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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

03.02.25

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

As colectâneas de músicas populares ou de domínio público interpretadas por artistas ou grupos anónimos têm, desde sempre, representado uma forma fácil e em conta de fazer dinheiro, através da combinação vencedora entre a intemporalidade dos repertórios e a ausência de quaisquer encargos monetários, àparte os da própria produção e edição dos discos; e, sendo pródigo neste tipo de canção, não é de estranhar que o mercado infanto-juvenil tenha, também ele, visto surgirem ao longo dos tempos inúmeros exemplos de colectâneas deste género, algumas mais cuidadas e com tentativas de preservação histórica e cultural, e outras mais declaradamente oportunistas, muitas vezes tendo como base e 'cara' um fenómeno então popular entre a demografia-alvo. Como tantas vezes sucede, no entanto, é no meio que está a virtude – e é, também, no meio que se situa o disco de que falaremos em mais esta Segunda de Sucessos.

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Lançado algures há trinta anos (embora o dia e mês sejam incertos) pela inevitável Vidisco, 'Caixinha de Sonhos – Canções Infantis' encaixa-se perfeitamente na descrição feita no início deste texto, apresentando duas dezenas daquele tipo de temas que qualquer criança aprende 'por osmose' entre amigos, na escola ou como 'ladainha' para brincadeiras tradicionais de rua ou jogos de 'palminhas'. Ou mais precisamente, três quartos do disco são compostos deste tipo de material, ficando o último reservado para temas então em alta entre a demografia-alvo - desde os genéricos de abertura de 'Pippi das Meias Altas' ou 'Vickie o Viking' até ao clássico de José Barata Moura, 'Joana Come A Papa'. O denominador comum entre estas duas vertentes é o virtual anonimato dos intérpretes, com mais de metade dos temas a ficarem a cargo de um grupo conhecido apenas como Carossel da Petizada, e os restantes a serem interpretados por cantoras (todas mulheres) e conjuntos cujos únicos outros créditos são outros discos deste mesmo tipo.

Um produto bem típico do seu género, portanto (e bem clássico, apesar do grafismo pseudo-psicadélico, bem indicativo da época de edição do trabalho) mas nem por isso menos bem conseguido ou capaz de cativar o seu público-alvo, sempre disposto a cantar, dançar e desfrutar destas 'cançonetas' clássicas, e ao qual a capa em moldes 'Photoshop sob o efeito de LSD, tão mau que é bom' não poderia deixar de agradar. É bem provável, aliás, que o mesmo se passe, ainda, com os jovens das actuais gerações Z e Alfa – ainda que, neste caso, a falta de imagens a acompanhar se possa revelar um obstáculo... Ainda assim, uma colectânea mais que meritória para partilhar com os filhos pequenos, e lhes proporcionar os mesmos momentos de que as suas mães e pais desfrutaram, trinta anos antes, com exactamente a mesma banda-sonora...

30.12.24

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Já aqui dedicámos algumas linhas a 'Ficheiros Secretos', uma das mais icónicas séries de toda a década de 90, e que granjeou milhares de fãs também em Portugal aquando da sua transmissão no nosso País, pela mão de uma ainda 'jovem' TVI. No entanto, um episódio em particular apresenta relevância temporal e temática suficiente para ser isolado da série como um todo, e nos fazer revisitar o mundo dos agentes paranormais Fox Mulder e Dana Scully.

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Falamos de 'Millennium', o quarto episódio da sétima temporada do programa, cuja acção se passa, específica e declaradamente, na passagem do ano de 1999 para 2000, embora tenha passado originalmente nos seus EUA natais cerca de um mês antes, a 28 de Novembro, tendo por isso celebrado recentemente o seu vigésimo-quinto aniversário. E embora a trama em si seja mais uma de muitas histórias isoladas e centradas numa 'ameaça da semana', o episódio é, até hoje, lembrado pelos fãs da série por uma razão específica - nomeadamente, o facto de conter o primeiro beijo canónico entre a dupla de agentes protagonistas, o qual tem lugar na Times Square de Nova Iorque ao som das doze badaladas, oferecendo aos fãs da série um momento há muito aguardado e antecipado.

Esta não é, no entanto, a única particularidade digna de nota de 'Millennium', o episódio. Isto porque o mesmo constitui, primeiro que tudo, um 'cruzamento' com a série do mesmo nome, também produzida por Chris Carter - embora muito menos bem-sucedida do que a 'atracção principal' - e também transmitida em Portugal por alturas do evento homónimo (ainda que desta vez na RTP, por oposição à 'Quatro') e novamente em 2007, pelo canal Fx. É, aliás, por isso que Mulder e Scully encetam, durante a trama, uma colaboração com Frank Black, protagonista da 'outra' série (e que não deve ser confundido com o vocalista dos Pixies). Dada a relativa obscuridade de 'Millennium', no entanto, este aspecto acaba por ser 'eclipsado' pelo marcante e impactante momento canónico contido no episódio, não deixando ainda assim de constituir mais um motivo de interesse do mesmo.

