contacto de muitos portugueses dessa geração com um videojogo baseado no agente secreto terá sido 'James Bond 007: The Duel', lançado em 1992 para as consolas da SEGA da altura, e baseado na interpretação de Timothy Dalton do personagem. Tratava-se de um jogo de acção em 2D, bem típico da época, em que o jogador conduzia Bond através de alguns dos cenários habitualmente associados ao agente secreto, procurando libertar reféns e plantar bombas para explodir bases, até à confrontação final com o vilão Jaws – que, neste caso, não é o Tubarão de Steven Spielberg, mas sim o grande antagonista do referido 'O Espião Que Me Amava'. Um título bem dentro da média para o que a SEGA apresentava na altura, e que passou despercebido entre os entusiastas da companhia nipónica.

james_bond_-_the_duel.png

Exemplo dos gráficos do jogo

Menos despercebido passaram os jogos de James Bond Jr lançados para as consolas da Nintendo no ano anterior, e que conseguem a proeza de ser, hoje em dia, muito mais recordados do que a série animada em que se baseiam. Como seria de prever, tratam-se de jogos de plataformas - embora a versão para Super Nintendo inclua também níveis de condução e vôo – que ficam, igualmente, dentro da média de ambas as consolas, proporcionando momentos de diversão 'sem mais'.

James-Bond-Jr..jpg

A versão para SNES de James Bond Jr.

Da aventura seguinte de James Bond no mundo virtual já pouco há a dizer que não tenha sido dito; grande sucesso de vendas e um dos principais 'chamarizes' para a compra da Nintendo 64, GoldenEye 007' dispensa apresentações, tendo servido, à época, de elo de ligação entre os FPS típicos da altura, como 'Quake II', e a nova geração que em breve lhes tomaria o lugar. Ao contrário dos jogos que anteriormente abordámos, este titulo envelheceu extremamente bem, sendo ainda hoje popular ao ponto de ter motivado o inevitável 'remake' em alta definição para as consolas modernas, lançado em 2010. Um jogo icónico, que deixou marca no seu género, e que se pode considerar o primeiro grande sucesso interactivo de Bond na 'era moderna'.

maxresdefault.jpg

O icónico 'GoldenEye 64'

(Curiosamente, este jogo foi também lançado em formato LCD, não uma, mas DUAS vezes, primeiro no formato tradicional associado a este tipo de jogos, e mais tarde como 'jogo embutido' numa réplica de pistola que servia de comando!)

goldeneyegrip-1658266229587.jpg

GoldenEye_Tiger_Electronics_Gamepad.png

As duas versões do LCD de 'GoldenEye'

O sucesso de GoldenEye motivou, inevitavelmente, a criação de outros títulos baseados nos filmes seguintes da 'era Pierce Brosnan', embora desta feita para PlayStation, por oposição à Nintendo 64. O primeiro destes foi 'Tomorrow Never Dies', lançado em 1998 e inserido na categoria de acção em terceira pessoa num ambiente 3D, muito popular nas consolas da era 32 bits. Como seria de esperar, este título apresentava muitas das cenas e cenários do filme em formato interactivo, e propunha a mistura de tiroteios com espionagem por que o agente secreto britânico ficou conhecido.

Tommorow_Never_Dies.jpg

'Tomorrow Never Dies', primeira de duas aventuras do agente secreto na PlayStation

Bem recebido pela crítica, o jogo não conseguiu, no entanto, evitar 'perder-se' na vasta e excelente biblioteca da consola da Sony, aparecendo anos mais tarde como parte de um 'pack' de dois jogos com o seu sucessor directo, 'The World Is Not Enough', lançado dois anos depoois. Também lançado para N64, este título retomava o formato 'FPS' de 'GoldenEye', suscitando assim inevitáveis comparações com aquele título, ao qual não se superiorizava; ainda assim, para utilizadores de PlayStation, tratava-se da alternativa mais próxima ao lendário jogo da Nintendo, para além de um título de mérito próprio a nível técnico, tendo assim conseguido alguma 'tracção' entre os fãs da consola da Sony.

007_PS1_World_is_not_enough_combat.png

A versão para PlayStation de 'The World Is Not Enough'.

À margem destes dois títulos, era ainda lançado, em 1998, o singelamente intitulado 'James Bond 007' para o Game Boy clássico. Tratava-se de um jogo de acção com vista aérea (ao estilo dos RPGs lançados para a consola, como Pokémon) em que Bond tinha de 'se haver' com uma série de vilões clássicos, de Oddjob ao 'repetente' Jaws, bem como com o malvado general russo Golgov, o grande antagonista do jogo. Como os restantes títulos atrás abordados, tratou-se de um jogo competente, mas sem nada que o fizesse destacar-se de entre a vasta galeria de títulos para a portátil da Nintendo.

hqdefault.jpg

James Bond em formato portátil.

