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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

10.10.24

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Já aqui anteriormente falámos de como os anos 90 foram a década por excelência para a experimentação no ramo das guloseimas. Sem estarem ainda manietadas pelos regulamentos e restrições actuais, as fabricantes de chupa-chupas, gomas, rebuçados, pastilhas e afins tinham 'carta branca' para criar conceitos tão mirabolantes quanto apelativos para o público-alvo, de chupa-chupas que serviam como uma espécie de flauta ou apito ou que se podiam guardar para comer em 'tranches' a rebuçados que pintavam a língua de azul, 'drops' que se guardavam e retiravam da cabeça de um personagem da cultura popular infantil ou pastilhas que 'explodiam' na boca. Em meio a toda esta chamativa e colorida inovação, no entanto, um produto bastante mais modesto e discreto conquistava o coração dos jovens portugueses com o seu conceito simples, mas verdadeiramente eficaz.

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Não, não são alucinogéneos encapotados...apenas guloseimas para crianças.

Falamos dos vulgarmente chamados 'chupa-chupas azedos', que consistiam, precisamente, do que esse nome poderia fazer adivinhar – nomeadamente, um vulgar chupa-chupa de fruta sobre o qual era polvilhado um pó de gosto marcadamente acre, o qual se misturava com a doçura da base para criar uma experiência gustativa única e demarcada, que qualquer pessoa que tenha alguma vez provado um destes doces certamente recordará de imediato. Mais – além de bem conseguida, a combinação em causa afirmava-se também como algo 'viciante', levando a que os 'chupas azedos' se tornassem parte integrante da rotina quotidiana de muitas crianças e jovens em finais dos anos 90 e inícios do Novo Milénio – entre os quais se conta o autor deste 'blog', que, nos primeiros anos do século XXI, encetava 'romarias' diárias à tabacaria ao lado da escola secundária em busca da referida guloseima.

A boa notícia é que, ao contrário de muitos dos produtos de que falamos nesta rubrica, continua a ser possível às crianças e jovens actuais viver em 'primeira pessoa' esta experiência, já que os 'chupas azedos' continuam até hoje a ser comercializados, sendo apenas preciso saber onde procurar. Resta saber se a combinação de sabores única e própria destas guloseimas fará tanto sucesso junto das gerações 'Z' e 'Alfa' quanto conseguiu no tempo das suas antecessoras – embora, ao contrário da maioria das outras circunstâncias que vimos abordando nesta e noutras rubricas, é de crer que tal seja o caso, já que a junção doce-azedo é suficientemente universal e intemporal para continuar a agradar a papilas gustativas de tenra idade...

20.09.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 19 de Setembro de 2024.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

De todas as indústrias a sofrerem desenvolvimentos consideráveis e significativos desde os anos 90, uma das mais esquecidas é a alimentar. Há três décadas, a maioria das regras e restrições hoje impostas aos fabricantes e comerciantes de produtos alimentares eram, quer inexistentes, quer bastante menos rígidas, permitindo a mercados como o das guloseimas introduzir 'experiências' que talvez já não tivessem sido possíveis em janelas temporais posteriores. Um dos exemplos mais flagrante deste género de produto - e que surpreendentemente subsiste até à actualidade – é o dos rebuçados e chupa-chupas que 'pintam' a língua ao serem comidos, através do uso de um corante especial, dos quais os representantes mais famosos talvez sejam os icónicos Finibons.

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Essencialmente uma mistura entre as pastilhas Bubbaloo, os chupa-chupas azedos e os referidos 'pinta-línguas', os Finibons – assim chamados por serem bonbons comercializados pela popular marca espanhola Fini – consistiam, simplesmente, de rebuçados duros que, uma vez trincados, revelavam um interior líquido e ácido, o qual, por sua vez, deixava um 'rasto' colorido na língua de quem comia até mesmo um só destes rebuçados. Uma junção de factores que, evidentemente, não podia deixar de agradar à demografia a que estes doces apontavam, sempre pronta a 'apadrinhar' produtos declaradamente pouco saudáveis, mas em que o simples acto de comer já constituía toda uma experiência.