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O momento em que os protagonistas das duas séries se encontram.

Quem não tiver 'programa' neste 'réveillon', ou prefira declaradamente passá-lo a ver televisão, não deve deixar de incluir este episódio temporalmente relevante na sua lista de Ano Novo (talvez por entre episódios homólogos de 'Friends' ou 'Seinfeld') e celebrar assim o vigésimo-quinto aniversário de um dos raros momentos marcantes do 'ocaso' de uma das séries mais memoráveis de finais do Segundo Milénio.

09.10.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Os anos 80 e 90 representaram o grande 'boom' da então chamada 'Japanimação' (hoje designada pelo seu nome correcto, 'anime') no nosso País. Apesar de o estilo em causa vir já sendo desenvolvido desde a década de 60, foi apenas já em finais do século XX que o mesmo almejou atravessar o Oceano e surgir pela primeira vez nas televisões lusas, através de séries tão icónicas quanto 'Fábulas da Floresta Verde', 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Esquadrão Águia', 'Capitão Falcão' ou 'Tom Sawyer', além de co-produções japonesas com estúdios europeus, como 'As Aventuras do Bocas' ou 'O Panda Tao-Tao'. A calorosa recepção a estas primeiras investidas abriu, claro, caminho a muitas outras, e antes do final do Segundo Milénio, as crianças e jovens nacionais já consideravam o 'anime' parte do seu quotidiano, com programas como 'Navegantes da Lua', 'Samurai X' ou as três partes da saga 'Dragon Ball' a atingirem níveis de sucesso até então pouco habituais em Portugal.

Entre estas duas vagas, no entanto, situou-se um período em que a animação japonesa surgiu nas televisões portuguesas, sobretudo, 'dissimulada' sob a 'capa' de produções europeias e americanas; no entanto, até mesmo esses anos viram alguns 'desenhos japoneses' penetrar as grelhas dos quatro canais nacionais. Neste grupo, por entre 'As Histórias Mais Bonitas' e 'Noeli', surgia uma série de curtos episódios (com apenas cerca de dez minutos) sobre um estranho ente de outra dimensão que, qual Mary Poppins extraterrestre, descia dos céus com o seu guarda-chuva mágico para mudar a vida de um rapazinho sortudo.

Não, não se trata de 'Doraemon'; o gato cósmico estava ainda a quase uma década de encantar toda uma geração de crianças e jovens através da icónica dobragem espanhola do Canal Panda. A série de que falamos é mais recente (foi criada em finais dos anos 80, enquanto que 'Doraemon' remonta a meados da década anterior) mas, paradoxalmente, mais antiga para o público infanto-juvenil lusitano, que a conheceu há quase exactos trinta anos, quando foi transmitida na RTP em versão dobrada.

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Falamos de 'Parasol Henbee', conhecido em Portugal pelo nome de 'Henbei', e cujas semelhanças com 'Doraemon' são tudo menos fortuitas, já que ambos os desenhos animados têm o mesmo criador – Motoo Abiko, ou 'Fujiko Fujio A', um dos membros da dupla de animadores Fujiko Fujio. Não fora esse elo de ligação e as assustadoras semelhanças entre ambas as séries podiam ser tomadas por plágio – as premissas de ambas são practicamente idênticas, o mesmo se passando com as duplas de protagonistas e situações vividas pelos mesmos; assim sendo, trata-se apenas de uma tentativa de replicar uma fórmula vencedora, que – apesar de menos memorável do que a série-base que lhe serve de inspiração – acaba por ser bem-sucedida, representando um 'prato cheio' para fãs de Doraemon, ou de séries ocidentais com conceitos semelhantes, como 'Ursinhos Carinhosos'.

E apesar de não ter 'pegado de estaca' como sucedeu com 'Doraemon', que forma parte importante da nostalgia de toda uma geração de jovens telespectadores portugueses, 'Henbei' é, ainda assim, recordado pela faixa ligeiramente mais velha de 'millennials' nacionais – quanto mais não seja, pelo seu épico tema de abertura, uma daquelas canções que merecia o mesmo nível de fama de 'Digimon', 'Dragon Ball' ou 'Tom Sawyer', mas que teve o 'azar' de fazer parte de uma série significativamente menos conhecida.

Quem conhece, já está a cantar...

