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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

17.11.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Um dos géneros cinematográficos e televisivos mais frequentemente associados com os anos 90 é o do humor escatológico e politicamente incorrecto. Se, nos anos 80, Hollywood se tinha tornado obcecada com as experiências recreativas e sensuais de personagens adolescentes, na década seguinte, foram as funções corporais que mais foco tiveram nas suas produções, algumas das quais herdavam moldes oitentistas e os actualizavam com ainda mais piadas, literalmente, porcas (como 'American Pie – A Primeira Vez') enquanto que outros aplicavam essa fórmula a géneros, à primeira vista, incompatíveis com o mesmo, como as comédias românticas.

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O filme desta Sexta como parte da colecção de VHS da TV Guia, já no século XXI.

Talvez o mais famoso e bem-conseguido exemplo desta última categoria estreava em Portugal há quase exactos vinte e cinco anos (no penúltimo dia de Outubro de 1998) e viria a afirmar-se como um sucesso não só durante a sua exibição original como também em décadas subsequentes, nas quais continuou em alta rotação no mercado de vídeo e DVD, bem como na televisão, e reteve a sua relevância no contexto de conversas sobre cinema. Falamos de 'Doidos Por Mary', o filme mais conhecido por incluir uma cena em que, durante um jantar romântico, a personagem principal aplica o que pensa ser gel no cabelo, passando as cenas seguintes com um penteado tão estranho como icónico.

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A cena que imortalizou e catapultou a película dos irmãos Farrelly.

Há, no entanto, mais atractivos do que apenas uma piada bem conseguida no filme dos irmãos Farrelly, eles próprios mestres do estilo escatológico, ou 'gross-out'. Isto porque, em meio a todas as piadas sobre fluidos usados de forma mais do que indevida, o filme traz uma mensagem até algo feminista, em que os personagens mais abertamente misóginos ou machistas (ou mesmo apenas falsos) são prontamente desmascarados, e sofrem as consequências pelas suas acções, sendo o personagem mais genuíno e honesto, ainda que menos atraente ou atractivo (o Ted de Ben Stiller), o escolhido pela titular Mary, um dos papéis mais icónicos da lindíssima Cameron Diaz, uma beldade sem medo de gozar consigo própria, como bem o comprova a cena acima descrita.

É, precisamente, esse balanço entre piadas hilariantemente absurdas (nem todas escatológicas – também há aqui alguns óptimos diálogos) e uma vertente mais honestamente sentimental que ajuda a tornar 'Doidos Por Mary' um clássico num campo sobrepovoado, mas em que a maioria dos filmes têm dificuldade em gerir esta dicotomia; como tal, e ainda que nem tudo tenha 'envelhecido' bem no filme dos Farrelly, o mesmo continua a ser uma excelente escolha para ver com os amigos ou familiares, acompanhado de bebidas e aperitivos, ou mesmo como Sessão de Sexta em conjunto com um parceiro com tanto sentido de humor quanto a personagem feminina – pela qual é bem possível que fiquem, também eles, 'Doidos'...

 

16.06.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Na última edição desta rubrica, falámos de 'Eu, Tina', o filme biográfico sobre a diva da pop e soul noventista Tina Turner; nada mais adequado, portanto, do que dar, agora, atenção ao filme protagonizado pela sua principal rival (ou aprendiz, se preferirmos) e que se tornou um dos maiores sucessos dos anos de 1992 e 1993 um pouco por todo o Mundo, incluindo em Portugal.

Falamos de 'O Guarda-Costas', o drama romântico que colocava lado a lado Kevin Costner e Whitney Houston, e cuja banda-sonora, composta exclusivamente por músicas interpretadas por esta última, incluindo o mega-êxito 'I Will Always Love You', foi o disco mais vendido em Portugal há exactos trinta anos. E a verdade é que a oportunidade de ver e ouvir Whitney cantar alguns dos seus grandes 'hits' talvez tenha sido uma das razões para o sucesso de um filme que, de outro modo, se limita a seguir (ainda que competentemente) um dos guiões-padrão do estilo: aquele em que duas pessoas forçadas a colaborar num contexto profissional acabam por se apaixonar.

Neste caso, o par romântico é formado pela cantora de Houston, a típica diva mandona e de mau-humor, e pelo seu guarda-costas, interpretado por Kevin Costner, então numa 'mó de cima' que seria abruptamente terminada pelo fracasso de 'Waterworld', menos de dois anos depois. Apesar de nunca ter sido grande actor, Costner era (é) dotado de um carisma e de uma aura de 'pessoa normal' que o tornavam perfeito para filmes deste tipo, em que o objectivo era fazer com que o público simpatizasse com os personagens; e, a julgar pela receita de bilheteira deste mega-sucesso, a fórmula resultou em pleno nesta instância.

Outro ponto a favor de 'O Guarda-Costas', aos olhos do público da altura, talvez tenha sido o próprio género em que se inseria; os anos 90 foram uma época cinematograficamente propensa a romances de índole clássica (como bem o comprova o maior sucesso de bilheteira de toda a década, e um dos maiores de sempre, 'Titanic') e este filme constitui um exemplo acima da média dessa sub-categoria, pelo que não terá deixado de atrair a sua quota-parte de adolescentes românticas, casalinhos apaixonados, e espectadores mais velhos em busca de uma história em moldes clássicos – no fundo, a mesma audiência de outro clássico do início da década, 'Pretty Woman - Um Sonho de Mulher' (do qual também aqui, paulatinamente, falaremos).

Fossem quais fossem os motivos por detrás do seu sucesso, no entanto, a verdade é que 'O Guarda-Costas' se saldou mesmo como um dos filmes mais lucrativos de 1993, ajudando a projectar ainda mais a fama já considerável de Whitney Houston. Curiosamente, no entanto, esta primeira experiência não levou a mais papéis por parte da cantora, que se dedicaria sobretudo à música durante a sua restante carreira (do 'destino' de Costner, já falámos neste mesmo texto). Ainda assim, uma primeira 'aventura' com este grau de sucesso terá sido mais do que suficiente para satisfazer Whitney, já que ajudou a reforçar o facto de o seu nome ter suficiente poder de atracção para levar, por si só, milhões de espectadores ao cinema um pouco por todo o Mundo, incluindo em Portugal, e tornar o seu filme um dos maiores sucessos do período em que foi lançado. Nada mau, para um romance perfeitamente formulaico...

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