Não é, pois, de estranhar que os Finibons tenham sido, nos anos da viragem de Milénio, tão populares como haviam sido os Push Pop ou Melody Pops alguns anos antes, e deixado memórias nostálgicas à grande maioria da geração 'millennial' portuguesa. Para esses, boas notícias – tal como acima referido, continua a ser possível adquirir Finibons em diversos locais e por diversos meios, pelo que um 'trintão' ou 'quarentão' que queira reviver a infância ou adolescência, ou mesmo 'apresentar' aos filhos a guloseima favorita de quando tinha a mesma idade, poderá fazê-lo com relativa facilidade - e, quiçá, ajudar a reviver o estatuto icónico destes rebuçados entre a juventude portuguesa..

09.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 8 de Agosto de 2024.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Hoje em dia, o monopólio da Olá sobre o mercado dos gelados portugueses é evidente e incontestado, sobretudo após a assimilação da Ben & Jerry's ao catálogo – antes a principal concorrente ao 'trono' da multinacional. Nos anos 90, no entanto, o referido campo de negócios apresentava-se bastante mais aberto, oferecendo condições bastante mais favoráveis ao aparecimento de concorrência – condições essas que acabariam por ser aproveitadas não por uma, mas por duas marcas, gerando uma 'luta a três' que, apesar de longe de ser equilibrada, dava ainda assim mais opções à juventude portuguesa no tocante a guloseimas congeladas, até por cada uma das três produtoras ter pelo menos uma característica que a demarcava das rivais.

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No caso da Camy, por exemplo, o chocolate dos gelados era muito melhor que o da Olá – o que não surpreendia, já que a marca surgia obviamente ligada à Nestlé, bastando olhar para o logotipo que ambas utilizavam à época para perceber a conexão. Surpreendente era, portanto, apenas o facto de a Camy não ser tão conceituada entre a juventude portuguesa como a concorrente, dada a reputação (e consequente estatuto hegemónico) da Nestlé no campo dos doces e chocolates – apesar de a distribuição bem mais reduzida e localizada que a da concorrente não deixar de ter algum impacto neste campo. De facto, apesar de nada deixar a desejar à rival no tocante a qualidade, a Camy tinha uma presença muito mais esporádica do que esta nos cafés e praias de Portugal, nunca conseguindo por isso ultrapassar o seu estatuto de 'segunda classificada' – uma espécie de 'versão gelada' do Bimbocao, sendo a Olá o equivalente ao Bollycao nesta analogia. Ainda assim, para quem era 'conhecedor' de gelados, havia muito do que gostar no cartaz da Camy, a começar pelas deliciosas sanduíches geladas,bem melhores do que qualquer coisa que a hoje hegemónica concorrente alguma vez tenha apresentado nesse campo.

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Se a Camy sofria de distribuição esporádica, no entanto, que dizer da Menorquina? Quase tão popular em Espanha como a própria Olá (ou Frigo, como é conhecida no país vizinho) a gelataria oriunda das Canárias e com origem na década de 40 encontrava-se, cinquenta anos depois, em processo de expansão internacional, mas a sua penetração no mercado nacional não era, ainda, suficiente para lhe permitir aspirar a algo mais que um distante terceiro lugar. Tal como no caso da Camy, no entanto, a gelataria espanhola apresentava pontos fortes bastante distintos para quem se dava ao trabalho de investigar, sendo a qualidade dos seus gelados, sobretudo dos recheios, também bastante superior ao da cada vez mais processada Olá.

No 'momento da verdade', no entanto, a ubiquidade e o 'marketing' falavam mais alto, garantindo à Olá o 'lugar de ouro' no pódio desta 'contenda' noventista. Prova disso, aliás, é que as duas concorrentes parecem ter ficado, definitivamente, para trás, com a Menorquina a 'voltar-se para dentro' e a focar-se no mercado espanhol, e a Nestlé a continuar a surgir da mesma forma esporádica que há trinta anos, cedendo cada vez mais terreno à Olá. Mas se as Gerações Z e Alfa já não deverão saber o que é ter várias marcas de gelado por onde escolher, os seus pais recordam bem uma época em que era possível optar por entre múltiplas fabricantes, cada uma com as suas 'especialidades', e deixar que fosse o gosto pessoal a decidir, não só o tipo de gelado, mas também a marca do mesmo...