Ainda assim, quanto mais não seja por esse elemento extremamente bem-sucedido, vale a pena recordar o 'parente pobre' de 'Doraemon' – e primeira experiência com animação japonesa para muitas crianças portuguesas – numa altura em que se assinalam trinta anos sobre a sua exibição única na televisão estatal nacional.

11.09.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

As décadas de 80 e 90 representaram a chegada ao Ocidente, e respectiva expansão na popularidade, de um género televisivo e filmográfico já com cerca de década e meia de vida no seu país natal do outro lado do Mundo, à época designado 'Japanimação' e mais tarde conhecido pelo seu nome original: 'anime'. E se, em anos vindouros, este género viria a contribuir com uma mão cheia de clássicos absolutos para a juventude da geração 'millennial' – do inigualável fenómeno que foi Dragon Ball Z a séries tão nostálgicas como Samurai X, Navegantes da Lua ou Doraemon – os seus primeiros passos, embora mais modestos, também não foram, de todo, falhos em séries marcantes, bastando para esse efeito referir Esquadrão Águia, Capitão Falcão (mais tarde 'Oliver e Benji) ou Cavaleiros do Zodíaco.

A juntar a estas séries há, ainda – sobretudo para os 'millennials' mais velhos – uma outra, que iniciava há quase exactos trinta anos a sua terceira e última transmissão em Portugal e que, apesar de ficar ligada, sobretudo, à década anterior, ainda chegou a tempo de influenciar a grande maioria dos 'putos' lusitanos de inícios de 90; e, tal como sucede com alguns dos outros programas de que aqui falamos, este é daqueles casos em o primeiro passo tem, forçosamente, de passar pela partilha do tema de abertura.

Por esta altura, muitos dos nossos leitores já estarão, decerto, a cantar a plenos pulmões a letra...

Isto porque – apesar de notoriamente incompleta – a música introdutória (adaptada, como em tantos outros casos, da versão espanhola, e cantada por Francisco Ceia) é, sem qualquer dúvida, o elemento identificativo mais icónico de As Aventuras de Tom Sawyer (ou apenas Tom Sawyer), a adaptação livre, em formato animado, do famoso livro infantil do século XIX, da autoria de Mark Twain. Composta de cerca de cinquenta episódios, originalmente produzidos em 1979 e lançados no inícios do ano seguinte (tendo passado a quase totalidade de 1980 em exibição na televisão japonesa), a série chegaria a Portugal logo de seguida, sem a 'décalage' cultural habitual à época, indo pela primeira vez ao ar na RTP1 entre 1981 e 1982, já em versão dobrada, num exemplo de celeridade pouco habitual naqueles anos pré-digitais.

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Imagem promocional da série.

Escusado será dizer (pelo menos a quem faz parte da faixa de leitores deste 'blog') que a série se revelou um sucesso imediato, tendo marcado os jovens portugueses da 'Geração X' – sobretudo, como já referimos, através do seu icónico tema de abertura – e justificando a repetição, já no fim da década, com o intuito de a apresentar a quem não tinha tido oportunidade de a ver da primeira vez. Seria, assim, entre Março de 1989 e Fevereiro de 1990 que os 'millennials' tomariam, pela primeira vez, contacto com o 'anime' que fizera as delícias dos seus irmãos mais velhos anos antes, e que tornaria a 'repetir a dose' com a nova geração – tanto assim que viria ainda a ser exibida uma terceira vez, há cerca de trinta anos, novamente no então Canal 1, e com a mesmíssima dobragem realizada mais de uma década antes pela Nacional Filmes.

Esta última transmissão seria, no entanto, o 'canto do cisne' para Tom Sawyer, um desenho animado que, embora icónico, já pertencia, nessa época, a uma outra 'era' televisiva, algo distante dos produtos que vinham 'enlouquecendo' os jovens daqueles inícios dos anos 90. Para as crianças da década transacta, no entanto – tanto as que haviam seguido a transmissão original como as que tinham 'saltado a bordo' aquando da segunda exibição – a série é, ainda hoje, um dos principais pontos de referência nostálgicos ao falar da infância em Portugal em finais do século XX, ao nível dos referidos Dragon Ball Z e Navegantes da Lua, ou ainda de séries como Dartacão ou Power Rangers. E nunca é demais repetir que grande parte dessa fama se deve à lendária canção de abertura, sem a qual esta adaptação animada de um clássico da literatura talvez tivesse passado tão despercebida quanto as suas congéneres posteriores alusivas a Mogli, Zorro, Cinderela ou Robin dos Bosques – mais um testamento, caso ainda fosse necessário, do poder de um bom tema de abertura; e, no que toca à televisão infantil portuguesa, este talvez seja 'O' tema de abertura, mais icónico ainda do que 'Dragon Ball, de puro cristal', 'Vive a vida, como uma festa', 'Dartacão, Dartacão!' ou mesmo 'Eu quero ser, mais que perfeito, maior do que a imaginação'. Razão mais que suficiente para o recordarmos, e à série que introduzia e ajudou a tornar memorável. 'Tu andas sempre descalço, Tom Sawyer...'

