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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

26.04.22

NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 25 de Abril de 2022.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A programação de teor ou conteúdo educativo tende, tradicionalmente, a ser rejeitada pela grande maioria das crianças, precisamente pela sua intenção declarada de não só entreter, mas também ensinar, algo a que esta demografia já é diariamente sujeita, contra vontade, no contexto da escola; por sua vez, este paradigma também não é minimamente beneficiado pelo facto de grande parte dos conteúdos desta índole adoptarem um tom excessivamente simplista ou condescendente, não dando ao seu público-alvo o devido crédito, e tratando-o como se fosse menos inteligente do que de facto é.

Talvez seja por isso que, quando surge um programa educativo verdadeiramente bem-feito e cuidado, o mesmo é capaz de atingir tanto sucesso junto da demografia-alvo como qualquer 'anime' ou série de acção. Foi assim com a excelente versão portuguesa da Rua Sésamo – ainda hoje recordada com afecto pela geração para quem foi auxiliar de estudo nos primeiros anos de aprendizagem – e é assim, também, com a série de que hoje falamos, para a qual este ano de 2022 marca, simultaneamente, a sua última temporada 'no ar' e um exacto quarto de século desde a sua estreia em Portugal.

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Criada pela PBS, a cadeia de televisão norte-americana especializada em conteúdos educativos também responsável pela criação da 'Sesame Street' original, e baseada na série de livros do mesmo nome, criada por Marc Brown, 'Artur' (ou 'Arthur') tornou-se conhecido, em Portugal, sobretudo pelo seu tema de abertura, um concentrado de alegria em ritmo 'reggae' que rivaliza com a lendária canção da Rua Sésamo pelo título de melhor música de abertura de uma série educativa, e tem também definitivamente lugar entre os melhores da década em geral.

Há outra abertura posterior, mas sejamos realistas - esta é a única que conta. POR ISSO; HEI!

Felizmente, os atractivos de 'Artur' não se ficam pelo tema de abertura; a própria série em si é extremamente bem pensada, com personagens e temas memoráveis, e sem medo de abordar assuntos controversos ou delicados (dos medos de infância e problemas cognitivos e educativos ao racismo, tolerância, trauma e até morte de alguém chegado ou querido) sempre de forma frontal, mas também com grande sensibilidade.

E o mínimo que se pode dizer é que este esforço em tratar as crianças como elas querem e merecem ser tratadas rendeu dividendos – nos seus EUA natais, 'Artur' foi transmitido durante mais de um quarto de século (e em Portugal, ficou próximo, tendo passado impressionantes dezoito anos na grelha de programação da RTP2), sempre com o mesmo grau de sucesso entre as diversas gerações de crianças. E a verdade é que não é preciso ver mais do que um ou dois episódios da série para perceber porquê; esta é daquelas séries que não só conseguem ser intemporais, como também conciliam de forma perfeita objectivos aparentemente díspares, como são a educação e o entretenimento, e o mundo da programação infantil ficará mais pobre sem ela. 'Por isso, HEI!'

31.05.21

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

O primeiro post 'a sério' deste blog, precisamente uma Segunda de Séries, foi dedicada à série de ‘anime’ mais vista de sempre em Portugal, 'Dragon Ball Z'. O post de hoje é dedicado à segunda colocada nessa ‘corrida’ em particular, a saga de um espadachim a soldo no Japão medieval e dos seus companheiros – uma jovem decidida, um órfão pré-adolescente e um ex-soldado do exército japonês. O seu nome? 'Rouronin Kenshin', mais frequentemente conhecida como 'Samurai X'.

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Originalmente produzido entre 1995 e 96, o relato animado das aventuras de Kenshin Himura ‘Battousai’ – o Samurai do título –  chegaria a Portugal já ao ‘cair do pano’ do século XX (e do segundo milénio), ainda a tempo de cativar toda uma geração de jovens, e de aumentar exponencialmente a média de idades dos espectadores do progama onde estreou, o Batatoon. De facto, o ‘anime’ foi das poucas séries de índole mais séria veiculadas pelo popular segmento infanto-juvenil da TVI, e a sua colocação na grelha do mesmo - onde era o primeiro desenho animado a ser exibido - fazia com que muitos dos espectadores mais velhos, pouco ou nada interessados no programa em si, dessem um ‘saltinho’ ao quarto canal durante a meia-hora que durava a série, e mudassem para outra emissão logo a seguir. Quanto aos mais novos – o público-alvo do Batatoon propriamente dito – a série era, para eles, não menos cativante, especialmente pelo seu carácter mais violento (embora em moderação) relativamente aos restantes ‘animes’ transmitidos em Portugal à época, como Sailor Moon.

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O memorável grupo de personagens principais da série.

Este apelo transversal, e quase universal, devia-se a um simples factor: ‘Samurai X’ estava muito, mas mesmo muito bem feito. O material original já era, em si mesmo de grande qualidade – bem escrito, com animação fluida e excelentes temas de abertura e, principalmente, fecho – e a dobragem portuguesa ainda adicionava mais charme ao todo, sendo universalmente considerada uma das melhores e mais cuidadas alguma vez feitas no nosso país (neste aspecto em particular, ‘X’ era o exacto oposto de ‘Dragon Ball Z’, que ficou bem conhecido pela sua ‘gag dub’ maioritamente improvisada.) Os enredos eram empolgantes (e apropriados a todas as idades, o que também não deixava de ser raro) e o esforço de todos os envolvidos com a tradução e localização da série era evidente a cada episódio. Os jovens – que, ao contrário do que normalmente se pensa, são tudo menos parvos – reconheceram essa dedicação, e transformaram ‘Samurai X’ num ‘hit’ de culto, longe da popularidade estratosférica de ‘Dragon Ball Z’, mas ainda saudosamente recordado pela maioria dos ‘putos’ daquela época.

Embora não caísse nos extremismos de 'Dragon Ball Z', 'Samurai X' deixava lugar aos momentos de humor semi-improvisados.

Com a dose certa de mistério, aventura, acção e um toque de humor bem característico, ‘Samurai X’ merece o lugar que ainda ocupa entre os ‘otakus’ portugueses crescidos nos anos 90 – e que, mesmo desde então, apenas ‘Naruto’ conseguiu ameaçar…

Os temas de abertura e fecho do 'anime' ,tão cuidados e memoráveis como os restantes aspectos técnicos

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