19.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 18 de Julho de 2024.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Já aqui em diversas ocasiões tivemos ensejo de falar dos váios gelados que a Olá faz, periodicamente, regressar ao seu icónico cartaz - uma tendência que, nos últimos anos, se vem tornando quase numa tradição anual. Tanto assim é, de facto, que para este Verão de 2024, a magnata multi-nacional das guloseimas congeladas fez 'voltar à vida' não apenas um, mas dois dos seus mais reconhecíveis e saudosos produtos de épocas passadas: o Fizz Limão, ao qual já dedicámos aqui algumas linhas, e o Cornetto Clássico, gelado que havia desaparecido da lista de escolhas da marca sem que se percebesse muito bem porquê.

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De facto, tal como o Super Maxi ou o próprio Fizz, o clássico Cornetto de nata faz parte de uma lista restrita de gelados que nenhum português imaginaria alguma vez desaparecerem do cartaz, mas que acabaram mesmo por dar lugar, de forma permanente, a alternativas mais interessantes. Quem, quando jovem, teve o referido gelado como uma das 'escolhas seguras' do cartaz da Olá – daquelas previsíveis, mas sempre satisfatórias – não esqueceu o velho 'cone', gerando uma procura que terá, agora, convencido finalmente a Olá a (re)adicioná-lo à gama cada vez mais vasta de Cornettos em oferta. Que seja, pois, bem-vindo de volta, e que as vendas justifiquem a permanência no cartaz num futuro próximo.

 

28.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 28 de Junho de 2024.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Nos últimos anos, e sobretudo desde a pandemia, tem-se gradualmente vindo a tornar tradição ver no icónico cartaz dos gelados Olá um 'velho conhecido', há muito desaparecido, e temporariamente trazido de volta literalmente a pedido das massas, para fazer as delícias tanto de quem o comia nos idos de 80 e 90 como das novas gerações a que esses mesmos fãs deram entretanto origem. E depois do Super Maxi e do Rol, os ex-'putos' de finais do século XX têm agora a oportunidade de voltar a provar um antigo favorito, com o regresso, em 2024, do icónico Fizz Limão.

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Tendo-se superiorizado ao Pé e ao não menos marcante Feast Krisspy, o gelado com recheio e cobertura de limão (proporcionando assim uma 'dose dupla' de doçura acre, bem ao gosto de quem não aprecia gelados muito doces) irá, mais uma vez, marcar presença entre as escolhas da magnata multinacional para 2024, e, desta vez, sem quaisquer alterações de tamanho ou funcionalidade – àparte algumas mudanças expectáveis a nível dos ingredientes, o Fizz Limão que surgirá nas arcas congeladoras portuguesas este Verão pouco ou nada diferirá daquele a que os 'X' e 'millennials' portugueses disseram adeus há já mais de três décadas. Boas notícias, sem dúvida, para quem sentia vontade de provar, uma última vez, um gelado que, ainda que não incluído entre as escolhas declaradamente dirigidas ao público mais novo, não deixava ainda assim de ter alguma tracção junto do mesmo. Bem-vindo de volta, Fizz - e que este teu regresso te angarie toda uma nova geração de fãs.

16.05.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Numa das primeiras Quartas aos Quadradinhos deste nosso 'blog', falámos da Turma da Mônica, um dos mais bem-sucedidos grupos de personagens de quadradinhos de sempre, rivalizado apenas pelos patos e ratos da Disney e pelos principais super-heróis da Marvel e DC. E ainda que, em Portugal, as criações de Mauricio de Sousa não chegassem a atingir o nível de impacto que tinham no seu Brasil natal (onde são verdadeiros ícones culturais) a sua popularidade entre os bedéfilos lusos era, ainda assim, suficiente para justificar tanto a criação de esculturas dos personagens num parque urbano como a importação de certos artigos com as efígies de Mônica, Cebolinha e restantes amigos. Destes, destacam-se as linhas de roupa, os bonecos de vinil, e talvez o mais lembrado por quem foi jovem em finais do século XX, e ao qual já aludimos aquando do 'post' original sobre a Turma: o delicioso chocolate de 'duas cores' que gozou de uma curta mas memorável presença nas prateleiras dos supermercados e hipermercados nacionais da época.

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De conceito algo semelhante ao do Kinder Surpresa, pelo menos no tocante à mistura de cores, o chocolate Turma da Mônica era vendido, não em barra, mas em 'packs' de quatro ou cinco chocolates individuais, aproximadamente do tamanho de uma palma da mão infantil, cada um deles composto por uma 'moldura' de chocolate de leite, no centro da qual era incrustada uma recriação surpreendentemente detalhada de um dos membros da Turma, feita de chocolate branco, criando assim a sempre saborosa dicotomia que garantia o sucesso dos produtos Kinder. E se, para um fã da Turma, não deixava de ser difícil dar aquela primeira 'dentada' na personagem favorita (sendo hábito 'roer' primeiro a moldura circundante, deixando a parte branca para o fim), a verdade é que o sacrifício compensava largamente, já que o resultado da combinação dos dois tipos de chocolate era nada menos do que delicioso, com o chocolate de leite bem rico (com a qualidade da Nestlé) a colmatar bem a doçura excessiva típica do chocolate branco. Difícil, pois, era comer um só destes chocolates, tendendo os pacotes a 'desaparecer' rapidamente, deixando para trás apenas o postal incluído como brinde em cada embalagem, e que retratava os personagens de Mauricio numa variedade de contextos, de cenas quotidianas a recriações de histórias clássicas.

Ao contrário do que sucedeu no Brasil, no entanto - onde o chocolate foi trazido de volta no seu formato original anos depois de ter sido descontinuado - o brinde, a qualidade, o sucesso e a licença 'sonante' não foram, no entanto, suficientes para manter o chocolate Turma da Mônica nas prateleiras a longo-prazo, vindo o mesmo a desaparecer pemanentemente, sem grande 'alarde', ao fim de um par de anos; uma verdadeira pena, já que qualquer pessoa que tenha comido uma daquelas 'molduras' individualmente embaladas certamente a terá como um dos seus chocolates favoritos de sempre, e a incluirá ao lado de uns Galak Buttons na lista de alimentos que desejaria, um dia, poder voltar a provar...

02.05.24

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Há precisamente uma semana, falámos neste mesmo espaço dos ovos Kinder, uma das mais icónicas guloseimas entre as crianças e jovens de Portugal desde a sua entrada no mercado, há já mais de quatro décadas; e apesar de, nesse 'post', termos abordado de relance os brindes dos referidos ovos, é inegável que aquela que, para muitos, era a principal razão para comprar estes ovos merece o seu próprio capítulo neste nosso 'blog'. É, pois, sobre as Quinquilharias contidas naqueles memoráveis cilindros amarelo-ocre que falaremos esta Quinta – especificamente, sobre as colecções de figuras que representavam o 'Santo Graal' desta categoria de brinde.

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De facto, apesar de nunca deixar de ser agradável encontrar dentro do ovo o tradicional carrinho ou avião, ou uma das assumidamente criativas obras de micro-engenharia baseada em eixos e rodas-dentadas, qualquer criança ou jovem na posse de um Kinder Surpresa tinha a secreta esperança de que o mesmo ocultasse um 'boneco' de qualquer que fosse a série então vigente – e foram muitas as promovidas pela Kinder durante este período. Normalmente tematizadas em torno da antropomorfização de uma espécie animal e de um qualquer conceito-base (como hipopótamos desportistas ou incongruentes tubarões persas) estas colecções exibiam, invariavelmente, enorme atenção ao detalhe, praticamente ao nível da dos brindes que o McDonald's veiculava, na mesma época, no tradicional Happy Meal – ainda que a uma escala bastante mais pequena, aproximadamente do mesmo tamanho das Matutolas, da Matutano, ou das figuras da linha Monsters In My Pocket – tornando-as assim particularmente apetecíveis para um público-alvo com gosto tanto pelo coleccionismo como pelos 'bonecos' e figuras de acção.

Foi, pois, com naturalidade que estas diferentes colecções conseguiram sucesso consecutivo junto da demografia em causa, e se tornaram os mais desejados e cobiçados de todos os brindes oferecidos pela Kinder ao longo da sua existência em território luso, o que, por sua vez, torna também natural que sejam motivo de destaque da secção dedicada a pequenas 'bugigangas' neste nosso 'blog' nostálgico - sobretudo por, algures no Novo Milénio, a Kinder ter deixado de lado estas colecções, 'atirando-as' para a categoria de 'relíquias' que as gerações Z e Alfa nunca terão ensejo de partilhar com os seus antecessores. Quem cresceu com estes bonecos, no entanto, certamente não terá dificuldade em explicar aos mais jovens a razão do apelo dos mesmos – bastando, para isso, mostrar-lhes a presente edição desta nossa rubrica...

25.04.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os anos 90 em Portugal ficaram, para o segmento que era então de uma certa idade, marcados (entre outras coisas) por um autêntico 'festim' de doces e guloseimas das mais diversas índoles, algumas ainda 'vivas' (embora significativamente diferentes) e outras desaparecidas para sempre. No entanto, por muito populares que fossem a maioria destes doces e salgados, apenas uma fracção de entre eles atingiu um estatuto verdadeiramente icónico entre os 'putos' da época, fosse pelos apetecíveis brindes que oferecia (como no caso das batatas fritas da Matutano), por se tratar de um 'prazer guloso' (como os Bollycaos ou os Galak Buttons) por ser encontrada um pouco por todo o lado e estar ao alcance até mesmo da mais vazia das carteiras (como as pastilhas Gorila) ou, no caso do produto de que falamos hoje, devido a uma combinação de todos esses factores. Sim, chega agora, finalmente, a vez de falar daquela que talvez seja 'A' guloseima por excelência desse período da História portuguesa, e um pouco até aos dias de hoje: o ovo Kinder.

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Vastamente imitadas, mas nunca igualadas, aquelas deliciosas ovais feitas de dois tipos de chocolate (por fora 'normal', castanho e de leite, e por dentro branco) penetraram o mercado português na década de 80 para não mais o abandonarem, fazendo as delícias de várias gerações não só com a referida (e apetitosa) combinação, mas também (sobretudo) devido ao que continham no seu interior: um cilindro de plástico amarelo, aparentemente simples, mas que qualquer criança ou jovem sabia conter o segredo da felicidade – pelo menos no imediato. Isto porque cada uma das referidas cápsulas continha um pequeno brinquedo de montar ou, em alternativa, uma figura coleccionável de qualquer das inúmeras linhas que a Kinder promovia à época, normalmente tematizadas em torno de espécies animais, e que em breve aqui terão a sua própria Quinta de Quinquilharia. Assim, a compra de um ovo Kinder permitia não só a degustação de chocolate de alta qualidade, mas também a 'surpresa' adicional do brinquedo no interior (daí o nome 'oficial', Kinder Surpresa), oferecendo uma combinação irresistível para qualquer menor de idade; foi, pois, com naturalidade que a Kinder rapidamente se afirmou como uma das líderes do mercado dos chocolates em Portugal, à semelhança do que acontecera já em países como a sua Alemanha natal, o Reino Unido ou a vizinha Espanha.

Conforme acima referido, a marca alemã conseguiria manter essa mesma hegemonia ao longo das quatro décadas seguintes, sendo ainda hoje possível encontrar nas prateleiras ovos Kinder Surpresa; no entanto, os mesmos comportam já algumas diferenças significativas em relação aos que punham a 'salivar' qualquer membro das gerações 'X' ou 'Millennial'. Isto porque, em algum ponto da trajectória da Kinder em Portugal, a produção do chocolate para os referidos ovos deixou de ser centralizada, passando os mesmos a provir de Espanha; com esta mudança, veio um acréscimo no açúcar, passando os referidos ovos a saber menos a 'eles mesmos' e mais a um qualquer outro chocolate. Assim, quem, de momento, quiser recuperar o sabor da infância terá de se deslocar ao estrangeiro, onde os ovos permanecem como eram em Portugal naquela época – embora o elevado volume de problemas e escândalos em que a Kinder se vê periodicamente envolvida possa, potencialmente, servir como elemento desencorajador dessa 'viagem' nostálgica. O melhor mesmo, para poupar tempo, dinheiro e potenciais dissabores, será utilizar esta breve homenagem a um dos grandes doces da infância portuguesa de finais do século XX como forma de 'regressar' àquele tempo, ainda que apenas mentalmente, e sentir na boca aquele 'gostinho' da primeira trinca num ovo Kinder...

01.02.24

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

No que toca a marcas e empresas alimentares praticamente sinónimas com os anos 90 em Portugal, a Dan Cake fica, talvez, apenas atrás da Matutano no imaginário sócio-cultural das gerações 'X' e 'millennial'. Tal como a empresa das batatas fritas, a magnata das bolachas e bolos industriais deixou na memória de quem foi jovem à época uma série de produtos, com destaque para os alfajores de chocolate (as famosas Cake Bar) como por um outro produto, talvez mais lembrado pela embalagem do que pelo conteúdo em si, e ainda hoje instantaneamente reconhecível para as gerações em causa.