Sim, existe uma letra completa...

 

29.08.23

NOTA: Este post é respeitante a Segunda-feira, 28 de Agosto de 2023.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Estava-se nos primeiros anos da década de 60 quando um produtor musical norte-americano tinha a genial ideia de gravar cantores a interpretar canções de forma deliberadamente lenta e, utilizando técnicas de aceleração, alterar as suas vozes para que ficassem com um timbre exageradamente alto, quase 'cartoonesco'. Para combinar com esta voz 'de hélio', o mesmo produtor criaria, então, três personagens animados: esquilos antropomórficos e falantes, adoptados por um músico, e subsequentemente transformados em grupo vocal. Nascia, nesse instante, um fenómeno que poucos preveriam vir a perdurar durante as seis décadas seguintes, mas que continua até hoje a fazer as delícias da criançada, bastando para isso atentar no desenho animado CGI actualmente disponível no Netflix e Nickelodeon, já a terceira a contar com os personagens em causa.

Falamos, é claro, dos Esquilos (actualmente designados como Alvin e os Esquilos) o grupo virtual criado por Ross Bagdasarian (também conhecido como Dave Seville, o 'pai' adoptivo dos três rapazes) e que foi muito além do seu estatuto como 'one-hit wonder' vagamente piadético, tendo chegado a ganhar dois Grammys (!) e tido direito, desde a sua criação, a uma série de banda desenhada, quatro (!!) filmes de acção real, um sem-fim de 'merchandising' e, claro, as referidas séries animadas, das quais a mais famosa (em Portugal e não só) é a segunda, produzida em 1983 e exibida no nosso País em duas ocasiões na década seguinte.

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Responsável pela criação e apresentação das Esquiletes (as namoradas dos personagens, que, como não podia deixar de ser, são versões femininas exactas dos mesmos) a série não deixa, no entanto, que as novas personagens ofusquem os três protagonistas principais; de facto, o foco continua declaradamente sobre Alvin (o travesso e teimoso Esquilo de boné e t-shirt vermelha), Simon (o Esquilo 'marrão' e atinado, oposto do irmão, e que veste de azul) e Theodore (o 'gordinho' sensível, tímido e comilão, cuja cor é o verde) e na sua relação por vezes difícil, mas sempre bem-intencionada, com o pai adoptivo humano. As histórias, essas, giram em torno dos habituais assuntos da vida quotidiana, pertinentes para o público-alvo, como as relações interpessoais ou as emoções próprias, intercalados com o aspecto mais 'show-business' da vida das três 'crianças', e uma ou outra aventura mais mirabolante. O resultado é um programa bem animado, bem conseguido a nível global, e que possui a característica mais importante para se destacar no mercado televisivo infanto-juvenil dos anos 90: um genérico de abertura daqueles instantaneamente reconhecíveis e entusiasmantes, que é já 'meio caminho andado' para o sucesso.

A segunda versão da abertura, quase uma transcrição literal do original.

E sucesso foi coisa que não faltou a esta série, que foi transmitida um pouco por todo o Mundo, incluindo (conforme acima referido) por duas vezes em Portugal, em ambos os 'extremos' da década de 90: primeiro logo a abrir a mesma, na RTP (então Canal 1) e com os nomes dos personagens 'aportuguesados', e mais tarde no Batatoon da TVI, em 1999, com nova dobragem a cargo da Nacional Filmes, e mais fiel ao original. Tal como 'Dennis o Pimentinha', esta foi, portanto, daquelas séries que tiveram a oportunidade de captar duas gerações de público-alvo totalmente distintas, e de as cativar a seguir as aventuras daquela pequena e invulgar família.

Tal como também já vimos acima, este desenho animado esteve longe de ditar o fim da popularidade dos Esquilos, que renovariam ainda a audiência por mais duas vezes ao longo das três décadas seguintes, primeiro através dos filmes e, mais tarde, do actual desenho animado. Nada mal para uma 'ideia parva' tida por um descendente de Arménios de Fresno, Califórnia em meados do século passado...

