Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

09.07.23

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Um adepto moderno a quem se fale de Nuno Santos certamente pensará, de imediato, no aguerrido ala-esquerdo actualmente ao serviço do Sporting. Quem tenha acompanhado os campeonatos nacionais desde antes de estes se chamarem Ligas, no entanto, terá em mente dois outros nomes, ambos, curiosamente, de guarda-redes: um, mais velho, 'grande dos pequenos' do Vitória de Setúbal de Eric Tinkler e Chiquinho Conde, o outro eterno suplente do Sporting durante o mesmo período, mas que, já no Novo Milénio, conseguiu afirmar-se entre as redes de alguns 'históricos' de menor dimensão. É sobre este último - que completa hoje, 09 de Julho de 2023, quarenta e cinco anos – que versará este post.

download.jpg

Um jovem Nuno Santos.

Formado pelos 'leões' de Alvalade, onde ingressou aos treze anos, após duas épocas iniciais no União de Coimbra, Nuno Filipe Oliveira Santos conseguiu 'sobreviver' aos sucessivos 'cortes' e dispensas habituais nas camadas jovens, tendo completado todo o seu percurso ao serviço do emblema verde e branco até, na época 1996/97, se ver sujeito à segunda fase da carreira de um jovem jogador sénior, ao ser enviado, por empréstimo, para o 'satélite' ribatejano dos leões, o Lourinhanense. Ali, num contexto competitivo menos exigente, e onde um jogador com a sua qualidade se conseguia destacar e diferenciar, não é de surpreender que Nuno Santos tenha conseguido fazer uma boa primeira época, defendendo as redes dos ribatejanos em quinze ocasiões.

Dado este auspicioso início de carreira sénior, não é, também, de admirar que o Sporting tenha repetido a 'experiência' nas duas épocas seguintes; infelizmente, estes empréstimos subsequentes não correriam de feição ao guarda-redes, que se veria remetido ao estatuto de suplente até mesmo no modesto emblema, com apenas sete jogos realizados no conjunto das duas épocas.

A viragem do Milénio via, assim, Nuno Santos regressado a 'casa', e integrado na equipa B dos 'leões'. E se essa primeira época do século XXI lhe renderia, novamente, apenas cinco jogos pelas 'reservas' e um pela equipa principal, já a temporada seguinte veria, finalmente, a sua carreira reentrar nos 'eixos', com o empréstimo ao histórico Estrela da Amadora a permitir ao guardião estabelecer-se como titular indiscutível pela primeira vez na sua carreira – ao todo, foram vinte e cinco jogos com a camisola listrada do clube que acaba de regressar à I Liga. Este acréscimo de experiência permitiu ao guardião posicionar-se como primeira opção para a baliza do Sporting B na época seguinte, realizando vinte e seis jogos, bem como dois pela equipa principal.

O ano de 2003, no entanto, veria Santos mais uma vez remetido para outras paragens, com novo empréstimo, desta feita ao Penafiel; e seria este empréstimo que, verdadeiramente, 'lançaria' a carreira de Nuno Santos, que viria a passar as três temporadas seguintes como primeira opção para as redes do clube nortenho, que defenderia em mais de oitenta jogos – sempre, curiosamente, por empréstimo do Sporting - ao lado de outros nomes instantaneamente reconhecíveis das ligas profissionais lusas, como Marco Ferreira e Martelinho.

download (1).jpg

O guardião nos tempos do Penafiel.

Seria, aliás, ainda por empréstimo que o guarda-redes ingressaria no seu clube seguinte, o Vitória de Guimarães de, entre outros, Kabwe Kasongo, ao serviço do qual se desvincularia, finalmente, dos 'leões', após quase duas décadas de ligação ao clube de Alvalade.  Ainda assim, a experiência por terras de D. Afonso Henriques não correria de feição ao guardião, que se veria novamente como figura periférica no plantel vimaranense durante as três épocas seguintes.