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A versão da icónica lata que muitos conheceram nos anos 80 e 90. (Crédito da foto: OLX)

Falamos das bolachas de manteiga (ou Danish Butter Cookies), com a sua icónica e inconfundível caixa de lata azul, tantas vezes utilizada, depois de vazia, como 'estojo' para os materiais de costura lá de casa – uma tradição cuja origem se perde nas 'brumas do tempo', mas que terá sido partilhada pela grande maioria da população infanto-juvenil portuguesa das duas últimas décadas do século XX. De facto, e como acima mencionámos, este aspecto da utilização da embalagem é, indubitavelmente, mais recordado hoje em dia do que as bolachas em si, o que não deixa de ser um pouco injusto para as mesmas, que apresentavam um excelente sortido, com variedade suficiente para agradar a qualquer gosto, de bolachas que se desfaziam na boca a outras mais firmes e rijas, e até algumas polvilhadas de açúcar cristalizado ou com sabores adicionais, como coco. Na verdade, o facto de as caixas tão rapidamente passarem a repositórios de agulhas e linhas devia-se, precisamente, à velocidade a que os conteúdos no seu interior 'voavam', particularmente no contexto de festa ou convívio em que este tipo de 'guloseima' tendia a surgir.

Tal como tantos outros produtos que abordamos nestas páginas, no entanto, também os sortidos Dan Cake foram, gradualmente, perdendo preponderância em inícios do século XX, ao mesmo ritmo do que a própria companhia, hoje longe da expressão que já teve no mercado alimentar nacional. Assim, e apesar de ainda hoje haver sortidos de bolachas das mais diversas marcas à venda por todo o País, algumas, inclusivamente, em latas muito semelhantes às da Dan Cake, as actuais 'costureiras amadoras' ter-se-ão visto forçadas a 'engendrar' outro tipo de recipiente improvisado para guardar os seus materiais. De facto, é de duvidar se as actuais crianças e jovens da Geração Z alguma vez se terão sorrateiramente aproximado de uma lata de bolachas 'em repouso' sobre um balcão e prateleira, aberto a mesma com o intuito de 'sacar' subrepticiamente umas quantas, e tido a desilusão de apenas agarrar na mão carretos de linhas – uma experiência que continua fresca na memória dos seus pais e que, para muitos deles, ficará para sempre conotada com este tipo de bolachas...

11.01.24

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Na primeira quadra natalícia deste 'blog', recordámos os brindes (e fava) do bolo-rei, tradição bem-amada de gerações de crianças e jovens portugueses que, já no século XXI, foi descontinuada, alegadamente por razões de saúde pública. Pois bem, o facto é que a interdição de 'esconder' esses dois elementos no bolo-rei parece, na quadra que ora finda, ter sido levantada, dado terem sido vários os registos de brindes e favas registados em bolos-rei comercializados, especificamente, pela cadeia de supermercados Pingo Doce.

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Brindes no mesmo estilo dos oferecidos nos bolos do Pingo Doce.

De facto, embora não fosse o caso com todas as confecções deste tipo disponibilizadas pela cadeia em causa, uma parte significativa dos bolos-rei vendidos pelo Grupo Jerónimo Martins nas Festas de 2023 parecem ter incluído tanto uma fava como uma pequena figura de um rei mago – a qual, apesar de longe da glória dos brindes de outros tempos, não deixou ainda assim de ser uma surpresa agradável para quem não esperava pelo regresso desta tradição.

De ressalvar que, ao contrário do que acontecia nos anos 90, ambos os elementos surgiam devidamente embrulhados em plástico, reduzindo o risco de engolimento acidental e correspondente asfixia – ainda que exista na Internet um registo de uma ocorrência em que os mesmos vinham 'à solta' dentro do bolo, quase causando um incidente deste tipo. Controvérsias à parte, é bom ver o regresso de uma tradição natalícia nostálgica para várias gerações de portugueses, e pronta a criar memórias a muitas outras; assim, e apesar de já passado o Dia de Reis, não podíamos deixar de assinalar esta efeméride, a qual se espera que não tenha sido pontual, e se venha a verificar novamente em Natais futuros.

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