27.05.25
NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 25 e Segunda-feira, 26 de Maio de 2025.
Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.
Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.
Já aqui em ocasiões passadas falámos dos instrumentos musicais de brincar, os quais ocupavam uma 'zona cinzenta' entre a autenticidade e a pura fantasia, e permitiam às crianças não só fazer de conta que eram músicos famosos mas também, caso desejassem, explorar e desenvolver as suas capacidades e talento para a música. Apesar do destaque que então lhes outorgámos, no entanto, estes estavam longe de ser os instrumentos mais comuns ou populares entre as crianças portuguesas das gerações 'X' e 'millennial'; pelo contrário, havia um outro que, por ser simultaneamente mais barato e mais acessível, acabava por surgir com muito maior frequência nos Domingos Divertidos dessa demografia,

Pequena e 'descartável' o suficiente para quase se poder qualificar para as Quintas de Quinquilharia, a harmónica era um daqueles 'brindes' que facilmente se traziam para casa após uma visita à drogaria ou loja dos 'trezentos', e que se 'desenterrava' periodicamente do 'desterro' da gaveta para alguns minutos bem passados a tentar 'tirar' ou criar músicas. Normalmente feitas em metal meio 'dourado' e sem quaisquer adereços – se bem houvesse também versões adornadas com desenhos apelativos para o público infantil – as também chamadas 'gaitas de beiços' não permitiam grande amplitude no tocante à composição, mas colmatavam essa desvantagem com o facto de serem fáceis de tocar, levando a que a maioria das crianças acreditasse saber fazê-lo – o que, escusado será dizer, nem sempre era verdade. Aliado à irresistível apetência para 'fazer barulho' partilhado pelas sucessivas gerações de crianças um pouco por todo o Mundo, e à facilidade de substituição quando inevitavelmente se amolgassem ou perdessem, este factor contribuía para fazer das harmónicas um daqueles objectos que 'viviam' na 'periferia' da vida quotidiana das gerações em causa, estando normalmente à distância de um braço, prontas a serem 'repescadas' para mais uma 'sessão compositiva'.
Tal como muitos outros produtos de que aqui vimos falando (brinquedos e não só) as harmónicas tiveram uma saída extremamente discreta do mercado português, com pouca ou nenhuma percentagem do seu público-alvo a dar pela sua falta, e gerações subsequentes a nunca sequer saberem da sua existência. Durante o seu período áureo em finais do século XX, no entanto, as 'gaitas de beiços' representaram um daqueles passatempos 'perenes', perfeitos para 'tapar buracos' durante um Domingo Divertido.