A década seguinte continuou a ver Bond servir de inspiração a diversos títulos, quase todos na categoria de acção na primeira ou terceira pessoa, embora '007 Racing', ainda na época dos 32 e 64 bits, tivesse representado uma tentativa, gorada, de oferecer algo diferente; no entanto, já desde '007 Legends', de 2012, que o agente secreto não surge como protagonista de um titulo interactivo. Um projecto actualmente em desenvolvimento parece, no entanto, disposto a mudar essa situação, e trazer o sofisticado britânico de volta aos ecrãs de computadores e consolas um pouco por todo o Mundo, provando que a relevância de Bond como herói de acção 'apetecível' se encontrava apenas esmorecida, e ainda não totalmente extinta...

27.01.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Algumas figuras da chamada 'cultura pop' podem ser consideradas imortais, atravessando e influenciando várias gerações de crianças e jovens. De Zorro e Sherlock Holmes a Doctor Who e Harry Potter, a lista destes heróis é mais vasta do que, à partida, possa parecer – e um dos mais incontornáveis nomes nela contidos é o do agente secreto britânico James Bond.

De facto, apesar de ser pouco provável que algum jovem – português ou não – do último meio século tenha lido as obras escritas originais de Ian Fleming, é um dado quase adquirido que o mesmo terá visto pelo menos um dos filmes que, desde essa altura, vêm sendo dedicados ao herói. Com origem nos anos 60 – quando eram, ainda, contemporâneos dos próprios livros, e os mesmos estavam, ainda, a ser lançados – a franquia 007 conseguiu a proeza de, exactos sessenta anos após aquela primeira incursão com 'Dr. No' (de 1962) continuarem a atrair espectadores às salas de cinema, com o mais recente filme da série, lançado em 2021, a continuar a tendência de obras que, sem serem revolucionárias ou espectaculares, se traduzem ainda assim em duas horas de entretenimento de qualidade.

Esta definição pode, sem dúvida, aplicar-se a qualquer dos quatro filmes da era em que o agente foi interpretado por Pierce Brosnan (até então conhecido, sobretudo, pelos seus papéis em comédias familiares) os quais ajudaram a introduzir Bond a toda uma nova audiência, que era talvez demasiado nova para ter visto a última incursão do agente secreto no grande ecrã, 'Licença Para Matar', de 1989, e com Timothy Dalton no papel principal. De facto, para a geração nascida ou crescida nos anos 90 e 2000, Pierce Brosnan FOI James Bond – pelo menos até Daniel Craig herdar e redefinir o papel do agente britânico, já em pleno Novo Milénio. Assim, numa altura, em que o segundo destes filmes acaba de celebrar vinte e cinco anos sobre a sua estreia nacional (a 18 de Dezembro de 1997), nada melhor do que recordar, ainda que brevemente, a era em que o actor irlandês vestia o 'smoking' do distinto aficionado de Martinis.

MV5BMzk2OTg4MTk1NF5BMl5BanBnXkFtZTcwNjExNTgzNA@@._

As bases para a 'fórmula´ dos filmes da era Brosnan seriam estabelecidas com 'GoldenEye', filme de 1995 que, hoje em dia, é mais lembrado pela actuação de Sean Bean, no papel do vilão Trevelyan, e pela extremamente bem sucedida adaptação electrónica lançada para Nintendo 64 em 1996. De resto, trata-se do típico 'filme-pipoca', com muitas explosões, cenas de acção mirabolantes e argumento simultaneamente simplista e complexo em demasia, que marcaria tanto esta franquia quanto a 'concorrente' 'Missão Impossível', de Tom Cruise.

Tomorrow_never_dies_ver3.jpg200px-World_is_not_enough_ver3.jpg

Esta mesma 'receita' alavancaria os dois filmes seguintes, 'O Amanhã Nunca Morre' (de 1997) e 'O Mundo Não Chega' (de 1999), duas obras muito semelhantes (até ao nível dos cartazes, como se pode constatar nesta mesma publicação) e que, como tal, se tendem a confundir na mente dos fãs mais 'casuais' de Bond. Ainda assim, e conforme referido no início desta publicação, qualquer dos dois representa uma excelente forma de 'matar' duas horas numa tarde ou noite mais 'preguiçosa', sobretudo para fãs da referida 'Missão Impossível' ou da franquia 'Kingsman'.

e6d08c8cb2c3414720c00039dcfa69fddd8dd5d0.jpg

A quadrilogia Brosnan encerrar-se-ia já no novo milénio, e de forma algo controversa, já que 'Morre Noutro Dia', de 2002, é geralmente tido como um dos piores filmes não só dessa era, mas de toda a série; ainda assim, o filme (que seguia a mesma fórmula dos anteriores) foi relativamente bem-sucedido, ainda que não o suficiente para prolongar a 'era Brosnan' – o filme seguinte, 'Casino Royale', de 2005, marcaria a estreia do quinto (e, até hoje, último) actor a vestir a pele do agento britânico, Daniel Craig. E ainda que o declarado afastamento deste último após o filme de 2021 marque o fim de mais uma era para a franquia, não é de crer que a mesma venha a terminar tão cedo – afinal, como o próprio título daquele filme indicava, o espião britânico encontra-se, regra geral, 'Sem Tempo Para Morrer'

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub