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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

23.11.23

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Em finais do século XX, a revista desportiva era já parte do panorama editorial de vários países de todo o Mundo, com publicações tão famosas e sonantes como a 'Sports Illustrated' norte-americana ou a 'France Football'; em Portugal, no entanto, o paradigma era um pouco diferente, com a imprensa desportiva (pelo menos a não-especializada) a ser dominada pelos três 'eternos' diários desportivos, que só em inícios do século XX deixariam espaço a revistas como a 'Futebolista'. Tal hegemonia não impediu, no entanto, que pelo menos uma publicação tentasse 'furar fileiras' e afirmar-se no espaço editorial desportivo português, tendo mesmo chegado a atingir um moderado grau de sucesso nesse desiderato.

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Exemplo dos dois tipos de grafismo da revista durante o seu tempo de vida (Crédito das fotos: OLX.)

Falamos da 'Mundial', uma revista que, apesar de se estender periodicamente a outros desportos, tinha como foco central (e perfeitamente natural) o futebol, que ocupou a maioria das capas da revista desde o seu lançamento, algures em meados dos anos 90, até ao seu desaparecimento das bancas, ainda antes do final do Novo Milénio. Infelizmente, não nos é possível precisar melhor o espectro temporal da publicação, dado esta ser – como a também noventista 'Basquetebol' – uma daqielas revistas das quais poucos vestígios restam para lá de uma série de anúncios da OLX e do ocasional 'post' nostálgico no Facebook – por outras palavras, uma Esquecida Pela Net.

Daquilo que as capas permitem averiguar, a 'Mundial' procurava ter cuidado em alternar o foco entre diversos clubes, bem como entre os principais jogadores de cada um deles, e até aos principais nomes internacionais da época – isto para além de uma marcada (e também bastante natural) vertente de apoio à Selecção Nacional, que vivia, à época, alguns dos seus melhores anos, com a Geração de Ouro a 'dar cartas'. De igual modo, a presença de artigos sobre outras modalidades e eventos - como o 'bodyboard', a Fórmula 1 ou até as Olimpíadas - vem da análise dessas mesmas capas, sendo praticamente impossível encontrar, hoje, dados sobre a editora, longevidade ou até número de páginas da revista – facto algo insólito, tendo em conta que outras publicações da mesma altura (1996-98, pelo menos) se encontram ainda bem documentadas na 'autoestrada da informação'! Ainda assim, é também possível observar uma mudança de grafismo na 'Mundial' entre 1996 e 98, presumivelmente para ajudar a dar um ar menos austero à revista, e mais condicente com o que o público jovem da época procurava de uma publicação deste tipo.

Tendo em conta o posterior sucesso da referida 'Futebolista' e outras publicações semelhantes, não deixa de ser bizarro que a 'Mundial' seja tão pouco lembrada entre os fãs de jornais e revistas de desporto nacionais. No entanto, uma das missões declaradas deste nosso blog é, precisamente, não deixar que tais artefactos de finais do século XX se percam para sempre, e, nesse aspecto, era nosso dever fazer a nossa parte para assegurar que esta 'Mundial' não era vetada ao esquecimento pela mesma geração que, em tempos, a comprou e leu religiosamente - uma missão que, esperamos, se venha a provar bem-sucedida.

05.12.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

Já aqui falámos, aquando do último encontro entre Benfica e Sporting, na época passada, da importância que o 'derby' de Lisboa tem para os adeptos de ambos os clubes, ao ponto de, muitas vezes, o seu resultado ser quase mais importante do que o desempenho de cada uma das equipas na restante prova; agora, na ressaca de novo encontro entre os dois emblemas, já no âmbito da nova época, recordamos um jogo em que se verificou, precisamente, essa situação - o famoso 3-6 de 1994, ainda hoje uma das partidas mais históricas e recordadas da História do futebol português.

Ainda hoje custa a ver, para um adepto do Sporting...