 

17.07.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

O 'post' que inaugurou este nosso blog nostálgico versou sobre o único ponto de partida possível para uma empreitada deste tipo: Dragon Ball Z, provavelmente a maior 'febre de recreio' da História da juventude portuguesa, pelo menos no que toca a propriedades intelectuais. O Dragon Ball original já havia feito sucesso aquando da sua inclusão na grelha do mítico Buereré da SIC, mas a sequela levou a 'coisa' a níveis que não voltariam a ser verificados até à verdadeira 'explosão' da série 'Harry Potter', já no Novo Milénio. Assim, não era, de todo, de estranhar que os níveis de entusiasmo dos jovens portugueses estivessem em alta quando a SIC anunciou que transmitiria a segunda (e, até então, última) sequela do 'anime', Dragon Ball GT, sobre cuja estreia se celebrou há precisamente uma semana um quarto de século. E por, nesse dia, o nosso foco ter recaído sobre a música, procuramos agora corrigir tal erro, e assinalar a efeméride com algumas linhas sobre a terceira parte da saga Dragon Ball; afinal, como diz o ditado, mais vale tarde do que nunca...

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Infelizmente, Dragon Ball GT acabou por não gozar do mesmo fanaticismo do que os seus antecessores – não por a 'febre' de Dragon Ball ter terminado (embora estivesse já em fase decrescente) mas apenas porque o produto em si ficava aquém das expectativas lançadas pelos últimos episódios de 'Z', a chamada 'saga Buu', que havia sido transmitida aos Sábados de manhã, ficando as tardes reservadas para a repetição integral da restante série – sim, Dragon Ball Z fez tanto sucesso que foi exibida, na íntegra, duas vezes! Já 'GT' sobreviveu, sobretudo, em infinitas repetições na futura SIC Radical, ao lado dos seus dois antecessores, e novamente na 'sombra' dos mesmos, não tendo sequer almejado ao estatuto de 'culto'; seria provavelmente incorrecto dizer que NINGUÉM gostou de Dragon Ball GT, mas é inegável que a terceira série é a menos acarinhada pela geração que cresceu a ver infinitos episódios de 'acção estática', não fosse dar-se subitamente um acontecimento 'de arromba' que pudesse ser discutido no dia seguinte na escola.

E a verdade é que 'GT' tinha tudo para 'dar certo', apresentando desenvolvimentos interessantes para o núcleo principal de personagens, e oferecendo até alguns 'bónus para fãs', como ver Krillin com cabelo ou conhecer a filha de Son Gohan, Pan; ademais, a dobragem portuguesa trazia precisamente a mesma equipa que ajudara a transformar 'Z' numa das adaptações mais divertidas e memoráveis da História da televisão portuguesa, além de um genérico de abertura absolutamente épico, em contraste total com a fraca música-título do antecessor, talvez o seu ponto mais fraco.

Se, ao menos, a série estivesse toda a este nível...

O único factor em falta era, pois, o mais relevante – o envolvimento do criador Akira Toriyama, que famosamente não viria a trabalhar na série, e cuja falta se fez sentir, nomeadamente ao nível da história, que não conseguia suscitar o mesmo interesse ou entusiasmo das dos seus antecessores. Nem a (assumidamente espectacular) imagem de Goku transformado em gorila, ou de longos cabelos pretos como parte da sua quarta transformação, foi suficiente para interessar a 'massa' afecta a Dragon Ball Z, que rapidamente deixou de sentir a necessidade de seguir a série com o mesmo nível de fervor que dedicara ao capítulo anterior - ainda que, como naquele caso, tenham chegado a sair em Portugal todos os vídeos associados à terceira parte, novamente pela mão da inevitável Prisvídeo, e com capas apenas ligeiramente menos 'manhosas' que as das 'cassettes' de 'Z' e da série original.

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Como Dragon Ball e Dragon Ball Z, 'GT' também teve direito ao lançamento dos seus filmes em formato VHS pela Prisvídeo.

Assim, vinte e cinco anos após a sua estreia, continua a ser difícil ver Dragon Ball GT como algo mais do que um falhanço, em grande parte responsável pelo fim de um fenómeno cultural, social e económico até então sem paralelo no contexto da juventude portuguesa; e embora a série tenha, decerto, os seus apreciadores, não será descabido afirmar que, no que toca à última parte da trilogia original, a maioria dos leitores deste blog se ficará mesmo pela 'malha' de abertura, o único elemento da série que merece verdadeiramente ser preservado. 'GT, DRAGON BALL GT, GUE-RREI-RO...!'