Assim, em inícios da época 2009/2010, aos trinta e um anos, o guardião trocaria um Vitória por outro, rumando a Setúbal para mais uma época honrosa, seguindo as passadas do seu homónimo alguns anos antes e realizando dezoito jogos entre as redes sadinas. Na temporada seguinte, nova 'mudança', com breve passagem por Portimão (onde nem chegou a aquecer o banco) antes de nova 'guinada' a norte, agora rumo a Barcelos, para fazer dez jogos ao serviço do histórico Gil Vicente. Ainda por terras nortenhas, o guarda-redes ingressaria depois no Sporting da Covilhã, onde seria primeira escolha durante a época 2011/12, amealhando vinte e três jogos antes de regressar à 'casa' onde fora feliz, nos arredores do Porto.  

Apesar da sua 'história' com o Penafiel, no entanto, esta segunda passagem pelo clube resultaria em apenas seis jogos no conjunto das duas épocas, motivando nova mudança, agora para o GD Ribeirão, por quem Santos realizaria dezassete jogos antes de 'pendurar as chuteiras', aos quase trinta e seis anos, pondo um ponto final numa carreira que praticamente define o termo britânico 'journeyman' (algo como 'andarilho') e que põe a nu o quão repletas de 'altos e baixos' podem ser as carreiras de jogadores que não conseguem afirmar-se como 'de topo'.

images.jpg

Nuno é, hoje, adjunto do Guimarães, que também representou enquanto jogador.

Ainda assim, é bom saber que a vida pós-futebol correu de forma bem menos atribulada a Nuno Santos, que desde há várias épocas integra os quadros do Vitória de Guimarães, na qualidade de treinador-adjunto, e cujas passadas são seguidas pelo sobrinho, o também guarda-redes Fábio Santos, actualmente no Gondomar. Felicidades, e que conte muitos!

13.11.22

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Apesar de grande parte da atenção de um adepto de futebol recair nos jogadores de campo, e sobretudo nos da metade ofensiva do terreno, a importância de uma presença e personalidade consistente e talentosa entre os postes não pode ser descurada – sobretudo se a mesma exibir, também, lealdade, brio profissional e genuína dedicação ao emblema que representa.

Serve esta introdução para falar de um nome que, apesar de nunca ter sido dos mais conhecidos ou recordados pelos adeptos portugueses, exibiu, enquanto jogador, todas essas características, afirmando-se como um verdadeiro e autêntico 'grande dos pequenos', e que celebra precisamente hoje, dia 13 de Novembro, o seu vigésimo-segundo aniversário. Falamos de Paulo Sérgio Rodrigues Firmino, comummente conhecido apenas pelos seus dois primeiros nomes, e que foi figura central do histórico Campomaiorense durante as épocas em que o emblema ribatejano militou na então chamada Primeira Divisão nacional.

459_paulo_sergio.jpg

O guarda-redes no Beira-Mar, já em final de carreira.

Nascido no Barreiro, na Margem Sul do Rio Tejo, Paulo Sérgio iniciou a sua carreira sénior, não no emblema local, mas no 'vizinho' Vitória Futebol Clube, onde ingressaria na última época da década de 80, com apenas dezanove anos; a primeira oportunidade de alinhar pelo novo emblema demoraria ainda, no entanto, duas épocas a surgir, tendo o guardião efectuado os primeiros jogos pelos sadinos no decurso da época 1991/92, em que alinharia num total de vinte partidas. A época seguinte traria mais do mesmo (19 partidas, cerca de metade das que um clube das divisões superiores realiza no decurso de uma época) antes de Paulo Sérgio voltar a perder preponderância no histórico emblema setubalense, realizando apenas um total de nove partidas ao longo das duas épocas seguintes.