Corria o mês de Maio de 1994, e o então Campeonato Português da I Divisão aproximava-se a passos largos do final, quando os eternos rivais da Segunda Circular lisboeta se encontravam, sob chuva torrencial, no velhinho e saudoso Estádio José Alvalade, em partida a contar para a 30ª jornada. O Benfica liderava a prova, mas o Sporting mantinha acesa a perseguição, 'mordendo os calcanhares' às águias na segunda posição da tabela. O 'derby' de Alvalade era, portanto, um daqueles jogos que ajudaria a definir a classificação: o Sporting precisava de ganhar para manter a luta em aberto, e não se deixar ultrapassar pelo outro rival de ambas as equipas, o FC Porto, enquanto que o Benfica tinha na partida uma oportunidade de cimentar a liderança, deixando os dois adversários na luta apenas pelo posto de vice-campeão.

E foi precisamente isso que acabou por se verificar, muito graças a uma das melhores exibições individuais de sempre num jogo do campeonato português, por parte de um 'loirinho' endiabrado com talento inversamente proporcional à altura, de seu nome João Vieira Pinto; o número 8 benfiquista ajudou a manter o Benfica na luta durante a primeira parte de um jogo que até havia começado com o Sporting em vantagem (por duas vezes), tendo os golos do empate sido apontados, em ambas as instãncias, por...João Vieira Pinto. Foi, também, dele o golo que deu a vantagem ao Benfica pela primeira vez, assegurando que os encarnados iam para o intervalo a vencer por 2-3, num jogo em que haviam estado em desvantagem por 1-0 e 2-1 (golos de Cadete e Figo.)

Na segunda parte, foi a vez de outro jogador benfiquista 'abrir o livro' – no caso, o avançado brasileiro Isaías, que ajudou a dilatar e avolumar o resultado em favor das águias, com dois golos consecutivos, aos 48 e 57'. Aos 74', Hélder Cristóvão dava ao resultado contornos de massacre, que nem um penálti tardio do 'mago' Balakov ajudou a suavizar; o Sporting saía, mesmo, de sua casa humilhado (e bem!) pelo eterno rival, e com o Campeonato definitivamente perdido (esta mesma equipa viria aliás, semanas depois, a pôr o ponto final numa época desapontante, ao perder também a Taça de Portugal para o outro rival, por 1-2 após finalíssima.)

À distância de quase três décadas, é fácil perceber porque continua este a ser um dos jogos mais falados de sempre do futebol português: um resultado de 3-6 é tudo menos comum, e quando associado a um 'derby', com todas as 'picardias' que esse tipo de jogo acarreta, ainda mais memorável se torna. E ainda que o Sporting tivesse, mais de uma década e meia depois, conseguido 'vingar-se' deste resultado com um 5-3 para a Taça de Portugal, o jogo de 14 de Maio de 1994 continua a ser uma das 'feridas abertas' para os adeptos leões, e um dos maiores motivos de orgulho para os adeptos benfiquistas que o presenciaram...

FICHA DE JOGO

SPORTING 3-6 BENFICA

14/05/1994

Estádio José Alvalade

Campeonato Nacional da I Divisão – 30ª Jornada

Árbitro: António Marçal

SPORTING: Lemajic; Nélson, Valckx, Vujacic e Paulo Torres (Pacheco, int.); Paulo Sousa, Capucho, Balakov e Figo; Cadete e Iordanov (Poejo, 60').

BENFICA: Neno; Hélder Cristóvão, Mozer, Abel Xavier e Veloso; Kenedy, Paneira, Schwarz e Aílton; João Vieira Pinto (Rui Águas, 78') e Kenedy (Rui Costa, 71').

GOLOS: 1-0 por Cadete (8'); 1-1, por João Vieira Pinto (30'); 2-1 por Figo (35'); 2-2, por João Vieira Pinto (37'); 2-3, por João Vieira Pinto (44'); 2-4, por Isaías (47'); 2-5, por Isaías (57'); 2-6 por Hélder Cristóvão (74'); 3-6 por Balakov (pen, 80'.)

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