13.03.23

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A década de 80 foi a época dos grandes heróis de acção, capazes de resolver conflitos por si só, à força de murros, balas e explosões; dos ex-soldados normalmente interpretados por Schwarzenegger e Stallone (ainda longe da sua fase como actores de comédia) aos mercenários do Esquadrão Classe A ou artistas marciais como os vividos por Van Damme, eram muitos os ídolos musculados à disposição dos 'putos' daquela época. No entanto, a estes 'brutamontes' de bom coração, contrapunha-se uma outra vertente de herói, mais 'cerebral' e capaz de escapar de situações complicadas usando a inteligência e espírito de 'desenrasca', que tinha como símbolos máximos o James Bond de Timothy Dalton e mais tarde Pierce Brosnan, e o homem de que falamos esta semana, o lendário Angus MacGyver, protagonista da série com o mesmo nome.

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Surgido nos ecrãs portugueses no ocaso da década de 80 – mais concretamente a 24 de Setembro de 1989 – o lendário agente secreto vivido por Richard Dean Anderson rapidamente se destacou da 'concorrência' pela sua extraordinária capacidade de resolver qualquer situação apenas com recurso ao seu canivete suíço e a objectos presentes nas suas imediações, sendo o exemplo 'memético' normalmente utilizado o de abrir uma fechadura com um 'clipse'. E, enquanto 'solucionador de problemas' da agência governamental american Phoenix, a verdade é que não faltam oportunidades para MacGyver testar o seu engenho, e derrotar os diversos vilões que se atravessam no seu caminho sem nunca recorrer a armas de fogo, às quais tem aversão devido a uma tragédia pessoal.

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O carismático Richard Dean Anderson dava vida ao agente americano.

O resultado são cenas de acção e peripécias capazes de deixar os espectadores da época – sobretudo os mais novos – 'colados' ao sofá, a ver como as 'MacGyvaradas' do agente o vão ajudar a ultrapassar o obstáculo da semana. E apesar de a série, já na altura, não ser 'topo de gama' a nível da produção, a verdade é que as 'acrobacias' de Anderson, juntamente com uma actuação personalizada (e, claro, um DAQUELES genéricos absolutamente lendários) davam à série um charme que lhe valeu o estatuto de 'culto' em vários países, entre eles Portugal, por onde 'MacGyver' teve uma passagem curta, mas memorável – embora não bem-sucedida o suficiente para justificar a transmissão dos dois filmes televisivos alusivos ao agente, produzidos em 1994.

Facto curioso: quase nos esquecíamos de mencionar este clássico absoluto  dos genéricos televisivos neste post; felizmente, ainda nos lembrámos a tempo...

Ainda assim, foi com naturalidade que 'MacGyver' entrou, em décadas subsequentes, na rotação nostálgica de canais como a RTP Memória, onde a série repetiu, não uma, mas duas vezes, em 2010 e 2019. Falta de 'material' original para exibir por parte da emissora estatal, ou prova do carinho de que a série continua a gozar no nosso País? Que diga de sua justiça quem, nos anos formativos, se sentou em frente à televisão aos Domingos, pelas 19 horas, para ver um homem arrombar uma porta trancada com um 'clipse' e um bocado de pastilha elástica...

 

24.10.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Quando se fala em programação educativa transmitida em Portugal, a referência maior e imediata é a mítica 'Rua Sésamo', a localização do formato americano feita pela RTP e que ensinou conceitos básicos a toda uma geração de crianças. No entanto, apesar da avassaladora (e merecida) popularidade, Poupas, Ferrão e os seus amigos não detinham o monopólio sobre o conteúdo de 'edutenimento' exibido no nosso país na altura, havendo uma mão-cheia de competidores directos, a maioria dos quais também bastante bem sucedida. De um deles, 'Artur', já aqui falámos numa ocasião anterior; de outro, falaremos nas linhas que se seguem.

Um daqueles genéricos passíveis de causar nostalgia instantânea

Produzido a partir de 1994 e durante três temporadas (até 1997) e baseada numa série de livros iniciada quase uma década antes, em 1986, 'A Carrinha Mágica' provou-se, aquando da sua estreia no espaço infantil da RTP2, 'Um-Dó-Li-Tá', em 1995, capaz de cativar até os alunos mais relutantes, com o seu genérico, personagens e até histórias altamente memoráveis. As aventuras da professora Frisadinha (um nome ainda melhor que o original Miss Frizzle, sendo ambos inspirados no característico cabelo da personagem) e dos respectivos alunos a bordo do veículo que dá título à série (um autocarro escolar amarelo, tipicamente norte-americano) atingiam aquele balanço perfeito entre a transmissão de informação relevante e a capacidade de deixar as crianças 'coladas ao ecrã', fascinadas pelo desenvolvimento das diferentes tramas em que o grupo se 'metia' a cada semana, graças aos métodos de ensino muito pouco ortodoxos da Frisadinha.