Sem espaço para jogar, foi com naturalidade que o guarda-redes procurou, logo na época seguinte, novas paragens, encontrando nova 'casa' em Campo Maior; também aqui, no entanto, a afirmação tardaria a chegar, tendo Paulo Sérgio acumulado apenas uma dezena de jogos durante a sua primeira época no novo emblema. Desta vez, no entanto, a situação viria a alterar-se logo na época seguinte, quando o ex-sadino se tornaria escolha principal para a baliza do Campomaiorense, posto de que não mais viria a largar mão durante as restantes seis épocas que passou na histórica agremiação; da época de 1996/97 até à sua saída para o Beira-Mar, em 2002/2003, o número mínimo de partidas que Paulo Sérgio amealharia durante uma época seria de dezasseis (na época 1998/99, em que foi suplente de Poleksic, outro histórico da Primeira Divisão da época) ficando este número, quase sempre, bem acima das duas dezenas nas restantes temporadas. Durante este período, o guardião teve, ainda, o privilégio de partilhar o balneário com nomes como Jimmy Floyd Hasselbaink (um dos mais notáveis 'Grande dos Pequenos'), Beto Severo, Isaías, Paulo Torres, Jordão, Isaías, Rogério Matias (outro jogador cuja carreira justifica a presença nesta secção) e outro verdadeiro histórico dos ribatejanos, o angolano Fernando Sousa.

PSergioCampomaiorense.jpg

O jogador ao serviço do clube que o notabilizou.

Tendo em conta este historial, e a forma como acompanhara o clube durante a sua 'queda' da Primeira Divisão e eventual regresso aos escalões secundários, foi talvez com alguma surpresa que os adeptos viram Paulo Sérgio abandonar o Campomaiorense em favor do Beira-Mar, em 2003 – ainda a tempo de fazer uma época em 'alta' pelos aveirenses, alinhando em vinte e quatro das partidas disputadas nessa época, antes de seguir o percurso natural de um jogador em fase descendente de carreira, assumindo papéis de apoio primeiro no próprio Beira-Mar, (onde alinharia em apenas nove jogos no cômputo geral das duas épocas seguintes), depois no Pinhalnovense (onde ficaria uma temporada sem nunca sair do banco) e finalmente no Olivais e Moscavide, onde viria a terminar a carreira em campo - após apenas dois jogos em outras tantas épocas - antes de rumar ao vizinho Oriental, para assumir o cargo de treinador de guarda-redes. Um desfecho honroso para um nome que, apesar de não figurar entre os 'ilustres' da Primeira Divisão de finais do século XX, não deixa, no entanto, de ter desempenhado papel de relevo em alguns dos principais emblemas 'periféricos' da mesma, fazendo, assim, por merecer o epíteto de 'Grande dos Pequenos' - e esta pequena homenagem na data do seu aniversário. Parabéns, Paulo Sérgio - que conte muitos!

25.04.22

NOTA: Este post é respeitante a Domingo, 24 de Abril de 2022.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

Uma das principais 'verdades' do futebol moderno é que os jogadores que mais se destacam num determinado campeonato irão, quase inevitavelmente, acabar por assinar por um dos maiores clubes desse campeonato ou, alternativamente, por um clube de expressão equivalente num campeonato internacional; o que não falta no desporto-rei (português e não só) são histórias de jovens que, de humildes começos no clube 'da terrinha', chegam a estrelas internacionais de renome, sendo Figo ou Cristiano Ronaldo apenas dois dos muitos jogadores que fizeram essa trajectória.

Por vezes, no entanto, surge um jogador que se insere no contexto do 'quase' da frase acima utilizada; um atleta que, embora indispensável no seu emblema e admirado até mesmo por adeptos de outras agremiações, nunca chega a dar esse 'salto' quantitativo durante a sua permanência no futebol português. A nova rubrica que hoje inauguramos pretende, precisamente, recordar alguns dos principais exemplos desse fenómeno a militar em Portugal durante a década de 90.

