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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

19.05.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Num panorama cinematográfico em que os super-heróis da Marvel avançam rapidamente para um monopólio nos géneros de acção e fantasia – com cada novo filme a constituir um sucesso de bilheteira tão automático como garantido – pode parecer irónico que, há apenas pouco mais de duas décadas, as longas-metragens adaptadas da banda desenhada norte-americana redundassem, quase sempre, em falhanços a quase toda a linha. No entanto, a verdade é que, antes da adaptação ao cinema de 'X-Men' realizada por Bryan Singer já no Novo Milénio, era mesmo quase impossível encontrar um único filme de super-heróis que reunisse o consenso de críticos e fãs. Alguns chegavam a atingir estatuto de culto (como o 'Blade' de Wesley Snipes) e outros afirmavam-se mesmo como sucessos de bilheteira (caso de 'A Máscara', da série 'Homens de Negro' ou dos filmes de Batman e das Tartarugas Ninja) mas a maioria acabava mesmo por se 'afundar' no mesmo 'buraco negro' que 'vitimava' as adaptações cinematográficas de videojogos.

'Spawn - O Justiceiro das Trevas', a longa-metragem de 1997 que completou o mês passado vinte e cinco anos sobre a sua estreia em Portugal, é apenas mais um exemplo desta tendência, a juntar a filmes como 'Howard, o Pato', de George Lucas (sim, esse mesmo!) ou 'Steel – O Homem de Aço', com Shaquille O'Neal. Apesar do enorme sucesso gozado, à época, pela criação homónima de Todd McFarlane (que ajudara, quase por si só, a lançar a Image Comics como 'terceira grande' na 'guerra' da BD norte-americana) a sua adaptação para o grande ecrã foi, e é, universalmente considerada desapontante, conseguindo capturar o espírito da banda desenhada original, mas sendo prejudicada pelo baixo orçamento e subsequentes limitações na produção.

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Não são apenas os 'trailers' que mentem - os cartazes, por vezes, também o fazem...

Trazendo o musculado e sorumbático Michael Jai White no papel do demoníaco protagonista (um falecido ex-polícia trazido de volta à vida como vigilante sobrenatural) e John Leguizamo por trás da maquiagem de palhaço do vilão, e coadjuvantes como Martin Sheen, Theresa Randle e D. B. Sweeney, o filme tinha tudo para dar certo; no entanto, apesar das maquiagens cuidadas dos protagonistas sobrenaturais, aspectos como a história, cenários ou efeitos especiais (todos típicos da época, ou até de alguns anos antes) deixam algo a desejar, acabando por fazer com que o produto final fique aquém das expectativas. Filmes como 'O Corvo' (lançado três anos antes) já haviam mostrado ser possível 'contornar' esse tipo de questões e criar, ainda assim, um produto entusiasmante e bem conseguido, mas, infelizmente, 'Spawn – O Justiceiro das Trevas' não consegue ser bem-sucedido nessa missão, acabando por ser mais um dos muitos filmes de super-heróis pré-Milénio a merecer o escárnio tanto de cinéfilos como de fãs da BD original.

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Michael Jai White na pele do protagonista.

Ainda assim, para as crianças e jovens fãs do herói de McFarlane (e, em Portugal,ia já havendo umas quantas, graças à cada vez maior penetração de BD's americanas no nosso País, pela mão da Abril/Controljornal) o filme terá representado uma oportunidade de ouro de ver o 'seu' herói, em carne e osso, no grande ecrã – um factor que terá certamente, à época, ajudado a mitigar quaisquer críticas ao filme ao nível técnico. À distância de um quarto de século, no entanto, é fácil perceber as razões para 'O Justiceiro das Trevas' não ser lembrado e discutido no mesmo patamar de 'X-Men', 'O Homem-Aranha' ou até 'Blade', e muito menos da actual safra de filmes da Marvel; hoje em dia, a longa-metragem é, sobretudo, documento de uma época em que os fãs de banda desenhada sofriam 'as passas do Algarve' de cada vez que iam ao cinema ver o mais recente 'assassinato' cinematográfico da sua forma de arte de eleição...

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