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A professora Frisadinha e os seus alunos formavam um conjunto de personagens memorável

O resultado era um desenho animado que, sem fazer parte da lista de favoritos de ninguém (não deixa, ainda hoje, de suscitar boas memórias a quem com ele cresceu. Tanto assim que a série suscitou a criação e comercialização de uma série de CD-ROM educativos para PC produzidos pela Microsoft, os quais tiveram, à época, relativo sucesso – embora, estranhamente, este tenha mesmo sido o limite do 'merchandising' do programa no nosso país, não tendo sequer havido as habituais t-shirts piratas com o logotipo da série mal reproduzido e com as cores trocadas. Já no que toca à presença mediática, a história foi um pouco diferente, tendo A Carrinha Mágica acabado mesmo por granjear uma continuação oficial, agora com a prima de Frisadinha ao volante do autocarro escolar; para além disso, a série deverá também, num futuro próximo, ser também alvo de uma adaptação cinematográfica com actores de 'carne e osso' - uma ideia capaz de fazer tremer os mais nostálgicos, receosos de que mais uma parte da sua infância seja desnecessariamente arruinada.

Enquanto isso não acontece, no entanto, a geração que cresceu a ver Frisadinha encolher a carrinha para entrar no nariz de um dos seus alunos para uma lição sobre saúde e o corpo humano, ou transformá-la num submarino para poder ir ao fundo do mar, pode continuar a recordar com afecto essas e outras 'lições' da professora que todos queriam ter, e a apresentar a mesma (ou quiçá a prima) a uma nova geração, para que o legado do bom 'edutenimento' televisivo da década de 90 não se perca nas 'brumas' do tempo – algo que a própria Frisadinha nunca deixaria que acontecesse...

Um dos episódios mais famosos da série, aqui com a segunda dobragem

06.06.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Hoje comum ao ponto de ser considerado apenas mais uma faceta da cultura pop, o anime – e a sua congénere impressa, a 'manga' – era, ainda há bem pouco tempo, uma curiosidade pouco mais do que de nicho em terras portuguesas. Embora o estilo, e os animadores japoneses, viessem exercendo subtil influência sobre os desenhos animados ocidentais já desde a década de 80, poucos eram os exemplos de animação declaradamente oriental (a ridiculamente denominada 'Japanimação') a fazer a transição para o Velho Continente, sendo que mesmo essas chegavam com vários anos de atraso, como era habitual em produtos mediáticos importados. Assim, o Portugal de finais da década de 80 e inícios da seguinte recebia, sobretudo, animações japonesas criadas entre dez a quinze anos antes, de que eram exemplo a lendária série animada de 'Tom Sawyer', o não menos lendário 'Esquadrão Águia' e o programa que hoje abordamos, 'Cavaleiros do Zodíaco'.

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De facto, entre a produção de 'Saint Seiya', como era originalmente conhecido, e a sua transmissão inicial na RTP (em versão original legendada) em Setembro de 1992 (ou Novembro, no caso da RTP Madeira), passaram-se nada menos do que seis anos – o que, numa época de evolução tecnológica sem paralelo, representava uma verdadeira eternidade em termos técnicos; assim, embora tipicamente ilustrativa do 'anime' que ia chegando a terras lusitanas à época, a série era, pelos padrões japoneses, já algo antiquada, pelo menos de uma perspectiva visual, quando comparada com produtos como 'Dragon Ball Z', estreado três anos depois, mas que apenas chegaria a Portugal quase uma década depois, ainda a tempo de causar uma 'febre' sem precedentes nos recreios nacionais. Ainda assim, e apesar de não terem conseguido, nem de longe, tal culto em Portugal (mas a verdade é que NADA conseguiu) as aventuras de Seiya e dos restantes Cavaleiros – cada um com um nome de código inspirado num signo astrológico ou constelação – não deixam de constituir uma referência nostálgica dentro da programação infantil do Portugal pré-'Tartarugas Ninja' e 'Power Rangers'.

Tanto assim é que – tal como acontecera anteriormente, e viria a acontecer, com 'Esquadrão Águia' – a série não esgotou naqueles oitos meses do início da década a sua longevidade nos ecrãs portugueses, tendo sido um dos muitos programas dessa época 'repescados' anos mais tarde, a tempo de cativar uma nova audiência; no caso de Saint Seiya, foi uma SIC na ressaca de 'Z' quem tentou apresentar a série como alternativa viável às aventuras de Son Goku e companhia – tentativa que, escusado será dizer, não foi de todo bem sucedida. Ainda assim, esta nova versão – agora dobrada em português, e hoje lembrada sobretudo pelo seu memorável genérico de abertura – não deixou de conquistar o seu público, tanto nessa primeira transmissão como na repetição, três anos mais tarde, na entretanto inaugurada (e hoje defunta) SIC Gold. Já na ponta final da primeira década do novo milénio, a série viria ainda a ser transmitida uma quarta vez, desta vez no canal infantil a cabo Animax, e, curiosamente, em ambas as versões – dobrada e original.

A versão dobrada transmitida pela SIC contava com um genérico significativamente mais marcante do que o original

Por via destas constantes repetições, 'Cavaleiros do Zodíaco' acabou mesmo por fazer parte da infância de muitas crianças que haviam sido demasiado novas (ou ainda não nascidas) aquando da transmissão original na RTP; e mesmo quem já tinha visto essa, decerto apreciou a oportunidade de voltar a viver as aventuras daquela equipa de heróis intergalácticos, algures entre G-Force e as Navegantes da Lua, e de comparar a dobragem portuguesa a cargo da Novaga com o original japonês...

 

03.05.22

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Se houve um género de programa televisivo em que a televisão portuguesa foi pródiga nos anos 90, esse género foram os concursos. São inúmeros os exemplos de sucesso neste campo durante essa década, quer adaptados de formatos estrangeiros, quer criados de raiz a partir de uma ideia original. Da Roda da Sorte ao Preço Certo original (ainda antes de ser em euros), da Arca de Noé à Amiga Olga, os concursos pareciam (e eram) uma fonte inesgotável de audiências, com a enorme vantagem de terem custos de produção relativamente baixos.

Não é, pois, de surpreender que, ainda durante o seu primeiro ano de vida e em plena fase de financiamento pela Igreja Católica, a TVI tenha decidido apostar neste formato; o que surpreende mesmo mais é que o tenha feito em duas frentes, aliando uma produção portuguesa (a referida Amiga Olga) a um programa importado directamente do estrangeiro, com apenas a locução e comentários a serem dobrados num estúdio português.

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Falamos, é claro, do mítico 'Jogo do Ganso', um digno sucessor de 'Nunca Digas Banzai!' (com quem, aliás, concorria na grelha de Sábado à noite daquele ano) no panteão de concursos estrangeiros que viriam a ser êxitos absolutos em Portugal. Tal como o programa japonês, o concurso apresentado por Emilio Aragón (já de si uma adaptação de um formato italiano, por sua vez baseado no popular jogo de tabuleiro infantil de décadas anteriores) cativou os telespectadores nacionais, tendo milhares de portugueses de todas as idades passado a sintonizar religiosamente a TVI todos os fins-de-semana para ver mais um grupo de desafortunados participantes (sempre em número de quatro, divididos irmamente entre homens e mulheres) ser sujeito a uma série de desventuras enquanto tentavam percorrer aquele 'tabuleiro' gigante e 'sobreviver' às suas mirabolantes provas.

Eram, precisamente, essas provas que tornavam o programa num tal sucesso de audiências; isto porque, apesar de a maioria das mesmas variar de semana para semana (criando um elemento de diversidade e imprevisibilidade que incitava às visualizações repetidas), havia um certo número de provas fixas que, se 'activadas' por um dos jogadores, eram garantia de muitas gargalhadas à conta do embaraço do mesmo. Quem não se lembra, por exemplo, das lutas de gladiadores sobre a lama ou numa jaula, do atirador de facas, da Casa da Morte, que obrigava os jogadores a voltar ao início do jogo e a enfrentar novamente todos os 'perigos' de que já pensavam haver-se esquivado, ou do lendário barbeiro (cuja casa era, de longe, a mais temida por qualquer concorrente) que administrava 'carecadas' a quem tivesse a má-sorte de parar no seu domínio?

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O barbeiro Flequi, em pleno exercício de funções

Todos estes elementos ajudavam a que o programa se desenrolasse, inevitavelmente, a 'mil à hora', dando-lhe um ambiente algo caótico (no bom sentido) que – quando aliado ao memorável genérico, à decoração colorida do estúdio e ao estilo energético e saltitante de Emilio Aragón, uma espécie de versão 'nerd' de João Baião – o tornava particularmente atractivo para o público mais jovem. Quem era de uma certa idade em 1993 não perdia sequer um episódio deste concurso, frente ao qual terá passado muitas tardes a pensar o que faria se fosse concorrente (como o chegaram a ser dois portugueses, para gáudio e orgulho dos seus compatriotas), caísse na casa do barbeiro, e tivesse de regressar a casa careca...

Em Espanha, o 'Gran Juego de La Oca' continuou as emissões durante mais duas temporadas, a última das quais já em 1998. No país vizinho, no entanto, o concurso ficava-se pela primeira temporada, a qual se saldou, ainda assim, como suficientemente memorável para poder ser considerada uma 'prueba superaaaaaadaaaaaa!'

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