E como figura inicial desta nova série, nada mais justo do que dar honras de abertura a um dos nomes que vem imediatamente à memória sempre que se pensa em jogadores influentes no campeonato português da década de 90 que militavam em emblemas 'menores': o lendário William Andem, guarda-redes do histórico Boavista durante a maior parte daquela década.

arq_16989.jpg

Quem seguia o campeonato daquela altura, certamente ainda terá presente a figura imponente daquele guarda-redes que – com 'cara de mau' a condizer com a estatura – defendia com surpreendente agilidade e leveza de reflexos as redes axadrezadas em finais da década; o que muitos não saberão é que o mesmo teve, antes da chegada ao clube que o celebrizaria, um percurso no mínimo insólito para um jogador africano, que o levou ao futebol sul-americano antes de, eventualmente, se celebrizar no português.

Nascido Bassey William Andem em Douala, nos Camarões, a 14 de Junho de 1968, o simplesmente apelidado William iniciou o seu percurso futebolístico em finais da década de 80, ao serviço do seu clube local, o Union, onde militou quatro épocas, tendo numa delas ingressado por empréstimo no desconhecido Olympic Mvolyé, também do campeonato camaronês. O inevitável 'salto' para fora de África, esse, dá-se em 1994, quando Andem ingressa no...Cruzeiro.

A presença de um jogador africano num campeonato célebre por contratar maioritariamente 'dentro de portas' (não fosse o Brasil um dos países, senão mesmo O país, com mais aspirantes a jogadores de futebol em todo o Mundo) parecia – e era – insólita, e a contratação acabou por nunca se justificar, tendo William realizado apenas nove jogos nas duas épocas que passou com o emblema brasileiro. Este início pouco auspicioso não foi, no entanto, suficiente para descoroçoar William, que, em 1996, transitava para um novo emblema, ainda no Brasil – no caso, o Bahia, onde chegou a realizar 19 jogos na sua única época como efectivo.

Então com quase 30 anos, e não tendo conseguido afirmar-se em qualquer dos clubes por onde passara desde a sua saída dos Camarões, William parecia condenado a uma carreira medíocre e anónima; essa situação mudou, no entanto, no defeso de Inverno da época 1997-98, quando o guarda-redes decide viajar para Portugal, para se vincular ao Boavista - uma escolha que lhe viria a permitir, finalmente, lançar a sua carreira.

No total, foram nove épocas e mais de 150 jogos de xadrez ao peito, a esmagadora maioria dos quais como titular; e mesmo quando perdeu o lugar, a mudança pode considerar-se mais como um 'passar do testemunho', já que o seu sucessor era nada mais nada menos do que Ricardo, futuro guarda-redes do Sporting e da Selecção Nacional (mais tarde, perderia novamente a titularidade para o brasileiro Carlos, recuperando-a após a venda deste para o Steaua de Bucareste). Um percurso que - além de o tornar um 'clássico' das cadernetas da Panini - lhe valeu várias chamadas à Selecção camaronesa (onde serviu de apoio ao lendário Jacques Songo'o em várias competições, incluindo o Mundial de França '98), e que justificou plenamente o estatuto de 'lenda viva' que adquiriu entre os adeptos boavisteiros...o que torna ainda mais incompreensível a sua saída do clube, no final da época de 1997-98.

No entanto, fosse qual fosse o motivo, foi mesmo isso que aconteceu, e William acabou por 'pendurar as botas' em outro clube que não aquele que o lançara – no caso, o Feirense, no qual ingressou para a época 2007-2008, mas onde figuraria apenas três vezes ao longo da época, números que não justificam minimamente a saída do emblema onde era ídolo.

Ainda assim, e apesar dos pesares, William bem merece o título de 'grande dos pequenos', tendo conseguido transfigurar-se de eterno suplente do Brasileirão em 'patrão' da defesa de um clube de Primeira Divisão português (que, na altura, lutava por títulos e se afirmava como viveiro de jovens talentos) e internacional pelo seu país – o que, convenhamos, não é mesmo nada mau para um camaronês trintão...

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub